James Baldwin, Chicago, 1960. © Art Shay

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Bozolândia

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Portugal em chamas e o aquecimento global

Portugal está com várias florestas, plantações e cidades em chamas, moradores fugindo, bombeiros à exaustão, labaredas de dezenas de metros e a temperatura elevada em todo país. De quem é a responsabilidade?

Dos países que não assinaram o protocolo do Kyoto, que não aderiram à redução das emissões, da derrubada das florestas, da queima da biomassa, e dos interesses econômicos?

Do Reino Unido pela revolução industrial e a emissão de gás carbônico da primeira queima de carvão em massa da época? Dos desenfreados desmatamentos na Amazônia?

Na verdade, foi o Homo erectus que aprendeu a cozinhar e acendeu a primeira fogueira por volta de 1,8 milhões de anos, ali se iniciou o antropoceno, a era geológica do homem na Terra.

Falando de Portugal, o famoso terremoto de Lisboa ocorreu às 9h30 no dia 01 de novembro de 1755, foi seguido de um maremoto e de múltiplos incêndios causados pelo fato de que era feriado de Todos os Santos e além das igrejas e ruas estarem com milhares de fiéis, muitas velas estavam acessas nas casas.

Em 2017 o maior incêndio do mundo foi em Portugal, resultando em 66 mortos, 254 feridos, – durou oito dias e arrasou dezenas de localidades.

A ausência de medidas que revertam o aquecimento global, continua causando a desertificação do planeta, e a consequente falta de alimentos, o surgimento de pandemias e endemias, os refugiados da fome e do clima, o derretimento das geleiras e tudo mais que estamos assistindo.

É o derretimento moral, ético e jurídico da omissão dos governos mundiais que não tributam e nem impedem os financistas e as corporações em prosseguirem com essa devastação.

O Brasil não é exemplo para nada nesse campo, ao contrário. Portugal e cada parte do mundo sofre as consequências desta omissão mundial, com gradações de irresponsabilidade. Quem reconstruirá o meio ambiente?

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Poetas, menestréis, conjes

ALICE RUIZ repudia o uso de verso de Paulo Leminski por Sérgio Moro em discurso de campanha. Diz que não há nada mais distante que um e outro, Leminski e Moro. Roberto Requião declama versos de Sidónio Muralha até dormindo, levanta sonâmbulo para ir ao banheiro dizendo “calar não calo…se caráter custa caro, pago o preço”. Leminski e Muralha estavam mortos quando recitados por seus menestreis.

A viúva de Leminski interpreta o poema para divergir de Moro. A viúva de Sidónio, a médica Helen Butler, nunca reclamou do recitador Requião. Podia até discordar, mas sabia que a palavra escrita tem vida própria e quem a lembra lhe dá sobrevida. Requião foi o grande divulgador de Muralha. Por que Moro não pode divulgar Leminski?

Se dependesse dele e da Conje, Moro usaria os versos de Muralha, aqueles do caráter caro, que caberiam na sua prédica moralista. Acontece que estes têm direitos de imagem de Roberto Requião. Alice Ruiz podia meditar sobre isso. Como as conjes vieram à berlinda, louve-se a de Moro, que contribui nas glosas ao marido.

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Os Rogérios Dias

ArtShow,  TUC – Teatro Universitário de Curitiba – 1978.  © Sérgio Moura

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A minha PEC: se deputado pode ser subornado, por que o eleitor não pode?

Diário, consegui aprovar a minha PEC! Isso aí pode me salvar de levar um nabo já no primeiro turno da eleição.

Se deputado pode ser subornado, por que o eleitor não pode? Só não sei como é que vou chamar a PEC.

O Guedes, quando era contra ela, chamava a bagaça de “PEC Kamikaze”, porque ia acabar com as contas públicas. Mas agora ele diz que tudo bem. O Guedes muda mais de opinião que aqueles números da bolsa de valores.

Também tem quem chame de “PEC do Desespero”, porque ela só aconteceu porque eu estou desesperado com a possibilidade de perder a eleição e ter que fugir do Brasil.

Tem uns que chamam de “PEC do Vagabundo”, porque dizem que eu não trabalhei durante todo o governo e só agora tô fazendo alguma coisa pelos pobretões.

E uns aí preferem “PEC da Emergência”, porque a gente teve que dizer que o país estava em emergência pra driblar o teto de gastos. Mas não tem nada nesses dias que não tinha antes. A emergência sou eu, kkk!

O que importa é que eu vou dar R$ 600 de auxílio, dobrar a ajuda no gás e dar R$ 1.000 pros caminhoneiros, porque eles podem parar o Brasil e aí eu me ferro. Isso aí deve me dar uns pontinhos e impedir que eu perca no primeiro turno.

