Quem é quem

© Orlando Pedroso

Santiago (Neltair Rebés Abreu), 1950, cartunista, chargista, ilustrador e quadrinista gaúcho. Criador do Macanudo Taurino e autor dos livros Refandango, Conhece o Mário?, co-autor das coletâneas de humor QI 14, …E o Bento Levou, Corta Essa e, com Crist e Fontanarosa, do livro Gauchíssima Trindade. Um dos artistas mais premiados em salões de humor pelo Brasil e mundo afora. (Tinta China).

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Again, and again and again…

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É uma delícia ser uma velha ridícula!

As Avós da Razão são as primeiras signatárias do Manifesto das Velhas Sem Vergonhas

Postei no meu Instagram, em 20 de outubro de 2022, um trechinho de um vídeo do canal das Avós da Razão no YouTube: “Sempre fomos assim”. Tomando cerveja em um boteco de São Paulo, Sonia, de 84 anos, e Gilda, de 80, amigas há mais de meio século, respondem à pergunta de uma fã de 64 anos:

“Vocês sempre foram assim, irreverentes, de quebrar regras? Como vocês fizeram para viver com a cabeça tão vanguardista quando vocês eram jovens?”

Gilda respondeu que seus caminhos nunca foram os mais tradicionais em uma época de extremo conservadorismo e de repressão social e familiar:

“Nós sempre fomos assim, sempre de ir contra a corrente. E a gente foi de família bem conservadora, aqueles pais meio bravos. Numa época em que ninguém mijava fora do pinico. A gente foi criada para ser dona de casa, saber lavar roupa, passar roupa, cozinhar… Em meio àquela coisa toda certinha, a gente sempre procurou o que era diferente… Eu ia muito para Santos, e nessa época veio o tal do biquíni. Eu falei: ‘Meu Deus, que coisa interessante. Gostei muito daquele modelito’. Minha mãe me fez um biquíni de jeans e lá fui eu de biquíni para a praia. Nossa!”

Bem antes de Leila Diniz, Sonia e Gilda já eram transgressoras e revolucionárias:

“A gente fazia cada coisa tão inocente, mas tinha que fazer escondido. Isso foi antes da Leila Diniz, né? A Leila Diniz era bem mais jovem do que nós. Depois, foi maravilhoso o que ela fez. Aparecer de barriga de fora, grávida, de biquíni. Ela foi uma feminista e tanto para a época, fantástica.”

Apesar de que “naquela época não era comum transar antes de casar”, Gilda contou que elas deixaram de ser virgens bem cedo:

“Eu dei cedo, mas eu não fiquei grávida. Tinha medo de ficar grávida por causa do meu pai que era muito bravo… A Sonia é exagerada em tudo, ficou grávida com 16 anos, tem bisnetos já moços, ela já tem cinco tatuagens.”

Recentemente, as duas fizeram novas tatuagens. Sonia fez tatuagens de flores que ocupam o dorso das duas mãos, e Gilda, após raspar o cabelo roxo e preto do lado esquerdo, fez uma grande tatuagem de mandala na cabeça:

“Quando eu raspei o cabelo a moçada adorou. Mas teve um lado ali: ‘Pra que você fez isso?’ Porque eu estou com vontade, eu gosto, eu vou fazer. Engraçado perguntar: ‘Por quê?’ Qual seria o outro motivo se não fosse o meu gosto? Quando eu fiz a tatuagem, aí fudeu geral. ‘Doeu? Pra que essa loucura?’ Porque o mundo é uma loucura, a gente precisa enfrentar… E não é que agora tem um monte de gente velha animada querendo fazer tatuagem?”

As Avós da Razão, que, como contei na minha coluna A arte de gozar são minhas amigas desde 2019 e o melhor exemplo da “Revolução da Bela Velhice”, são as primeiras signatárias do Manifesto das Velhas Sem Vergonhas. Sonia admitiu que “é uma delícia não ser certinha”, ainda mais aos 84 anos:

“Eu acho muito bom a gente ser assim, muito bom poder sair fora do convencional, porque ajuda a mandar embora os pensamentos nefastos, os preconceitos, aquela velharia que nós fomos ensinadas a respeitar, ai que delícia. Nós somos velhas que não somos certinhas. Aliás, lembrando aqui que a Mirian Goldenberg montou um manifesto. Vai ser assim um tipo de clube: O clube das Velhas Sem Vergonhas. Nós fazemos parte!”

