Aparício Torelly

Pobre só levanta a cabeça pra ver se vai chover.

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Na Etiópia, Lula usa dados do Hamas para falar de “humanismo”

Em discurso, o petista criticou a “extrema direita racista e xenófoba” e tratou da guerra entre Israel e o Hamas.

Lula fez um discurso neste sábado, 17, durante reunião da União Africana, na Etiópia. No pronunciamento, o petista criticou a “extrema direita racista e xenófoba”, tratou da guerra entre Israel e o Hamas e afirmou que ser “humanista” implica em condenar os ataques no conflito.

“Ser humanista hoje implica condenar os ataques perpetrados pelo Hamas contra civis israelenses e demandar a libertação imediata de todos os reféns. Ser humanista impõe igualmente o rechaço à resposta desproporcional de Israel que vitimou quase 30 mil palestinos em Gaza, em sua ampla maioria, mulheres e crianças e provocou deslocamento forçado de mais de 80% da população”, disse, citando números divulgados pelo grupo terrorista.

“A solução para essa crise só será duradoura se avançarmos rapidamente na criação de um Estado Palestino livre e soberano, um Estado Palestino que seja reconhecido como membro pleno das Nações Unidas”, acrescentou.

Em seu discurso, Lula voltou a defender o chamado “sul global” e cobrou maior representatividade para países da África e da América Latina no cenário global:

“Sem os países em desenvolvimento, não será possível a abertura de novo ciclo de expansão mundial, que combine crescimento, redução da desigualdade e preservação ambiental com ampliação das liberdades.”

Lula, um ‘pacifista’ de araque

Enquanto defende o fim dos ataques do Exército israelense ao Hamas, Lula se recusa a chamar o grupo palestino de terrorista, embora tenha assassinado 1.200 inocentes em 7 de outubro de 2023 e sequestrado outros 239.

O petista também insiste em fazer uma inversão de valores e chamar a guerra de Israel contra o grupo terrorista Hamas de genocídio.

“Não se trata de uma guerra tradicional, mas de um genocídio, que mata milhares de crianças e mulheres que não têm culpa alguma”, disse Lula, em dezembro de 2023, em entrevista à Al Jazeera.

Apoiada pelo governo brasileiro, a ação movida pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça (CIJ) também acusou Israel de cometer “genocídio” contra os palestinos da Faixa de Gaza.

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As mortes de Papai Noel

Matei Papai Noel antes de ele nascer. Na verdade, quem matou foi meu pai, porque lá em casa não tinha disso não. Eu confundia tudo porque algumas crianças do cortiço me falavam que iam colocar meias nas janelas, que o velhinho descia pela chaminé com os presentes, etc.

Não havia meias e muito menos chaminé naquele muquifo que fedia a repolho azedo e onde o esgoto atravessava o quintal num corguinho. Só soube o que era ceia muito tempo depois. A figura eu via de vez em quando. Aquele calor do cão e ele lá com a barba enorme, a roupa vermelha de feltro, um saco pendurado nas costas. Inocente, pensava com as duas mãos nos bolsos da calça curta: mas que porra é essa? Sim, falava palavrão porque assim era e assim sempre foi lá em casa. Quando revelaram a jogada, fiquei puto: o mundo está perdido porque começam a mentir logo cedo para as criancinhas ainda puras. Agradeci meu pai por ele não ter se inventado Papai Noel. Nunca me deu um presente, mas me deu a vida, junto com minha mãe – e segurou a barra enquanto pode. Um dia, já adulto, perguntei de que forma ele tinha matado o velhinho. Ele arregalou os olhos azuis e não respondeu nada, porque aquilo era língua estranha. Acho que foram os antepassados dele que fizeram o serviço. Muito bem feito, aliás. Coisa que recomendo aos que estão aí vendo o barbudo como garoto propaganda alucinado do consumismo ensandecido de agora.

Sobre as renas que puxavam o trenó desde a casa do cacete, até hoje tenho dúvidas se elas dariam um bom churrasco ou não. Lá no cortiço, se aparecessem, todo mundo ia esquecer a enganação dos presentes. Não ia sobrar nem os olhos – só as galhas, para enfeite.