Pra aprovar a PEC, teve sessão de um minuto de duração e o Lira até inventou regra nova no Congresso. Esse aí é que nem o juiz de ontem no jogo do Santos: é chamado pelo VAR, tá na cara que o Gil fez dois pênaltis, um por cima e outro por baixo, mas ele diz que não foi nada.

Diário, é bom deixar claro que eu sou contra qualquer ajuda pros zés-manés. A minha filosofia é “cada um que se vire”, pô. E tanto eu penso assim que em 2.000 fui o único deputado que votei contra o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza.

E eu também era contra o Bolsa Família, tanto que disse que ele devia acabar, “porque, cada vez mais, pobres coitados, ignorantes, ao receberem Bolsa Família, tornam-se eleitores de cabresto do PT”.

Mas, agora, como eu quero o voto dos “pobres coitados”, eu sou a favor, kkk!

Olha, Diário, eu sei que o povo vai se ferrar no ano que vem por conta do desequilíbrio fiscal, por conta da queda de arrecadação de ICMS, etc… Mas e daí? Eu não sou povo.

Roberto José Torero

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Mural da História – Cândido: os leiautes de capa da edição #59

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Planeta Água

© Julio Covello

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Ervilha da Fantasia

Documentário para TV realizado em 1985 por Werner Schumann com edição de Eduardo Pioli Alberti e Produção Executiva de Altenir Silva, Willy Schumann, Werner Schumann. (Versão sem as músicas)

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O mito prega no deserto

NA ETERNA pregação aos convertidos, Bolsonaro ontem com os evangélicos: Na verdade vos digo que Joãozinho tem que continuar Joãozinho e Mariazinha, Mariazinha até o fim dos dias. A família é feita de homem, mulher e prole. É a teologia contra a mamadeira de piroca, o método Paulo Freire e o casamento homossexual. O presidente arriscou um heteroafetivo, desafiando a dificuldade com os polissílabos

O joãozinho da rachadinha pratica o que prega: fecundou três mariazinhas e produziu três proles. Mal informado, o presidente não abre exceção ao joãozinho e a mariazinha que se arrependem e voltam ao estado de antes. Nosso mentecapto vive tranquilo, sua prole é feita de joãzinhos e a única mariazinha. Mas nela há dois joãozinhos que nunca apareceram com mariazinhas, nem para figuração no cercadinho do gado.

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Um sujeito como esse na Presidência

© Aroeira

Com o desvairado ex-capitão no Planalto, o resultado só pode ser assassinato político, ataques ao TSE e ao STF e ameaças de golpe

Ao comentar a reação de Jair Bolsonaro ao assassinato de Marcelo Arruda, Trajano foi direto ao ponto e lamentou: “Um país com mais de 200 milhões de habitantes e tem um sujeito como esse na presidência…”. É isso mesmo. O Brasil vive dias trágicos. E não merecia esse destino. Além de ser do mal, o sujeito no Planalto costuma distorcer a realidade. Nesta terça-feira, no cercadinho em frente ao Alvorada, ele responsabilizou Arruda pelo episódio. “A gente sabe qual foi o lado que começou”, disse ele, sob o argumento de que petistas jogaram pedras no carro de Jorge Guaranho. Jogaram pedras, sim, mas depois que Guaranho parou o carro em frente ao local da festa de aniversário do petista com música de Bolsonaro e aos gritos de “Aqui é Bolsonaro”.

A tal delegada bolsonarista que investigava o caso também distorceu os fatos. Quem provocou foi Jorge Guaranho, e sua mulher chegou a pedir que ele se afastasse do local. O policial bolsonarista invadiu o salão de festa com arma na mão e atirou várias vezes em Marcelo Arruda. Mesmo caído no chão, o petista ainda levou um tiro nas costas à queima-roupa. Já ferido e com esforço, ergueu o braço e atirou em Guaranho. As imagens são claras. E é ridículo alguém falar de legítima defesa. Como também é ridículo o Capitão Corona dizer que chutaram a cabeça do invasor, que poderia morrer de traumatismo craniano.

Fico aqui pensando no que aconteceria se um petista de revólver em punho invadisse a festa de aniversário de Eduardo Bolsonaro, que teve bolo decorado com revólver e munição. Seria recebido em festa? O que houve em Foz do Iguaçu foi um assassinato premeditado de forma fria. Guaranho só não matou mais gente porque foi contido pela policial civil Pamela Suellen Silva, a viúva de Marcelo Arruda. Ela também impediu as agressões a Guaranho. Para Pamela, a versão de Bolsonaro é “ridícula”. Ele tenta “distorcer o fato real”.

Não bastasse a versão mentirosa, o mais revoltante é ver Bolsonaro afirmar que estão tentando colocar a culpa nele. Novamente briga com os fatos. Não faltam pronunciamentos de Bolsonaro incitando a violência. No início de junho, ao discursar em Umuarama, ele chegou a falar de “guerra” contra a esquerda. “Eu peço que vocês cada vez mais se interessem por esse assunto. Se precisar, iremos à guerra. Mas eu quero um povo ao meu lado consciente do que está fazendo e de por quem está lutando.” Em outra fala, também recente, ele citou um ditado dos quartéis: “Se queres a paz, prepara-te para a guerra”.