Exatamente por serem mais livres, corajosas e irreverentes, as Avós da Razão, como revelou Gilda, são xingadas de velhas ridículas:

“Outro dia eu estava lendo os comentários, a gente tem um monte. Aí tem umas que são revoltadas com a gente, não tem? Tudo o que o povo gosta da gente tem umas loucas que são contra, porque só sendo louca para ser contra nós. Falando assim: ‘Suas velhas ridículas!’ Coitadas, né?”

“Mas é uma delícia ser ridícula! Eu adoro, eu acho ótimo. Quando a gente ri da gente mesmo é melhor ainda”, reagiu Sonia, dando risada.

O vídeo das Avós da Razão bombou no meu Instagram: quase 140 mil contas alcançadas e milhares de comentários. Elas são uma inspiração para as mulheres de todas as idades que, como eu, estão descobrindo a dor e a delícia de ser uma velha ridícula e sem vergonha.

Sempre termino “os textões da Mirian” no meu Insta com: “Tamojuntas?”. Mas, como os homens também podem (e querem) participar do meu movimento lúdico e libertário, vou terminar aqui de um jeito diferente: Tamojunt@s?

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Tempo

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ForaBozo#

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Morre Erasmo Carlos, pioneiro do rock no Brasil e símbolo da Jovem Guarda

Tremendão estava internado no Hospital Barra D’Or, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade.

O cantor e compositor Erasmo Carlos, de 81 anos, morreu nesta terça-feira (22) no Rio de Janeiro. Um dos pioneiros do rock e símbolo da Jovem Guarda, o artista estava internado no Hospital Barra D’Or, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade. O Tremendão, como era chamado, deixa a esposa e três filhos.

No último dia 2, o artista comemorou a alta após duas semanas de internação para tratar uma síndrome edemigênica. Mas Erasmo voltou a ser hospitalizado — a TV Globo apurou que ele chegou a ser intubado na última segunda-feira (21).

A doença ocorre quando há um desequilíbrio das forças bioquímicas que mantêm os líquidos dentro dos vasos sanguíneos e geralmente é causada por patologia cardíacas, renais e dos próprios vasos.

Autor de mais de 600 músicas e de clássicos como “Sentado à Beira do Caminho”, “Minha Fama de Mau”, “Mulher”, “Quero que tudo vá para o inferno”, “Mesmo que seja eu” e “É proibido fumar”, o artista deixa uma legião de fãs e amigos que fez pela estrada.

Foi na Tijuca onde nasceu Erasmo Esteves, em 5 de junho de 1941. Grandes nomes da MPB participaram da infância do cantor, no bairro da Zona Norte do Rio, como Tim Maia e Jorge Ben Jor.

Na adolescência, gostava de se reunir com a turma no Bar do Divino, na Rua do Matoso. Foi nessa época em que ele conheceu Roberto Carlos, durante um concerto de Bill Haley no Maracanãzinho – o que teria aberto os olhos do carioca para começar seu próprio grupo.

Assim, antes da carreira solo, o artista passou por outros grupos musicais, como os Snakes, ao lado de outros tijucanos, mas que durou só até 1961. Sem acreditar que conseguiria seguir sozinho na música, ele decidiu, então, trabalhar como assistente do apresentador e produtor Carlos Imperial, que o ajudou a dar o próximo passo, rumo a outro grupo musical.

Mais tarde, ele se tornou, então, vocalista do grupo Renato & Seus Blue Caps. Erasmo garantiu a contratação do conjunto por uma gravadora e fez sucesso em uma faixa ao lado de Roberto Carlos, marcando o início da parceria entre os dois. Erasmo compôs mais de 500 canções com o amigo.

“Erasmo Carlos”, portanto, não passava de um nome artístico em homenagem aos parceiros que estiveram com ele no início da carreira: Roberto Carlos e Carlos Imperial. Outros apelidos lhe acompanharam: Tremendão e Gigante Gentil.

