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Mural da História – 2015

Na boléia, Vera Solda, acompanhada pelo cartunista que vos digita. © Iara Teixeira

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Kelsey Berneray. © Zishy

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Mural da História – 2019

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Ratinho ainda não sabe se vai com Bolsonaro à Paulista

Ex-presidente fará ato em São Paulo depois de preparativos para um golpe terem sido revelados

Em viagem internacional no momento, o governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD) diz que não sabe ainda se estará ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista no próximo domingo, dia 25.

Bolsonaro convocou seus fiéis seguidores para um protesto na capital de São Paulo depois de virem à tona gravações e documentos revelando a tentativa de seu governo de dar um Golpe de Estado.

Nesta quinta-feira (22), Bolsonaro deve comparecer à Polícia Federal para depor sobre o assunto. Existe um receio da parte de seus seguidores que o ex-presidente acabe preso caso se exalte e diga algo para incitar seus correligionários no domingo.

Ratinho, que fez campanha pesada pela reeleição de Jair Bolsonaro e sonha em ser seu sucessor como representante da extrema-direita na política nacional, teria a ganhar indo ao evento, para se aproximar da multidão, que certamente será grande.

Por outro lado, apostar numa proximidade com Bolsonaro num momento como esse pode ser extremamente prejudicial para alguém que não queira parecer golpista. – Rogério Galindo

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Elas

Marilyn Monroe. © Andre de Dienes

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O desafeto Sabugo

O Sabugo não era nada, apenas lixo. Não deram uma única nota sobre sua morte porque era um homúnculo irrelevante. Nada representava, a não ser uma pequena corja de amigos do Messias.  Foi presidente da Casa da Merda porque o Messias e seus irmãos decidiram valorizar a escória em troca de gestos de sabugismo. Quando morreu, houve festa. Vocês sabem quem é.

Foi um presente dos deuses, sinal de que a humanidade pode melhorar com o desaparecimento de excrecências como ele. Os bajuladores ainda choram.

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Nova classe social – 2018

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Um mundo nada ideal

Num mundo ideal, não haveria humoristas: eles morreriam de tédio na pasmaceira reinante nesse hipotético e apático sistema perfeito. Por isso mesmo, nem fariam falta. Num mundo um pouco menos ideal, com a raça humana aprendendo a se mancar cada vez mais, mais cedo ou mais tarde pintaria a ideia: ei, gente, que tal inventar uns caras que estejam sempre pegando no nosso pé, só pra não ficarmos caindo nos mesmos buracos? Vão gostar tanto do serviço que nem caros deverão ser.

Num mundo muito longe de ideal porém ainda com um desenvolvido senso de civilização, não só haveria humoristas como brotariam tipo erva daninha (sendo inclusive classificados como tal mas nem por isso afastados do jardim botânico). Por iluminar o obscurantismo e refrescar as ideias, em troca não seriam privados de água e luz.

Num mundo nada ideal mas com predominantes noções de justiça e de igualdade na sociedade, os humoristas, apesar de taxados de rabugentos e sempre do contra, ainda assim seriam apreciados por suas pílulas douradas, com a possibilidade, mesmo remota, de elas fazerem efeito aqui e ali em seres imaginários, tipo autoridades e governantes abertos à crítica.

Num mundo bem ao contrário do ideal e cada vez mais fdp em todos os aspectos sociais, o senso de humor dos humoristas não seria mais tolerado, mas, beneficiado apenas pelas estatísticas da água mole em pedra dura, talvez funcionasse, vez ou outra, como contrapeso na balança desregulada dos valores.

 Neste mundo à beira do caos e no fundo do poço ético, chamado Hoje Em Dia, se se usasse um resquício da graça primitiva da espécie e um resto da clareza de que a diversidade de opinião é uma contribuição progressista, a imprensa – mesmo pressionada pelos interesses – ainda assim não pressionaria seus humoristas.

Neste mundo egresso de recente ditadura militar, onde a Censura asfixiou liberdades, se houvesse vergonha na cara, memória histórica e reserva moral na opinião pública, os chargistas Santiago, Moa e Kayser ainda estariam empregados no Jornal do Comércio de Porto Alegre, respeitados em seu utilitário papel de divergir. Bobagens.

