O umbigo de Heloísa

Suas conclusões sobre mulher e relações familiares não vêm de nenhum estudo

Heloísa Bolsonaro acha que o Brasil é seu Instagram, ao qual ela se refere como seu “instrumento de trabalho”. Deve ter tirado de lá a inspiração para a sua fala num evento da campanha do sogro. Segundo ela, casamento é submissão. “Não se engane, nenhuma mulher é insubmissa, independente e livre”, fazendo um paralelo com as leis de trânsito. Para provar seu ponto, sugeriu que somos submissas porque respeitamos o sinal fechado.

Heloísa ignora que submissão feminina em qualquer contexto é uma das determinantes da violência de gênero, mas talvez isso não esteja no Instagram. A nora do presidente, mulher de deputado, foi apresentada como “mãe, psicóloga, praticante de tiro esportivo”. Um tremendo currículo para quem foi convocada para tentar reverter a ojeriza que Bolsonaro provoca no eleitorado feminino. O resultado é este.

Em 15 minutos, Heloísa atacou o feminismo, que seria responsável pela desvalorização do lar, da vida humana e da figura masculina. “Precisamos de homem com testosterona, um homem masculino.” Meteu essa. É cansativo, mas vamos lá. O movimento feminista é plural, somos muitas, somos diferentes, mas nenhuma de nós “precisa” de um homem. Não me casei com um porque “preciso”, mas porque quis, porque sou livre, independente e insubmissa, condição da qual não arredo os pés.

Heloísa Bolsonaro não conhece o país, não faz a menor ideia das condições e da diversidade da brasileira. Sua fala é um completo vazio de ideias, um ultraje a milhões de mulheres que não se encaixam no seu perfil de Instagram, que são chefes de família, que criam filhos sozinhas. A elas nenhuma palavra sobre desemprego, fome, violência doméstica.

Sugiro que Heloísa seja mais submissa ao IBGE, ao Ipea, à Cufa. Suas conclusões sobre a mulher, sobre as relações familiares, não são tiradas de nenhuma estatística, mas do próprio umbigo, o único lugar para onde ela parece olhar.

Publicado em Mariliz Pereira Jorge - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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Novidades sobre os planos de saúde

A novela dos planos de saúde teve um capítulo importante. A decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que deu ganho às operadoras de saúde sofreu uma reviravolta O Senado Federal aprovou o Projeto de Lei 2.033/2022 que trata desse tema, e o remeteu para sanção presidencial.

Caso seja sancionado na íntegra, as operadoras não poderão alegar que somente vale o que está escrito nos contratos, o chamado rol taxativo.  O projeto de lei, foi apresentado em reação à decisão do STJ.

Como ficam os tratamentos fora da lista taxativa?

A futura lei determina que um tratamento fora da lista deverá ser aceito desde que cumpra uma das seguintes condições:

  • tenha eficácia comprovada cientificamente;
  • seja recomendado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec); ou
  • seja recomendado por pelo menos um órgão de avaliação de tecnologias em saúde com renome internacional.

Com esses requisitos os planos de saúde e a ANS não poderão alegar que somente vale o que está escrito nos contratos assinados pelos consumidores.

Ocorre que quando há alguma terapia ou exame fora da lista, há toda uma burocracia proposital do plano de saúde para atrasar o pagamento e o início do tratamento para o paciente.

Esse procedimento, normalmente de má-fé, deveria ser penalizado pela nova lei, mas nada disso foi previsto no texto normativo.

Vale lembrar que de janeiro a março de 2022 os planos de saúde faturaram mais de 1 bilhão de reais e o orçamento dos planos é três vezes superior ao SUS.

Por fim, a amplitude das coberturas no âmbito da saúde suplementar, inclusive de transplantes e de procedimentos de alta complexidade, será estabelecida em norma editada pela ANS, que publicará rol de procedimentos e eventos em saúde suplementar, atualizado a cada incorporação.

Publicado em Claudio Henrique de Castro | Com a tag | Deixar um comentário
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Que país é este?

Bolsonaro não é diferente do país que o elegeu. Não todo o Brasil, nem mesmo a maioria do Brasil (uma esperança), mas um pedaço significativo do Brasil é como Bolsonaro. Violento, racista, misógino, homofóbico, inculto, indiferente. Perverso.

João Moreira Salles|Revista Piauí

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Maria da Penha ou pistola?