Poucos anos depois, ainda nos anos 60, a dupla Roberto e Erasmo já se destacava como uns dos principais compositores da Jovem Guarda ao som do iê-iê-iê. Sob influência do pop britânico dos Beatles, o carioca se mudou para São Paulo e, com o passar dos discos, Erasmo se tornava ícone da bossa e da MPB.

Não muito tempo longe de casa, ele voltou a morar no Rio de Janeiro após gravar “Aquarela do Brasil”, em 1969. Em 1985, Erasmo esteve na primeira edição do Rock in Rio, nas plateias lamacentas.

Ainda em 2001, o cantor lançava seu 22º disco, “Pra Falar de Amor”, quando completou 60 anos. No ano seguinte, Erasmo reunia já 40 anos de carreira. Na comemoração dos 50 anos de estrada, a festa foi no Theatro Municipal do Rio.

Ao longo dos anos, grandes nomes se juntaram ao artista, como Chico Buarque, Lulu Santos, Zeca Pagodinho, Skank, Los Hermanos, Djavan, Adriana Calcanhotto, Marisa Monte, Frejat, Marisa e Milton Nascimento. Em seu último aniversário, o Tremendão usou as redes sociais para fazer um post autobiográfico.

“Sou o resultado das minhas realizações… gols e bolas na trave fazem parte do jogo já que a vida é curta e minha vontade é eterna…sou o que pude e o que tentei ser plenitude…quis ser muitos e sobrou um quando dispensei meia-dúzia dos que não me souberam ser…contagiado pelo bem tornei-me um guerreiro da paz…o meu canto será ouvido assim como o som dos ventos, enquanto o sol brilhar e as lembranças resistirem…dei passos vendados em caminhos movediços para ser merecedor de um lugar no pódio do amor!

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O “Monstro do Maracanã” e o “Pantera Negra” – conclusão

De manhã cedo, o táxi deixou o americano e o Manuel Joaquim na porta principal do Estádio da Luz. Disseram que desejavam falar com Eusébio, que ainda morava no Estádio. Os porteiros ligaram para o chefe deles e a entrada foi autorizada. Um funcionário os levou ao balneário e, minutos depois, Eusébio chegava com uma navalha e um pedaço de sabão. O americano ordenou ao Manuel Joaquim: “Traduza. Senhor Eusébio, conhece os produtos da Gillette?”. Ao ouvir a resposta negativa, o americano abriu a pasta e entregou a Eusébio um tubo de barbear e um aparelho de barba. Desatarraxou o aparelho e colocou, cuidadosamente, a lâmina nele. Manuel Joaquim traduziu: “Aperte o tubo e espalhe a espuma no rosto, depois faça a barba com o aparelho”.

O balneário, nessa altura, já tinha muitos curiosos. Mais curioso ainda estava Eusébio, mas, meio sem jeito, seguiu as orientações do Manuel Joaquim e começou a escanear o rosto. Segundos depois, exclamou: “Mas é uma maravilha, uma maravilha!”. Manuel Joaquim traduziu novamente: “Eusébio, você aceitaria tirar uma foto fazendo a barba?”. Eusébio, ressabiado, respondeu: “Se eu aceitar tirar a foto, vocês me dão um tubo e o aparelho?”. Manuel Joaquim, dessa vez, traduziu ao americano que caiu na gargalhada e ordenou: “Traduza. Eusébio, se você aceitar tirar uma foto fazendo a barba com a Gillette, vamos lhe dar tubos, aparelhos e lâminas até o final da sua vida. E você ainda vai ganhar X milhares de libras esterlinas”. Eusébio perguntou: “Quanto vale em escudos X milhares de libras”. Manuel Joaquim fez o cálculo de cabeça e lhe disse a quantia em escudos. Eusébio sentiu tremer-lhe as pernas, quase caiu ao chão. Era muito mais do que o salário de um ano que recebia do Benfica. Acordo fechado. No final da tarde estavam todos no mais famoso estúdio fotográfico de Lisboa, onde várias fotos foram tiradas. O dinheiro já depositado na conta de Eusébio. Na semana seguinte, todos os jornais da Europa e vários da África, apresentavam página inteira de um Eusébio sorridente fazendo a barba com Gillette.

