A senadora, que concorreu ao Planalto pela União Brasil, descartou apoiar Lula ou Jair Bolsonaro
Soraya Thronicke (foto) descartou apoiar Lula ou Jair Bolsonaro no 2º turno. A senadora, que concorreu ao Planalto pela União Brasil, recebeu pouco mais de 600 mil votos, o equivalente a 0,51% do total, ficando em quinto lugar na disputa.
Ao ser cobrada nas redes sociais a se posicionar em relação à corrida presidencial, Soraya afirmou: “Nenhum desses bandidos merece o meu apoio.”
Como mostramos, a parlamentar, que fez carreira política com base no antipetismo, foi procurada por integrantes do Partido dos Trabalhadores para compor o palanque lulista.
Bolsonaro e Lula confirmam na eleição um Brasil (ainda mais) dividido que em 2018. Dividido, agora de modo explícito, direita e esquerda com bancadas definidas, de credo claro por um lado e outro. Um deles será o próximo presidente, mas com o fracasso retumbante das pesquisas não se pode mais acreditar em predições de que vencerá este ou aquele. Um dado interessante, mais metafísico que científico, foi levantado pelo jornal Meio: desde o início do sistema de dois turnos, nenhum presidente no cargo deixou de ser reeleito.
No entanto, sempre há uma primeira vez e ela pode ser exato agora, com o equilíbrio entre Lula e Bolsonaro e com a confirmação de que o atual presidente elegeu não só sua bancada (96 deputados federais contra 66 de Lula) como conseguiu espécie de absolvição prévia ao eleger ministros controversos – e de gestões caóticas, controvertidas, mesmo criminosas – como o da Saúde, Eduardo Pazuello, do Ambiente, Ricardo Salles e da Mulher, Damares Alves.
Não se pode ignorar o risco de seu candidato, também ex-ministro Tarcísio de Freitas, ser eleito governador de São Paulo, superando Fernando Haddad, excelente ministro da Educação de Dilma, ex-prefeito de São Paulo, candidato competitivo de Bolsonaro em 2018. Tarcísio é vitória a ser creditada a Bolsonaro, pois foi disputa entre sua criatura e a de Lula. O Uol apresenta sugestiva imagem gráfica do resultado das eleições: o mapa do Brasil, metade azul, metade vermelho, as cores dos dois candidatos.
Bolsonaro veio para ficar – e destruir. Falar em destruir é plausível e justificado, pois foi o que fez até agora, seja no ambiente, seja na administração pública, seja na imagem das instituições, na manipulação do Legislativo e das Forças Armadas, seja na tentativa de abalar o Judiciário e o sistema de freios e contrapesos. Ele quer dominar, sufocar e impor uma visão de mundo da Guerra Fria, do antagonismo do bem (ele) e o mal (os que não se submetem a ele). Bolsonaro estava como Lula de antes de ser eleito.
Lula disputou três vezes a presidência, nunca ultrapassando os 30% dos votos, como comentava o ministro Delfim Netto para acalmar os temores da Direita (até que, Lula eleito, passou de admirador a conselheiro do então presidente). Bolsonaro foi além dos 30%, chegou aos 40, firmando-se como liderança com mais força que o Lula de antes – com quem aprendeu e aplicou métodos do Mensalão, fugiu dos da Lava Jato e hoje pratica aqueles que derrubaram Dilma nas Pedaladas.
Bolsonaro ousa confiante em na impunidade, o efeito teflon, do qual Lula se julgava detentor, o que não foi suficiente para poupar Dilma do impeachment, nem ele, Lula, da prisão. Se Bolsonaro chegará lá, eleito ou não eleito, o tempo dirá. O que importa é o panorama com o qual chegou ao segundo turno: liderança nacional, bancadas fortes e a vitória de um discurso autoritário e obscurantista. E pelo voto popular, do qual duvidava antes e enaltece agora; o qual tentou obstruir ao pedir ao TSE a redução da oferta de transportes aos eleitores.
Um projeto de ditador eleito e celebrado pelo voto popular. A História não ensina, apenas lembra os que se interessam por ela; os indiferentes, ignorantes e estúpidos tendem a repeti-la como tragédia, escreveu o comunista com o qual Jair Bolsonaro assusta seus eleitores infantis. Lembro a Alemanha, em 1933, que elegeu com votação e consagradora o líder de um partido preconceituoso como o de Bolsonaro: o líder chamava-se Adolf Hitler; seu partido, o Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, ou Nazista.
Medida pode melhorar a imagem do presidente junto ao eleitorado feminino, parcela onde sua rejeição é mais alta
Jair Bolsonaro deve anunciar nos próximos dias o pagamento de 13º do Auxílio Brasil para mulheres. O valor total ainda está sendo calculado.
A medida pode melhorar a imagem do presidente junto ao eleitorado feminino, parcela na qual sua rejeição é mais alta. Como registramos mais cedo, o governo também antecipou o pagamento da parcela do auxílio para antes do dia 30 de outubro, quando ocorre o segundo turno.
