Cristiane Torloni.  © Playboy, em algum lugar do passado.

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Soy loco por Teresina!

Teresina é uma cidade de encontros. Encontram-se dois rios num abraço fraterno da natureza; encontram-se pessoas de vários lugares desse imenso Brasil; encontram-se histórias de riso e de dor. Este novo livro de Deusdeth Nunes (Garrincha) é o registro, em crônicas bem-humoradas, de encontros e desencontros de pessoas que vivem e amam em Teresina. Garrincha é um craque em contar histórias.

Ele capta como ninguém, o jeito de falar das pessoas, as personagens interessantes que freqüentam, à noite, o bar Pingo D’água e, invariavelmente, retira histórias engraçadas para o deleite de seus inúmeros leitores. Teresina, seus amores é também uma homenagem ao saudoso professor A. Tito Filho, escritor e presidente da Academia Piauiense de Letras, que tanto amor sentiu pela Cidade Verde. Capa e projeto gráfico: Paulo Moura; foto da capa: Jairo Filipe; impressão: Halley S.A. Gráfica e Editora.

Paulo Moura

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Imperdível

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Playboy – Anos 50

1954|Margie Harrison. Playboy Centerfold

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A desgraça do vestibular

Já disse aqui e repito sempre que me é possível: odeio os vestibulares. São obras do demônio, verdadeiras máquinas moedoras de cérebros, que todos os anos assustam jovens e arrasam vocações. Aprendi com o meu querido Rubem Alves, que teve a experiência de professor da Unicamp e foi educador de nomeada a vida inteira, com especialização em jovens, que “os vestibulares são um desperdício de tempo, de dinheiro, de vida e de inteligência”. E, exatamente por isso, “a maior praga que infesta a educação brasileira”.

O menino ou menina passa a vida toda estudando para enfrentar essa maratona inútil e safada. Quer ser médico, engenheiro, advogado, dentista, professor, arquiteto, jornalista ou fisioterapeuta. Tem talento para isso, quer aprender para exercer a profissão com eficiência e bons resultados. Quer servir à coletividade e ao país. Ser útil ao semelhante no seu campo de atividade. Construir a sua vida, formar uma família e ser feliz na medida do possível, enfim. Mas tem de ultrapassar o maldito vestibular. Aí, os sonhos vão se dissolvendo e perdem-se no meio do caminho.

Durante o ano todo, em doses diárias duplas e até triplas, os adolescentes vão armazenando conhecimentos e informações desnecessárias e até mesmo estúpidas. Só para enfrentarem a disputa de fim de ano. Passados os exames, como acentua Rubem, “a memória se encarrega de esquecer tudo, porque a memória não carrega peso inútil”.

No meu tempo, era diferente. E nem por isso menos difícil e disputado. Mas ia-se ao âmago da questão. Pretendia-se estudar Direito, formar-se advogado? Então, submetia-se a testes de português, de literatura e gramática portuguesas, de latim e de uma língua estrangeira. Depois, acrescentou-se conhecimentos gerais. Hoje, com a “reforma” instituída pela ditadura militar e mantida pelos governos ditos democráticos, tritura-se os jovens. Almeja-se ser advogado ou engenheiro, mas deve-se dominar física, química, biologia e coisas que tal. Se a pretensão for ser médica, também terá de estar afiada em literatura, história, filosofia, matemática e até sociologia.  

Se, nesta altura da vida, eu fosse submeter-me ao tal exame vestibular, certamente seria reprovado. Como também seriam o ministro da Educação, os reitores das universidades e até mesmo os professores dos cursinhos pré-vestibulares.

Rubem Alves contava que, certo dia, topou com a neta lendo um livro de biologia. Devia estar-se preparando para o vestibular. Mas não viu nenhum entusiasmo no rosto dela. Apenas uma expressão de tédio. Quis saber por que. Ela indicou-lhe, com o dedo um parágrafo assim composto: “Além da catálase, existe nos peroxíssomos enzimas que participam da degradação de outras substâncias tóxicas, como o etanol e certos radicais livres. Células vegetais possuem glioxissomos, peroxissomos especializados e relacionados com a conversão das reservas de lipídios em carboidratos. O citosol (ou hialoplasma) é um colóide…”.