Cabeça de Pedra

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Comédia da vida privada

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Bolsonaro – O tempo das consequências

Com o resultado da Operação Tempus Veritatis (tempo da verdade) e outros indícios recolhidos pela Polícia Federal (PF), é possível dizer que o material terá sérias consequências jurídicas para Bolsonaro e alguns dos seus mais próximos apoiadores.

Minuta de golpe, gravação completa de uma reunião ministerial, troca de mensagens comprometedoras, monitoramento do ministro Alexandre de Moraes, que deveria ser preso e levado para Goiânia – tudo isso sustenta a narrativa de um plano de golpe, que deveria acontecer antes das eleições.

O golpe não aconteceu no ano de 2022. No entanto, ele viria a ser tentado, de outra forma, no 8 de janeiro de 2023. Um dos desafios da investigação é precisamente estabelecer os vínculos entre o que se planejou e o que aconteceu de fato.

Até o momento, uma das indicações é o levantamento de R$ 100 mil que foi solicitado ao tenente-coronel Mauro Cid. O dinheiro foi usado? Serviu para financiar ônibus e outros itens da logística da chamada “Festa da Selma”?

O fundamento de tudo, desde o princípio das maquinações, é a falsa suposição de que as urnas eletrônicas estavam viciadas.

Bolsonaro antevia a derrota. Na própria reunião de julho de 2022 ele afirma que sua vitória em 2018 foi um golpe de sorte. Na verdade, usa um termo fisiológico, mas o sentido é este: a vitória não se repetirá com o tipo de eleições que temos.

Essa conclusão levou facilmente a outra: é preciso fazer algo antes das eleições, virar a mesa, como chegou a formular o general Augusto Heleno.

As consequências jurídicas desta aventura golpista vão depender do grau de maturidade da preparação e dos vínculos com a tentativa desesperada do 8 de janeiro. Não se perdoam golpes fracassados; a evidente incompetência não funciona como atenuante.

Assim como nos Estados Unidos, a sucessão de processos criminais mantém Bolsonaro e Trump em evidência. Aqui, como lá, não há indicações de que isso significa perda de popularidade. A diferença essencial é que no Brasil os acusados são impedidos de disputar as eleições. Bolsonaro já está fora em 2026, mas corre o risco de uma ausência mais longa.

A tentativa de golpe pode resultar em prisão. Mas este processo, a julgar pelo que dizem nos bastidores os próprios ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), teria de ser completo. Em outras palavras, seria necessário julgamento com amplo direito de defesa e esgotamento de todos os recursos, em caso de condenação.

A justiça tem seu tempo quando transita nas alturas, uma vez que os manifestantes de 8 de janeiro já estão, em parte, condenados a altas penas de prisão.

Mas a cautela tem suas razões. Bolsonaro percebeu, pelo destino de Trump, que processos não derrubam popularidade, necessariamente. Ele deve se apoiar nela para contestar as acusações e, se possível, utilizá-la para ganhar mais simpatia. Assim interpreto a disposição de Bolsonaro de convocar manifestação em São Paulo.

Mas as consequências políticas não param aí. Elas são importantes no ano de eleições municipais. O PL, partido de Valdemar Costa Neto, tem uma fortuna para gastar: mais de R$ 1 bilhão. No entanto, o próprio Valdemar, presidente do partido, e seu mais importante cabo eleitoral, Bolsonaro, estão proibidos de entrar em contato, por força das investigações.

É claro que políticos sempre acham um caminho para contornar obstáculos. Mas não será nada fácil fazer uma campanha com a PF nos calcanhares. Não que a PF esteja interessada em eleições municipais. Mas os movimentos naturais neste momento político ficam restritos pelo próprio medo de estar sabotando as investigações.

Também não se sabe como essa situação do PL vai repercutir em toda a cadeia de pequenos municípios que acompanham a vida nacional também pelos grandes meios de comunicação. Continue lendo

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Piauí

Delite-FonsecaDelite Fonseca, Teresina, Piauí, 2011. © Orlando Pedroso

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O cálculo de Nunes

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), não foi enfático, mas disse que “deve ir” ao ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro na avenida Paulista no dia 25 de fevereiro.

Por trás da declaração há o cálculo de que ainda é possível, além de contar com o apoio do ex-presidente na eleição municipal deste ano, demovê-lo da ideia de indicar o ex-coronel da Rota Ricardo Melo Araújo para a vaga de vice.