Num mundo ideal, ideal mesmo, a expressão “num mundo ideal” nem existiria.

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As crianças do Itamaraty paralelo

Putin foi condenado por deportar ilegalmente 19.514 crianças ucranianas. Lula e Amorim, que usam crianças palestinas no discurso, não demonstraram qualquer abalo.

Ao comparar a ofensiva israelense em Gaza ao Holocausto, abrindo uma crise diplomática sem precedentes com o governo de Israel, Lula (ao centro na foto) disse que nunca viu “uma guerra com uma preferência da morte sobre crianças, mulheres…”. Ele repetiu a afirmação na noite de sexta-feira, 23, pronunciando mais uma vez a palavra genocídio.

Um dia antes, o presidente brasileiro tinha se sentado à mesa com Sergey Lavrov (à esquerda na foto), chanceler de Vladimir Putin, que foi condenado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crime de guerra, por “deportação ilegal” e “transferência ilegal” de crianças de áreas ocupadas da Ucrânia para a Rússia.

O registro oficial da reunião inclui na foto o assessor da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim (à direita), chefe do Itamaraty paralelo, que submeteu o Ministério das Relações Exteriores, comandando oficialmente por Mauro Vieira. Como detalhou reportagem de Crusoé, Amorim e Lula tentam empurrar o Brasil para o colo de autocratas, tiranos e terroristas, repetindo o que fizeram nos dois primeiros mandatos presidenciais do petista.

Carona

O governo brasileiro teve de emprestar um avião da FAB para o chanceler russo chegar a Brasília, já que a empresa responsável por abastecimento na capital federal não poderia fornecer combustível aos russos, devido a sanções internacionais impostas em resposta à invasão russa na Ucrânia.

“Acontece que aqui no Brasil praticamente não existem empresas que abastecem aeronaves que não sejam de propriedade de corporações ocidentais. Mas quero destacar a atuação dos anfitriões brasileiros, que fizeram de tudo para resolver essa questão”, agradeceu Lavrov, como registrou a agência russa Sputnik.

E as crianças ucranianas?

Nesse esforço antiamericano, o Lula e seu assessor abriram mão de qualquer coerência, como a condução do Ministério dos Direitos Humanos por Silvio Almeida já tinha deixara claro. A alegada humanidade na preocupação do Itamaraty paralelo com as crianças de Gaza, vítimas da estratégia covarde do Hamas de se esconder atrás de civis, é diluída pela falta de preocupação com as crianças ucranianas.

Em fevereiro de 2023, o governo da Ucrânia contou 19.514 crianças deportadas ilegalmente para a Rússia. Elas teriam sido adotadas, também ilegalmente, para serem reeducadas como cidadãs russas. Não apenas Lula silenciou publicamente sobre isso, como desdenhou do TPI na época do anúncio do mandado de prisão contra Putin.

A mesma leniência com Putin se repetiu quando o petista foi questionado sobre a morte de Alexei Navalny na cadeia. “Para que pressa de acusar alguém?”, questionou o petista, que não tem o mesmo cuidado ao acusar o governo isralense de genocídio.

A vida de uma criança ucraniana vale tanto quanto a de uma criança palestina, menos no discurso de quem não está interessado na vida de qualquer criança.

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Palavras, palavras, palavras…

É sabido que o sotaque mais xucro grosso e assustador de todo o universo conhecido (e do desconhecido também) é o nosso, oriundo do sudoeste bravio. Esse dicionário é quase perfeito, especialmente para quem não é “nativo” deste chão!

Alemoa: loura
Apinchá: jogar
Atorá: cortar
Avil: isqueiro
Baita: grande
Bostiá: incomodar
Briquiá: trocar, de mano ou não
Cagar a pau: bater
Camassada de pau: apanhar
Campiá: procurar
Catrefa: pessoas que não valem nada
Chumaço: conjunto de alguma coisa
Cóça de laço: apanhar
Crêendios pai: exclamação quando algo dá errado
De revesgueio: de um tal jeito
De vereda: rápido
Fincá: cravar
Fuque: fusca
Garrão: calcanhar
Incebando: enrolando, fazendo cera
Ingrupi: enganar
Ínôzá: amarrar

