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Uebas!
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Ouiés.
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Porto Velho, Rondônia
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Figuras de Teresina
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1.
Era só uma menina. Com sonhos. Sonhos de fotografias. E grafismos. Inventar uma moda. Ficar, sim, bem famosa. Talvez aprender um instrumento. Saber bem. Estudar partitura. Uh, que difícil. A pele fresca. Os dentes com aquela borda ainda não serrada de todo. A adolescência e o sexo afoitos e delicados. Feito asas de borboleta. Hoje vai ter uma festa, diz o professor velhudo. Eles vão se apresentar na Casa e, olha, aparece lá. Abriu um sorriso e empinou o corpo todo pra frente. Que alta! Essa geração, hein! Puxa com tudo o cigarro. Muita força nesses lábios, guria. A cabeça cheia de pensamentos. As coisas que se pode aprender. E ele acha que está no papo. Mais tarde. Uma lingerie … branca? A amiga chega junto. Segura o coisinho da jeans onde vai o cinto. Encosta-se. Hoje, a festa? Risadinhas. Uh, frescor. O velhudo com a apostila bate três vezes na palma da mão mordendo a língua dentro da boca esquisita. Que não se sustenta. Besta ao quadrado. Hoje! As duas saem saltitantes pelo pátio. À noitinha, esquenta no bar do Turva pra chegar no grau e não pagar bebida cara! Truques. Mas que vão. E chegam. No banheiro, desliza os dedos enterrando fundo a calcinha e PAN! PAN! Duas palmadas fortes na bundinha dura. Estica bem o preto/básico e aproxima a cara pro espelho. Ah, esse baton é ó-te-mo! Pernas que não acabam mais. Não vai cair nesse salto! Pensa no urso que ficou em cima da cama, no quarto da pensão, com aquele olhão regaladão. Seria o olho da mãe? Em outra cidade, cuidando que cuidando. Ela vai fazer publicidade & propaganda. Quase que escuta o ranger da cadeira de balanço da avó. Uma mão antiga e cheia de sinais; percussão de pensamentos. O coração esmorece. Mas o futuro é tão longe de tudo. Perto daqui. Agora mesmo. Abre as asas da porta e a música aumenta. Uma mesa de frente pro palco. Um terço da mesada vai todo por aqui? Não, que a amiguinha tem papai. Lá do balcão, a garçonete de cabelo curto James/bar olha pras duas. Marlboro do forte. E uma garrafa de… ah, vai esse mesmo! É bom, né? Uma gota no lábio vermelho que a ponta da língua sorve. Tem gente te filmando, guria. A música agarra no pescoço arrepiando. Uh! Olha os dois. Por que tu não vai lá, guria? Depois, depois. A noite é boa e a mãe dorme. A avó, há muito. Um grilo cava seco na lajota da cozinha. É verde? O ano foi bom. Deu pra trocar todo o piso. A menina está estudando na cidade. Bem, muito bem. O baterista agride os pratos. PAN! TUNTS! PAN! Risos. Vontade louca. Levanta e chega até o balcão. Cotovelos suspendem um pouco o corpo. Perna que dobra até, quase. Encostar a ponta do salto no traseiro. PAN! TUNTS! PAN! Bate no piso bem no ritmo. E canta. Dos treze aos quinze ficava em casa com o encarte do cd decorando letra de música. Sabia todos os hits. Gira e olha tudo em volta. Lá vem. Ladeiam-na. Você é bem altinha, hein, guria. A amiga acena e traga o cigarro irônica. Uma taça, por favor. E enchem que enchem. O bico dos peitinhos se atiçam. É bom isso, né? Ser, assim, querida de todos. Se brincar, dá umas três vezes. A idade do velhudo e a dela. Muito mais. E não é que ele parece aquele tipo do desenho?! O lobão. Ela acha engraçado. O peso da mão no seu ombro. Subindo forte pra nuca. Por que essa bocarra tão grande? Atola a língua inteira. Um gosto grosso de saliva e nicotina. Seria que tinha gostado? Mas até ali agüentando bem. Coragem é crescer de salto alto e sem cair. A amiguinha se aproxima. O outro é de História. Mas nada substitui as exatas. O corpo ficou pequeno quando ele enlaçou-a com o braço vermelho e peludo. Sentiu que boiava num daqueles pneus de caminhão que os primos enchiam pra descer o rio. A mãe comprava tudo combinandinho. E nem deixava ela ir. Só uma vez, mãe?! O coiso encostando atrás. Inútil sua mão minúscula tentar abrir aqueles dedos grossos. Quando olhou, nem viu mais a amiga. (Continua)