Como é que eu consegui viver até aqui sem saber disso?!!!

Fernanda, minha neta, é uma jovem que, neste final de ano, estará sendo triturada pelo maldito vestibular. Estudou o ano inteiro. Sempre foi boa aluna. No exame do ENEM do ano passado, a que se submeteu apenas para saber como era, tirou 8,5. Mas não serviu para nada. Este ano deverá submeter-se ao exame de 2022 e também ao dito vestibular, desta feita para valer. Não sei como se sairá. Mas temo que enfrentará, como de costume, “provas difíceis”, que, na verdade, serão provas maldosas, ardilosas e velhacas, compostas de “pegadinhas”, que não se prestam para testar o conhecimento do vestibulando.

Em exame vestibular passado, por exemplo, pediu-se para o candidato “caracterizar o ciclo hidrológico e explicar como as atividades humanas podem alterar a dinâmica do seu funcionamento” (!). Soube-se depois que era apenas uma questão sobre a crise de falta de água… É cômodo para os burocratas da educação, na tranquilidade de seus gabinetes, preparar armadilhas para os vestibulandos, desafiá-los com tarefas cifradas e frases rebuscadas e sem nenhuma objetividade. A eles pouco importa que o candidato já esteja fragilizado pela própria situação, pela disputa acirrada, pela insegurança da idade e por um horizonte que lhe parece cada vez mais distante.

Pois é, minha querida Fernanda, você que só quer ser médica. Para tanto, deverá saber que as células vegetais possuem glioxissomos, peroxissomos especializados e relacionados com a conversão das reservas de lipídios em carboidratos. Mas não sei se será capaz de explicar como a atividade humana pode alterar o “ciclo hidrológico”.

Ao que parece, professores que preparam questões para os vestibulares não têm propriamente interesse de aquilatar o saber dos alunos, não estão à procura de novos discípulos. Querem é saber se eles são espertos o suficiente para descobrir o que se esconde por trás das indagações formuladas.

Vai lá, Ferzinha querida. Dá de dedo nesses espertinhos. E que Deus a acompanhe.

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Giba Trindade

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Portfolio

Paulo Vítola & Solda|1980

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O jogo duplo de Ricardo Barros

Apesar de apoiar oficialmente a candidatura de Paulo Martins (PL) ao Senado no Paraná, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP), liberou um de seus principais aliados, o prefeito de Londrina, Marcelo Belinati (PP), para apoiar o senador Álvaro Dias (Podemos).

Desafeto de Jair Bolsonaro, Dias vem construindo apoios que aglutinam tanto eleitores de direita quanto petistas. O atual senador tem apoio formal do PSB e petistas no Paraná estão estimulando o voto útil em Álvaro Dias para tentar barrar o projeto político de Sergio Moro no Estado, que também disputa o Senado.

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Aloprado: louco, irresponsável, criminoso

“Dei uma aloprada”

Bolsonaro explica suas falas durante a pandemia, três anos e meio de governo. Assim, de modo singelo, espontâneo, franco e irresponsável. Explicado, perdoado, absolvido. Aloprado é doente mental, temporário ou definitivo. Portanto, é inimputável, diante da lei não pode ser punido, cumprir pena. No máximo, caso o juiz determine, ser confinado a manicômio judiciário, a prisão para infratores com doença mental. Um exemplo apenas: Adélio Bispo, o homem que o atacou com faca durante a campanha, foi aloprado naquele momento. Não recebeu pena de prisão, está confinado em estabelecimento para doentes perigosos. O laudo médico diz que Adélio continua aloprado, e portanto, continua detido. Bolsonaro quer fazer crer que foi aloprado só nas palavras, como se estas desaparecessem com a mais leve brisa. No auge da campanha, ele dirá que não é imbrochável, apenas deu uma aloprada com a distinta primeira dama.