(já viu palavra com todas as sílabas com acento?)
Intertê: fazer passar o tempo com algo
Inticá: provocar
Intuiado: cheio
Invaretado: nervoso
Japona: jaqueta de nylon
Jóssa: coisa
Judiá: mal tratar
Kakedo: pessoas que não valem nada
Lasarento: xingamento, como filho da p….
Luitá: brigar
Malinducado: mal educado
Paiêro: fumo de palha
Pânca: modo de se portar, por exemplo:
panca de motoqueiro (jeito de motoqueiro)
Pare, home do céu:
parar, o mesmo que ‘se par de bobo’ e ‘deusolivre home’.
Pescociá: olhar para os lados, matar tempo
Pestiado: com alguma doença
Pexada: acidente
Piá pançudo: guri bobo
Podá: ultrapassar, ou cortar, o mesmo que apodá
Pozá: dormir em algum lugar
Pruziá: conversar
Rancho: compra do mês
Relampejando: trovejando
Resbalão: escorregar
Rinso: sabão em pó
Sinalêra: semáforo
Táio: corte
Tchuco: bêbado
Trupicá: tropeçar
Tunda de laço: apanhar
Vortiada: passeio
Ximia: doce de passar no pão
(Ainda ouço alguém falando isso…)

Exemplo de aplicação:

Agora manda esse e-mail pra intertê os teus amigos,aproveita enquanto teu chefe foi dá uma vortiada… Não sei como ele não vê que mesmo intuiado de trabalho você fica incebando o dia inteiro… Pare de campiá desculpa, fica falando que tá pestiado e ainda consegue ingrupi o coitado do chefe…= Mas vai logo, antes que ele volte e fique invaretado de te ver pescociando… Pare de se bostiá, home do céu, não seja malinducado e manda essa jóssa de uma vez!

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Mural da História – 2012

Poste © Toninho Vaz

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Barbara Moore. © Le Group

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Do cis de Bolsonaro ao Ku de Juscelino

                    
                        A democracia tem o dever de respeitar seus inimigos.

NO INTERROGATÓRIO de Jair Bolsonaro o delegado federal perguntou-lhe se ele era cisgênero, palavra da moda para o heterossexual de nascimento. Foi a única pergunta que o ex-presidente respondeu, nem pela negativa, nem pela afirmativa; simplesmente disse que não conhecia a palavra (eu próprio passei a conhecê-la hoje). A atitude do delegado causou indignação entre os aliados de Bolsonaro. Indignação justa, pelo lado arrogante, desrespeitoso e prepotente da autoridade policial. Coisa menor, isso de ir à forra de modo canhestro, que acaba por desqualificar um ato importante, seja pela oficialidade, seja pela oportunidade de expor uma conspiração frustrada.

Lula viveu situação semelhante. Quando interrogado por Sérgio Moro na Lava Jato, um dos procuradores dirigiu-se a ele como “senhor Luiz Inácio da Silva”, com nítido propósito de diminuí-lo. Diante da pronta intervenção de Cristiano Zanin, seu advogado e hoje ministro do STF, o juiz transmitiu o protesto da defesa, de que como ex-presidente Lula tinha direito ao tratamento protocolar de “excelência”. O procurador foi obrigado a reformular a pergunta. As situações que viveram Lula e Bolsonaro têm a mesma índole da prepotência e do desrespeito, de usar um momento de fragilidade diante do aparato judiciário para vocalizar a revolta semioculta.

A  história do Brasil exibe situações de arbitrariedade do Estado, como as de Lula e Bolsonaro, que podemos recuar à tortura e à humilhação de Luiz Carlos Prestes na ditadura Vargas. O “cis” de Bolsonaro não está longe da ofensa que um capitão radical submeteu o ex-presidente Juscelino Kubitschek nos primórdios do golpe de 1964. Cassado, senador eleito, Juscelino podia pedir asilo no Exterior, onde se encontrava. Ele voltou ao Brasil, em desafio à ditadura, que o retirou do avião em que desembarcava para levá-lo a depor em inquérito policial militar. Onde o capitão que o interrogava pergunta-lhe se o Ku de seu sobrenome se escrevia com ka ou com cê.

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