Mesmo contra a vontade de aliados, Nunes está disposto a ir ao ato para não contrariar Bolsonaro. Apesar do acordo entre o prefeito e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, Bolsonaro só topou o apoio se indicasse um nome dos seus na chapa. Se descontentar Bolsonaro, Nunes acha que terá poucas chances de demovê-lo da ideia de ter o militar na vice.

Bastidor já mostrou que, no entorno de Nunes, a aliança com o bolsonarismo é vista como um fator pragmático para chegar ao segundo turno, mas não determinante para vencer a eleição.

A ideia de Nunes é mostrar que ele não rejeita o bolsonarismo em público. É mais fácil conquistar o ex-presidente marcando presença na Paulista. Até o dia 25, porém, haverá quem tentará convencer Nunes do contrário.

O prefeito pediu ajuda ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e ao presidente do PSD, Gilberto Kassab, para persuadir Bolsonaro na escolha do vice. O argumento é que as pesquisas apontam a liderança de Guilherme Boulos (PSOL) e que, em 2022, Lula derrotou o ex-presidente na capital paulista, por isso o ex-policial não seria uma boa opção.

A alegação já foi defendida por aliados próximos de Bolsonaro, como Valdemar. Mas o ex-presidente bateu o pé após o PL não bancar seu candidato favorito, o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles.

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Lá…

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Tempestades

A JUSTIÇA dos EUA condena Donald Trump a pagar 88 milhões de dólares por estupro e difamação, mas 355 milhões por fraude empresarial, incluída a manipulação contábil do pagamento de 150 mil dólares para abafar sua transa com a atriz pornô Stormy Daniels (o primeiro nome não dá margem à imaginação como derivado de storm, tempestade). Trump diz que tudo isso é para cassar sua candidatura já vitoriosa para à presidência. A questão com ele não é bem cassação; é castração.

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Na edícula do Prof. Thimpor – 2015

DSC_0320Roberto José da Silva, Zé Beto.  Foto de Ricardo Silva.

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Meu amigo Prof. Thimpor

Conheci o Prof. Thimpor quando ele era apenas um jovem cientista à procura de Fama e Fortuna — não importava a ordem dos fatores. Um dia a Fortuna chegou, mas encontrou o Prof. Thimpor aos beijos e amassos com a Fama. Desgostosa, ela —a Fortuna — pediu asilo político num banco da Suíça. A época? Foi lá pela década de 1960 dos anos 70. Talvez menos um pouco, se me falha a memória. Ele vinha de Abrolhos e ia à Catalunha. Eu fazia o itinerário contrário, mas não no mesmo dia nem na mesma hora. Nosso encontro, como se vê, foi absolutamente informal e ocasional.

Lembro com clareza estonteante que ele trazia debaixo do braço um livro que iria escrever lá pelo final do século. Perguntei, claro, pelo teor da história e ele me respondeu na bucha: 95 graus. Até hoje não sei se entendeu teor como coisa alcoólica ou apenas fez mais uma piada. O certo é que ri disso, correndo sério risco de ser motivo de riso dos circundantes — todos atores de teatro mudo.

A conversa, dali por diante, pendeu para os lados do humor filosófico e da filosofia humorística. Como nenhum de nós entendia do assunto, o papo durou menos de dois minutos, mas serviu para solidificar nossa amizade. Relembramos a Tomada da Bastilha, a Segunda Guerra Mundial, o atentado fatal às Torres Gêmeas e outras amenidades. O Prof. Thimpor tinha, já naquela época — e deve ter ainda, se já não perdeu nalguma claudicante rodada de pôquer — uma inteligência viva e rápida. Não consegui seguir o trajeto das ideias dele por mais de um quarteirão. Fiquei para trás, entrei num boteco, pedi rolmops, croquete de camarão e uma cerveja. Só fui reencontrá-lo uns cinco anos depois e ele estava bem mais magro e jovem. Apresentei a ele meu Compêndio para entender a conversação dos pássaros em cativeiro e ele se entusiasmou tanto que ficou sem fala por uns três ou quatro anos. Ao voltar a si e a nós, ele disse que eu havia plagiado o livro que ele pretendia escrever dali cinco anos. Ainda estava colhendo material ouvindo canários e curiós. Em seguida ouviria pintagóis e cantores sertanejos do brejo. Não me lembro se fiz ouvidos de mercador ou fiquei surdo pelo tapa que levei no ouvido esquerdo. Sei que tentei argumentar que o tema era bastante comum e passarinhos canoros em cativeiro são de domínio público. O Prof. Thimpor, muito sério, fez questão de amenizar a desavença, sorriu, me deu tapinhas nas costas, chamou seu advogado e a polícia.

