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Flagrantes da vida real
O som do violino é um sensível detector de verdades e mentiras
Prepare porções individuais, pois atualmente mais músicos estão vivendo sozinhos. Alguns até embaixo de pontes. Porção individual evita desperdício de notas e gritos dos vizinhos. Peça aos seus clientes que preparem uma programação semanal para entregas não só dos violinos como também de arcos bem temperados. Ofereça brindes para clientes mais assíduos: copos de veneno, cantores de rock, jogos de futebol americano, abridores de lata, cabeça e garrafa, escort-girls aposentadas, tuba com pouco uso, etc. Sabendo que o maior problema de um violino é a afinação, tenha sempre um gato bem ranheta para testes ao vivo.
Atire o pau no gato e afine o violino pelo berrô que o gato deu. Para clientes amadores, não deixe de apresentar outros pratos menos elaborados como flauta ao molho de tomate, atabaque ao alho e óleo, tamborim al primo canto. Lembre-se, por fim, que os clientes procuram sempre e sempre vantagens. A ilusão de ganhar dez centavos na compra de um violino de terceira mão faz maravilhas na hora do concerto. Eles se sentem um Paganini sem filtro e os espectadores senteo mau cheiro na última fila. Se não der certo, mude seu negócio para Shows de Palhaços no intervalo de jogos de futebol feminino.
*Rui Werneck de Capistrano é músico de ouvidos de mercador
Publicado em rui werneck de capistrano
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O Grande Vazio
O Grande Vazio da Alma Humana está na sala vendo televisão. A Fantasia Exótica Magistral volta da feira e encontra os Traços Primitivos fazendo algazarra no banheiro. O Grande Vazio pergunta pelo salsão. Não havia salsão na feira.
A Fantasia Exótica chama todo mundo e faz uma descrição do mundo tal como ele realmente é. Tolstoi, apavorado, foge de casa. O Compêndio de Gramática explica que o artigo é a parte da palavra que serve para exprimir a extensão em que o substantivo será tomado.
Pânico no palco. A omissão do Artigo Definido acaba incriminando a Formulação do Plural, que foge do país. O Grande Vazio da Alma Humana continua vendo televisão.
Elas
Publicado em meu tipo inesquecível
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Elas
Publicado em Fotografiia
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Boy dodói faz qualquer loucura por amor, desde que seja o amor-próprio
Tente vazar da vida de um homem cis mimado para ver o que acontece
Vi no Instagram da ilustradora e quadrinista Helô D’Angelo que ela, em parceria com a editora Bebel Books, está procurando histórias de mulheres ou pessoas não binárias que já sofreram com o comportamento machista de homens cis. Na mesma hora tive 632 gatilhos. E agora serei obrigada a escrever sobre cada um deles ou não conseguirei dormir.
Uma mulher da minha idade, ao olhar para trás (muitas, infelizmente, ao olhar para o lado), pode muito bem dividir 80% do seu périplo amoroso em clássicas cenas de alto grau de masculinidade tóxica. Só para aquecer a conversa, pensei aqui em alguns personagens típicos que se encaixariam muito bem no livro.
Vamos começar com o tradicional “não sobe que eu te derrubo”, que aparece quando você teve uma semana boa no trabalho, recebeu aumento, foi elogiada pela equipe, ganhou um prêmio, vai fazer uma viagem importante para a carreira. O que o fofo invejoso e inseguro faz com você naquela exata semana? Maltrata, ignora, coloca defeitos no seu cabelo, aperta o gordinho do seu braço, te lembra, do nada, de algum momento em que sua autoestima estava no chão e pergunta como assim você deixou acabar o queijo preferido dele.
Tem também o insuportável “você precisa aprender a se divertir mais”. É quando o cara é o rei das festas, da socialização, dos encontros, do “só mais um copo e já vamos”. E ele, sempre quimicamente alterado, nunca quer ir embora de nenhum evento, por pior que seja. E você até iria sozinha, dane-se, largando o mala na festa, mas ele te segura: “Fica, a gente precisa se divertir mais!”.
E você está exausta porque trabalha muito e ainda cuida da casa, dos cachorros, dos filhos, dos boletos. Tudo isso em proporções —não à toa o feminismo fala tanto sobre carga mental na vida das mulheres— muito superiores às dele.
Mas o entretenimento em forma humana te abraça, simula um air-forrozinho com as ancas e dá aquele sorriso guerreirão de quem se considera um santo por aguentar a sua carinha de adulta cansada: “Você já foi tão legal!”.
