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Um que eu tenho (via Julio Covello)

CD duplo. Crucial 18th anniversary celebration reunion recorded live at the Blue Monk Jazz Gallery Kingston, Jamaica, Summmer 83. Danceteria Records, Roir Europe. Tommy McCook (tenor sax), Roland Alphonso (tenor & soprano sax), Lester Sterling (alto sax), “Dizzy” Johnny Moore (trumpet), Jackie Mitoo (piano), Jah Jerry (guitar), Lloyd Brivitte (acoustic bass), Lloyd Knibbs (drums) e Lord Talmano (M.C. e vocals). Added musicians: Arnold Breckenbridge (trumpet), “Bubbles Cameron (trombone) e Cedric Brooks (sax solo on “tear up”). Let’s ska!

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Miu, o nosso gato que sumiu

Miu, inesquecível.  © Vera Solda

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Mural da História

Grafipar|Gráfica e Editora|1980

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“Sem anistia!” – o coro jacobino e as chances de Bolsonaro ser preso

O coro foi entoado pela primeira vez no dia da posse de Lula pela multidão reunida na praça dos Três Poderes quando o presidente discursava sobre o estado de penúria em que encontrou os cofres do governo esvaziados por Jair Bolsonaro — o responsável oculto pelo que Lula chamou de “progressiva construção de um genocídio” contra o povo brasileiro.

Desde então, o coro tem ecoado em diversas cerimônias oficiais em Brasília. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, demonstrou aprová-lo. “É natural. Eu tenho simpatia”, afirmou à Folha. Gleisi não é a única. Muita gente não vê a hora de ver Bolsonaro atrás das grades — sem anistia. É preciso lembrar, no entanto, que para haver anistiados ou aprisionados é preciso antes haver condenados. Não é ainda o caso do ex-presidente Jair Bolsonaro, ao menos do ponto de vista legal.

Bolsonaro hoje responde a quatro inquéritos no STF pelas seguintes acusações: 1) ter interferido na Polícia Federal; 2) ter vazado uma investigação sigilosa da PF; 3) ter dado declarações sobre a pandemia que colocaram em risco a saúde da população; 4) ter difundido notícias falsas sobre as urnas eletrônicas.

Para o jurista Pedro Serrano, a maior parte dessas acusações tende a resultar em penas brandas ou em inelegibilidade, caso uma condenação se dê por improbidade administrativa, crime contra o patrimônio público ou abuso de autoridade, alguns dos artigos inscritos no rol da Lei da Ficha Limpa.

Há no entanto, três núcleos de conduta que, resultando em condenação, potencializam a possibilidade de prisão de Bolsonaro.

São eles, segundo Serrano: o das ações do ex-capitão na pandemia; o de seus supostos atentados contra a democracia; e o que envolve a sua participação na compra de 51 imóveis com dinheiro vivo pela família Bolsonaro.

Sobre esse último episódio, revelado pela repórter Juliana Dal Piva, do UOL, a investigação do ex-presidente no STF, pedida pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede), foi negada em setembro pelo ministro André Mendonça. O senador aguarda resposta ao seu pedido de reconsideração da decisão. Desde o dia 1º, no entanto, Bolsonaro perdeu o foro privilegiado a que tinha direito no STF como presidente da República. Isso significa que, a partir de agora, o ex-capitão corre o risco de enfrentar uma chuva de processos e investigações criminais na primeira instância da Justiça — que, entre outras diferenças, costuma ser mais ágil do que o STF.

Mesmo assim, há quem não esteja com paciência para esperar. Parlamentares do PSOL querem a imediata prisão de Bolsonaro. Como anunciou ontem em sua conta no Twitter o deputado Guilherme Boulos: “Entramos hoje no STF com o pedido de prisão de Bolsonaro. Sem anistia!”. Calma, Boulos. Bolsonaro será investigado. Investigado, pode virar réu. Tornado réu, e observados os procedimentos legais, poderá vir a ser condenado. Aí, sim, o coro dos “sem anistia” passará a fazer sentido. Antes disso, é colocar a guilhotina na frente dos bois.

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Bah, Che!

Che Guevara – © Cahu Gomez

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Desormônios

Segundo a ciência, chega uma hora na vida – aquela hora em que a gente começa a usar essa expressão – que o metabolismo começa a racionar os combustíveis vitais. As glândulas recebem telefonemas das farmácias dizendo que podem resolver as tarefas por elas, e elas se aposentam aqui e ali no organismo. O que a ciência omite é que, a partir de uma idade, o próprio corpo, para se adaptar à ordem natural das coisas (vulgo degeneração), passa a processar outras substâncias desumanas.

