© Jan Saudek

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Dobra Zena

Milena, uma mulher de 50 anos de idade, descobre um terrível segredo sobre o passado do seu ideal marido, ao mesmo tempo em que tem conhecimento sobre o diagnóstico do seu câncer, ela começa a despertar do seu paraíso em que vive. A Boa Esposa, 2016, direção de Mrjana Karanovioc, Sérvia, Bósnia e Croácia, 1h 30min, Sundance Festival Selection 2016. 

Poucos são os exemplos de filmes dirigidos, roteirizados, produzidos e estrelados pela mesma pessoa, que dirá uma mulher. A indústria cinematográfica é tão centrada nas figuras masculinas que raras vezes destacou talentos femininos numa amplitude dessas. Aconteceu recentemente com Natalie Portman, no razoável e emotivo De Amor e Trevas (2015), e se repete, um pouco mais longe, na Sérvia, com a realizadora Mirjana Karanovic, neste A Boa Esposa.

Com uma trama feminina, de teor sócio-político, Karanovic trata da história de Milena, que ela própria interpreta de maneira estupenda. A personagem simboliza a esposa perfeita para aqueles que ainda acreditam em um universo patriarcal. É bonita, gentil, dona-de-casa e serve ao marido e aos filhos sempre com entusiasmo. Porém, já na sua meia-idade, acaba vivendo à sombra da família, principalmente do esposo, um ex-soldado do exército sérvio. Num dos momentos em que faz a limpeza da grandiosa e luxuosa casa em que vive, ela encontra a fita VHS de uma filmagem caseira. Relembra, então, os bons tempos de uma confraternização com os filhos agora adultos, quando estes ainda eram crianças. Para sua surpresa, está ali também o registro do marido e de alguns amigos torturando e executando civis.

Renato Cabral

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Gaby Mueller. © Zishy

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Caminhoneiros bloqueiam acesso ao Aeroporto de Viracopos

Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas informou que o tráfego está congestionado, mas fluindo e apenas caminhões estão sendo impedidos de seguir viagem

Caminhoneiros bloquearam o acesso ao Aeroporto de Viracopos fecharam duas pistas da avenida que dá acesso ao Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP). Pessoas que não aceitam a derrota de Jair Bolsonaro na eleição montaram uma barricada de madeira na madrugada desta sexta-feira (25). O protesto continua nesta manhã.

Imagens registradas por motoristas que passaram pela Avenida José Amgarten mostram caminhões parados na pista e carros de passeio sendo liberados para trafegar pelo acostamento.

A Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) informou que o tráfego está congestionado, mas fluindo e apenas caminhões estão sendo impedidos de seguir viagem. A avenida não faz parte da área de atuação da Polícia Rodoviária Federal.

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A Fifa não gosta de futebol

A Copa poderia ser sempre em Las Vegas

Copa de 1970 é nossa Capela Sistina. O gol de Carlos Alberto Torres na final contra a Itália tem a força daquelas obras de arte que suspendem o tempo. Tudo ali contribui para isso. As passadas largas de Clodoaldo, a bola de gomos brancos e pretos, a atmosfera do monumental Estádio Azteca, a rede que estufa com vontade num chute tão forte que a bola flutua rasante sobre a grama.

Todos os símbolos, as atmosferas, as imperfeições são importantes ali. De um jeito inexplicável, a soma disso tudo acaba conferindo alma ao esporte. E é isso que faz com que o futebol seja futebol.

Na Copa de 1978, na Argentina, o futebol também está na tempestade de papel picado que cai daquelas arquibancadas pulsantes. Naquelas balizas com a base pintada de preto.

A rede de formato hexagonal em 1990 era um charme. Os estádios adaptados de outros esportes americanos trouxeram uma atmosfera única para a Copa de 1994.

A Copa do Mundo também é feita da cultura de cada país sede. O futebol é um caldeirão de símbolos, povos, cores, superstições, religiões e maluquices.

Mas a Fifa não gosta de futebol. Padronizou os estádios, as balizas, os torcedores endinheirados e instagramáveis. Tudo é industrial, pasteurizado. Até a iluminação fria e impessoal faz com que cada jogo pareça uma partida de videogame.

Hoje um jogo no Qatar é igualzinho a uma partida na Rússia ou no Brasil.

O circo itinerante da Copa do Mundo poderia trazer benefícios civilizatórios para os países sede. Mas o que ocorre é o contrário. A Fifa atua como um colonizador: suga o dinheiro dos impostos, impõe regras autocráticas e constrói uma cidade cenográfica com data de validade que só deixa miséria para trás. E ainda proíbe manifestações contra a homofobia, pela liberdade, qualquer coisa que traga vida à obsessiva pasteurização com fins lucrativos.

Pior do que o 7 a 1 foi o Maracanã perder sua atmosfera mística e imponente de catedral para virar uma asséptica arena. O que restou das Copas da Rússia e da África do Sul?