Era só uma menina. Com sonhos. Sonhos de fotografias. E grafismos. Inventar uma moda. Ficar, sim, bem famosa. Talvez aprender um instrumento. Saber bem. Estudar partitura. Uh, que difícil. A pele fresca. Os dentes com aquela borda ainda não serrada de todo. A adolescência e o sexo afoitos e delicados. Feito asas de borboleta. Hoje vai ter uma festa, diz o professor velhudo. Eles vão se apresentar na Casa e, olha, aparece lá. Abriu um sorriso e empinou o corpo todo pra frente. Que alta! Essa geração, hein! Puxa com tudo o cigarro. Muita força nesses lábios, guria. A cabeça cheia de pensamentos. As coisas que se pode aprender. E ele acha que está no papo. Mais tarde. Uma lingerie … branca? A amiga chega junto. Segura o coisinho da jeans onde vai o cinto. Encosta-se. Hoje, a festa? Risadinhas. Uh, frescor. O velhudo com a apostila bate três vezes na palma da mão mordendo a língua dentro da boca esquisita. Que não se sustenta. Besta ao quadrado. Hoje! As duas saem saltitantes pelo pátio. À noitinha, esquenta no bar do Turva pra chegar no grau e não pagar bebida cara! Truques. Mas que vão. E chegam. No banheiro, desliza os dedos enterrando fundo a calcinha e PAN! PAN! Duas palmadas fortes na bundinha dura. Estica bem o preto/básico e aproxima a cara pro espelho. Ah, esse baton é ó-te-mo! Pernas que não acabam mais. Não vai cair nesse salto! Pensa no urso que ficou em cima da cama, no quarto da pensão, com aquele olhão regaladão. Seria o olho da mãe? Em outra cidade, cuidando que cuidando. Ela vai fazer publicidade & propaganda. Quase que escuta o ranger da cadeira de balanço da avó. Uma mão antiga e cheia de sinais; percussão de pensamentos. O coração esmorece. Mas o futuro é tão longe de tudo. Perto daqui. Agora mesmo. Abre as asas da porta e a música aumenta. Uma mesa de frente pro palco. Um terço da mesada vai todo por aqui? Não, que a amiguinha tem papai. Lá do balcão, a garçonete de cabelo curto James/bar olha pras duas. Marlboro do forte. E uma garrafa de… ah, vai esse mesmo! É bom, né? Uma gota no lábio vermelho que a ponta da língua sorve. Tem gente te filmando, guria. A música agarra no pescoço arrepiando. Uh! Olha os dois. Por que tu não vai lá, guria? Depois, depois. A noite é boa e a mãe dorme. A avó, há muito. Um grilo cava seco na lajota da cozinha. É verde? O ano foi bom. Deu pra trocar todo o piso. A menina está estudando na cidade. Bem, muito bem. O baterista agride os pratos. PAN! TUNTS! PAN! Risos. Vontade louca. Levanta e chega até o balcão. Cotovelos suspendem um pouco o corpo. Perna que dobra até, quase. Encostar a ponta do salto no traseiro. PAN! TUNTS! PAN! Bate no piso bem no ritmo. E canta. Dos treze aos quinze ficava em casa com o encarte do cd decorando letra de música. Sabia todos os hits. Gira e olha tudo em volta. Lá vem. Ladeiam-na. Você é bem altinha, hein, guria. A amiga acena e traga o cigarro irônica. Uma taça, por favor. E enchem que enchem. O bico dos peitinhos se atiçam. É bom isso, né? Ser, assim, querida de todos. Se brincar, dá umas três vezes. A idade do velhudo e a dela. Muito mais. E não é que ele parece aquele tipo do desenho?! O lobão. Ela acha engraçado. O peso da mão no seu ombro. Subindo forte pra nuca. Por que essa bocarra tão grande? Atola a língua inteira. Um gosto grosso de saliva e nicotina. Seria que tinha gostado? Mas até ali agüentando bem. Coragem é crescer de salto alto e sem cair. A amiguinha se aproxima. O outro é de História. Mas nada substitui as exatas. O corpo ficou pequeno quando ele enlaçou-a com o braço vermelho e peludo. Sentiu que boiava num daqueles pneus de caminhão que os primos enchiam pra descer o rio. A mãe comprava tudo combinandinho. E nem deixava ela ir. Só uma vez, mãe?! O coiso encostando atrás. Inútil sua mão minúscula tentar abrir aqueles dedos grossos. Quando olhou, nem viu mais a amiga. (Continua)
Assionara Souza
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