Vamos ao delivery interno: primeiro, se é tomado por irritagina e implicancina, que afetam a sociabilidade. Ainda há chance de reagir, se não aparecer o desconfiogon. Aí é melhor evitar as multidões. Para produzir a apatia, o desmotivol e a conformina entram a mil na corrente sanguínea, paralisando pernas e braços, que vão agir em combinação com adiasina, e você deixa tudo pra depois. É uma situação propícia para acumulação de altos teores de comodismônio e sofatrona, que fixam o sujeito da porta pra dentro.

Com o tempo, o cérebro cede e de lá jorram fluidos amargurogênicos, com efeitos azedumetróficos. Então, assim condicionados, dos testículos e dos ovários brota a desinteresexona, com níveis mais elevados ao anoitecer e picos justamente na posição horizontal. Já sem compensações, o corpo sucumbe e é inevitável uma overdose de morticidrina. Quer dizer, a endocrinologia está devendo um comentário sobre esse quadro.

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Vai, Bolsonaro! E fique lá!

Ao abandonar a presidência, Jair Messias Bolsonaro revelou publicamente o que sempre foi – um cagão. Incapaz de encarar o vencedor Luiz Inácio e transferir-lhe a faixa presidencial, preferiu fugir pela porta dos fundos, antes de terminar o mandato, para o balneário de Miami (EUA), onde está hospedado na mansão de um-lutador de MMA e certamente terá um encontro com outro mentecapto, o ex-presidente Trump. Bem que poderia ficar lá para sempre.

E ainda usou irregularmente um avião da FAB, custeado pelo governo brasileiro, em uma viagem de caráter particular. Meliante até o fim.

Voltando à afirmação inicial: JMB só era valente encastelado nas redes sociais, ou cercado de bajuladores adestrados ou de milicianos armados para fazer o mal ou ainda através de terceiros.

Mesmo quando usou farda, foi um péssimo soldado. Só criou confusão dentro dos quartéis e, não raras vezes, passou temporadas no xadrez. Planejou até plantar bombas em unidades militares de comando, mas só ficou na ameaça, porque faltou-lhe coragem para agir. Sempre foi também um farsante, um mentiroso, um trapalhão e um covarde. Em resumo, um mau-elemento, que, quando deu baixa, causou alívio geral na caserna.

No Congresso Nacional, passou 27 anos praticamente oculto. Incapaz de legislar, nenhum projeto de sua autoria veio a público. Só manifestações hidrófobas, de ódio contra as mulheres, os indígenas e os homossexuais. Dizia-se a favor da família, mas só defendia a própria (ou as próprias, já que teve três).

Quando anunciou a sua candidatura à presidência da República, provocou riso. Mas aí entrou em cena um tal de Adélio Bispo de Oliveira, não se sabe de onde, em um episódio até hoje não devidamente explicado. E, sob a proteção do demônio, o capitão de mentirinha subiu a rampa do Palácio do Planalto.

O que se seguiu, todo mundo sofreu – alguns pagaram com a própria vida. E só nos resta agradecer a Deus pelo fim dos tempos de trevas.

Sim, tivemos na presidência da República um cagão que fez muito mal à Nação, sem rima. E espera-se que isso não aconteça nunca mais. O Brasil e os brasileiros têm seus pecados, mas nenhum que mereça a volta ao poder de um insano desqualificado e genocida do calibre de Jair Messias Bolsonaro.

Vai, estropício, abrace e beije o do topete alaranjado e sejam os dois infelizes para sempre. Longe do Brasil. Aqui, só deve aparecer para responder pelos crimes cometidos, ser julgado e condenado. Assim como os membros de sua desqualificada família.

P.S. – A posse de Luiz Inácio Lula da Silva, no domingo, foi uma demonstração de democracia e civilidade, com as quais o Brasil estava desacostumado há muito tempo. Oxalá rendam bons frutos.

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Playboy|1980

1989|Karen Foster. Playboy Centerfold

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Mito inválido

Os jornais contam do soldado inglês que teve o pênis cortado por falha médica. Foi a deixa para buscarem no arquivo notícias de brasileiros, na maioria subcelebridades, com problema similar, a fratura do pênis, causada por ereções potentes e demoradas. Contam que a dor é insuportável, de chorar. Algo assim aconteceu com Jair Bolsonaro ao deixar o governo aos prantos. A causa também é similar: o imbrochável teve cortada sua fonte de prazer, um tesão de quatro anos f*dendo a vida dos brasileiros.

Sou, mas quem não é?

A primeira crise do governo Lula está na origem da ministra do Turismo, deputada mais votada no Rio, mulher de prefeito aliado a líder de milícia que empregou na prefeitura e fez campanha para os dois.

