Dúvida

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Aurora Morgenrote © Zishy

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Que a sorte não o abandone

As pesquisas mostram o descontentamento com o governo Lula. Se continuar assim serão quatro anos de sofrimento, o mesmo tempo que Bolsonaro nos oprimiu. Como o descontentamento com o Mito não foi tão rápido e intenso como com Lula, a conclusão é que o brasileiro gosta de sofrer e apanhar. Lula sofre pela reversão da expectativa dos que acharam que a destruição do Mito seria corrigida mais rápido que o conserto dos palácios atacados por sua turba de fanáticos e o trágico desmantelamento da administração pública.

Quem cobra de Lula resultados rápidos tem que entender como o Brasil funciona: nenhum presidente governa sem pagar a taxa de proteção a deputados e senadores; paga a taxa, o presidente pode fazer o que bem entender, até matar á míngua índios, deixar sem vacina os milhares que serão levados pelo covid e patrocinar a devastação da Amazônia. Foi assim no Mensalão, no Petrolão, no Bolsolão, situações inevitáveis pelo sistema do presidencialismo de coalizão, em que os partidos políticos negociam a preços não republicanos.

Neste terceiro mandato, Lula recorre aos mesmos cobradores e à mesma taxa, mas com um aceno da sorte. Por exemplo: o chantagista mor, Arthur Lira, presidente da câmara dos deputados, ensaiou encenar um Eduardo Cunha com fumos de santidade e se estrepou com sua base, o Centrão, que entrou em processo de colapso. Outro exemplo é o castigo auto infligido de Jair Bolsonaro, o beócio que governou como se não houvesse um amanhã – e, se houvesse, seria radioso, e só para ele.

Alguém disse na imprensa que o único inimigo de Lula é ele mesmo. Bela frase, que ignora a multiplicidade de forças que induzem um presidente a se perder ao optar pelo rumo que se revela mutável e instável. O chefe de Estado precisa do fluido atributo que Napoleão exigia de seus generais: a sorte, que é instável, haja vista o que aconteceu com o próprio Napoleão, um general precoce que abusou dela. O que se pode esperar de Lula é a sorte generosa e pródiga, pois general consumado ele sempre foi.

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2009

No Tempo em que o Porco Marchava

Talvez eu andasse exagerando na bebida, mas desconfio da hipótese: sempre fui bêbado lúcido. Fato é que um dia, sem anúncio prévio, vejo dois dos grandes talentos com quem trabalhava na época batucando uma – seria inevitável o cacófato se não fosse esta frase entre travessões – marcha deliciosa. Sérgio Mercer e Solda tinham sacado a Marcha do Porco Chovinista.

Como aquilo tinha acontecido sem que eu soubesse, sigo ignorando. É o problema de trabalhar com gente acima da média. Quando menos se espera, lá vem uma tirada genial.

Sérgio Mercer usou a introdução de outra música composta por ele, a Marcha do Saldo Médio. Naquele tempo, Mercer e muitos dos seus amigos, eu incluído, vivíamos pendurados em bancos. Eu continuo. Era difícil prorrogar os títulos, os gerentes exigiam bom saldo médio na conta. Ele transformou aquilo em música: “Minha vida não tem remédio/ O gerente quer saldo médio”. Então gritava: “Fui no Banco Itaú/ O gerente me mandou…” e mandava ver na introdução. “Fui no Banco do Brasil/ O gerente me mandou pra…” e dá-lhe o tarará-tarará da abertura. Com a introdução emprestada, compuseram o Porco Chovinista. Eles cantavam o refrão com empolgação de puxador de samba, batendo o punho na mesa. Era muito engraçado. Chico Branco virou parceiro na composição das estrofes da segunda parte. Tinha alguns aspectos, digamos, chulos naquela letra, como o grossérrimo: “Tire os pelos do teu sovaco” ou o preconceituoso “Quando a mulher reclama/ Deve ser falta de cama”.

Dei um palpite ou outro na letra, extraídos da versão definitiva como pelo encravado. Minha participação ficou apenas na organização das estrofes, se bem me lembro. Ou seja, a formatação: aqui canta isso, aqui canta aquilo.

A Marcha do Porco Chovinista espalhou-se como rastilho. Virou sucesso do Bife Sujo ao Ile de France. É verdade que a época ajudava. Os chauvinistas eram uma espécie de porco expiatório da liberação feminina, se me faço entender.

O tema virou sucesso carnavalesco, quando Solda e seus alcoólicos notórios inventaram o Bando do Porco e com ele desfilaram no carnaval. Faz tanto tempo que, na época, o carnaval curitibano ainda estava na terceira idade. O mesmo Solda contou que certa vez encontrou em Camboriú um sujeito que cantava a marcha como se fosse composição dele. Nem ao menos pagou um rabo-de-galo – ou de porco – ao verdadeiro autor, sentado ao lado. Devia ser um daqueles porcos da Revolução dos Bichos, usurpador de obra alheia.

