Tempo

Marinho Gallera, Stellinha Egg e Lindolpho Gaya, 1984.  © M.Campos

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Sergio Mercer, diário de bordo

Houve quem dissesse que, um dia, voamos no Morcego Negro, o jatinho do PC Farias, às expensas do governo Collor: eu, Sergio Mercer e seu bandoneon imaginário rumo ao Planalto Central. Fosse verdade e teria sido uma viagem inesquecível pelo que posso imaginar. Mas pouco acrescentaria ao que tenho para contar acerca dessa que foi nossa maior peripécia.

Alguns anos antes da aventura que nos levou aos bastidores da República do Jet-Ski, é preciso que se diga, eu já havia viajado muitas vezes em companhia do Mercer. Foram viagens mais pedestres, mas justamente por isso muito mais divertidas do que nossa fugaz experiência com o chamado Poder.

Que ante-salas ministeriais poderiam ter sido mais luminosas do que todos os bares por onde acompanhei o cantor e dançarino Sergio Mercer em turnê de uma noite, apresentando impagável improviso jazzístico do samba “Emília”? Que passeio entre repartições públicas teria sido mais inspirador do que nossas freqüentes viagens entre as Mercês do Bar Botafogo e o Bacacheri do Bar Sem Nome?

Nenhum evento da Esplanada, por certo, mais me emocionaria do que ver sair do forno a extraordinária “Marcha do Porco Chauvinista”, interpretada pela dupla de autores, Mercer & Solda, no Bar Rei do Siri. Ou, então, o tango tragicômico que, se a memória curitibana merecer confiança, terá imortalizado esse já desaparecido bar.

Os comediantes federais nada teriam para me oferecer de mais engraçado do que o convite feito pelo Presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Sergio Mercer, para eu escrever, em 30 dias, a revista musical de inauguração do Teatro de Bolso em homenagem aos comediantes municipais. Qual job publicitário proveniente dos meandros da Casa da Dinda poderia ser mais desafiador do que ajudar a dar forma à campanha do “Coração Curitibano”, criada pelo Mercer e pelo Zanoni para o nosso amigo Jaime Lerner?

Em suma, não precisávamos de Brasília para nada. No entanto, ela passou a fazer parte do nosso destino no exato momento em que Alceni Guerra assumiu o Ministério da Saúde e o curitibano Heitor Gurgel do Amaral Valente Neto tornou-se seu assessor especial.

Heitor queria uma grande idéia para a gestão do Alceni e, por isso, resolveu promover um brainstorm na Capital Federal, reunindo Sergio Mercer, Antonio de Freitas, Cleto de Assis e eu. O encontro aconteceu na casa do Cleto, que nos hospedou e recebeu a parte paranaense da República das Alagoas com um jantar capaz de arrancar suspiros do Barão de Tibagy. Naquela circunstância, nosso grupo já havia constituído um pool e o tal do brainstorm não passara da idéia de abrir em nossas cabeças o job psicológico que, sumariamente, solicitava uma proposta de impacto que desse notoriedade ao Ministro da Saúde.

No dia seguinte, vencida a ressaca e com esse job dormindo em alguma dobra da alma, Sergio Mercer e eu embarcamos em um avião da Varig com destino a Curitiba. Em dado momento da viagem, o Mercer sugeriu que pensássemos em algo para as crianças. Eu olhei para ele e provoquei: que tal um Ministério da Criança?

Bem, não é preciso dizer que aterrisamos em Curitiba com o Ministério da Criança completamente concebido. Antes de nos despedirmos, o Mercer lembrou que seria prudente conseguirmos um japonês que transformasse aquela idéia em um projeto. Respondi que não seria necessário, pois eu mesmo poderia fazer esse trabalho. Depois de uma semana de muito trabalho, mostrei o projeto ao Mercer. Ele limitou-se a dizer “eu não sabia que você era japonês”, sentença que nos fez rir mas que muito me lisonjeou. Tal qual saiu de minha máquina de escrever, o Ministério da Criança viajou para Brasília, foi aprovado e implantado em parte.