Marido, mulher – e quem sabe o miliciano – são filiados ao União Brasil, partido de Sérgio Moro, da base aliada ao presidente. Diga-se que a ministra não fez nada, a não ser ela mesma, coisa que pouquíssimos podem invocar como defesa. A incoerência de Moro foi apontada aqui hoje e falar dele de novo é gastar vela com defunto ruim.

Melhor apontar a coerência do presidente Lula: uma ministra com pé na milícia é a versão elegante de Carla Zambelli. Além disso, para fazer um ministério plural e inclusive, não se pode deixar ninguém fora, nem bandido (aliás, começaram a aparecer muito cedo e sem a ajuda de Moro & Dalagnol, a dupla dinâmica contra a corrupção).

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Playboy|1980

1980|Jeana Tomasino. Playboy Centerfold

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“Os nervos estão à flor da pele”, diz bolsonarista que deixou acampamento

Três perguntas para um (quase) ex-acampado bolsonarista.

Roberto (o nome é fictício), 54, policial legislativo aposentado, passou 60 dias com a família dormindo no acampamento bolsonarista em frente ao quartel-general do Exército em Brasília. Aqui, ele conta por que foi parar lá e por que decidiu ir embora no dia do Ano Novo.

  1. Por que o senhor levou sua família para ficar 60 dias numa barraca diante do QG do Exército?

“Para impedir que o comunismo tome conta do país. O que é o comunismo? Comunismo é o seguinte: você trabalha e você tem dois celulares. Aí tem outro que não tem nenhum. “Dá o seu celular pra ele, coitado”. Você trabalha, tem uma terra e tem outro que não tem terra nenhuma. “Ah, divide a terra com ele, coitado”.

É gente que quer viver na aba do governo. O comunismo é isso. E Bolsonaro é o único que pode impedir o Brasil de ser tomado pelo comunismo”.

  1. Por que o senhor resolveu ir embora hoje?

“Amanhã, dia do Ano Novo, vai faz 60 dias que vim para cá. Passei a noite de Natal aqui, debaixo da chuva. Podíamos ter passado em casa [Roberto e a família moram em Brasília], mas achamos que não era justo abandonar nessa data as pessoas de Rondônia, Roraima, Acre que viajaram 2.300 quilômetros para estar aqui.

Mas o cansaço físico é o de menos. Eu estou mais cansado mentalmente. Essa guerra de informações é que mata. “É hoje!”. “Você viu o sinal? Vai começar!”. Um dia desses aí, perto do Natal, soltaram fogos.

“Pá-pá-pá-pá-pá”.

Pôxa, a gente chegou a comemorar, achando que já era alguma coisa. Aí não era nada. Aí começa tudo de novo. E aí não acontece nada outra vez. Eu estou com os nervos à flor da pele.

Mas estou triste de ir embora. Minha filhinha chora porque não quer ir. Hoje de manhã eu disse a ela: “Papai vai tirar a cama do seu quarto e vai colocar uma barraca no lugar”. Aí ela ficou mais contente. Já canta inteirinha a música “sou brasileiro, com muito orgulho, com amor’.

  1. Bolsonaro o decepcionou?

“Pelo amor de Deus! Claro que não. Eu estou com ele onde ele for. A minha família está com ele onde ele for. Ele não deixou mácula. Tem uns aqui que reclamaram porque ele saiu do país, acham que ele deveria ter ficado. Mas, meu Deus, ele iria ser preso!

Deixa ele descansar. O homem ficou quatro anos sendo massacrado. Ele era um cara que nos incorporava, que falava o que nós queríamos falar. Ele pegou todo mundo e falou: “Deixa que eu falo por vocês”. Ele falava o palavrão dele e tal. Pô, eu gostava. Porque ele era ele.

Mas eu ainda tenho fé.

Eu não acredito no Congresso nem no Supremo, claro, mas eu acredito nas Forças Armadas.

O outro tomou posse? E daí? Eu tenho esse lado policial, tenho treinamento, eu entendo essa demora. É uma estratégia. Se eu vou fazer uma operação no morro, eu não vou chegar lá e falar: “Senhor bandido, amanhã eu tô indo aí”. Não é desse jeito. Eles [os militares] não podem chamar a atenção do mundo. Não tem um prazo, mas vai acontecer alguma coisa, escreve aí. Eu tenho fé.”