Pois está aí o problema. Mesmo tendo feito sucesso, a Marcha do Porco Chovinista jamais rendeu um tostão em direitos autorais. A obra foi gravada, mas não editada. Só nos resta lamentar tamanha miséria. Porca miséria.

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Víctor Jara

 

Gondwana – Te recuerdo Amanda

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Flagrantes da vida real

Banco 24 horas. © Maringas Maciel

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Consciência artificial

Quando René Descartes proferiu seu famoso “Penso, logo existo” colocou um desafio para os programadores de video-games e de inventores cibernéticos em geral.  Quando será que um personagem de jogo será capaz de, sem ser estimulado por seres humanos biológicos, produzir uma afirmação equivalente?  Claro que não se trata de apenas repetir a frase de Descartes, por mais que isto pudesse ser criativo (Borges, em “Pierre Menard”, tentou provar que a frase do escritor A, repetida espontaneamente pelo escritor B, ganha novos contextos e novas nuances, e pode ser considerada uma frase original).  Seria necessário que um personagem artificial de game, com pendor introspectivo, reflexivo, metido a filósofo, abandonasse por algum tempo as façanhas de espadachim para que fôra programado (coisa que ocorreu com o próprio Descartes) e, recolhendo-se à meditação, afirmasse a própria existência, baseando-se apenas no fato de ser capaz de pensar  na possibilidade dela.

Há dois tipos, que eu saiba, de personagens de games: os que são controlados por jogadores, e os que são controlados por algoritmos, fórmulas matemáticas que determinam as ações dos personagens baseando-se num vasto menu de possibilidades de ação.  Defrontando-se com várias alternativas, o personagem regido por um algoritmo opta por uma delas, influenciado por variáveis que podem ser aleatórias (equivalentes a jogar um dado) ou podem levar em conta tudo que aconteceu com o personagem até então, sua história pessoal.  É possível chegarmos a algoritmos que nos deem a sensação de que existe uma consciência humana por trás daquelas decisões. Mas não saberíamos se era uma ilusão ou um fato. Só o veríamos como fato se esse personagem regido por fórmulas matemáticas se tornasse tão caótico e imprevisível quanto um ser humano normal.

Minha teoria filosófica predileta é a de que a humanidade é o videogame de alguma raça muito mais adiantada “Penso, logo existo” do que a nossa.  Começou como um jogo de ação/aventura tipo “Trogloditas vs. Mamutes”, evoluiu para um jogo de gerenciamento de tribos, agricultura e pastoreio.  Então, os avatares biológicos fugiram ao controle.  Primeiro inventaram a linguagem, depois a escrita; e desenvolveram consciência individuais que não faziam parte do plano.

O degrau seguinte levou esta nossa humanidade biológica a desenvolver uma humanidade cibernética (feita de bytes, de pixels, de algoritmos) na qual o mesmo processo começará, mais cedo ou mais tarde, a se reproduzir.  O universo é um experimento em que espécies de natureza física totalmente diversa trabalham para produzir o mesmo fenômeno não-físico: a consciência de si mesmo.

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Quantos portugueses são necessários para trocar uma lâmpada?

Vinha um português, com sua família, dirigindo pela estrada quando um carro da polícia o faz parar. O portuga fica todo nervoso com a aproximação do guarda.
– O senhor está com o porta-malas mal fechado. Diz o guarda.
– Ufa! Pensei que o senhor queria me pedir os documentos que eu não tenho.
A mulher do português percebe a mancada e tenta remendar:
– Seu guarda, não dê bola para ele, quando bebe sempre diz besteira.
Até agora quieta no banco de trás, a sogra comenta:
– Eu disse que esse negócio de comprar carro roubado daria problema.

A piada é típica, seguramente deve ser contada em outras partes do mundo com outro personagem no lugar de burro. Fosse nos Estados Unidos, o ingênuo seria o mexicano, na Argentina, os galegos são os ignorantes, na França o belga é que ocupa essa função, na Inglaterra o irlandês é o alvo. Inclusive, dentro de Portugal, essa piada seria contada com os alentejanos de protagonistas. Ou seja, não há nada de original na nossa pirraça contra os portugueses, muitos povos escolhem outros para colocar nesse lugar.

Mas a questão mais interessante é: do que é mesmo que rimos nesses casos? A primeira resposta é a mais fácil, rimos da ingenuidade, da estultice alheia. Na piada acima, por exemplo, quanto mais eles tentam se defender da cilada que eles mesmos criaram, mais se acusam. Passam atestado de burrice o tempo todo.

Uma piada funciona quase sempre da mesma maneira, fazemos um convite a um outro pra rirmos juntos de um terceiro excluído da cena. Ou seja, se eles são burros, os otários, por conseguinte nós somos os espertos. Mas uma questão à frente revela-se um pouco mais delicada: por que o nosso burro de plantão seria o português? Por que quando alguém diz: “sabe a última do português”, todos sabem que lá vem piada, e que o lugar dele é o mesmo de sempre, de ser bobo?

