Flagrantes da vida real

nego-mirandaNego Miranda (1945-2021) observador atento dos pormenores da realidade. © Maringas Maciel

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Autobiografia De Mim Mesmo À Maneira De Mim Próprio

“E lá vou eu de novo, sem freio nem pára-quedas. Saiam da frente, ou debaixo que, se não estou radioativo, muito menos estou radiopassivo. Quando me sentei para escrever vinha tão cheio de idéias que só me saíam gêmeas, as palavras — reco-reco, tatibitate, ronronar, coré-coré, tom-tom, rema-rema, tintim-por-tintim. Fui obrigado a tomar uma pílula anticoncepcional. Agora estou bem, já não dói nada. Quem é que sou eu? Ah, que posso dizer? Como me espanta! Já não fazem Millôres como antigamente! Nasci pequeno e cresci aos poucos.

Primeiro me fizeram os meios e, depois, as pontas. Só muito tarde cheguei aos extremos. Cabeça, tronco e membros, eis tudo. E não me revolto. Fiz três revoluções, todas perdidas. A primeira contra Deus, e ele me venceu com um sórdido milagre. A segunda com o destino, e ele me bateu, deixando-me só com seu pior enredo. A terceira contra mim mesmo, e a mim me consumi, e vim parar aqui.”

”… Dou um boi pra não entrar numa briga. Dou uma boiada pra sair dela… Aos quinze (anos) já era famoso em várias partes do mundo, todas elas no Brasil. Venho, em linha reta, de espanhóis e italianos. Dos espanhóis herdei a natural tentação do bravado, que já me levou a procurar colorir a vida com outras cores: céu feito de conhas de metal roxo e abóbora, mar todo vermelho, e mulheres azuis, verdes ciclames. Dos italianos que, tradicionalmente, dão para engraxates ou artistas, eu consegui conciliar as duas qualidades, emprestando um brilho novo ao humor nativo. Posso dizer que todo o País já riu de mim, embora poucos tenham rido do que é meu.”

”Sou um crente, pois creio firmemente na descrença. …Creio que a terra é chata. Procuro não sê-lo. …Tudo o que não sei sempre ignorei sozinho. Nunca ninguém me ensinou a pensar, a escrever ou a desenhar, coisa que se percebe facilmente, examinando qualquer dos meus trabalhos.”

”A esta altura da vida, além de descendente e vivo, sou, também, antepassado. É bem verdade que, como Adão e Eva, depois de comerem a maçã, não registraram a idéia, daí em diante qualquer imbecil se achou no direito de fazer o mesmo. Só posso dizer, em abono meu, que ao repetir o Senhor, eu me empreguei a fundo. Em suma: um humorista nato. Muita gente, eu sei, preferiria que eu fosse um humorista morto, mas isso virá a seu tempo. Eles não perdem por esperar.”

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1979

Revista Atenção – Grafipar|Gráfica & Editora

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O que deu em Lula?

Será que o radar político do presidente já não é mais o mesmo?

O que aconteceu com Luiz Inácio Lula da Silva? É verdade que, como todo político que abusa de falas de improviso, ele sempre disse muita bobagem. Quem se der ao trabalho de fazer uma busca nas coleções dos jornais encontrará farto material. Mas a maior parte das gafes pretéritas era do tipo pouco comprometedor. O que chama a atenção agora é que o presidente parece insistir em declarações que claramente o prejudicam, seja por afetar negativamente expectativas para a economia, seja por criar arestas políticas desnecessárias.

Parte da explicação está no fato de que foi o mundo e não Lula que mudou. Vivemos hoje um clima de polarização afetiva que inexistia 20 anos atrás. Falas que antes passavam batidas ou eram no máximo vistas como piadas involuntárias são agora analisadas sob microscópio e interpretadas como declarações de guerra. O ponto é que Lula, frequentemente descrito como um “animal político”, deveria ser capaz de compreender as mudanças contextuais e evitar as armadilhas. Não está sendo.

Precisamos, é claro, considerar a possibilidade de que Lula esteja enxergando mais à frente do que todos nós e tomando decisões racionais. Nesse caso, uma explicação para a repetição dos ataques ao BC é que o presidente já tenha concluído que seu governo não conseguirá promover o espetáculo do crescimento insinuado na campanha e já esteja providenciado bodes expiatórios a que culpar.