Apesar de nunca mais ter sido campeão da Europa, Eusébio continuou a encantar o mundo com o seu futebol. Ajudou a Seleção Portuguesa, na sua primeira Copa do Mundo, a obter o 3º lugar na Inglaterra em 1966, recebendo a bola de ouro como artilheiro do certame. Fez 9. Jogou 15 anos no Benfica, marcando 727 gols e 715 jogos, mais de um gol por jogo. No total, marcou 896 gols em 914 partidas. Já veterano, deixou o Benfica indo ganhar uns dólares nos Estados Unidos, quando Pelé estava no Cosmos. No Toronto Metros, foi campeão norte-americano (até hoje, os clubes do Canadá, que não tem campeonato profissional, jogam o campeonato norte-americano). Como jogador da Seleção Portuguesa, só foi ultrapassado em número de gols marcados por Cristiano Ronaldo, em 2021, com o dobro de jogos. Ainda teve tempo de ser vice-ministro dos Esportes, quando Moçambique alcançou sua independência (a história fica para outro dia).

No ano 2000, em eleição realizada pela FIFA ficou entre os 10 maiores jogadores de futebol de todos os tempos, sinal que Bauer sabia o que dizia.

Quando voltou dos Estados Unidos e de Moçambique, foi contratado para as comissões técnicas do Benfica e da Seleção Portuguesa.

No domingo, 5 de janeiro de 2014, dia de jogo no Estádio da Luz, sua esposa e as duas filhas se preocuparam quando notaram que Eusébio continuava na cama. Dia de jogo do Benfica, ou da Seleção, era sagrado, Eusébio sempre era o primeiro a levantar. Foram até ele, tentaram acorda-lo e como ele não respondia, chamaram os médicos. Os doutores nada puderam fazer, vítima de uma insuficiência cardíaca, Eusébio faleceu poucos dias antes de completar 72 anos.

A Federação Portuguesa de Futebol suspendeu a rodada daquele domingo. O mundo do futebol, e também fora dele, se enlutou. O velório foi realizado no Estádio da Luz, com o acompanhamento de mais de um milhão de pessoas. A Fottball Association, federação inglesa, determinou que, em todos os jogos disputados naquela rodada, fosse observado um minuto de silêncio com a hasteamento da bandeira portuguesa à meio pau. No Estádio Santiago Bernabeu. houve um minuto de silêncio no jogo do Real Madrid, em que Cristiano Ronaldo chorava copiosamente.

No velório, com milhares e milhares de coroas de floras, destacavam-se as de Cristiano Ronaldo, Luís Figo, José Mourinho, Di Stéfano, Maradona e Pelé.

Antes mesmo do falecimento, já havia na entrada principal do Estádio da Luz uma estátua de Eusébio. A Segunda Circular, uma das principais avenidas de Lisboa, um ano depois da morte de Eusébio, passou a ser chamada de Avenida Eusébio da Silva Ferreira. Os restos mortais de Eusébio repousam no Panteão Nacional de Santa Engrácia, ao lado de Almeida Garret, Guerra Junqueiro, Óscar Carmona, Sidónio Pais, Humberto Delgado, Amália Rodrigues e Sophia de Mello Breyner.

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Amanhã!

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Curitiba em detalhes e conteúdo

Não conheço pessoalmente o curitibano Luís Henrique Pellanda, mas sempre fui seu companheiro de passeio. Acostumei-me a segui-lo em suas crônicas pelas ruas e praças da cidade. Depois, a edição impressa da Gazeta desapareceu, Luís Henrique limitou-se a escrever no jornal Plural, a que tenho pouco acesso, e nossos caminhos se desviaram. Agora, estou tendo a oportunidade de reencontrá-lo em um bem feito volume da gaúcha Arquipélago Editorial. Acabo de recebê-lo com muita satisfação, em pedido feito diretamente à editora, que, ao anunciá-lo, prometeu mandá-lo com o autógrafo do autor, mas não cumpriu a promessa. Está certo, dizia que o livro talvez viesse autografado, mas não dava garantia.