Quando era mais nova, cheguei a namorar algumas vezes com o tipo “não sou violento, sou enfático”. Teve socos em volantes, janelas, mesas. Celulares atirados em paredes e no chão. Carros dirigidos em alta velocidade em marginais e rodovias. Gritos e interrupções. Mas ficava tudo na conta da personalidade forte de um homem vigoroso, nunca na do descontrole de um infrator.
Passemos agora para o pavoroso “faço qualquer loucura por amor, desde que seja o amor-próprio”. Nós, mulheres, com a ajuda de terapia, amigos e uns comprimidos de venlafaxina quando a coisa complica, aceitamos com alguma dignidade os 5.279 foras que levamos ao longo da nossa história. Mas tente vazar da vida de um único mimado criado para jamais tirar sua bunda da poltrona de ouro do topo da cadeia alimentar.
Uma vez aturei, durante meses, um maluco me ameaçar e deixar recados no meu celular dizendo que eu era uma vaca manipuladora desgraçada nojenta puta que usava as pessoas para exercer o poder da conquista. Eu só tinha deixado de gostar dele.
Por fim, chegamos ao “cafajeste bacanão e desconstruído pois honesto com suas limitações afetivas”.
É muito difícil categorizá-lo como manipulador ou afetivamente irresponsável, porque ele é o cara que TE AVISA, pelado e no seu colo, que não quer nada com você. E avisa outras 78 pessoas, ao mesmo tempo, que também não quer nada com elas. Avisa inclusive que também não quer nada com todas as suas amigas, das quais ele vai dar em cima na primeira oportunidade, já que te avisou antes.
Mas vamos pensar como seria se o “boa alma indisponível” fosse um batedor de carteira. Ele entra no restaurante e grita “eu gostaria de avisar a todos, porque meu lance é o olho no olho, que a qualquer momento eu posso levar a bolsa de todo mundo e, como estou armado, talvez até matar uns dois ou três”.
Você acharia esse cara menos bandido só porque ele te deu a chance precária e duvidosa de ir embora no meio de um assalto?
Publicado em Tati Bernardi - Folha de São Paulo
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Mural da História
Luiz Alberto Borges da Cruz|Curitiba, 1963|2018 – Desenhista autodidata, teve principal influência artistica de ilustradores e quadrinhistas europeus e argentinos de onde se iniciou pela técnica de “bico de pena” e dry-brush. Começou sua carreira artística em 1981 ao participar do Salão Paranaense e do movimento “Moto-Contínuo” e “Bicicleta” junto com vários artistas plásticos e gráficos de Curitiba.
Participou de salões e mostras que se inscreveu e foi premiado no Salão de Novos 1982, nas 38º, 39º, 40º e 42º edições do Salão Paranaense, 2ºJovem Arte Sul – América entre outros. Participou de coletivas em salas da Secretaria de Cultura do Estado e da Fundação Cultural de Curitiba e também de mostras promovidas por estas instituições em outros estados e no exterior (EUA, Polônia, Tchecoslováquia, Bélgica e Austrália) entre 1986 a 1989. Entre 1988 a 1998 atuou como ilustrador free-lance para diversos jornais e publicações de Curitiba e também na Folha de São Paulo (SP).
Em 1991 a 1996 trabalhou como diretor de arte para a Audisom Cine TV (Filmcenter), TV Bamerindus, Rede CNT e várias agências de propaganda sendo premiado com medalha de bronze no Prêmio Colunistas de Propaganda 1996 e ouro no Prêmio Profissionais do Ano (nacional) da Rede Globo com curta metragem de animação em 1997, foi premiado também o Sillicon Graphics Awards. (EUA) com criação e direção de animação por computador sobre Leonardo Da Vinci em 1998.
Como cenógrafo criou e produziu dezenas de cenários para vídeos e filmes comerciais entre 1988 e 2008, paralelamente no teatro criou dezenas de cenários e cartazes para produções de Curitiba. Foi diretor de arte da TV Educativa do Paraná de 2004 a 2009.
Publicado em Sem categoria
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Stanley Kubrick – selfie
Publicado em Sem categoria
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L’Apollonide – Os Amores da Casa de Tolerância – O bordel L’Apollonide está vivendo seus últimos dias de funcionamento no início do século 20. Mas é neste mundo reservado que muitos homens se apaixonam e se entregam, tornando-se muitas vezes dependentes das “companheiras”, com quem dividem seus segredos, medos, dores e, claro, o prazer.
Flagrantes da vida real
Publicado em Flagrantes da vida real
Com a tag entra por um ouvido e não sai pelo outro
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