Graças a esse incidente, somos amigos até hoje. Envio sempre cartas e mensagens em garrafas para ele daqui da ilha onde fica a prisão. Muito correto e educado, ele responde dizendo que o livro — dele — vendeu horrores nas Bermudas. Já está preparando um segundo volume com Notas e promissórias de um sujeito a chuvas e trovoadas. Depois, pretende lançar Pássaros canoros em situação de risco emocional e financeiro. De minha parte, escrevo sonetos na areia da praia quando me levam para tomar sol. Vou encaixotando a areia com os poemas e pretendo lançar, daqui a dez anos — quando cumprir minha pena — do alto das ex-Torres Gêmeas.

*Rui Werneck de Capistrano é amigo do alheio

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Um grito parado no ar

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Playboy|1970

1979|Vicki McCarty. Playboy Centerfold

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Sobre os Rogérios Dias

Eu conheço a maioria dos Rogérios Dias. Todos eles, garanto, possuem identidade própria e se fazem identificar pela pinceladas rápidas e certeiras que desferem. Os rogério azuis, esses são valentes. Nunca deram com os burros n’água, não rasgam seda, não jogam confete e jamais dão uma de joão-sem-braços. Fazer corpo mole, característica de qualquer mortal comum, nunca passou pela cabeça de nenhum deles. Os vermelhos. Ah, os vermelhos! Se fingem de cabeça-de-bagre só para enganar a platéia. Botam a carroça na frente dos bois, puxam a brasa pra sua sardinha, jogam conversa fora e ainda se dão ao luxo de dar aos pobres só pra emprestar a Deus.

São, digamos, um polaco de cada colônia e ferem com ferro só pra conferir se domingo será feriado. Há os amarelos, disfarçados sob o ocre de maneira insuportável. Já foram vistos aos bandos, um por todos, todos por um, sempre. Dão um boi pra não entrar numa briga e uma boiada pra se safar dela. Como os demais, porém, não são maria-vai-com-as-outras e muito menos madalenas arrependidas. Embora nenhum deles sozinho faça verão, é melhor ter um na mão do que dois voando. Os rogérios verdes foram retirados recentemente da praça, pois foi descoberto que levavam algum por debaixo do pano, portando ás na manga e oferecendo a outra face e admitindo que o criminoso sempre volta ao local do crime e o bom filho à casa torna. Sorriento, é lógico.

Há ainda os incolores. Indescritíveis. Com eles, é oito ou oitenta. Ou ainda oitenta e oito, tanto faz. Preferem ensinar um homem a pescar do que dar a ele um peixe-espada.

Hesitam, entretanto, quando se trata de deixar para amanhã o que pode ser feito hoje. Se eles não vão à montanha, a montanha vai até eles. Se um dá o braço a torcer, todos os outros fazem vista grossa. Na terra deles quem tem um olho é o chefe da tribo. Os rogérios brancos lavam roupa suja em casa. E isso lhes basta. Muito se tem dito sobre os rogérios. Há quem garanta que eles foram extintos porque deram um passo maior que a perna.

Mas como a vida imita a arte e vice-versa, ad eternum, olho por olho, dente por dente, um deles foi apanhado em flagrante quando fazia das tripas, coração. Em tempos difíceis os rogérios escasseiam. Dizem as más línguas que eles estão apenas semeando vento pra colher tempestade, lá onde o diabo perdeu as botas. Subitamente, sem que ninguém perceba, eles reaparecem. São aqueles que estão lá no fundo da fotografia, com um cravo na testa e um passarinho no ombro. Mas isso já é chover no molhado. Enfim, há uma infinidade de rogérios dias. Um por todos, todos por um. Sempre.

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