Podemos explicar isso como sendo o retorno de um ódio antigo. Recalques herdados de quando fomos colônia. Afinal, ficamos sob o domínio português durante séculos. Agora teria chegado a hora da desforra, logo,vamos então gozar deles. Não creio que pensar nessa direção seja equivocado, apenas revela-se incompleto. Será que dá para fazer uma oposição simples entre nós, os brasileiros, e eles, os portugueses? Geograficamente sabemos que é fácil, uma grande distância nos separa, mas historicamente é um pouco mais complicado. Quando mesmo que teria começado um e terminado o outro? Quando foi que o Brasil nasceu e deixou de ser uma extensão portuguesa? A questão é que nós nos tornamos o que somos graças a eles. Em certa medida somos o sonho de Portugal, ou pelo menos, o que conseguimos fazer com o que eles fizeram conosco quando nos fundaram. Quando falamos de Portugal, queiramos ou não, estamos lidando com os nossos pais fundadores. A verdade é que nós temos muito mais de portugueses do que gostamos de admitir.

Freud dizia que é típico de povos, países ou cidades que querem se diferenciar fazerem piadas uns dos outros. Chamava isso de narcisismo das pequenas diferenças. As piadas funcionariam para aumentar a pouca distância que separa essas comunidades, afinal, as identidades são sempre contrastantes. Então, se nossa diferença estivesse consolidada num patamar distante, não seriam necessárias piadas assim. Nós fazemos piada justamente daqueles que estão próximos, por essência, por história ou por vizinhança. Os Argentinos, por exemplo, que também comparecem ocasionalmente nas nossas piadas, é um exemplo de diferenciar-se pela vizinhança.

Para a psicanálise o humor é feito daquelas coisas que não podem ser faladas de outra forma, é uma espécie de contorno sobre um assunto que diretamente é de difícil abordagem. O efeito que uma piada produz é de bem estar, porque economizamos a energia do recalque. Vivemos sempre constrangidos por inúmeras barreiras que nos condicionam, quando uma delas se abre, a sensação é de prazer. Por momentos, agimos como crianças despreocupadas, como se não tivéssemos obrigações com nada. Nesses momentos nossa única preocupação é obter prazer, nem que tenhamos que sacrificar o bom senso, a racionalidade ou a lógica.

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Amanhã, imperdível!

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Quem leva Datena a sério?

Ele manipula o meio político e a imprensa e fica onde sempre esteve

José Luiz Datena é um gênio. De tempos em tempos, volta a estampar capas de jornais e homes de portais de notícias. Mas não pelo conteúdo ou pela audiência do seu programa. Oferece-se como uma figura relevante na política. Não é. Pelo menos não enquanto não colocar à prova sua habilidade e sua capacidade de atrair eleitores.

Por enquanto, apenas aproveita para ser assunto. Datena manipula o meio político e a imprensa, ganha evidência, não se candidata a nada e permanece onde sempre esteve: na TV, ganhando dinheiro ao mostrar as tragédias que ele a cada dois anos promete ajudar a resolver. Essa estratégia tem mais de uma década e continua dando certo. Para ele.

Em geral, o apresentador surge no cenário político em época eleitoral. Desta vez surpreendeu ao aparecer, já em 2023, em uma conversa supostamente vazada, sugerindo a Guilherme Boulos uma dobradinha na corrida à Prefeitura de São Paulo, que só acontece no ano que vem. Provoca o deputado do PSOL sobre a disputa pela vaga de herdeiro político de Lula.

Parece óbvio que partidos vejam nele um grande fazedor de votos. É um comunicador hábil, que conversa com um público consumidor do sensacionalismo exibido em seu programa e das pautas que exaltam a truculência da polícia e o combate à corrupção e já escorregaram em todo tipo de preconceito. Eleitores não faltariam. Mas a única razão que move o apresentador parece ser valorizar seu passe como tal, nada mais.

Foram quatro ensaios de se lançar candidato a prefeito de São Paulo, foi cotado como vice de Bruno Covas, ameaçou concorrer ao Senado em 2018. Em 2021, chegou a anunciar sua saída da TV para concorrer à Presidência. Negociou ser vice na chapa de Ciro Gomes em 2022. No mesmo ano, cozinhou Jair Bolsonaro com a promessa de que tentaria ser senador. Se alinha e se desalinha a políticos de todo o espectro. Quem ainda leva Datena a sério?

Publicado em Mariliz Pereira Jorge - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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Tempo

Glória Flügel, em algum lugar do passado.  © Nélida Kurtz Rettamozo, a Gorda

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1980

A jornalista e atriz Cristina Prochaska viu seu sobrenome virar sinônimo de xoxota em uma malfadada transmissão de Carnaval, que se tornou um clássico televisivo dos anos 1980. Cristina Prochaska ficou conhecida pela novela Vale Tudo e pelo episódio carnavalesco. © João Raposo|Abril

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Contravérbios

bione-quatro

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