Discurso identitário vê minorias como incapazes de pensar diferente da militância
A coligação Irmãos da Itália, dirigida por Giorgia Meloni, venceu as eleições legislativas italianas. Desde Mussolini, é a primeira vez que um partido ligado ao fascismo assume o poder. Além disso, pela primeira vez, uma mulher estará no comando do governo. No noticiário, o traço reacionário de Meloni foi mais ressaltado do que o fato de ela ser mulher. Afinal, questões como xenofobia e nacionalismo são mais relevantes do que o sexo do governante que apoia essas pautas.
Porém, não é o que se vê quando a governante é de esquerda. Dilma venceu as eleições e foi exaltada por ser a primeira mulher presidente do Brasil. Ou seja, Giorgia Meloni, assim como Angela Merkel e Margaret Thatcher, prova que o discurso que exige mais mulheres no poder vai só até a página dois da cartilha feminista, na qual fica claro que o objetivo é mais mulheres de esquerda no poder.
De modo semelhante, em artigo recente para a Folha, um acadêmico afirma que não devemos votar em pessoas brancas e indica um site com 120 candidaturas de pessoas negras, todas de partidos de esquerda.
O primeiro problema nesses discursos é a falácia do ad hominem, que enaltece ou desmerece as ideias do interlocutor por suas características físicas, não pela qualidade das ideias. O segundo é a objetificação, que trata minorias como incapazes de pensar e escolher posições político-ideológicas contrárias às da militância. Como se ser uma mulher liberal ou um negro conservador fosse uma incongruência.
Ao tratar do totalitarismo, a filósofa Hannah Arendt critica a objetificação com esta analogia: “um tinteiro é sempre um tinteiro, o ser humano é a sua existência”. Logo, não somos coisas que cumprem mera função utilitária. Somos sujeitos livres para pensar e escolher os papéis que vamos representar ao longo da vida. Tratar seres humanos como entes biológicos, por sexo ou raça, é encerrá-los em papéis fixos imutáveis.
Ou seja, o oposto do que qualquer movimento que se diz libertário deve advogar.
Comparecimento demonstra a força da democracia e a confiança do sistema eleitoral e na urna eletrônica
As filas nas seções eleitorais mostram o grande interesse dos brasileiros por esta eleição. E este comparecimento demonstra a força da democracia e a confiança do sistema eleitoral e na urna, que foram tão atacados nestes últimos quatro anos. Há também muitas mudanças, a biometria cedida por órgãos parceiros, e muitos candidatos a serem escolhidos. Porém, o grande motivo das filas que se vê em todo o Brasil é o comparecimento alto. Até agora, as justificativas de voto foram poucas, segundo informa a Justiça Eleitoral.
Testemunha de outros tempos, nunca vou achar que está garantido o direito de voto, nunca vou considerar que votar é apenas uma rotina. Geralmente me emociono, penso no momento do voto e em como foi difícil chegar a esse ponto. Sempre me emociono com essa ideia de voto universal e secreto. É o momento em que de fato somos todos iguais.
Foi uma campanha que mudou algumas convicções. Uma delas é que a economia dita o voto. A frase famosa de James Carville, marqueteiro do Bill Clinton: “É a economia, estúpido”. Isso quer dizer que se a economia está mal, o candidato à reeleição vai mal também. Quando melhora, ele melhora também. Não é o que está acontecendo. O governo tentou fazer uma maquiagem e até conseguiu melhorar a economia, mas isso não alterou a situação. O presidente chega em desvantagem nas intenções de voto, segundo as pesquisas.
Outra coisa que se pensava como certo era que uma política clientelista pode atrair o voto dos mais pobres. Bolsonaro fez um aumento no benefício social para aumentar o voto dos mais pobres de forma descarada, tanto que tinha data para acabar, dezembro. O eleitor mostrou que não se deixa enganar. Não adianta você fazer um trazer um bom marqueteiro, que tente alterar a sua imagem ou equipe econômica produzir um período de bonança por um curto período, isso aí não convence o eleitor. Outro ideia sempre repetida é que o brasileiro não tem memória, e ele mostrou nessa campanha que tem memória, sim.
Quando se olha para o histórico das pesquisas dava a impressão de que não estava havendo alteração, porque Lula e Jair Bolsonaro ficaram no mesmo patamar durante todo o tempo. Mas olhando os números por dentro, eles pulsam, com muitas mudanças e diferenças nos sub grupos. Há diferença na tendência da escolha, por gênero, raça e renda. São vários brasis, esta eleição será muito estudada.
Apesar do favoritismo do ex-presidente Lula desde o começo, chegamos nesse ponto com enorme suspense sobre o segundo turno. As pesquisas não trouxeram resposta. Isso porque a resposta que dá é o eleitor. A pesquisa é um retrato, a democracia é um filme.
Muita coisa aconteceu, inclusive entre os candidatos que não disputam o primeiro lugar nas pesquisas. Ciro fez uma trajetória muito errática, acabou diminuindo de tamanho eleitoral inclusive com uma situação desfavorável no seu redutor, o Ceará. Simone Tebet apareceu com uma voz nova e ganhou espaço, e é uma liderança que surge e terá desafio de nos próximos quatro anos, em que não terá mandato, continuar com sua voz influente num um partido muito partido, o MDB.
Há muitas dúvidas sobre a composição do Congresso, porque há novas regras de coligação e de cláusula de barreira. Os próximos dias serão cheios de informação para entender o que o eleitor escolheu nas urnas.
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