Na volta da aprovação, o Mercer apenas me disse: “velho, acho que, com essa, viramos Bichos do Paraná”. Ele se referia a um título conferido pelo antigo Bamerindus aos paranaenses que se destacavam nacionalmente em alguma área de atividade.

Não ganhamos o título, o Ministério da Criança ficou muito longe do que sonhamos para ele, não recebemos um tostão do Governo Federal e, ainda por cima, fomos vítimas de uma intriga motivada por nota publicada na imprensa local que reconhecia a mim como o autor único da idéia. O Mercer ficou chateado comigo, mas levou na esportiva. Convocou um encontro dos integrantes do pool em sua agência. Quando entramos na sala de reunião, em todos os lugares da mesa havia uma toalha e uma caixa de lanche com o logotipo da Varig.

Fiquei na minha durante toda a reunião. No final, ao se despedir de mim, o Mercer abriu um sorriso e me disse: “ah, sobre a idéia que tivemos de fazer o Ministério da Criança, vamos fazer o seguinte: você passa um fax para mim e eu passo um fax para você, e fica tudo resolvido”.

Nunca trocamos esse fax. Mas saí de lá pensando: mais do que um sujeito genial, Sergio Mercer é, e provavelmente sempre será, o amigo mais elegante que eu tive em minha vida. Hoje, mais do que nunca, sei que estava certo.

Palavraria

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Correndo o risco

Caneta de retroprojetor sobre papel A|3 – 1980

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Jamil

Agora, Turco, que você não morre mais, entabulo contigo esta breve conversa no escuro. E te confesso, mal sei por onde começar – tanto a vida andou conosco, e tanto tempo, meu Deus!, que temo errar de mão e pôr isto aqui em lágrimas, a última coisa que você desejaria de nós, os teus amigos, mesmo sob o signo da cumplicidade que nos embalou esta vida cachorra durante quase 40 anos. E que agora, sem dó nem piedade, a morte horrível usurpa, trai e vilependia.

Desnecessário dizer que o teu riso mordaz – pronto a transformar em pó de traque a caretália dominante –, fica conosco – mais lição do que lembrança, e a ternura com que você se debruçava sobre nossos toscos textos ou a nossa vida pessoal tanta vez dilacerada, não haverá, por certo, quem os substitua – a um ou à outra. Esta conversa no escuro talvez seja maior que nós e denuncie Deus com uma veemência – desusada em nós quando se tratava do mistério e do Destino.

Lembro da gente feito dois meninos, o que, a rigor, nunca deixamos de ser, – moleques em nossa constante irreverência, imitando pompílias & valfridos, você que era capaz de rir até mesmo daquilo que o matava. Que dizer de si ou dos amigos que o amaram sempre com um admiração alguma vez atônita e desesperada?

Não tenho outro modo para situar a tua passagem por nossas vidas senão lembrando que você foi o desvelo, a promessa, a sempre renovada esperança. E a tua generosidade, sobretudo a tua generosidade intelectual, há de nos servir de guia e caminho. Este, sem dúvida, o teu maior legado, ao pequeno círculo de amigos que o acompanhou praticamente por toda vida – de Fábio Campana a Nêgo Pessoa, de Pissetti a Roberto Requião, do saudoso Vinhóles ao igualmente saudoso e saltitante Perly, o dândi velhote que, um tempo, conosco levava a madrugada ao cais da aurora.

Os teus livros, estes hão de nos sobreviver a todos, porque você foi, Turco, aceite ou não, o melhor de nós, animado por uma chama a um tempo genial e diabólica. Não serão o teu enrustimento, a tua incurável timidez, capazes, garanto, de anular o que neles é alta lição da melhor arte literária, ali onde você foi, queira ou não, Turco, mestre consumado. Você sabe, também, que isto aqui não é, em hipótese alguma, um elogio fúnebre. No máximo, um preito de gratidão e de saudade…

Lembro de nós, lembro tanta coisa que juntos vivemos, e quase nem consigo ir adiante neste texto, Snege, posto que não alcanço me defender de mim mesmo, de minhas agruras e fragilidades. E se cá ponho as vísceras de fora, lúgubre, lutuoso, é porque você merece de mim esta pública confissão aqui – sentimental, talvez, aceito, mas que tem, ao menos, a salvar-lhe, a mais absoluta franqueza e a mais absoluta sinceridade. Disso não me acuse, Turco, de não estar falando a verdade.

