© Ruters

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Quaxquáx!

curtam-careta-língua© Joe Trujeitto

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Mural da História


Pesadelo recorrente

Em 31 de março de 1964 eu tinha 16 anos. Ouvia bossa-nova, as canções do CPC da UNE, lia O Estado e a Revolução, a História Nova, a poesia de Evtuchenko e via o cinema de Nelson Pereira dos Santos. Vibrava com a revolução cubana, com o Sputnik soviético, com a China de Mao.

Eu tinha 16 anos, militava no PCB, estava apaixonado por uma atriz, sonhava fazer teatro. Nesse dia eu caminhava na rua XV e na altura da Marechal um companheiro me disse que o governo de João Goulart fora derrubado e os militares tinham tomado o poder. Não esqueço a sensação que isso me provocou. Fiquei pasmo, paralisado, resistindo a acreditar que fosse verdade. O golpe desmanchava a realidade em que eu vivia. Acreditava que estávamos no poder e passávamos por mudanças que nos aproximavam da contemporaneidade do mundo. A caminho de uma sociedade mais justa, menos opressora, mais libertária. A caminho do socialismo.

Então, nesse 31 de março, há 57 anos, desceu sobre nós a noite espessa de uma ditadura militar que durou duas décadas e meia. Anos de supremacia dos retrógrados, liberticidas, que na verdade ainda estão aí. Recuperaram forças, empalmaram o poder e nos impõe um governo com o mesmo caráter do regime fardado. Como um pesadelo recorrente, estamos novamente condenados a um longo tempo de trevas e de resistência. A cena é emblemática, do filme A terra em transe, de Glauber Rocha.

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Cartaz

Saudek-plakat
Jan Saudek|Uvrtlogu strasti|Glipoteka|HAZU|Medvedgradska 2, Zagreb|

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Cau Gomez

Charge antiga. Mas parece que foi feita hoje. © Cau Gomez

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O Polaco Que Sabia Latim

Desenho de Arthur de Freitas, década de 1980.

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Cinemateca

Valêncio Xavier (fundador da Cinemateca de Curitiba) no centro entre Pedro Merege (esquerda) e o diretor Beto Carminatti (2004).

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Laurie Livingstone, Beverly Hills, 1981. © Helmut Newton

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IV

Ai, tossinha fodida. Sou é viciada mesmo. Fumo adoidada o que tiver. Tudo de uma vez, um montão de pedra. Quando tenho, também dou. Pode que um dia precise. Aí fumo e apago.

Compro lá na boca. Pra ter dinheiro eu roubo. Hoje foi uma tia, ela se assustou, quis gritar. Só falei: “Sai que eu te corto”. Valeu.

Tem dia que tô muito louca. Fumo e fico pirada. Aí não posso olhar pra pessoa. Acho que tão querendo me bater, matar. Saio de perto pra não dar confusão.

99 corruíras nanicas, L&PM Pocket

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Cupim no meu lápis

© Caetano Solda

Os cupins de madeira seca se instalam dentro de peças de madeira com baixo teor de umidade. São comuns em componentes de telhados, batentes, esquadrias, móveis, etc. Embora uma colônia desses cupins não seja muito grande, o ataque pode causar sérios prejuízos, uma vez que só é possível detectá-lo quando as partes internas de uma peça já estão em adiantado estado de destruição.

Os cupins constroem galerias dentro da madeira, por onde circulam e produzem pequenos grânulos ovalados, suas fezes, que acumulam em uma câmara próximo à superfície da madeira e que, de tempos em tempos, são descarregados para fora da peça atacada, como forma de limpeza das galerias.

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Elas

© Nadav Kander

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Quebra de sigilo mostra que Bolsonaro não tomou vacina contra raiva

O ex-presidente Jair Bolsonaro pode ter o sigilo de sua carteira de vacinação quebrada a qualquer momento. Antivacina desde garoto, ele sequer fez o teste do pezinho só de teimosia. Quando a enfermeira veio, em vez de dar o pé ele fez arminha com a mão e pediu 20% do salário dela.

Uma investigação revelou que Bolsonaro ganhou o apelido de Zé Gotinha porque mijava na cama até os 14 anos. Aí desenvolveu uma raiva descomunal sobre as vacinas.

Outro ponto chamou a atenção dos técnicos : Bolsonaro não tomou vacina contra febre aftosa. E liderou todo o gado, colocando em risco a produção bovina no país.

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Uma carta para militares golpistas

Formação castrense precisa ser refundada no apreço à legalidade e à democracia

A imprensa tem noticiado movimentações de parlamentares petistas para modificar o tão propalado artigo 142 da Constituição, sobre as Forças Armadas. O objetivo seria deixar mais claro que os fardados não têm papel “moderador” sobre o poder civil.

Tal sandice de papel “moderador” só existe em delírios golpistas. Ademais, o governo não tem base sólida para aprovar emenda sobre o tema e gastaria muito capital político em negociação com um Congresso marcadamente de direita e fisiológico. A chance de piorar o artigo é maior do que a de melhorá-lo.

Mais eficaz seria investir na formação militar, que precisa ser refundada no apreço à legalidade e à democracia e na subordinação ao poder civil. Sobre isso, trago à reflexão a história do brigadeiro Rui Moreira Lima (1919-2013), contada no belíssimo livro “Adelphi!”, de seu filho, Pedro Luiz Moreira Lima, e de Elisa Colepicolo (Topbooks).

Na Segunda Guerra, jovem piloto de aviação de caça, Rui combateu os fascistas, na Itália, tendo cumprido 94 missões aéreas. Também sua atuação contra golpistas aqui no Brasil, em diferentes momentos da nossa história, o eleva ao panteão dos grandes heróis.

Rui foi muito influenciado pelo pai, Bento, juiz em Caxias, no Maranhão. Quando entrou na escola militar, em 1939, recebeu uma carta do pai, que foi seu norte por toda a vida. Eis um trecho: “O povo desarmado merece o respeito das Forças Armadas. Estas não devem esquecer que é este povo que deve inspirá-las nos momentos graves e decisivos. Nos momentos de loucura coletiva deves ser prudente, não atentando contra a vida dos teus concidadãos. O soldado não pode ser covarde e nem fanfarrão. (…) O soldado não conspira contra as instituições pelas quais jurou fidelidade. Se o fizer, trai os seus companheiros e pode desgraçar a nação”.

A carta de Bento Moreira Lima e a biografia do brigadeiro Rui deveriam ser estudadas nas academias militares. Já seria um bom começo.

Publicado em Cristina Serra - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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Conto criminal Covid

O carioca é muito criativo. Os assassinos de aluguel andam muito caros. O sindicato do crime bolou um novo esquema. Fez por computador um levantamento pormenorizado de nomes, restaurantes (alguns até de luxo) e serviços de entrega.

Cada cidadão-alvo da sua lista de mortes encomendadas – confinado, comendo em casa – recebia sua quentinha previamente lambida por um covideano cadastrado, que acabava deixando um dinheirinho para a família. (Vocês não imaginam como esse trabalho é procurado…).

O entregador apanhava a comida “batizada” e a entregava na casa do condenado à morte. Depois, era só monitorar o que acontecia… e recolher a grana. Às vezes, morriam também parentes, empregado

Publicado em Roberto Muggiati - branca7leone | Comentários desativados em Conto criminal Covid
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