Isso, porém, não diminuiu a minha admiração pelo jovem Pellanda – que deve ter algum parentesco com o meu pneumologista, o dr. Luiz Geraldo, esse Pelanda com um ele só. Ele é o atual cronista da cidade, primeiro a partir da Ébano Pereira; depois, da Amintas de Barros. Nas suas andanças pela vizinhança, vai tomando nota dos pormenores e registrando o cotidiano da Capital e de seus personagens, a fauna e a flora que nos rodeiam e, não raras vezes, abraçam. Lembra-me um pouco do saudoso David Carneiro, que partia dos arredores da Rua Comendador Araújo para aventuras diárias pelo Centro da cidade. Mas a escrita de Luís Henrique é mais cativante, mais atual e mais humana, com o perdão do escritor e historiador que já nos deixou.

Como o velho Carneiro, Pellanda é um observador atento do dia a dia curitibano. Escreve bem e suas crônicas fazem bem ao leitor. No presente volume, são 64, escritas até a chegada da pandemia, no início de 2020. Começa com uma alarme que dispara direto, em algum ponto da quadra em que o autor mora, a qualquer hora do dia ou da noite, levando as pessoas às janelas. E termina com o desejo realizado de sua filha caçula, ao soprar as sementes de um dente-de-leão, no parquinho do Passeio Público.

Na contra capa de “Na Barriga do Lobo”, colhe-se uma amostra do talento do autor:

“Há madrugadas em que me levanto e vou à janela, sondar a escuridão do Brasil lá fora. Registro, com certa apreensão, que ela é grande e assombrada. Sei, é claro, que há vários Brasis e que, sobre cada um deles, parece espraiar-se uma escuridão específica, mais ou menos densa. Mas não. No fundo, isso está errado. A escuridão sobre nós é uma só. O que nos separa é o quinhão de luz disponível a cada brasileiro”.

Para a paulista Mariana Ianelli, que, segundo o Google, é poeta, ensaísta, cronista, crítica literária e neta do artista plástico Arcangelo Ianelli, e que assina as orelhas do livro, “Das esperanças loucas que ainda nos movem, há duas em que podemos deitar as nossas fichas sem medo de iludir-nos. Pellanda as conhece e oferece em troca da leitura deste livro: que toda crônica possa ser ‘o fim do fim do mundo’ e sempre haja uma criança para salvar o cronista”.

Nesta época pré-natalina, “Na Barriga do Lobo”, 240 páginas de talento e bom conteúdo, é uma sugestão para presentear um amigo. A amizade será fortalecida.

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Tempo

As aparências enganam. Lee Swain, sem o seu chapéu, e eu, dos Alcoólatras Conhecidíssimos, fingimos um brinde, só pra assustar. Na maison das Teixeiras, Dóris e Iara. Foto da Iara, craro, cróvis, que não saiu à francesa.

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Beto Bruel, Ziraldo e Felipe Hirsch, em algum lugar do passado. © Carol Sachs

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Faça propaganda e não reclame

© SlimFit

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Esqueletos nos armários vão contar a história do governo Bolsonaro

A equipe do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem problemas mais urgentes para resolver do que gastar tempo e energias vasculhando o governo do seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL), em busca dos esqueletos deixados nos armários, uma gíria usada pelos jornalistas velhos para designar segredos. Além disso, existe o fator político. Se Lula for atrás dos esqueletos, ele mantém o Bolsonaro nas manchetes dos jornais. Isso é tudo que os bolsonaristas querem. A tarefa de correr atrás do que ficou dentro dos armários é nossa, da imprensa. Por quê? E sobre isso que vamos conversar.