Deixo aqui uma ideia para a Fifa: dentro dessa lógica, porque não fazer a Copa do Mundo com residência fixa em Las Vegas? Poderiam arrendar os caça-níqueis, construir cenários que simulem o Taj Mahal, as pirâmides, a Capela Sistina.

Ainda assim, apesar da Fufa, quando a bola rola, a gente começa a torcer (cada vez menos, é verdade). É que o futebol é um jogo apaixonante. Pena que a Fifa não gosta dele.

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Ela

betty-pageBettie Page, pin-up definitiva pelas lentes de John Razan, no The Big Book of Pussy, da Taschen.

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© Yuri Pritisk

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Teresina

Na casa da artista plástica Fátima Campos: Orlando Pedroso, Fred Ozanan, Fátima, Rubem Grilo, Fernandes, o cartunista que vos digita, Gilmar, Érico Junqueira, Paulo Urso e Albert Piauhy, em algum lugar do passado. © Vera Solda

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Sessão da meia-noite no Bacacheri

olmo-and-the-seagull-2Olívia (Olivia Corsini) é uma atriz que está ensaiando a peça “A Gaivota”, de Anton Tchekov, quando descobre que está grávida. Enquanto a produção avança, o bebê dentro dela cresce e um acidente a afasta da montagem, que tem seu companheiro como protagonista. De repouso em casa por semanas, ela lida com as bruscas mudanças em sua rotina, seu corpo e sua vida em geral.

(1h 25min), direção de Petra Costa e Lea Glob, 2014, Pandora Filmes, Brasil, Dinamarca, França e Portugal. 

Diário de um bebê em gestação

Petra Costa fez sucesso no circuito de arte com seu primeiro trabalho na direção, o revelador Elena. A comoção decorrente do documentário, que aborda com sensibilidade nuances em torno da depressão, fez com que existisse uma certa expectativa sobre o que ela faria a seguir. A resposta está em Olmo e a Gaivota, um filme bastante complexo em vários sentidos.

Olmo e a Gaivota – FotoA começar pela própria produção do longa-metragem, dividida entre cinco países e com a chancela do oscarizado Tim Robbins como produtor executivo. Petra também não está sozinha na direção, dividindo a tarefa com a dinamarquesa Lea Glob, exigência do modelo de financiamento implementado. Entretanto, o maior desafio de Olmo e a Gaivota está diante das telas: trata-se de um filme dúbio, mais ficção que documentário, que ainda por cima conta com intervenções das próprias diretoras durante o processo de filmagens. Tudo para adentrar na intimidade de um casal de atores que, às vésperas de uma importante turnê por Nova York e Montreal, precisa lidar com a gravidez.

Para que a proposta fosse bem sucedida, era essencial que as duas diretoras conquistassem a confiança de Olivia Corsini e Serge Nicolaï, intérpretes do casal protagonista. Por mais que não seja exatamente a vida deles que esteja retratada nas telonas, há em cena o acompanhamento da gravidez – real -, com todas as instabilidades decorrentes da gestação. Das preocupações sobre o quanto ter um filho afetará a vida profissional dela até questionamentos sobre se será uma boa mãe e o próprio corpo, em permanente transformação. Todo este processo é a grande beleza do longa-metragem, não apenas pela proximidade oferecida ao espectador mas também pelas variadas nuances exibidas, tão reconhecíveis para quem já teve um filho ou conhece alguém próximo que passou por este momento. Continue lendo

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Meia verdade basta

O vice presidente Hamilton Mourão em boa hora foi descartado por Bolsonaro. Não podia ficar no governo, um vice maior que o titular, o inteligente fazendo sombra ao imbecil. Daí porque foi descartado e saiu por cima elegendo-se senador. Fosse presidente, daria o golpe “dentro das quatro linhas”, como diria Bolsonaro. A inteligência de Mourão não tem o refinamento da de um Marco Maciel, o vice invisível e mudo que garantiu o governo FHC. Mas diante da aridez do deserto brasileiro, Mourão se sobressai.

Veja o último exemplo: ele chama de “estado de exceção” as decisões do ministro Alexandre de Moraes, do TSE. Mas apoia o resultado das urnas, resultado do “estado de exceção”. Como o ministro presidente do TSE condicionou a revisão do resultado as urnas a um exame completo, incluído o primeiro turno, o vice presidente deu como consumado o resultado das urnas no segundo turno, admitindo como legítima a eleição de Lula. Porque a revisão do primeiro turno poderia comprometer sua eleição de senador.

Essa diferença, que nem chega a ser sutil, para sorte do senador eleito não será percebida por seus apoiadores, para quem ele apenas acena como um potencial adquirente dos salvados do incêndio de Jair Bolsonaro.

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Garnizé

Acusam Luiz Inácio de falar demais. Desculpem, mas é necessário. Alguém precisa falar. O país está sem governo. Desde a derrota a 30 de outubro, o demente do Planalto recolheu-se em profunda mudez. Não solta um pio. Não cumprimentou os vitoriosos, não se desculpou, sequer agradeceu os ensandecidos que votaram nele. Deu erisipela no cérebro, se é que ele o tinha, e, finalmente, baixou ao hospital com dor de barriga. Pobre Michelle! Têm coisas que nem o Senhor Jesus, na Sua grandiosa bondade, é capaz de resolver. Sobretudo daqueles que usam o Seu santo nome em vão.

