
Revista Playboy/Outubro/2007
Revista Playboy/Outubro/2007
Chute
“Eles fizeram a gente abrir as pernas e nos deram chutes nos órgãos genitais. Depois jogaram tinta na gente e fizeram eu e meu amigo nos pintarmos. Nos xingaram e nos humilharam durante uma hora. Depois, ordenaram que a gente fosse embora rápido”, contou Leonardo. Entre os agressores estava Marlon, considerado o mais violento. Os outros três vigilantes ainda não foram identificados.
Com o corpo todo pintado, os jovens foram para a casa do amigo de Leonardo, onde tomaram banho. Depois, ambos guardaram em segredo as torturas sofridas. “Fiquei com vergonha de contar o que tinha acontecido aos meus pais. Também ficamos com medo que, se a gente os denunciasse, eles se vingassem”, disse Leonardo.
Descoberta
Os pais de Leonardo descobriram as violências cometidas contra o estudante na noite de quarta-feira, quando a filmagem foi divulgada na TV. O amigo do estudante não foi ouvido ontem, porque sofreu um acidente de moto e não tinha condições de se locomover. “Ainda não houve tempo para identificar os outros três vigilantes”, finalizou o delegado Jairo Estorílio.
O advogado Elias Mattar Assad, representante da Centronic Segurança e Vigilância, concedeu entrevista coletiva em seu escritório, na tarde de ontem, sobre a morte do estudante Bruno Strobel Coelho Santos, 18 anos, assassinado por vigilantes da empresa. O advogado negou as acusações feitas por ex-funcionários, que diretores da Centronic incentivavam os vigilantes a agredir pichadores e vândalos.
“A empresa não sabia dessas atitudes. Isso é conversa de ex-funcionários, que querem aproveitar esse momento de dor da família. Se eles sabiam, por que não levaram ao conhecimento da polícia antes que acontecesse essa tragédia?” De acordo com o advogado, o episódio que causou a morte do estudante “foi um ato isolado de algumas pessoas que irão responder criminalmente pelo que fizeram”.
Controle
O representante da Centronic também afirmou que Marlon foi submetido a exames psicológicos para se tornar vigilante. “É uma obrigação das escolas de vigilância”, declarou. De acordo com a empresa, os três funcionários envolvidos no crime foram contratados há menos de dois anos e, por isso, não passaram pelo curso de reciclagem. A assessoria de imprensa da Centronic informou que, para evitar novos desvios de conduta, a empresa irá estudar uma forma de complementação da formação oferecida pelas escolas de vigilância.
Com relação às armas da empresa, o advogado ressaltou que elas ficam guardadas em um cofre blindado e são retiradas, quando necessário, por alguém ligado à diretoria. O sistema de vídeo da empresa estava desligado naquela noite. “A polícia está trabalhando com duas hipóteses: ou foi desligado por alguém envolvido no crime ou não funcionou naquele dia”, concluiu.
Prisão
Os vigilantes Marlon Balem Janke, 30 anos, Douglas Rodrigo Sampaio Rodrigues, 26, e Eliandro Luiz Marconcini, 25, foram presos na noite de terça-feira, acusados de ter matado Bruno, filho do cronista esportivo Vinícius Coelho. Bruno foi flagrado pichando uma clínica médica, no Alto da XV. Ele foi levado à sede da empresa, onde foi torturado. Depois, foi levado para Almirante Tamandaré e assassinado com dois tiros na cabeça.
Empresa sob investigação
Roquefort é, mais forte, um Gorgonzola;
Zinho é grau que, por força da aspereza,
Escapa ao Parmesão, que mais tem presa
Qualquer feição de Zão posposta à cola.
Um “ravioli” é mais rico com Ricota;
Emmental nos buracos tem seu charme;
Impõe a Mozzarella à pizza a cota.
Jamais, se gordo o Gouda, vou queixar-me:
Outro que encanta é o Cheddar, que se arrota
Se o estômago dum Brie não der o alarme!
Glauco Mattoso