Você vai fazer muita falta. Aliás, você já está fazendo muita falta. Continuarão por aí os falsos literatos armados só de vaidade e suficiência; a província continuará passeando as suas fabulosas nulidades oficiais, cheias de gestos e ademanes, talhadas em ternos impecáveis e sem alma alguma que as comova ou abrigue; seguirão, enfatiotados e arrogantes, os mediocrões medalhados.

Só você não estará mais aqui para rir na cara deles aquele teu riso espantoso – de dentes graúdos e agressiva barba grisalhada, chamando-os aos brios – no uso da mordacidade punhal com que você, aos babaquaras, não perdoava.

A pasmaceira, Jamil Snege, sem você, é e será só um osso – duro de roer.

Wilson Bueno, O Estado do Paraná , domingo, 25 de maio de 2003

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Sem hermetismos pascais

© Reinaldo

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Janja, socorro

Não conheço Shein, conheço Amazon, onde compro livro todo dia” – do ministro Fernando Haddad, na China, onde levou esporro de Janja. Mentiroso, conhece a Shein, sim senhor: é a concorrente de seus patrícios da 29 de Março, a rua dos marreteiros de São Paulo. Amazon e Shein vendem igual, fazem o comércio pela internet, com a diferença de que a Amazon entrega no prazo.

Comprar livro todo dia! Faz-me rir o que andas dizendo… Comprar livro todo dia qualquer dono de sebo compra. Ler é que são elas e duvido que Haddad tenha tempo para ler e, pior, assimilar alguma coisa com a pressão que sofre por parte do mercado, da oposição (a petista, a bolsonarista e a centrista) e de Janja. Haddad agrada o chefe, pró chinês e anti americano.

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O irritante guru do Méier

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Responda depressa: um hemolífico, mesmo sendo xifópago, pode fazer apucuntura?

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The Skatalites

© The Gleaner Co. Ltd.

The Skatalites são considerados como os criadores do ska e, também influenciaram o rocksteady e o reggae, seus descendentes musicais derivam dos estilos tradicionais da Jamaica. As suas primeiras gravações de ska datam de junho de 1964, pórém, trabalharam anteriormente como banda de estúdio por bastante tempo para a gravadora/editora Studio One, gravando principalmente rhythm and blues. Os membros originais da banda obtiveram a sua formação musical a partir dos músicos de jazz da Jamaica. Por isso, embora se tenham inspirado em sons oriundos dos Estados Unidos da América (principalmente boogie woogie) e sons africanos, a música dos Skatalites contém muitos elementos próprios do jazz.

Os membros originais dos Skatalites foram Don Drummond (trombonista), Tommy McCook (saxofone e flauta), Roland Alfonso (saxofone), Lester Sterling (saxofone), “Dizzy Johny” Moore (trompetista), Lloyd Brevet (baixo) Lloyd Knnibb (bateria), Jackie Mittoo (piano e órgão), Jah Jerry Haines (guitarra).

The Skatalites gravaram junto com os Soundsystems no Studio One, como uma banda estúdio. Chegaram a ser muito populares na Jamaica, visto que a maioria dos artistas como Bob Marley, Peter Tosh, Bunny Wailer ou os Toots & The Maytals gravaram com eles. A banda original dissolveu-se em 1965, ano em que o líder do grupo Don Drummond matou a esposa e foi internado no centro psiquiátrico De Bellevue, centro no qual morreu passados dois anos.

A banda reapareceu reformada como grupo em 1983 e na atualidade segue ainda tocando, com a maioria dos membros substituídos e foi indicada duas vezes para o Grammy, na categoria Melhor Álbum de Reggae, em 1996 e em 1997.