O clima de violência política traz a assinatura de Bolsonaro. E certamente ele conhece outro ditado: “Quem planta vento colhe tempestade”. Mesmo assim, o tal sujeito que ocupa o Palácio do Planalto tem o desplante de ligar para irmãos de Marcelo Arruda e convidá-los para ir a Brasília. No encontro, o ex-capitão pretende mostrar aos parentes de Arruda “o que aconteceu”. E também voltará a criticar a imprensa, que tem “o objetivo de desgastar” seu governo. “Fica essa imputação em cima de mim como se eu fosse o responsável”, diz o ex-capitão. É muita cara de pau.

Bolsonaro é incorrigível. Incita a violência e depois lava as mãos. Pede o fechamento do STF e diz que respeita o Judiciário. Ataca o TSE e as urnas eletrônicas, mas garante que defende a democracia. Convoca ministros militares para discutir as eleições em reunião fora da agenda no Palácio do Planalto e afirma a seus generais que pode até mesmo não se candidatar se o TSE não se submeter às exigências das Forças Armadas. Mas garante que não está tramando um golpe. Segundo Gaspari, há no ar sinais de conspiração para criar um clima de instabilidade no país a partir da Semana da Pátria.

Como diz o Trajano, tudo pode acontecer com um sujeito como esse na Presidência…

Octavio Costa

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O mentor do ódio e da violência

Aquilo que mais se temia já começou a acontecer, desgraçadamente. Aqui mesmo no Blog do Zé Beto leu-se (e, depois, a imprensa encarregou-se de espalhar internacionalmente) que, no sábado, em Foz do Iguaçu, um agente penitenciário federal invadiu a festa de aniversário de um guarda municipal e o matou com três tiros. Motivo: o guarda municipal comemorava os seus 50 anos com uma festinha temática do PT. Furioso, o agente penitenciário invadiu a festa berrando “Bolsonaro!, “mito!” e outros impropérios. Em seguida, de revólver em punho, disparou três vezes contra o guarda municipal, matando-o diante da família e dos convidados.

Eis aí a maior desgraça criada pelo atual mandatário de Brasília: o ódio, o fomento do ódio entre os brasileiros.

Depois do crime, uma voz do Palácio do Planalto tem a coragem de indagar: “E o que é que eu tenho a ver com isso?”

Respondemos: Tem tudo, excelência. Tem tudo!

A campanha presidencial ainda nem começou oficialmente, mas já está mostrando como deverá ser desenvolvida neste ano da graça de 2022. Aliás, no mesmo sábado os apoiadores da víbora planaltina concentraram-se na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para defender o armamento da população – um dos mais acalentados sonhos do “Mito”.

Desde que assumiu o trono presidencial, o insano não tem feito outra coisa, além de propagar a desarmonia, a intriga, a intolerância, a raiva, a fúria entre as pessoas. Com um discurso imbecil e vazio, legitima ações de violência de seus seguidores zumbis. E segue em frente, de olho na reeleição.

Em uma de suas primeiras falas, aliás, no Acre, já convocara a horda desqualificada que o segue: “Vamos metralhar a petralhada!”, utilizando o tripé da câmara como simulação de uma arma. Poucos dias depois, um mestre capoeirista baiano foi morto a facadas por um seguidor bolsonarista que confirmou o motivo político do crime.

O diabo é que o ódio, gerado, alimentado e disseminado pelo maldito que ora deslustra o Palácio do Planalto, qual o vírus de uma pandemia, alastra-se por todo o contingente de apoiadores da maligna figura, com efeitos devastadores: cega-os, bloqueia-lhes o raciocínio e orienta o seu comportamento.

Após o crime de Foz do Iguaçu, enquanto os petistas debitaram a culpa ao capitão, os seguidores do dito silenciaram, ignoraram o fato, “um recado eloquente de que consideraram o fato como algo corriqueiro, talvez até desejável, no contexto da guerra eleitoral que o país vive”, como registrou o jornalista/analista Fábio Zanini.

O assassino se define como bolsonarista e cristão e considera arma sinônimo de defesa. Ele a usa para o ataque. Em sua derradeira postagem da rede social, repetiu uma publicação do ex-presidente da Fundação Cultural Palmares Sergio Camargo, de triste memória: “Não podemos permitir que bandidos travestidos de políticos retornem ao poder no Brasil. A responsabilidade é de todos nós”.

Esqueceu-se o infeliz de que os bandidos travestidos de políticos já estão no poder, sob a liderança do ídolo dele.

O futuro assusta.

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Em tempos de ditadura…

© Ziraldo
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