A tese é plausível, mas tem fragilidades. Ela não explica as escorregadas políticas, como as acusações sem provas contra os EUA e Moro. Ela também parte de uma premissa complicada, que é a de que Lula já tenha descartado um cenário de crescimento robusto. Políticos não costumam ser muito pessimistas (e nem mesmo realistas) nessas avaliações, ou nem disputariam algumas eleições.

Outra hipótese é que o radar político do presidente não seja mais o mesmo e ele esteja de fato cometendo erros em série.

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© Jan Saudek

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Cego

Cego de nascença, aprendeu a ler no escuro. Desde pequeno os livros lhe eram abertos, os toques lhe fundavam janelas, os sons lhe eram caminhos de pedras, polindo vazios de serventias, ninhais e encantários em palavras timbrais. Um dia achou um doador de córnea e pensou que os recursos adquiridos poderiam lhe render a visão total. Não aceitou ser operado por conta do governo, nem enxergar no claro. Ficou com medo de se olhar no espelho das pessoas e ter medo da escuridão que havia nelas.

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SNI: nasce o monstro da espionagem

General Golbery do Couto e Silva, idealizador do SNI

Serviço controla a vida de cidadãos brasileiros dentro e fora do país

Concebido pelo general Golbery do Couto e Silva, o Serviço Nacional de Informações (SNI) é criado pela Lei nº 4.341 com a finalidade de assessorar o presidente da República e o Conselho de Segurança Nacional. O SNI se tornou o principal órgão de espionagem da ditadura e peça-chave do Sistema Nacional de Informações (Sisni).

O SNI articulava-se com os ministérios militares, que tinham seus próprios serviços de informação – o Cenimar (Marinha) e, mais tarde, o CIE (Exército) e o Cisa (Aeronáutica) –, a Polícia Federal, os Dops estaduais e os serviços secretos das polícias militares, ocupando o centro da malha da chamada “comunidade de informações”. Nos ministérios civis, em empresas públicas e estatais, foram instaladas as Assessorias de Segurança e Informação (ASIs), que eram braços do sistema responsáveis pela vigilância política de funcionários e mesmo de ministros.

O SNI monitorou atividades dos cidadãos dentro e fora do Brasil. Os agentes do “Serviço”, como o SNI era chamado, operavam nas embaixadas do país por meio do Centro de Informações do Exterior (CIEx), criado em 1966 dentro do Itamaraty. Em pouco tempo, o SNI tornou-se uma vasta teia de espionagem, intrigas políticas e negócios ilegais, a ponto de se atribuir ao general Golbery a frase “Criamos um monstro”, quando o regime militar estava nos seus estertores.

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Revista Ideias – #179|Travessa dos Editores.

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Sampa sem máscara

© Alberto Melo Viana, o Baiano.

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Wisława Szymborska

Wisława Szymborska (1923|2012), Prêmio Nobel  de literatura (1996). Poeta, crítica literária e tradutora, viveu em Cracóvia, onde se formou em Filologia Polaca e Sociologia pela Universidade Jaguellonica.

Sua extensa obra, traduzida em 36 línguas, foi caracterizada pela Academia de Estocolmo como “uma poesia que, com precisão irônica, permite que o contexto histórico e biológico se manifeste em fragmentos da realidade humana”, tendo sido a poetisa definida, como “o Mozart da poesia”. © Gazeta Wiborcza

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Desiree Jacobsen. © Zishy

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Taramelas tagarelas

Com a ameaça do atentado pelo PCC, Ratinho Júnior declara que “o governo do Paraná garantirá a segurança do senador Sérgio Moro”. Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, garante que a polícia legislativa dá segurança aos senadores dentro e fora do Brasil. Claro que em duplicidade, pois o senador é casado com deputada – ainda que na mesma casa recebam dois auxílios moradia.

As polícias do Senado e a de Ratinho Júnior ainda entram em combate no bis in idem de proteger o senador. Governador e presidente do Senado, ambos a martelar taramela em porta arrombada. A PF desmantelou o atentado e protege Moro. Ratinho tem mais o que fazer, resolver o pedágio e restabelecer as estradas, por exemplo, e governar com a inteligência real, não com a artificial da internet.

Pacheco não resolve o  impasse das medidas provisórias, com o calcanhar fustigado pelos dentes do rival Arthur Lira. O certo não seria – há muito tempo – combater o PCC? Enquanto isso, continuamos a ser assaltados pelo ladrão da esquina, que não perdoa sequer a polícia. E aplaudimos o senador (os dois) e o governador, milagreiros de ocasião.

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Karamba!

Plural

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