Microconto: o elitista arrependido saiu correndo atrás de sua vaidade, quando de repente o salto alto quebrou.

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Vai lá!

Key Imaguire

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© Vynessa Lucero. Zishy

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Tempo

© Raquel Santana

Claudio Seto (nascido Chuji Seto Takeguma, 1944 — 2008) foi um polímata brasileiro, descendente de japoneses, tendo se destacado nas áreas de artes plásticas (sendo um dos mais renomados desenhistas de quadrinhos no Brasil), poesia, fotografia, animação cultural e bonsaísmo.

Nasceu em Guaiçara, interior de São Paulo, em 1944, Descendente de samurais, Seto Iintroduziu o estilo mangá nos quadrinhos brasileiros em 1963, quando passou a a trabalhar na Editora Edrel, com as publicações “O Samurai” e “Ninja – o Samurai Mágico”, e Flavo (baseado em Astro Boy de Osamu Tezuka) que tinham seu texto e desenhos. Em 1975, depois do fim da Edrel devido a censura ditatorial, Seto retornou a sua cidade natal, onde foi eleito vereador por duas gestões. Seu último livro foi “Lendas trazidas pelos imigrantes do Japão”, publicado pela Devir.

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Contém tudo

A gente demorô pra se acostumar com aquelas caixonas de aço, vulgo contêineres. Foi em 1937 que o americano Malcom McLean (1913-2001) sacou o sistema que resolveu o transporte marítimo. O cara ficou bilionário e a humanidade, um pouco mais padronizada. Hoje os contêineres são comuns desde os oceanos até à paisagem urbana. Servem pra descomplicar a vida e também foder com ela.

Fora os contêineres móveis que circulam pelo mundo feito gigantescas caravanas transatlânticas, os contêineres estacionários revolucionaram a arquitetura. Não cabe um prédio naquele terreninho? Tasca ali um caixote metálico. O projeto precisa ter um custo pequeno? Contêiner. O negócio é uma loja-conceito, super moderna? Contêiner. Pela praticidade e mil utilidades, contêineres por tudo quanto é lado.

Em Poa, você entra numa lanchonete e saboreia um hambúrguer sem nem notar que está num ambiente portátil. Balcões e mesas, cozinha e banheiro, tá tudo lá, mas a área bem poderia estar lotada de quinquilharias chinesas num navio. Parado, o contêiner transporta apenas carne processada, carga descarregada direto na boca do consumidor.

Como em trocentos lugares pelaí, em Canela tem uma loja bacana. Mix de butique e bazar, os dois contêineres nem parecem o que são. Por isso atraem e abrigam uma clientela sofisticada, sobretudo porque foram instalados entre árvores. Apesar das formas retas, de quadrada a solução não tem nada.

Em canteiros de obras por todo o país, os contêineres viraram alojamentos. Em vez daquelas casinhas desconfortáveis de compensado agora os trabalhadores têm o desconforto dos caixotões de aço. Instalados num vapt-vupt, os contêineres têm a preferência da indústria da construção e da engenharia. Daí  fazerem parte do cenário de desenvolvimento do Brasil. Na tragédia de Brumadinho, em algumas imagens dá pra perceber contêineres soterrados, sabe-se lá se com gente dentro.

Como gado atravessando os mares, gente é o que mais se vê em contêineres. Em pousadas cheias de turistas que querem experimentar a graça do confinamento. Em indecentes prisões modulares pra suprir a escassez de penitenciárias decentes. Em acampamentos de escorraçados migrantes planeta a fora. Em tantos casos de transporte de imigrantes clandestinos, asfixiados social e fisicamente.

Mas o limite para uso insensato de contêiner foi no alojamento dos atletas de base no CT do Flamengo no Rio. Foi a primeira vez que contêiner virou crematório. Provável que não seja a última, porque a justiça brasileira é incapaz de ser justa. Aliás, o time carioca recebeu apenas pêsames pelos dez jovens mortos, como se não tivesse responsabilidade alguma com as instalações do contêiner. O mesmo tipo de impunidade do caso da boate Kiss, um contêiner muito maior.

Há uns 25 anos, no Rio, fui a um brechó social. Comprei um paletó espinha de peixe da C&A holandesa, parecia confecção de alfaiate. Meses depois foi revelado, à boca pequena, que aquele paletó fazia parte de toneladas de roupas, dezenas de contêineres, doadas por europeus para favelados cariocas. E que as primeiras-damas da ocasião e suas amigas socialites transformaram a doação em lucro pessoal. Quer dizer, até pra corrupção contêiner serve. Pelo monte de dinheiro que cabe, óbvio.

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Playboy|1960

1965|Hedy Scott. Playboy Centerfold

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© Correio do Povo

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A Ilusionista

Lorena Montez foi uma das mais aclamadas artistas circenses de todo o México na primeira metade do século XX. Relatam os historiadores de espetáculo, muito comuns, aliás, aquele tempo, sobretudo no México, que além de exímia trapezista, Lorena Montez era ainda bailarina, domadora de leões e o que já constituía então rara singularidade, incomparável ilusionista, a única mulher mágica de todo o continente. Capaz de fazer desaparecer ante aturdidas platéias um elefante vivo ou com que levitasse um par de gêmeos cujos cabelos, compridos e cacheados, chegavam a balançar no ar – com eles, os gêmeos, perfeitamente deitados, um ao lado do outro, a sete palmos do chão.