Como bem sintetizou Renato Essenfelder, n’O Estadão:

“O homem minúsculo, o homúnculo, apagou as luzes do palácio e foi dormir. Depois de tanto bradar, gritar e babar, depois de ameaçar e conspirar à luz do dia, incessantemente, calou-se. Recolheu-se à insignificância que o espera. Amém.”

Não obstante, na porta dos quartéis, bandos de endoidados, envoltos na bandeira nacional, de joelhos e com as mãos postas, imploram aos militares para que salvem o país. Fosse eu o soldado sentinela do portão fazia-os entrar e obrigava-os a fazer duzentas flexões cada um; depois, uma marcha acelerada de cinco quilômetros. O país estaria salvo.

Escuta aqui, Lula, agora que você retornou à terra de Pindorama e considerando estar de bem com os presidentes da Câmara e do Senado, ajusta com eles uma pequezinha que lhe permita assumir, depois de diplomado, a presidência da República. Uns quinze dias antecipados. Não haveria prejuízo para ninguém. O capitão se sentiria aliviado e o Brasil, penhorado, agradeceria.

Como eu disse ao leitor, na semana passada, foi difícil, muito difícil, desagradável, sofrido e quase desesperador aguentar os últimos quase quatro anos. E aí lembro-me do inesquecível Rubem Alves que, como tantos outros soldados da liberdade, dizia que suportou os anos sombrios da ditadura – e nós, agora os anos sombrios do bolsonarismo – embalados pela certeza de que aquilo não poderia durar para sempre. E Rubem citava como exemplo Dietrich Bonhoeffer, que, numa das cartas escritas da cela de um campo de concentração nazista, contava que o prisioneiro desconhecido que ali o antecedeu escrevera, na parede, uma mensagem de esperança desesperada: “Dentro de cem anos tudo isto terá terminado”.

Graças a Deus não precisamos esperar cem anos nem os 21 da ditadura militar. Foram apenas quatro, dos quais saímos machucados, maltratados e entristecidos, mas vivos. Com os sonhos e as esperanças intactos.

Como também disse o citado Essenfelder: “Homens minúsculos, a história demonstra, podem projetar sombras imensas. Mas passam, os homens e suas sombras.”

O Brasil é muito maior do que o pseudo capitão Jair Messias Bolsonaro e de seus tristes devotos.

P.S. – A Copel – Companhia Paranaense de Energia, fundada no idos de 1954 pelo então governador Bento Munhoz da Rocha Neto, é uma empresa pública de capital aberto, que tem dado milhões de reais de lucro ao governo do Estado. Por que diabos, então, aquele desorientado camundongo que hoje habita o Palácio Iguaçu quer livrar-se dela? Incompetência administrativa, talvez. Quando Jaime Lerner, influenciado pela sanha privatista de FHC, tentou privatizar a empresa, levou um chega para lá da população. Até o ex-presidente Itamar Franco esteve em Curitiba para fazer parte da luta. Tomou um cafezinho com o pessoal da Praça Zacarias, e deixou uma recomendação aos habitantes da Terra dos Pinheirais: “Não permitam que destruam esse patrimônio dos paranaenses!” Hoje, não há mais nenhuma voz gabaritada para defendê-la. E lá vamos nós, paranaenses, ladeira abaixo.

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Raiska. © SuicideGirls

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Tempo

Odair José e o maestro Waltel Branco, no Bar do Torto, em algum lugar do passado.  © Maringas Maciel

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Repúdio ao ministro Alexandre de Moraes

Os vereadores de Curitiba, em maioria, aprovam moção de repúdio ao ministro Alexandre de Moraes. O presidente do TSE é dado como golpista, autoritário e antidemocrático. Coisa antiga: na política e na guerra a primeira vítima é sempre a verdade. Quando a autoridade que conduziu com firmeza e rigor as eleições, a ação decisiva na democracia, impedindo ações tendentes a levar o país à ditadura, é tachada de autoritária, o cacoete autoritário pega em quem acusa.

Não fosse a intervenção de Moraes – apenas no caso das urnas e das eleições – o Brasil estaria sob a ditadura de Bolsonaro (que ainda pode ocorrer, a julgar pela nota dos três comandantes militares, de generais estimulando protestos em frente aos quarteis que comandam e o estímulo silencioso do presidente da República). Do jeito que estão as coisas, as acusações recíprocas de golpismo resultam em soma zero.

Só a evidência de sua conformidade não com a Constituição revela quem está com a verdade na troca de acusações. E até o momento quem a tem de seu lado é o presidente do TSE. Quanto aos vereadores de Curitiba, cuja irrelevância é histórica, a moção contra o ministro Moraes apenas a confirma e indica a causa suspeita: a pá de cal que o Judiciário lançou sobre a cassação do vereador Renato Freitas.

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