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Flagrantes da vida real
Publicado em Flagrantes da vida real
Com a tag curitiba - cidade da gente, maringas maciel, ranieri gonzales, teatro
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O homem certo
Não é porque é véspera de Natal – ou exato por isso – que deixaremos de enaltecer a escolha do deputado Ricardo Barros para a secretaria de indústria, comércio e serviços do governo Ratinho. Um presente de Natal para Lula e para nós. Para Lula porque tira do caminho o mais eficiente operador político dos últimos vinte anos, exato agora quando o senador Romero Jucá come o pão sovado pelo demônio. Para nós porque o deputado é daqueles políticos que quando lhes convém nos fazem o bem.
Tamanha a admiração por Barros que o Insulto chegou a ofender Thomas Morus, o autor da Utopia, dizendo que Barros lembrava muito o santo – “homem que não vendeu sua alma”, conforme a propaganda do biopic de Fred Zinnemann. Quero crer que a escolha foi feita na penumbra, acordo maquiavélico do governador com Lula. O fígado dos políticos não tem fel; ao contrário, não raro exala mel. O governador marcou gol de placa, escolheu o homem certo para o lugar certo.
Uma rápida e perfunctória visita às generalidades do dicionário revela que Ricardo Barros é a própria indústria, o verdadeiro comércio e a quintessência dos serviços. Agora, longe do desgaste e das agruras de servir Jair Bolsonaro – e a tantos outros antípodas -, Barros recolhe-se ao descanso do guerreiro para o suave domínio que o levará ao governo do Paraná. Que o rato não roa a roupa do rei de Roma.
Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário
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Novos livros sobre a memória de Curitiba são o assunto de capa do Cândido 133
“Curitiba é uma cidade que ganharia muito se entendesse os múltiplos lados que possui. Do ponto de vista das mulheres, das pessoas negras, das pessoas da periferia, por exemplo”, afirma a quadrinista Raphaela Corsi, autora do livro Sankofa: a História dos Afrocuritibanos, ouvida pelas repórteres Isabella Serena e Juliana Sehn — que também selecionam sugestões de leitura lançadas nos últimos anos.
Outros destaques do Cândido 133: poema de Carla Diacov, conto de Rosana Felix, trecho de um romance inédito de André Luiz Costa, ensaio fotográfico de Giorgia Prates e a transcrição de duas mesas-redondas realizadas durante a Festa Literária da Biblioteca Pública do Paraná (Flibi), em novembro — “Família e memória” (com Carlos Eduardo Pereira, Vanessa Vascouto e Rodrigo Casarin) e “A nova era de ouro do rádio” (com Ivan Mizanzuk e Flávia Schiochet). A ilustração de capa é de Laura Mazzottini.
Tamanduá – Natal|1976
Publicado em nossa tribo
Com a tag lina faria, original beto batata, vera solda
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O companheiro empaca antes da saída
Prezado Luiz Inácio:
Agora que você já foi diplomado como novo futuro presidente da República e está a poucos dias da posse, eu poderia convidá-lo para uma sapecada de pinhão ao redor do fogo. A temporada da iguaria está passando, mas ainda temos alguns exemplares guardados para ocasiões especiais.
No entanto, como a fogueira ainda não foi acesa, gostaria de entabular um papo preliminar com o companheiro (não sou nem nunca fui petista, mas depois de haver votado 13 no segundo turno eleitoral, creio que posso sentir-me assim). Permite-me? Pois então vamos lá.
A primeira coisa que precisa ficar assentada desde logo é que quem venceu as eleições foi você, Luiz Inácio Lula da Silva, e não o PT. O PT não existe sem você, e está arrotando demais.
Outro dia, alguns noticiosos estranharam a presença constante de dona Rosângela nos atos e cerimônias dos quais você participava. Alguns colunistas chamaram-na de enxerida; outros, mais atrevidos, chegaram a comparar dona Janja à Evita Peron, a ex-primeira dama argentina, dos tempos de Juan Domingo, aquela que, diziam, mandava mais do que ele e, para tanto, contava com o apoio popular.
Rejeitei de pronto esses comentários e essas comparações. Dona Janja, antes mesmo dos eleitores, ofereceu-lhe nova vida. Ou, melhor dizendo, nova razão para viver. Mais do que isso: deu-lhe o conforto pós-prisão e um lustro pessoal que o candidato não tinha. Foi visível a mudança de seu visual. Como reparou uma tia minha, que até então tinha pavor do PT, “ele passou a exibir camisas bem passadas e ternos alinhados, possivelmente de grife”. Então, dona Janja só lhe fez e faz bem. E a sua presença em cena é justificada, talvez solicitada.
Na cerimônia de sua diplomação, notou-se a ausência da senadora Simone Tebet, que, na disputa presidencial, ficou em terceiro lugar e que, posteriormente, deu-lhe integral apoio, transferindo-lhe votos importantes para a conquista do segundo turno. Por tudo isso, Simone tornou-se figura importante no cenário político atual e, certamente, nome destinado a ocupar lugar de destaque no futuro governo. No mínimo, ministeriável.
Contudo, a senadora tem sido menosprezada. Isso deu margem para novas especulações. E houve quem dissesse que a causa do distanciamento de Simone Tebet teria sido dona Janja. O site Yahoo divulgou a informação dada pelo jornalista Paulo Cappelli, do portal Metrópoles.
Segundo Cappelli, Janja teria vetado o nome de Simone para o ministério do marido. Difícil acreditar, já que foi Janja quem convenceu Simone a apoia-lo, prezado Lula. E, graças a esse pedido, Simone se tornou o principal cabo eleitoral do petista no segundo turno.
Ciúme de mulher é coisa séria. Mas acho – como também parte da imprensa – que o veto ou a dificuldade para encaixar na equipe ministerial a senadora Tebet, tal qual Marina Silva, não partiu da Janja e sim do PT. O velho partido, até bem pouco tempo atolado na lama da corrupção, ergueu-se das cinzas e apoderou-se indevidamente da sua vitória, Luiz Inácio. Está ditando cátedra e interferindo demais na formação do futuro governo. Se não é ele, é o tal Centrão, outra maldição do parlamento nacional. É impossível aproximar-se dessa gente sem sujar-se.
Em assim sendo, Luiz Inácio, está na hora de dizer um basta, sob pena de contaminar o seu terceiro mandato, antes mesmo de ele começar. Mais do que nunca, você sabe que, desta vez, não poderá errar e nem deixar que errem. É a sua derradeira oportunidade de limpar a sua biografia. Chame logo a mato-grossense do sul e a acriana, e, juntos, tratem de enterrar de vez o desgoverno bolsonarista e as fofocas que o seguiram. É o que o Brasil espera.
Sinceramente, CHG.
No colo
Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário
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