Ninguém poderia supor, contudo, que, nas horas vagas, Lorena Montez se dedicasse, com assombrosa diligência, escondida de todos os colegas de circo, ao dificílimo ofício de atiradora de facas, coisa que exercitava, sabe lá Deus com que extrema dificuldade, consigo mesma. Certamente o braço longo a mirar para trás o próprio corpo, em golpes curtos e sem dúvida precisos.

Muitas foram as vezes em que contornou o corpo nu de prateados punhais que chegavam a sugerir, quando deixava o alvo, perfeitamente incólume, a exata silhueta de uma mulher, de fina cintura e respeitáveis ancas.

Isso até o dia emque talvez abduzida por si própria, provavelmente numa delirante mágica, Lorena Montez desapareceu de vez e por completo. Nunca mais foi vista, embora a tenham procurado por todo o México, e fora dele, detetives, fãs ardorosos, exaustos aficcionados pelo ilusionismo, além do amante que a ela dedicara os últimos trinta anos de sua vida.

Dela, da lendária Lorena Montez, o dia em que se desapareceu, só o uniforme de domador, absolutamente intacto na jaula dos leões atrás do circo e, dentro da mesma jaula, o alvo igualmente intocado onde, escondida de todos, exercitava o novo ofício. Na madeira de cortiça, que servia de alvo, só um contorno de facas a sugerir o exato desenho de uma mulher.

abril|2010 – Revista Ideias/ Travessa dos Editores

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Flagrantes da vida real

O polaco João Urban, debaixo do seu chapéu. © Daniel Castellano

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Itararé

Rua São Pedro, esquina com Coronel Crescêncio, 1930. © Claro Jansson

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Desbunde!

Vênus de Rokeby – Diego Velázquez

Pode chamar de “O banheiro da Vênus”, “Vênus e cupido” ou “La Venus del Espejo”, o nu de Velázquez mostra uma mulher obtendo prazer com sua própria imagem. Para um quadro pintado entre 1647 e 1651 – uma época em que o público espanhol desdenhava dos corpos nus na arte –, o trabalho é bastante lascivo. (Caso esteja se perguntando, Ticiano e Rubens também têm suas versões de uma Vênus diante do espelho.)

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© Amorim

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A cabeça da serpente

O primeiro ato de Lula na presidência foi revogar os sigilos de Bolsonaro. Podia aproveitar o embalo e instituir um sigilo, o de apagar Bolsonaro por mil anos da história do Brasil. Não adianta cortar a cabeça da serpente se o resto do corpo continua a se mexer, venenoso e perigoso.

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Deliciosa e rude franqueza

Bernard Shaw já tinha dito: toda propriedade é roubo organizado

Em 1942, Antonio Callado, Mario Martins, Danton Jobim e outros jornalistas brasileiros de passagem por Londres pediram ao cônsul Paschoal Carlos Magno que lhes conseguisse uma entrevista com Bernard Shaw, então o escritor mais famoso do mundo. Paschoal encaminhou o pedido e a resposta foi um cartão do próprio Shaw, escrito à mão. Nele, o pensador e dramaturgo dizia que, aos 86 anos, não concedia mais entrevistas, não aceitava convites para jantar, não dava palestras e conferências, não participava de mesas redondas, debates, seminários e programas de rádio nem autografava livros ou fotos.

Os jornalistas ficaram frustrados, mas admiraram Shaw por sua franqueza deliciosamente rude, típica do autor daquelas frases que todos repetiam: “O assassinato é a forma mais extrema de censura”; “Quando alguém faz uma coisa de que se envergonha diz que está apenas cumprindo um dever”; “A ciência nunca resolve um problema sem criar dez outros”; “Quem sabe, faz; quem não sabe, ensina”; “O que Deus uniu o homem não pode separar. Deus cuidará disso pessoalmente”; “Já poderíamos ter o socialismo, se não fosse pelos socialistas”; “A juventude é algo maravilhoso. Que pena desperdiçá-la em jovens”; “Toda propriedade é roubo organizado”.

Os jornalistas admiraram ainda mais o cartão que Shaw escrevera com letra firme e caprichada, e que estava na mão de Paschoal —um documento precioso, talvez o último de um homem idoso e que se retirava dos holofotes. Paschoal pôs o cartão em sua mesa, conversou mais um pouco e, por fim, levou a turma até a porta. Horas depois, procurou o cartão e não o encontrou. Alguém o subtraíra. Assim é o ser humano.

Um dia, Paschoal viu num jornal de Porto Alegre o fac-símile do cartão, “acompanhado de comentários inteligentes de um jornalista gaúcho que estava no grupo”.

Shaw tinha razão: toda propriedade é roubo organizado

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