Como sempre, não foi sincero; melhor, foi o mentiroso de sempre, pois um presidente não governa apenas com palavras, também governa com ação e inação. Durante a pandemia, Bolsonaro foi um inerte ativo, pois sua inércia impedia e bloqueava ações dos ministros da Saúde. Ou seja, foi o aloprado comissivo, como diz a lei, aquele cuja omissão impede ações decisivas, sendo por isso ações por omissão. Bolsonaro explica que só falou errado, com a pureza da criança que mente para a mãe. Fica nisso, o resto não é com ele, como se suas palavras fossem inócuas; não estimularam o negacionismo da pandemia e as terapias inadequadas que aumentaram exponencialmente a estatística de mortes. Como foi eleito com a ajuda do outro aloprado, não está no manicômio judiciário; mantém-se, quem sabe reeleito, o comandante-chefe, autoridade maior do manicômio que dirige, no qual internou milhões de brasileiros.

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Morre Jean-Luc Godard, o grande mestre da nouvelle vague no cinema, aos 91

Morre Jean-Luc Godard, o grande mestre da nouvelle vague no cinema, aos 91

Jean-Luc Godard, o ícone da nouvelle vague, morreu nesta terça-feira. O diretor por trás de uma revolução no cinema veio de uma família rica. Aliás, muito rica. Riquíssima. Família de banqueiros suíços. No entanto, ele procurou se afastar por completo dessa riqueza.

Foi com seu trabalho como operário que financiou seu primeiro curta-metragem. Mais tarde, já morando em Paris, ele roubou do avô um exemplar de um livro autografado por Paul Valéry especialmente para o avô, de quem era muito amigo.

Godard podia ter pedido dinheiro em casa, mas preferiu o furto. Era sua forma de mostrar o desejo de independência.

Quando escreve seu primeiro artigo para a já mundialmente famosa revista Cahiers du Cinéma, há 70 anos, deu ao seu texto o nome de “Defesa e Ilustração da Decupagem Clássica”. Expunha ali as virtudes dos filmes feitos e montados à maneira clássica. Pois, como explicitaria quatro anos mais tarde, a montagem e a direção de um filme são a mesmíssima coisa.

Isso ele fez na revista daquele que foi “o pai espiritual” dos jovens redatores da revista (Godard inclusive) —André Bazin, o criador da teoria realista do cinema moderno, para quem a montagem era não mais do que uma trapaça.

Jean-Luc Godard foi assim desde sempre —iconoclasta. Gostava de pôr tudo em questão, até ele mesmo.

Em 1959, questionaria o cinema inteiro, com “Acossado”, sua retumbante estreia. Tudo era improvisado. Não havia roteiro. Pela manhã, o diretor tomava as notas sobre o que pretendia filmar naquele dia. Encerrava as filmagens quando entendia que a inspiração tinha acabado.

A classe cinematográfica tradicional, tão atacada nos Cahiers pela turma da nouvelle vague, se regozijava com aquele filme que, diziam, seria impossível de montar.

Doce ilusão. Não só “deu montagem”, como a mais moderna do mundo. Aquela em que cada “raccord” (o encontro entre dois planos) parecia desafiar os postulados do “bom cinema” e anunciar o futuro de sua arte.

Desde então mudaram os parâmetros da montagem. Mas também os da filmagem. Com seu fotógrafo, Raoul Coutard, criou um estilo de reportagem, cinema com câmera na mão, sem luz artificial, ou quase, captação das ruas ao vivo, longe dos estúdios, um tanto de ficção e um tanto de documentário no mesmo filme.

Sendo breve, Godard libertou o cinema de todas as convenções que o prendiam a um determinado tipo de forma. Sacudiu a poeira da sua arte com tal ênfase que com um único filme se tornou um diretor essencial para o conhecimento do cinema.

Sua arte era “a verdade em 24 quadros por segundo”, disse. Era também a mais próxima do homem, pois a única que o captava por inteiro em seu tempo e espaço, sem intermediários. Mestre das frases de efeito (mas não só de efeito), postulou, com seu amigo Eric Rohmer, a superioridade de sua arte —”o cinema é um pensamento que toma forma, bem como uma forma que permite pensar”.

Godard gostava da liberdade. Inclusive da de mudar de filme para filme. Cada filme era um novo experimento. Gostava, por isso mesmo, do cinema mudo, aquele de um tempo “em que o cinema ainda não sabia o que era” e se buscava, filme após filme. Antes de ser arte ou modo de expressão, o cinema se confundia então com a liberdade e a descoberta permanente.

