O ministério das Comunicações funciona para liberar concessões de rádio e televisão para políticos que com elas irão se eleger até as calendas. Este ministério não comunica, mas trumbica às maravilhas. No governo Sarney, na estratégia de obter cinco anos de mandato, a credencial do ministro era ser amigo e sócio de Roberto Marinho, dono da Globo. O ministro Antonio Carlos Magalhães concedeu mais autorizações que o império os títulos de nobreza. Bolsonaro foi buscar o genro de Sílvio Santos para gerir seu baú de nossa infelicidade.
O equinocultor Juscelino Filho, artífice de viagens camufladas com dinheiro público, asfaltamento privilegiado para suas fazendas e beneficiário de emendas mandrakes no orçamento secreto, atual ministro só cria ruídos na comunicação de Lula. Depois de escândalos sucessivos – os únicos até agora – foi perdoado pelo presidente em nome da governabilidade, a atitude que justifica todas as patifarias e os peculatos. A última do ministro foi desativar o haras, antes em nome do sócio. Ou seja, a queima do sofá que consome o registro do adultério.
Juscelino Filho faz jus ao nome, embora não seja descendente do ex-presidente. Além do prenome, de comum têm os mesmos pecados do nepotismo e da simonia. O primeiro Juscelino deu um tabelionato no Rio de Janeiro para o marido de sua amante; o Juscelino que não é seu filho repassou o haras e deu emprego na câmara dos deputados para seu sócio. Dirá você que uma coisa é ser marido de amante e outra ser sócio. Sim, desde que Juscelino Filho não durma com o tabelião ou com a mulher do sócio.
Não que eu não queira desejar um dia bom para quem está fora do Twitter
Bom dia a todes os haters do Twitter (não que ao dizer “bom” eu esteja afirmando que sou contra a importância, até mesmo anímica, de assumir tudo o que é ruim, ou de respeitar a palavra “ruim”, ou de existirem dias ruins ou qualquer dia; não que eu tenha algo contra o filósofo pessimista Arthur Schopenhauer; não que eu não entenda que Schopenhauer é muito mais do que a reles simplificação de chamá-lo de pessimista; não que coisas simples não possam ser boas; não que coisas simples não possam ser ruins –até porque nem tudo que é ruim é ruim–; não que eu tenha algum tipo de xenofobia com quem mora na Ásia ou na Oceania por estarem agora no período noturno; não que ao dizer “todes” eu não esteja englobando todos e todas; não que eu não acredite que para além de todos, todas e todes exista ainda mais coisa no mundo do que supõe nossa vã filosofia; não que eu esteja segregando desta conversa quem não entende ou não gosta de filosofia; não que eu não queira desejar um dia bom para quem está fora do Twitter, ainda que eu respeite totalmente que a pessoa dentro ou fora ou em cima do Twitter não possa desejar um dia ruim para si mesma e para outrem ou quiçá para quem ainda nem nasceu; não que eu seja a favor de todo nascimento; não que ao começar todas as frases com “não” eu não seja a favor do sim ou do talvez).
Gostaria de dizer que sou humana (não que ao preterir o uso do pretérito imperfeito “gostava” eu assuma que tenho algo contra o uso do pretérito ou do passado, até porque um país que joga pra baixo do tapete seu passado escravagista e ditatorial é um país sem memória e portanto uma nação que pode muito bem repetir atos bárbaros; não que eu tenha algo contra a palavra imperfeito, porque é justamente para as nossas falhas que devemos concentrar esforços; não que eu ache que todo mundo precisa ser funcional, pois acredito ser indefensável a máquina opressiva do neoliberalismo; não que eu esteja falando especificamente de você ao dizer que você tem falhas, estou falando de todos, ainda que eu respeite a pessoa que não queira pertencer ao grupo das pessoas, dos todos ou todas ou todes ou dos humanos; não que ao escolher usar o futuro perfeito de forma condicional “gostaria” eu esteja dizendo que acredito num futuro perfeito, o que seria totalmente alienante perante a emergência climática; quando digo que quero dizer algo, não quero silenciar qualquer pessoa que queira falar, que não queira falar ou que não possa falar porque 1. está com a boca cheia –não que eu esteja afirmando que falar de boca cheia é falta de educação–, 2. tem deficiência em órgãos ou regiões emissores de sons, 3. está fazendo um retiro de silêncio; não que ao dizer que “eu sou” eu queira excluir do debate –e respeito quem prefira chamar de “discussão”, ou ainda de “conversa”, por acreditar na potência pejorativa do verbete “discussão”– as pessoas que preferem nem ser ou não ser, ou se acham, ou acham que quem diz “eu sou” está se achando, ainda que eu ache que uma mulher se achar, em um país com tanto feminicídio, é um ato político; lembrando que respeito quem não quer trazer a política para o debate; não que ao dizer que “sou humana” eu esteja querendo ofender a inteligência artificial ou a febre entre os colunistas e jornalistas de falar sobre ChatGPT; não que, caso você tenha de fato uma febre relacionada a alguma inflamação, eu esteja de qualquer forma diminuindo qualquer pessoa com problemas relacionados à saúde, e não que seja de meu interesse ou aptidão profissional dizer se você está ou não com febre).
Os pais de uma adolescente, um rico casal, vão ao seu encontro secreto com seus respectivos amantes, em um chateau. Mas eles são surpreendidos pela coincidência dos quatros estarem presentes e resolvem brincar com a situação. Até que a filha deles, Angela chega e inicia um jogo perigoso, chamado Roleta Chinesa, e a máscara das pessoas começam a cair.
França, Alemanha Ocidental. Rainer Werner Fassbinder. Chinesisches Roulett, 1977.
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