Uma tarde, Kito Pereira, Waltel Branco e eu estávamos reunidos em minha edícula. Kito estava elaborando o site do Waltel. Para provocá-lo, coloquei um cd dos Skatalites, baixinho. Ele, ouvido absoluto, logo em seguida comentou: “Solda, isso me parece calipso!”

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Nota de falecimento: com símbolo doce de passarinho, Twitter encantou até morrer de cólera

Passarinho foi atingido pela cólera dos usuários e passou a defecar na cabeça de todos

Ele nasceu cheio de sonhos. Com nome inspirado no verbete que em português significa “gorjear”, era uma rede social despretensiosa, que queria apenas replicar pequenos momentos de seus usuários.

Em tempos de blogs e longos artigos, se tornou um recurso para as pessoas compartilharem, em 140 caracteres, o que acontecia em suas vidas. Perguntava “o que você está fazendo?” e milhões dividam seus “tweets”, ou “tuítes”, descrevendo momentos de suas vidas com os amigos virtuais.

Mas o ser humano gosta mesmo é de reclamar e falar mal dos outros. Por isso, em pouco tempo, nossa amiga trocou a pergunta para “O que você está pensando?”.

Se tornou o principal aliado dos oprimidos da sociedade. A expressão “vou xingar muito no Twitter” virou um grito de guerra após uma fã do Restart se indignar com o cancelamento de um show. Há quem diga que foi o motivo do fim da banda.

Também foi responsável por divulgar grandes frases da humanidade, como: “Fui! Vocês não merecem falar nem comigo nem com meu anjo!”, de Xuxa. Ou: “Ânimo galera, vai melhorar tudo depois da Copa de 2014”, de Dejan Petkovic. Ou “crime ocorre, nada acontece, feijoada”, de um coreano desconhecido.

Com a chegada de concorrentes, como Facebook e Instagram, todos acharam que ela iria morrer. Mas sobreviveu, enquanto seus inimigos desfaleceram. Mas como todo anti-herói, seu maior inimigo era ele mesmo.

O passarinho que tanto voou pelo mundo foi atingido pela cólera de seus usuários e passou a defecar na cabeça de todos. Um simples tuíte de “bom dia” terminava em uma discussão de quem tem ou não o privilégio de ter um bom dia. Quem postava “meu cachorro comeu chocolate” era acusado de assassino de cachorros.

Até que ele foi comprado por um herdeiro de minas de diamantes que apenas precisava de atenção. A necessidade por likes nunca saiu tão cara. Como uma criança dona da bola, demitiu os cérebros da empresa, passou a cobrar pelo “selo de verificação” e se recusou a retirar posts de ódio e apologia a massacres.

Se antes voava, hoje navega desgovernado, com seus usuários pulando fora como os passageiros do Titanic. Os poucos que sobraram agem como se estivessem em um fim de festa, conversando com desconhecidos e chutando latinhas no chão. Até que, aos 17 anos de idade, o Twitter faleceu.

Ou, como disse um tuíte incompleto do G1, “Morre o inesquecível”.

Publicado em Flávia Boggio - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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Humour at The Falls

Ana von Rebeur e Lan (atrás, Orlando Pedroso), Foz do Iguaçu, 2004. © Solda

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Bozo

Ridendo castigat mores.

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O voo da alegria

Lula finalmente embarcou para a China, onde terá um encontro com o presidente chinês Xi Jinping e acompanhará a cerimônia de posse da companheira Dilma Rousseff na presidência do Brics, que não se sabe bem o que faz, mas, oficialmente, “é um grupo de países emergentes que tem como objetivo a cooperação econômica e o desenvolvimento em conjunto”, segundo a Wikipédia – quer dizer, continua-se sem saber o que ele faz. Sabe-se, no entanto, que a ex-presidenta do Brasil terá um modesto rendimento de cerca de R$ 210 mil mensais.

Mas voltemos a Luiz Inácio: a comitiva presidencial foi integrada de trinta parlamentares, quatro governadores e oito ministros, fora a Janja, e um contingente recorde de empresários (mais de uma centena), a maioria do agronegócio e até mesmo alguns bolsonaristas, entre os quais os notórios irmãos Joesley e Wesley Batista, do grupo J & F, presos em 2017, e diretores da Novonor, atual nome da Odebrecht, que levou líderes do PT, inclusive Lula, à prisão.