Na semana finda Bolsonaro reuniu a militância feminina do PL, seu partido, em Porto Alegre. Em encontro de convertidos foi recebido, com Michelle, aos gritos de Mito, Mito, Mito. A militância é liderada pela mulher de Ônix Lorenzoni, seu ex-ministro e candidato (já derrotado) a governador do Rio Grande do Sul. Michelle fez seu papel, agora protagonista da campanha, pedindo orações contra o comunismo e a favor de Deus – só na demagogia mentirosa e golpista dos Bolsonaro o comunismo e a falta de Deus levam o Brasil ao risco de desintegração (comunismo só existe no desvario dos golpistas e Deus, além de estar presente, continua fiel à sua determinação de que o ser humano foi por ele dotado do livre arbítrio, e, portanto, é livre para adorar o demônio).

O ponto alto da reunião aconteceu quando Bolsonaro perguntou às militantes o que elas preferiam, “Maria da Penha ou pistola?” A resposta veio unânime, ensurdecedora: “Pistola”. O Insulto aguarda o noticiário sobre se as pistoleiras de Bolsonaro foram desarmadas ou apanharam ao chegar em casa, se chacinaram os maridos ou os denunciaram pela Lei Maria da Penha. O Brasil de Bolsonaro ficou reduzido a isso: falta de compostura, da noção do certo e errado, da anomia e da anulação de valores sob o patrocínio do Estado, de onde deve partir o exemplo. Problema de Bolsonaro? Não, ele sempre foi isso. O problema é de quem o elege – diretamente nos últimos 40 anos, ou indiretamente, alimentando, com desvios próprios quando no poder, o discurso fascista de Bolsonaro.

Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário | Deixar um comentário
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Tratoraço militar golpista

‘Demitam, e demitam sem dó’, diz fazendeira para amigos sobre eleitores de Lula

Com a sustentação do que há de mais daninho na sociedade brasileira, Bolsonaro parte para o tudo ou nada neste 7 de Setembro e cava mais fundo o fosso da degradação das instituições.

As Forças Armadas fazem o movimento mais perigoso ao se imiscuírem em um ato de campanha eleitoral do presidente, como o que está previsto para o Rio de Janeiro, até mesmo com a exibição de equipamentos militares (pertencentes ao Estado e ao povo brasileiro). A mistura de motociata com aviões da Aeronáutica, navios da Marinha e canhões do Forte de Copacabana é promiscuidade institucional explícita.

A parte mais tosca e agressiva do mundo agrícola já avisou que também desfilará na Esplanada. É o tipo de gente que usa a “tecnologia” do correntão para desmatar, arrancando árvores pela raiz. É o método de terra arrasada. Não poderia ser mais ostensivo e simbólico o apoio do agronegócio ao vândalo ambiental.

É o mesmo agronegócio do voto de cabresto e que, se pudesse, ainda teria pelourinho nas fazendas. São donos da terra, como Roseli D’Agostini Lins, da Bahia, que em vídeo conclama agricultores bolsonaristas: “Façam um levantamento, quem vai votar no Lula, demitam, e demitam sem dó”. Não difere de parcela golpista do empresariado urbano.

Chegamos ao ponto em que a segurança do STF precisará ser reforçada e a localização dos ministros será mantida em sigilo, no feriado oficial, segundo o UOL. O criminoso serial apela para o banditismo para tentar se reeleger, continuar impune e proteger seu assombroso império imobiliário, formado com abundantes indícios de crime, como revelou a reportagem de Juliana Dal Piva e Thiago Herdy, também no UOL.

É uma infelicidade que as comemorações do bicentenário da Independência aconteçam com Bolsonaro no poder. Que seja o último 7 de Setembro sob o comando lesivo dos predadores da legalidade e da democracia. Em menos de um mês, estará diante de nós a chance promissora de inaugurarmos um novo país.

Publicado em Cristina Serra - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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Playboy

1990|Peggy McIntaggart. Playboy Centerfold

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Presença feminina é sinal de vida na campanha

O papel das mulheres foi um tema de destaque no debate entre os candidatos. Isso me alegra. Nas eleições no Chile e na Colômbia, o assunto surgiu no contexto do programa da esquerda, que venceu.

Aqui no Brasil, além de sua inserção clássica na esquerda, a dignidade e a importância das mulheres foram defendidas por uma candidata de centro e outra de centro-direita.