Quando passou da crítica à direção, Godard desafiou todas as regras estabelecidas. Se as regras diziam que não se faz um primeiro plano com lente grande angular, ele fazia. Se diziam que não se pode usar branco para evitar o brilho, ele usava. Cada filme parecia ir em um sentido diferente do anterior. A contradição não deixa de ser uma forma de arte.

Além de Raoul Coutard, o fotógrafo, sua companheira nessa primeira fase foi a atriz dinamarquesa Anna Karina, por quem se encantou vendo um filme publicitário e com quem se casaria pouco depois, lançando seu rosto, já, em “Uma Mulher É uma Mulher”, de 1961.

O casamento duraria menos que a parceria. “Alphaville”, de 1965, é o primeiro filme que fazem depois da separação (e em não poucos momentos uma declaração de amor do cineasta por sua musa). Fariam ainda “Made in USA”, de 1966, juntos.

A única fidelidade de Godard, desde então e até agora, foi à atualidade. Podemos vasculhar sua filmografia. É sempre do presente, de algo que o atrai ou inquieta que seus filmes estão falando. Entre outras coisas. No mais, se permitiu sempre ser contraditório.

A contradição atingiu também sua vida pessoal, como relata sua segunda ex-mulher, Anne Wiazemsky. Tão revolucionário na arte, podia ser doentiamente ciumento em casa. Casa que, por sinal, podia usar como locação, ao mesmo tempo em que morava lá. É Wiazemsky, de novo, quem relata a dureza de ser forçada a retomar pelo diretor, em cena, na manhã seguinte, a mesma discussão que tivera com ele, e no mesmo lugar, na noite anterior.

Para o bem e para o mau, assim construía sua arte. Seu amigo Eric Rohmer, também diretor, dizia que Godard era como um ladrão, que pilhava uma imagem aqui, uma citação literária ali, depois um trecho de música, depois a imagem de um outro filme, juntava tudo e transformava numa ideia própria. Assim montava seus painéis, colando pedaço a pedaço, às vezes desorientando o espectador que por vezes procurava ali uma profundidade que Godard mesmo nunca procurou. Sua arte era a do olhar, a da pele.

Era, também, do momento. Cada filme de Godard é uma espécie de documentário sobre o momento em que é feito —”O Pequeno Soldado”, a Guerra da Argélia; “Alphaville”, o totalitarismo informativo; “O Demônio das Onze Horas”, a sociedade de consumo; “Weekend”, a sociedade automobilística e seus congestionamentos-monstro; “A Chinesa” e a ascensão do maoísmo.

A esse último, por sinal, Godard aderiu nos idos de 1968. Renegou sua obra anterior, deixou o cinema comercial, passou a fazer filmes coletivos destinados à classe operária, que, verdade seja dita, não se sensibilizava muito com eles.

Godard passou daí às séries em vídeo, quando nenhum cineasta ousava usar essa tecnologia. Que importa? Godard experimentava. Foi experimentando que chegou à TV, com as séries “Seis Vezes Dois”, de 1976, e “France, Tour, Détour, Deux Enfants”, de 1977.

A partir daí, seus filmes podem ser definidos, cada vez mais, por um novo gênero —o ensaio cinematográfico. Nem ficção, nem documentário, às vezes os dois, às vezes nenhum. Voltou ao circuito comercial com “Salve-se Quem Puder (A Vida)”.

Ora trouxe grandes estrelas, como Johnny Halliday e Isabelle Huppert, ora lançou talentos, como Marushka Detmers. Cada vez mais sollitário, ele se recolheu à sua casa na Suíça, e, não raro, apenas juntando pedaços de filmes de outros, soube impor, pela montagem, sua visão das coisas —falou das guerras na Europa, da ascensão do neoliberalismo, da América, do socialismo.