Nenhum jornalista morreu de tédio no governo Bolsonaro, tal foi a velocidade com que os fatos aconteciam.  Aprendemos como funcionava o governo.  Mas ainda não sabemos muito do que aconteceu entre as quatro paredes.  E precisamos saber para contar ao nosso leitor em matérias, livros reportagens e documentários.   Começamos pelo que considero o mais grave, que foi a pandemia causada pela Covid-19. A Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado da Covid–19 (CPI da Covid) fez um relatório de 1,3 mil páginas sobre os casos mais salientes acontecidos no combate a doença, devido ao negacionismo do presidente em relação ao poder de contágio e à letalidade do vírus.  Os senadores conseguiram colocar as digitais do governo na morte de pelo menos 670 mil brasileiros causadas pelo vírus. Fatos novos estão aparecendo.  Em outubro, a dentista Andréa Barbosa, ex-mulher do então ministro da Saúde na época o general da ativa do Exército, Eduardo Pazuello, deu uma entrevista.  Ela  revelou que enquanto as pessoas morriam asfixiadas por falta de oxigênio hospitalar em Manaus (AM), Pazuello fazia festa com os seus amigos na cidade.

Antes de seguir contando a história, vou fazer um relato que considero interessante.  Fui processado por um delegado de polícia que havia denunciado no jornal. Durante o depoimento, a juíza me perguntou sobre como tinha feito a investigação, o making of  da matéria. Fiz um longo e minucioso relato para a juíza e no final disse: “Senhora, sabe que ex-mulheres são uma boa fonte de informações”.  A juíza puxou os óculos para ponta do nariz, e disse: “Os ex-maridos também, seu Wagner”.  Respondi: “Sim, senhora”. Todo mundo riu na sala de audiência, inclusive a juíza.  Voltando a contar a história. O que Andréa falou pode ser o fio da meada que levará a fatos inéditos do que aconteceu em Manaus durante a crise do oxigênio.

Pazuello foi para a reserva remunerada do Exército e se elegeu deputado federal pelo Partido Liberal (PL) do Rio de Janeiro.  É dele a frase: “uns mandam e outros obedecem”. Dita durante uma conversa com o presidente da República.  Portanto, é real a chance que se torne na Câmara Federal um marionete do Bolsonaro.  Uma outra história que não conseguimos esclarecer.  Quem era a pessoa que fazia a ligação entre o governo federal e os financiadores dos garimpos clandestinos nas terras indígenas e os madeireiros ilegais da Floresta Amazônica?  Para começar a mexer nessa história, temos o relatório do delegado federal Alexandre Saraiva, que investigou o envolvimento com contrabando de madeira da floresta pelo então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

Conheço com profundidade o problema dos garimpos e do corte ilegal da Floresta Amazônica. São problemas muitos sérios que foram agravados com o desmonte da fiscalização ambiental  feita por Salles, que facilitou a entrada no negócio ilegal dos traficantes que usam os rios da região para trazer a cocaína dos países vizinhos. Até o desmonte da fiscalização, as grandes e perigosas organizações criminosas que agiam na região, como Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, e a Família do Norte (FDN), de Manaus,  tinham os seus negócios focados nos tráficos de drogas, armas e munição.  O grande legado de Salles na área do Meio Ambiente foi ter facilitado a entrada do PCC e da FDN nos garimpos e no desmatamento ilegal.   O próximo ministro da área vai ter grandes problemas com as ações das facções na região. Podem anotar.

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O “Monstro do Maracanã” e o “Pantera Negra” – VIII parte

Exatamente no horário marcado, Guttmann estava no local, cercado de toda a imprensa esportiva portuguesa e vários correspondentes de toda a Europa. Falou que, depois que esvaziasse as gavetas e os armários, daria uma declaração. Tarefa cumprida, dirigiu-se aos jornalistas e disparou: “Sem mim, nem em cem anos, o Benfica será campeão europeu”. Dito o que disse, voltou para a casa e no outro dia embarcou para Viena. Logo estaria em novos empregos, nos grandes clubes da Europa, mas, não repetiu o sucesso que teve no Benfica. Morreu rico em Viena onde foi enterrado.