Isso me leva a considerar que as coisas foram tão longe que hoje não se pode associar a sociedade patriarcal ao capitalismo. A abertura para o imenso potencial humano relegado pelo machismo pode enriquecer o próprio sistema.

As mulheres são a maioria do eleitorado. Mas foi uma pergunta da jornalista Vera Magalhães que desfechou o debate, repercutindo até no exterior. Bolsonaro respondeu com agressões.

O fato de o estopim ter vindo do jornalismo não me é estranho. Faz muito tempo que as mulheres têm papel decisivo na nossa profissão.

Digo por experiência pessoal. Trabalho há oito anos na televisão. Fui contratado por uma diretora geral da GloboNews. Ao longo de todos os anos, o departamento a que me vinculo foi sempre dirigido por mulheres.

Tive a sorte de ser pai de duas meninas. A primogênita guarda até hoje as fotos das primeiras manifestações de mulheres de que participou ainda menina, na década de 1980, quando fui candidato. A mais nova resolveu se aventurar num esporte, o surfe de ondas grandes, dominado pelos homens. Aos 14 anos, ela percebeu que as meninas ficavam na praia, enquanto os meninos surfavam. E perguntou:

— Tem de ser assim?

O Brasil já estava maduro para que o tema fosse para o topo da agenda. Bolsonaro percebe isso e reage com desespero. Tem mais medo da ascensão das mulheres que do próprio socialismo. Daí seu apego ao que chama de guerra cultural.

Essa não é a única novidade que pode movimentar a campanha. A questão ambiental, tão presente nas eleições americanas e europeias, não consegue abrir caminho. Um dos candidatos a mencionou com destaque, mas para afirmar apenas a importância do mercado. Há coisas que o mercado não pode fazer, como combater o desmatamento ilegal, retirar garimpeiros das áreas indígenas. São ações típicas de Estado e, ainda assim, a prática mostrou que elas precisam também de apoio social.

Na campanha, quase não se fala do racismo, tão presente em nossa vida cotidiana. Pouco se pergunta também. Nem de longe tem o peso que teve nas eleições americanas. Mas lá matam negros asfixiados, diria alguém. Mas no Brasil se mata do mesmo jeito, às vezes até com requintes, como explodir a bomba de gás no porta-malas da viatura, com um preso lá dentro.

Concordo com todos os que dizem que o problema mais urgente é a fome. No entanto não apenas o combate à fome, ao racismo, à misoginia, à destruição ambiental —tudo, enfim, poderia ser visto sob um novo ângulo: a articulação entre Estado, mercado e sociedade.

De um modo geral, uma campanha se faz com propostas e críticas aos adversários numa dosagem equilibrada. Bolsonaro deixa muitos flancos. Além de sua atuação terrível na pandemia, há todos os erros de seu governo e também os tropeços da vida pessoal. A família negociou 107 imóveis em 30 anos, pelo menos 51 com dinheiro vivo. Mais que uma família, é uma agência imobiliária.

Mas os anos sombrios podem ficar para trás, e seria muito interessante olhar um pouco para o mundo, em busca das ideias necessárias para a reconstrução.

Um país com maioria de mulheres, rico em recursos naturais, com chances de superar o racismo e de iniciar uma experiência de que nossos filhos e netos possam se orgulhar, é algo que está no horizonte das nossas possibilidades.

Não podemos deixar que Bolsonaro defina nosso padrão de felicidade, limitando-o apenas à sua derrota. Existe toda uma vida pela frente, quando ele se tornar apenas uma lembrança amarga na História.

Publicado em Fernando Gabeira - O Globo | Deixar um comentário
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O vírus de Moro

A polícia eleitoral descobriu o vírus no computador de Sérgio Moro ao fazer busca no comitê-residência do candidato: o programa que aplica o caps lock, ou caixa alta, grafando em maiúsculas todo e qualquer texto com o nome do ex-juiz da Lava Jato. Fosse isso, seria pouco, mero cacoete de magistrados, viciados em escrever o nome com maiúsculas, efeito colateral do tratamento de ‘excelência’ e ‘meritíssimo’. A justiça atirou no que viu e acertou no que não viu: atirou na violação da lei e acertou na megalomania judicial agravada pela megalomania política.