NO MADRAÇAL BOLSONARISTA

  • O acampamento em que Roberto ficou por dois meses com a sua família chegou a ter mais de 2 mil pessoas. Quando esta colunista esteve lá — um dia depois do discurso de Bolsonaro e de sua partida para os Estados Unidos– havia no local cerca de 100 barracas, algumas do tamanho de casas. Todos que circulavam pelo acampamento, inclusive crianças, usavam camisetas ou bonés verde-amarelos. Como num madraçal islâmico, megafones transmitiam sem parar discursos de apoio a Bolsonaro e de críticas ao PT.
  • Segundo a polícia, esse acampamento serviu de base para o planejamento do atentado terrorista, frustrado pela polícia, que visava a impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, segundo afirmou em depoimento George Washington Souza, preso em flagrante por tentar explodir uma bomba nos arredores do Aeroporto de Brasília.
  • O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flavio Dino, havia dito que os acampamentos bolsonaristas em frente a quartéis seriam desmontados até a posse de Lula. Agora, porém, o governo aposta numa desmobilização espontânea dos acampados. Dino determinou ao novo diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, que conclua e instaure novos inquéritos contra atos antidemocráticos e “incitação das Forças Armadas a atos hostis contra os poderes constitucionais”.
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A frase

Há frases que sobrevivem aos seus autores – em muitos casos porque são atribuídas a autores errados. Nem o Humphrey Bogart nem a Ingrid Bergman pediram ao pianista Sam que tocasse As Time Goes By outra vez, no Casablanca, o que não impediu que fosse a música mais lembrada do filme. Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Hitler, deixou uma penca de frases para a posteridade. Estranhamente, a autenticidade das suas citações está só agora sendo debatida. O verdadeiro autor da tirada “Sempre que ouço falar em cultura, pego o meu revólver” seria não o magro Goebbels, mas o gordo Hermann Goring, que disputava com Goebbels um lugar no coração do Führer. E agora surge outra revelação: a frase faria parte de uma peça intitulada Schlageter, lançada em Berlim em 1933. Enfim o autor.

Goebbels nunca reivindicou a autoria da frase famosa porque, de certo, achava que merecia todas as glórias de uma boa sacada, mesmo as emprestadas. Também, como intelectual do regime e atento a tudo que desmoronava à sua volta, inclusive o sacrifício dos seus próprios filhos e o seu suicídio no bunker de Hitler, Goebbels deve ter visto seu final como um misto de castigo pelos seus crimes e triunfalismo trágico pela sua fidelidade. Se todas as vezes em que ouvisse falar em cultura tivesse sido mais rápido no gatilho, talvez o delírio nazista tivesse durado mais um pouco, ou menos. Para as crianças no bunker, não faria diferença.

A frase de Goebbels que não era de Goebbels teve várias versões. Groucho Marx: “Sempre que ouço alguém falar em cultura, pego a minha carteira”. Possível outra versão da frase do Groucho: “Sempre que ouço falar em cultura, escondo minha carteira”. No Brasil do governo Bolsonaro, a escolha cultura/revólver já foi feita

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A necessidade do óbvio

Me parece óbvio que a formação de um ministério tão diverso foi um bom primeiro passo

“Permitam-me, como primeiro ato como ministro, dizer o óbvio, o óbvio que, no entanto, foi negado nos últimos quatro anos”, disse o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, num dos trechos do discurso de sua posse. Ele se referia ao reconhecimento da existência e valorização de minorias marginalizadas no governo Bolsonaro.

Almeida está certo ao acenar a este público e ao mostrar a importância de reafirmar o óbvio. Por um tempo, não sei avaliar quanto, será necessário dizer o óbvio, o axiomático, o indubitável, o inequívoco, o insuspeito. Como país, precisamos devolver ao óbvio o seu lugar incontestável, resgatar valores, compromissos e avanços civilizatórios que passaram a ser negados ainda que nos parecessem indiscutíveis.

O último governo substituiu o óbvio pelo terraplanismo político e científico. Instalou a república da barbárie, regida por um misto de insanidade e negligência. Juntamente com a democracia, temos que restabelecer o óbvio. Para isso, temos que olhar para nossas feridas profundas, encarar nossos piores defeitos e enfrentar nossas diferenças. Me parece óbvio que a formação de um ministério tão diverso foi um bom primeiro passo.

Obviamente, diversidade tem limite. A ministra do Turismo, conhecida como Daniela do Waguinho, tem vínculos com a família de um ex-PM, condenado e preso sob acusação de chefiar uma milícia na Baixada Fluminense. E isso não é novidade para ninguém. Deveria ser óbvio que não adianta chamar Bolsonaro de miliciano e manter a sombra da milícia carioca no Planalto.

Óbvio, também, que é cedo para falar em reeleição, como fez o ministro da Casa Civil, Rui Costa, em entrevista ao Roda Viva. Tanto não é óbvio que nesta terça (3), o secretário de Comunicação do PT, Jilmar Tatto, repetiu a aposta. É óbvio que o Brasil precisa de um projeto de país. As declarações a essa altura soam apenas como projeto de poder.

Publicado em Mariliz Pereira Jorge - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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