Leite Quente com Cajuína

Torquato Neto chamava a capital do Piauí de Tristeresina. Ele tinha lá suas razões, sei lá. Mas eu gostei muito, apesar do calor de assar os bagos. Um povo muito simpático e atencioso, sem pressa e que tem comidas deliciosas. As coordenadoras do Salão nos levavam pra jantar todo dia em um restaurante diferente. Teve um, onde eu e Vera provamos galinha de capote (aqui seria frango de sobretudo) que, quando o calor era demais, caía uma garoa fininha de uma máquina instalada no teto. É restaurante climatizado – tem uma rua assim lá – como eles dizem.

Tinha cartunista de todo o Brasil e concorrentes do mundo inteiro. Tudo muito bem organizado, com eventos durante toda a semana. Teatro, música, dança, debates, palestras, oficinas e shows musicais com a gente talentosa da cidade, inclusive humoristas conhecidos da Globo, incluindo João Cláudio Moreno, ex- Escolinha do Prof. Raimundo.

Os piauienses gostam muito de mim e do Miran, únicos paranaenses que conhecem. Dante Mendonça, só através da Charge On Line. Fui até reconhecido na rua por uma guria, interessadíssima no assunto (cartum, não no locutor que vos fala).

Foi montado um stand do Pasquim 21, onde vendiam exemplares (coloquei meus livros à venda) do jornal, camisetas e bolsas, com estagiárias lindas (alô, Natália!) e estagiários muito jovens e talentosos; um deles, Bruno, 20 anos, conhece poemas de Paulo Leminski de cor. Havia uma rádio transmitindo tudo, desde concurso de piadas até recados. A rádio, de uma comunidade da periferia, tem um bloco de carnaval chamado Barão de Itararé e o diretor, marxista, ainda, que faz um ótimo trabalho com a população, quando soube que eu era de Itararé, puxou conversa sobre o Aparício Torelly, comunistão véio de guerra e acabou nos dando carona até a casa do governador Wellington Dias, onde jantamos. Ele não entrou, é lógico.

Fui homenageado com uma exposição de banners e participei do júri, de debates, palestras, oficinas e entrevistas. Queimei o carregador de bateria do celular (voltagem 220) e conheci cartunistas da região, além de reencontrar Jô Oliveira, que é nome de Gibiteca em Brasília.

Andamos pela cidade e não vimos nenhum japonês. Talvez eles escondam os orientais durante o Salão.

Viajar pela VASP, econômico, é um pé no saco. É um pinga-pinga que não acaba mais. Foram 16 pousos e 16 decolagens. Quando dei por mim estava no Maranhão, olhando pra Vera, pra depois descer pro Piauí. Sem poder fumar, eu que devoro duas carteiras de Hollywood por dia. Em Brasília, meu cinto fez bip-bip (na ida e na volta) e paguei o maior mico, com o sujeito rastreando o meu corpo inteiro com aquele aparelho. No bolso, só drops e Rivotril…

Quando chegamos em Curitiba, depois de oito horas de viagem, o aeroporto Afonso Pena ficou sem luzes na pista. Sobrevoamos a cidade por 30 minutos, até que o comandante resolveu seguir até Porto Alegre, onde passamos a noite num hotel confortável. Antes do sol raiar, embarcamos de volta. No café da manhã, no avião, coca-cola com pão e aquele triste presunto enrugado que alguém já devia ter recusado. Mas a viagem foi divertidíssima, incluindo a boa educação das aeromoças, gentileza e sorrisos mais falsos que cigarro paraguaio na hora da turbulência.

Depois que o meu veterinário do cérebro, como diz o Santiago, cartunista gaúcho, receitou dois comprimidos de Rivotril antes de entrar na aeronave e mais dois duas horas depois, eu entro em qualquer avião que estiver na pista. Pode ser até da VASP. Baby Consuelo, agora Baby do Brasil, viajou numa poltrona ao nosso lado, dormindo o tempo todo, com o seu violão evangélico. Desceu em São Luiz do Maranhão.

PS: Fiquei de mandar livros de cartunistas paranaenses para a Fundação Nacional do Humor, presidida por Albert Piauí, mas ele veio pessoalmente buscar na passagem por Curitiba, de volta do Festival Internacional de Humor Gráfico das Cataratas de Foz do Iguaçu, num churrasco retumbante e coalhado de cartunistas na casa do Dante Mendonça.

E este anos estaremos em Teresina novamente, com a exposição 10ENHISTAS DE HUMOR DO PARANÁ (Benett, César Marchesini, Dante, Marco Jacobsen, Miran, Paixão, Pryscila, Rettamozo, eu e Tiago Recchia). Salve-se quem puder. (Texto publicado após minha primeira viagem a Teresina, creio, há 6 ou 7 anos). Solda.

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poeminhas

Da exposição “Ostras Parábolas”, no original Beto Batata e no 24º Salão de Humor do Piauí.

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Tingo argentano na Carlos Cavalcanti

Foto de Lina Faria.
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Desenho de Fontanarrosa.
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Uebas!

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Palavras, palavras, palavras

Uso o computador todos os dias, por isso posso garantir: boa parte do que circula no território livre da Internet é besteira. O que circula no território proibido também não é grande coisa. Mas dia desses recebi um apanhado de bobagens cometidas por meus pares, gente que escreve em jornal. Estou mostrando ao leitor, para ninguém dizer que pego no pé apenas de políticos e de autoridades. Selecionei aqui uma dúzia de escorregadelas insensatas ou curiosas de repórteres, redatores e mancheteiros. Divirtam-se:
1.
A nova terapia traz esperanças a todos os que morrem de câncer a cada ano.
2. Apesar da meteorologia estar em greve, o tempo esfriou ontem intensamente.
3. No corredor do hospital psiquiátrico, os doentes corriam como loucos.
4. A vítima foi estrangulada a golpes de facão.
5. Ela contraiu a doença na época em que ainda estava viva.
6. Parece que ela foi morta pelo assassino.
7. A polícia e a Justiça são as duas mãos de um mesmo braço.
8. O acidente foi no tristemente célebre Retângulo das Bermudas.
9. Quatro hectares de trigo foram queimados. A princípio, trata-se de um incêndio.
10. O velho reformado, antes de apertar o pescoço da mulher até a morte, se suicidou.
11. Na chegada da polícia, o cadáver se encontrava rigorosamente imóvel.
12. Depois de algum tempo, a água corrente foi instalada no cemitério, para a satisfação dos habitantes.
Pode ser que tudo isso seja mentira, mais uma invenção dessa gente que anda inventando coisas na Internet. O que não diminui, em absoluto, a graça e o nonsense dos textos.
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Faça propaganda e não reclame

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Diburro

Da exposição “Tirando de Letra”,
no Original Beto Batata, 2000. Oiés.
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Tudo pelos pêlos!

Foto sem crédito.
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Wow!

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Uebas!

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Diburro


Desenho de Duke.
www.dukechargista.com.br
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Bah!

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Todo dia é dia de poeta

Sem budismo

Poema que é bom

acaba zero a zero.
Acaba com.
Não como eu quero.
Começa sem.
Com, digamos, certo verso,
veneno de letra,
bolero. Ou menos.
Tira daqui, bota dali,
um lugar não caminho.
Prossegue de si.
Seguro morreu de velho
e sozinho.

p.leminski

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Álbum

Foto de Alberto Melo Viana.
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