Novo na malandragem, Moro não aprendeu que todos os políticos são megalomaníacos, mas disfarçam o atributo para o eleitor não perceber o quanto é por eles desprezado e usado. O candidato Moro ainda não despiu a toga para fumigar a prepotência, mas mantém, como qualquer juiz – só os normais, esclareço – o complexo de semideus. Isso é ilegal na propaganda eleitoral, pois confunde o eleitor com suplentes em letras menores (absurdo da lei, pois ninguém vota em suplente). A polícia encontrou apenas o vírus no computador,  nada mais que comprometa o candidato.

Outros objetos foram também apreendidos na busca, mas quanto a estes a polícia eleitoral requisitou perícia para identificar eventuais violações da lei. É o caso de um conjunto de aros imitando madeira, grossos e trabalhados, com panos enrolados nos orifícios. Com estes, no mesmo gavetão da copa do comitê-residência, pratos de sopa acoplados a pratos comuns, apoiados em pequenas toalhas imitando cortiça. Nesse material, estranho para os agentes, gente simples, havia o mesmo monograma, as duas letras ‘S&R’, mais a inscrição “Bolsonaro e Moro, a mesma coisa”.

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É negro, mas…

Eleições 2022 mostram que há candidato que considera a negritude uma característica incapacitante

Mesmo com a campanha passando ao largo da pauta racial como pontuei semana passada, as eleições gerais 2022 conseguiram explicitar que há candidato que considera a negritude uma característica incapacitante —ou um demérito pessoal.

Isso explica que um postulante a governador, especialmente de um estado de maioria negra como é o Piauí, possa ter considerado elogiosa a afirmação “você é quase negra na pele, mas é uma pessoa inteligente […]“, feita à jornalista que o questionou sobre planos para mulheres e minorias.

O abismo entre a elite e a realidade da maioria do povo (56% dos brasileiros são autodeclarados negros) é tão profundo que faz com que os negros tenham todos os indicadores sociais inferiores aos dos brancos. Também permite ecoar o pensamento torpe e infundado que associa um grupo étnico a tudo o que há de ruim.

Quem se dispõe a olhar com um pouco de atenção enxerga o cenário funesto no qual paira uma névoa de permanente desconfiança sobre pretos e pardos como se apenas em caráter excepcional um negro pudesse portar atributos —ou ser um “cidadão de bem”.

O comentário do leitor Ricardo Batista sobre minha coluna “Uma voz das ruas“, publicada na Folha em 29 de agosto de 2022, ilustra a situação: “Texto pungente. Outro dia tive que ciceronear um estrangeiro em passagem pelo Brasil, e ele me relatou: ‘cara, não sabia que o Brasil era tão racista. Me olham sempre como se eu estivesse prestes a tirar uma arma da bolsa e anunciar um assalto’.”

O depoimento contundente encontra respaldo na percepção da carioca Rita Monteiro, moradora do Reino Unido há 22 anos, com quem conversei. Ela tem clareza da distinção entre ser negro no Brasil e na Inglaterra. “Existe racismo, mas o negro em Londres tem direitos”. Não vive sob pressão, não é tratado pela polícia como bandido, nem tem a capacidade intelectual avaliada pela cor da pele, por exemplo. Às vésperas do bicentenário da Independência, fica a reflexão sobre a nação que podemos ser.

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Você conhece o isentão?

Na disputa messiânica que se transformou a política brasileira, ele é o ateu e foi parar na fogueira

Quando todos começam a tomar partido, quem não toma geralmente é mal visto. Nas eleições esse fenômeno se escancara: quem vota nulo é criticado e recebe a pecha de “isentão”. Nas redes sociais, conversas de botequim e almoços em família, vê-se o mesmo tipo de ataque, como esta postagem de um famoso jornalista no Twitter: “Isentos são cúmplices morais de assassinos”. Ou seja, caso Bolsonaro vença, a culpa é do “isentão”.

Curiosa essa visão de que voto nulo decide eleição. Na última eleição, por exemplo, seria necessário que todos os votos brancos e nulos fossem para Haddad para que ele pudesse vencer. Mais estranha ainda é essa ideia de que o eleitor seria obrigado a votar, mesmo que as opções disponíveis contrariem princípios que lhe são caros.