Os jornais portugueses, no dia seguinte, apresentavam todos a mesma manchete: “A maldição de Béla Guttmann”, que pelo jeito vai durar mesmo cem anos. O Benfica, desde o lançamento da maldição, nunca mais voltou a conquistar qualquer copa europeia. O “mister” Jorge de Jesus falhou em duas finais da Liga Europa (Série B da Champions League). Na Copa dos Campeões, o Benfica chegou à final em 1962-1963 e foi derrotado pelo Milan por 2 x 1. Em 64-65, decidiu contra a Internazionale perdendo por 1 x 0. Em 67-68, foi a vez de ser derrotado pelo Manchester United por 4 x 1. Em 1987-88, caiu nos pênaltis, depois de um empate em zero a zero, para o PSV Eindhoven (onde jogava Romário). Em 89-90, sucumbiu para o Milan, em Viena, por 1×0. Depois, nunca mais chegou numa final da Champions.

A “maldição” de Béla Guttmann é até os dias de hoje o pesadelo dos benfiquistas. Na última vez que chegaram a uma final da Copa dos Campeões da Europa, em Viena, conforme dito no parágrafo anterior, o Benfica escolheu como chefe da delegação Eusébio da Silva Ferreira, que viajou com uma missão secreta para a obtenção da tão sonhada Copa. Chegando em Viena, a delegação foi para o hotel dormir. Eusébio foi o primeiro a acordar e cedo, muito cedo, para fugir da imprensa, pegou o primeiro táxi na frente do hotel e mandou o motorista deixá-lo no Cemitério Judaico de Viena. Alguns jornalistas já estavam na frente do hotel e pegaram outros táxis e dispararam a célebre frase dos filmes policiais norte-americanos: “Siga aquele carro”. Chegaram todos juntos na frente do cemitério. Um grande grupo se reuniu na porta que ainda estava fechada. No momento de abrir os portões, os seguranças foram peremptórios: “O único ‘goy’ que entra é Herr Eusébio” e fecharam os portões novamente. Levaram-no até o túmulo de Béla Guttmann e Eusébio ficou quase duas horas ajoelhado orando e pedindo que Guttmann retirasse a maldição. Guttmann, apesar de gostar muito de Eusébio, não foi sensibilizado. Em 2014, o Benfica, para “quebrar” a maldição, inaugurou no Estádio da Luz uma estátua de bronze de Béla Guttmann com dois metros da altura. As esperanças dos benfiquistas ainda continuam de pé. Na última Champions sub-20, o Benfica conquistou a Taça. Pode ser que, finalmente, Guttmann tenha se sensibilizado.

Com a estupenda atuação de Eusébio na grande final, os italianos Juventus, Internazionale e Milan passaram a oferecer bilhões de liras pelo seu passe. O assunto dominava os jornais e Salazar ficou preocupado. Mandou chamar ao Palácio toda a diretoria do Benfica e foi peremptório: “Enquanto eu for o primeiro-ministro, o ‘senhor’ Eusébio da Silva Ferreira não sai de Portugal”. Os dirigentes do Benfica obedeceram o ditador.

Na manhã seguinte, a grande conquista do Benfica sobre o Real Madrid, o diretor de marketing da King C. Gillette Inc. em Londres, como sempre fazia, abriu os principais jornais da Inglaterra para verificar se os anúncios haviam sido publicados de acordo com o contratado. Depois do almoço, chegavam os jornais dos principais países da Europa e ele renovava a verificação. Todos os periódicos que lhe chegaram às mãos naquele dia, estampavam na capa, em maior ou menor tamanho, a foto de um mulato escuro chamado Eusébio. Muito embora não entendesse nada de futebol, pois como norte-americano era fã do beisebol, o enorme sorriso de Eusébio, em todas as fotos, lhe chamou a atenção. Era exatamente o que estava procurando fazia tempo, um jovem, sorridente, bonito, agradável, de grande apelo popular. Além de tudo, era mulato escuro e a Gillette se preparava para aportar na África. Convocou um funcionário chamado Manuel Joaquim e quis saber mais de Eusébio.

Manuel Joaquim era benfiquista, apesar de radicado em Londres há vários anos. O diretor gostou das respostas do funcionário português e lhe ordenou: “Vá à agência de turismo mais próxima, compre duas passagens só de ida para Lisboa e reserve dois apartamentos no melhor hotel da cidade. Embarcamos os dois, se for possível, ainda hoje. Passe em casa e faça as malas, eu estou indo para a minha fazer o mesmo”.

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