Arte longa, vida breve

Fiz mestrado, só pela metade, sem tese e sem título. Não aprendi muita coisa, aliás é essa a proposta de mestrado: cavoucar e descobrir tudo na cabeça do mesmo alfinete; ajuda, porque mais adiante, no doutorado, avança-se mais fundo na cabeça do alfinete. Bom pra quem gosta, ruim para quem lembra que a arte é longa e a vida, breve.

Mas fica o arrependimento de não ir até o fim: ser mestre ajuda no currículo e no cartão de visitas. Portanto, assumo a frustração de não ter chegado ao fim, que deixa o amargor do fracasso. Porém tem uma parte do mestrado que me ajuda na vida, a da metodologia, ciência sobre como estudar, aprender e repassar o aprendido, seja no curso, seja na vida.

Só aproveitei essa parte, que no entanto virou neurose: foi a proporção no texto, mistura de simetria e congruência. Ou seja, o texto não pode se estender por dezenas de linhas em algumas partes e tornar-se telegráfico em outras; a congruência é o simples complicado, de fazer com que o pé conjumine com a cabeça sob a mediação de corpo e membros.

A metodologia do texto no mestrado é facilita a vida dos membros da banca examinadora. Na vida, o mestrado facilita a vida do leitor, qualquer um, para seduzi-lo e interessá-lo. Falei da neurose da simetria. É isso mesmo. Estou agoniado para terminar este texto sem alongá-lo e sem cair em repetições e redundâncias.

A neurose agrava-se e vira obsessão pela simetria, a de que os parágrafos tenham o mesmo número de linhas. No português torna-se tormento, porque a língua não é como o inglês, onde preponderam vocábulos de uma ou duas sílabas. Exemplo: vou encher esta tripinha dispensável pra fechar a simetria e aplacar a neurose.

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Maria

Olinda, entre outras belezas, tem um museu de esculturas sacras, quase todas de santos conhecidos ou desconhecidos. Todo o espaço de uma das salas é ocupado por homens santos de pedra, salvo por uma vitrine que protege a figura de uma menina adolescente. A menina se destaca do resto justamente por estar cercada de machos beatificados, muitos com quase o dobro do seu tamanho. Outras salas do museu têm um número equilibrado de santos e santas. Algumas das santas são populares, como as Sant’Anas.

A menina não é popular. Não existe, acho eu, outra escultura ou pintura da menina nessa idade, no mundo. Ou será só em Olinda? Depois, a menina entrará em varias histórias. Sua milagrosa história pessoal, a história do Cristo, a história da arte. Por enquanto, ela é apenas uma adolescente a caminho de casa, sem ninguém para avisá-la do que virá. Ou que a História não é para adolescentes.

Um curto texto no chão da redoma nos informa que a menina é Maria, mãe de Jesus. Maria antes de crescer, Maria sem nem imaginar o que a vida lhe prepara, quando crescer. Agora, por que um ateu irremediável como eu está emocionado na frente dessa pequena maria solitária, a caminhos de ser a Maria mãe e santa? A menina que me olha através do vidro da vitrine não sabe, mas ela já é a Maria que Michelangelo esculpirá na sua Pietà, um filho morto no colo da mãe, toda a dor do mundo tirada de um bloco de mármore, e não há nada que eu possa fazer, minha filha.

O Fernando Sabino contava que um amigo seu dizia:

– Eu não acredito em Deus, mas tenho uma certa queda pela Virgem Maria…

Eu também. Maria é devidamente cultuada por cristãos. Existe mesmo uma forte corrente marista na Igreja. Mas é inescapável a sensação de que ela não recebe toda a devoção que merece. A Bíblia, por exemplo, descreve toda ascendência, através de gerações, não da Maria – mas do José! Que, como se sabe, não teve nenhum papel na concepção ou no destino de Jesus. Protesto.

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A função do profeta é profetizar. Se as profecias acontecem ou não, não é problema do profeta.

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Motoboy

© Ricardo Silva – 1961|2022

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Parnaíba – Piauí

SAM_1425Obra do artista multimídia Zé de Maria. © Vera Solda

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Picadinho

O grande problema para localizar os nossos traumas de infância é que eles estão completamente ofuscados pelos traumas da adolescência e maturidade. (Do livro  “Picadinho de Humor à Mineira” – Dirceu Ferreira, Editora Codecri, 1979).

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Que país foi este?

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Fraga

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Ska

My Boy Lollypop (originalmente “My Girl Lollypop”) composta nos anos 1950 por Robert Spencer do grupo The Cadillacs,  creditada a Spencer, Morris Levy e Johnny Roberts. Foi registrada pela primeira vez em Nova York em 1956 por Barbie Gaye. Uma versão posterior, gravado em 1964 pela jamaicana Millie Small, com ritmo muito semelhante, se tornou um dos mais vendidos ska de todos os tempos. Assim Chris Blackwell começou a Island Records. Zimmer down!

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Marcos Prado

Marcos Prado (1961-1996) – Curitibano, aos 15 anos já acontecia na cena psychobilly local, ao fundir poesia com música, artes plásticas, teatro e cinema. Em 1996 saiu O Livro de Poemas de Marcos Prado, reunião de seus trabalhos (FFC/Iluminuras). Teve diversos poemas traduzidos para o inglês. Dez anos depois de sua morte, a Travessa dos Editores publicou Ultralyrics, com organização de Felipe Hirch, em 2006.

Dezenas de autores, todos já falecidos, não demonstraram interesse em participar da Academia Paranaense de Letras, por diversos motivos: porque achavam que a entidade não os representava (por motivos estéticos, ideológicos ou por diferenças pessoais com acadêmicos), por proibição estatutária (caso da presença feminina), por viver longe do Paraná, por timidez do escritor ou por desinteresse da própria Academia em estimular possíveis candidaturas. Sem esquecer que o limite de 40 membros sempre se mostrou um permanente limitador. Entre esses, selecionamos dezenas de nomes que fizeram parte da vida científica e cultural do Paraná, sem passar pela nossa instituição. Exceto Júlia Wanderley, autora de artigos e textos diversos, mas sem obra em volume, os demais tiveram livros publicados. Outros nomes podem ser sugeridos.

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Quando menino, nascido
serra acima, o que
mais eu desejava era o mar.
Eu queria apenas o mar
e mais nada — para nele
desfraldar meus
sonhos marinheiros.
Fui crescendo e ampliando
meus desejos.
Uma casa junto ao mar,
um barco a motor, festas,
empregados, piscina.
Obtive tudo isso, Senhor.
Mas aí então o mar dentro de
mim já havia secado.

Do livro Senhor|Edição Beta|1989

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2010

promessa

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