Desde “Acossado”, que sedimentou também o poder de seu ator-fetiche Jean-Paul Belmondo, até os mais recentes filmes-ensaio de Godard, é possível gostar ou não de sua arte, “entender” ou não o que está lá, achar chato ou não, três coisas não se poderá negar —a primeira é que se contam nos dedos os artistas com a inteligência e a inquietude de Godard; a segunda, cada vez que ele pôs a câmera para filmar, combinou cores, moveu seus atores, produziu beleza; a terceira, desde que Godard começou a filmar o cinema nunca mais foi o mesmo.

Inácio Araujo

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Alexandre de Moraes é um ‘ditador’?

Supremo tem sido barreira contra avanços do bolsonarismo sobre a ordem democrática

Quando o ministro Alexandre de Moraes determinou a busca e apreensão nas casas de empresários bolsonaristas baseado em bravatas insignificantes numa conversa privada de WhatsApp, foi criticado por diversos comentaristas e veículos, inclusive por mim e pelo editorial da Folha.

Essa crítica foi correta e necessária. Ela facilmente desliza, contudo, para um discurso politizado que vê em Moraes uma perigosa ameaça à democracia, ou até mesmo um “ditador”, e que normalmente vem de apoiadores do governo.

Não é uma acusação feita de boa-fé, haja visto que um ano atrás chamavam de “ditadores” os governadores e prefeitos que tomaram qualquer atitude contra a Covid. Esse discurso convenientemente omite aquilo que motivou as decisões de Moraes, do STF e do TSE: os ataques orquestrados e reiterados à Justiça e à própria democracia.

Roberto Jefferson instruiu seus seguidores a colocar máscaras e pegar em armas para matar policiais. Daniel Silveira incitando a violência física contra ministros do Supremo. Fernando Francischini fez acusações de fraude nas urnas, alimentando uma campanha de desinformação em massa feita com mentiras grosseiras visando a descredibilizar nossas eleições.

Empresários, influenciadores chapa-branca, políticos, funcionários de gabinete e militantes desocupados financiam, produzem, veiculam e divulgam em massa calúnias, ameaças, narrativas e até mentiras com o objetivo de destruir a reputação de pessoas e instituições vistas como obstáculos ao projeto de poder bolsonarista. O resultado previsível disso é a violência, que está se tornando cotidiana.

Não há uma única pessoa que tenha sido presa, indiciada ou mesmo investigada por apenas criticar o STF, como aliás é feito diariamente nas redes, em jornais, TVs e rádios. Mas ameaças não são críticas; calúnias não são críticas; incitação à violência não é crítica. Daniel Silveira, Roberto Jefferson, Allan dos Santos, Oswaldo Eustáquio, Fernando Francischini e outros não são coitadinhos inocentes; são pessoas cuja conduta foi incompatível com uma sociedade democrática e livre.

Imaginem como estaria o país se o “basta” de Alexandre de Moraes não tivesse sido dado. Entraríamos na eleição com todo mundo podendo mentir à vontade, instilando ódio pelas urnas eletrônicas, incitando a revolta popular contra as eleições caso seu candidato perdesse. Uma multidão sendo alimentada com fake news e fanatizada para odiar e atacar pessoas, instituições e até as urnas eletrônicas. Cada ação que passa impune estimula outras mais ousadas. Não falta quem queira ir armado à seção eleitoral.

Críticas são sempre válidas: o Supremo agiu corretamente ao abrir inquérito de ofício por ataques que não ocorreram em suas dependências físicas? Cabe considerar um vídeo publicado online como uma espécie de “flagrante perpétuo”? A mesma pessoa pode ser vítima e juiz? Tudo isso gera precedentes. Essa capacidade de criticar o que o próprio lado faz é o que distingue os reais defensores da democracia e da liberdade de seus inimigos. Desde que nunca esqueçam do que estão defendendo. É possível criticar os aliados pelo bombardeio de Dresden sem perder de vista quem é que estava do lado certo.

Tudo tem limite. Situações novas –como o poder inédito que a comunicação em rede colocou nas mãos de cada um de nós– trazem riscos novos que precisarão de respostas também novas. No momento, a única barreira eficaz contra os avanços constantes do bolsonarismo sobre a ordem democrática tem sido o Supremo. Podemos questionar o como, mas supor que nosso Direito tem de ficar de mãos atadas e deixar que os ataques corram soltos é um garantismo suicida.

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