Estarão todos, por certo, de olho no baixo custo da mão de obra chinesa e nas regras ambientais e trabalhistas menos rígidas da China.

Também seguiram junto com o presidente representantes das centrais sindicais brasileiras, como a CUT.

Não se sabe quem pagará as despesas da festiva viagem. Diz-se que os empresários responderão por suas despesas. Mas há dúvidas. Afinal, foram convidados.

Por isso, ninguém deve se surpreender se a conta for paga pelos coitados de sempre, nós, os contribuintes.

Tudo bem, Lula está tentando recolocar o Brasil no cenário mundial. A China é o nosso principal parceiro econômico, mas Bolsonaro andou arredando-a, obrigando o Itamaraty a um trabalho de reaproximação e camaradagem. Tanto é que Lula já havia despachado ao Kremlin o assessor especial Celso Amorim, hoje uma espécie de porta-estandarte internacional do atual governo brasileiro. Lá, segundo registrou a imprensa, o ambiente esteve tão descontraído, dentro dos padrões diplomáticos, que, a certa altura, Amorim esqueceu que seu interlocutor era russo e passou a falar em português. O russo riu e o nosso ex-chanceler, corrigindo-se, afirmou que nem ele esperava tamanha receptividade.

Só que Luiz Inácio, aqui ou na China, deve continuar controlando a língua. É prevista uma conversa de Lula com o presidente chinês sobre a ideia do brasileiro para encerrar a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que, segundo ele, “não tem justificativa” para continuar. Espera-se, porém, que s. exª. não repita a sugestão ventilada por ele no Brasil de que a Ucrânia poderia ceder a península da Crimeia à Rússia em troca de um acordo de paz. Aí estaria dando uma de Bolsonaro.

São previstas, ainda, reuniões de Lula com o presidente do Congresso Nacional do Povo, Zhao Leji, e com o primeiro-ministro chinês Li Qiang. No sábado, reunir-se-á, em Abu Dhabi, com o líder dos Emirados Árabes Unidos, Mohamed bin Zayed.

Cuidado com os presentinhos, presidente!

Publicado em Célio Heitor Guimarães | Deixar um comentário
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Uma estrela

Janja é palpiteira, novidade nenhuma, vem do fascinante feminino. Chegada à China, atropelou o arcabouço e a política fiscais, além dos ministros Haddad e Tebet, ao dizer que a recente decisão de taxar o e-commerce e seus gigantes chineses Shoppee e Shein não irá complicar as comprinhas do mulherio caingangue. Logo ela, que se veste de Maria Rendeira. Azar do gambá, como disse a portuguesa ao viajar pra casa com o bicho escondido na calçola. Lula aceita seus palpites felizes em matéria de roupa.

Confiram. Lula já usa saia e blusa, o conjuntinho discreto, casual ortodoxo de blazer-calças; abandonou as camisas fornecidas pela companheira-mulher do senador Jacques Wagner, feitas sob medida na Bahia; repassou aos companheiros catadores os ternos mal cortados, antiquados, saídos do mostruário da Renner. Lula está moderno, contemporâneo, foge do padrão amarfanhado e caipira do Centrão e do estilo pós-udenista do vestuário de Brasília; compõe ternos, camisas e gravatas em tons degradê.

Ao contrário da dupla jeca que o antecedeu, o casal presidencial dá o tom do vestuário da companheirada, que entre o primeiro e segundo turnos correu aos alfaiates para repaginar os guarda-roupas (que os companheiros Gleisi/Lindi já chamam de clôse). Mesmo o ministro Flávio Dino, um Reizinho dos quadrinhos, consegue estar elegante com a pança a desabar nas fivelas. Lula é o amor do homem que ouve a mulher, sua estrela-guia. Disse Bilac, “só quem ama pode ter ouvido capaz de amar e de entender estrelas”.

Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário | Deixar um comentário
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