Se o objetivo é convencer o eleitor a votar no candidato X, deve-se partir desses princípios, em vez de fazer chantagem emocional através de discurso moralista. Ou seja, na verdade, o intuito mesmo do ataque ao “isentão” é apenas sinalizar virtude: “Vejam como somos superiores a essa gente alienada que não vota”.

Esse mecanismo é similar ao do embate religioso: quem não crê em nada é mais repudiado do que o crente radical. Uma pesquisa da Fundação Perseu Abramo de 2009 mostrou que, de 14 grupos sociais, ateus e usuários de drogas são os mais odiados no Brasil, com 17%, seguidos por garotos de programa e transexuais (10%). Em 10º lugar, “gente muito religiosa” teve só 5%.

Tão pernicioso quanto deixar a religião comandar a política é tratar a política como religião. Porém é o que temos visto nos últimos anos: os candidatos dos dois polos políticos são tratados de forma messiânica, como epítomes do bem na luta contra o mal. Daí o tratamento dado ao “isentão”, esse ateu da política, repudiado por seguir sua consciência e manter sua integridade. Qualidades que deveriam ser valorizadas como estratégia discursiva na hora de convencer o eleitor. Afinal, ninguém gosta de ser chamado de assassino.

Publicado em Lygia Maria - Folha de Sao Paulo | Deixar um comentário
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Uai…

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© Jan Saudek

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Velhas suspeitas

Bolsonaro usa corrupção contra Lula, porém não esclarece compras de imóveis

Transações financeiras duvidosas assombram Jair Bolsonaro (PL) desde a campanha de 2018, quando se detectaram os primeiros sinais de que havia algo esquisito nas contas de Fabrício Queiroz, o ex-policial que virou uma espécie de faz-tudo da sua família.

Sabe-se desde aquela época que o hoje presidente e seus filhos multiplicaram o patrimônio pessoal enquanto avançavam em suas carreiras políticas, adquirindo 13 imóveis somente no Rio de Janeiro, de acordo com levantamentos feitos então pela Folha.

Nova apuração divulgada pelo UOL, com 107 negócios realizados por 12 membros da família em São Paulo, Rio e Brasília, sugere que metade das transações foi fechada com dinheiro vivo. O valor atualizado dos pagamentos em espécie alcançaria R$ 26 milhões.

Algumas das aquisições mais vistosas causaram estranheza recentemente, como a compra de uma mansão em Brasília por uma das ex-mulheres de Bolsonaro e de outra por seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Apesar do acúmulo de evidências embaraçosas, o presidente da República e seus familiares pouco oferecem para desfazer as desconfianças —e agem o tempo todo para atrapalhar os investigadores e evitar esclarecimentos.

Bolsonaro deu de ombros diante das novas revelações, lembrando que não é ilegal comprar imóveis com dinheiro vivo. É verdade, mas ele nunca declarou possuir recursos em espécie, e até outro dia dizia que pagava suas transações com transferências bancárias.

Ao reavivar velhas suspeitas a um mês do primeiro turno das eleições, o levantamento atingiu a credibilidade do mandatário justamente quando ele se empenhava em fazer acusações contra seu maior adversário na corrida eleitoral, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Como se viu no debate presidencial de domingo (28), a estratégia abalou o petista, que titubeou com respostas evasivas ao ser questionado sobre a corrupção na Petrobras e outros escândalos que marcaram sua administração.

As pesquisas de opinião mostram que o interesse dos eleitores pelo assunto é muito menor hoje do que na campanha de 2018, quando Lula estava preso em Curitiba e Bolsonaro prometia moralização.

Ainda assim, é lamentável que os candidatos à frente da disputa presidencial prefiram tergiversar quando se tornam alvo de suspeitas e só lembrem que o problema existe quando atacam o rival.

Seria melhor que oferecessem explicações para o que fizeram e propostas para combater futuros desvios de forma eficaz.

Bolsonaro enfraqueceu os órgãos de controle em seu governo. Lula buscou fortalecê-los como presidente, mas agora prefere a dubiedade em vez de assumir compromissos com a independência dos investigadores. É um mau sinal.

editoriais@grupofolha.com.br

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Nós temos que “despiorar” o Brasil

Ulisses Guimarães, Presidente da Câmara dos Deputados em duas ocasiões  e também candidato à presidência da República na eleição de 1989. Morreu em um acidente aéreo de helicóptero no litoral de Angra dos Reis, sul do estado do Rio de Janeiro e seu corpo nunca foi encontrado.

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