#ForaBozo!

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A mulher do vírus

ESTÁ na rede. Michelle Bolsonaro compareceu a culto evangélico no Congresso. Agora tem disso. Os padres ficam nas igrejas e os bolsonaristas transformam o Congresso em festival de seitas de fundo de garagem, caça-níqueis, exploração da credulidade. Ainda existem evangélicos íntegros, gente limpa, sem interesses escusos, como os que me educaram no Ginásio Adventista Paranaense.

Quando viu a foto divulgada pela indústria de fakes, Michele ajoelhada, chorando, a rezar e pedir a Deus que curasse o Brasil, um pastor íntegro respondeu – com nome e sobrenome: “Irmã, a doença do Brasil é o seu marido”.

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Ska

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Eastern Standard Time – Don Drummond (The Skatalites)

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Gisele_Z. © IShotMyself

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Bolsonaro decreta sigilo de cem anos para resultado das eleições

Ciente de que esconder informações é a única política eficiente de seu governo, presidente prometeu a promulgação do AI-100

Empenhado em assegurar a liberdade de expressão, Jair Bolsonaro resolveu decretar sigilo de cem anos em tudo que estiver ao seu alcance. “Dependendo do resultado das eleições, a gente vê o que faz. Se der o que eu quero é porque o sistema funciona. Se der outra coisa, a apuração vai ficar secreta por cem anos e não vou divulgar porra nenhuma”, explicou, batendo os pezinhos. “O Brasil é meu e eu faço o que quiser com ele”, disse, enquanto mostrava a língua.

O presidente já decretara sigilo para sua carteira de vacinação, para os acessos de Carlos e Eduardo Bolsonaro ao Planalto, para o processo militar que não puniu Pazuello por participar de um ato político, entre outros.

Ciente de que esconder informações é a única política eficiente de seu governo, Bolsonaro prometeu a decretação do AI-100. Os principais artigos serão:

1) Ampliar o caráter confidencial do orçamento secreto para cem anos;

2) Nunca divulgar os extratos do cartão corporativo;

3) Garantir que os conteúdos dos celulares do capitão Adriano Nóbrega fiquem ocultos;

4) Decretar sigilo indeterminado para a imprensa, o Congresso e o STF;

5) Impulsionar anonimamente a distribuição anônima de notícias com fontes anônimas;

6) Zelar pelo silêncio de Leonardo DiCaprio, Anitta e aquele cara lá que fez o filme do Hulk;

7) Desligar os radares que monitoram o desmatamento da Amazônia;

8) Sabotar o censo, o IPCA e quaisquer estatísticas oficiais;

9) Criptografar os ingredientes reais do McPicanha;

10) Promover o indulto de aliados em nome da liberdade de expressão.

Para manter a coerência, a data de implementação do AI-100 foi mantida em sigilo. “É um centenário inteirinho sem denúncias de corrupção para o Brasil crescer de verdade. Segredo acima de tudo, sigilo acima de todos”, celebrou. Em seguida, soltou um pum e decretou sigilo de cem minutos sobre a autoria.

Depois de substituir o portal da transparência por uma foto de Brilhante Ustra, Jair Bolsonaro garantiu que as instituições estão funcionando. “Tava tudo lá no meu programa de governo. Eram três slides bem claros: 1) Nunca trabalhei e não vai ser agora que vou trabalhar; 2) Vou lutar o tempo todo contra inimigos imaginários; 3) A única coisa que prometo é sabotar a democracia”, explicou o presidente no único evento oficial de sua agenda, no qual ele não fez mais do que atacar as urnas eletrônicas.

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Em algum lugar do passado…

Bibi em sua Lua de Mel. © Jean Jacques Lartigue

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Nem turista, nem aprendiz

Há 110 anos, Roquette-Pinto foi à Amazônia como cientista

Não é uma data a justificar oba-obas oficiais. É muito mais. No dia 22 de julho próximo, serão 110 anos da viagem do cientista Edgard Roquette-Pinto (1884-1954) à Amazônia, a convite do general Candido Rondon, em mais uma expedição para desbravar a região, contatar tribos e demarcar fronteiras. Em cada viagem, Rondon levava um perito para cada disciplina. Ao chamar Roquette-Pinto, levou um homem-equipe.

Naquela expedição, Roquette foi cartógrafo, etnógrafo, sociólogo, geógrafo, arqueólogo, botânico, zoólogo, médico, farmacêutico, legista, linguista, desenhista, fotógrafo, sonoplasta e folclorista. Registrou toda a aparência da região: folha, árvore, floresta, composição dos solos, contorno dos rios, variedade da fauna.

Nas visitas às tribos já contatadas, mediu o crânio de seus membros, comparou pesos e alturas, analisou suas endemias e descreveu seus conhecimentos, formas de produção, comércio e transporte, relações familiares, língua, hábitos religiosos e coreografias. Anotou musicalmente seus cantos e gravou-os em cilindros de cera. Roquette realizou até a primeira autópsia de um indígena –por acaso, uma mulher.

A morte estava sempre ao lado: dias e dias de caminhada sem sol visível, à mercê de calor, animais, flechas, armadilhas, varíola, beribéri, malária. De volta ao Rio em dezembro, doou ao Museu Nacional uma tonelada e meia de objetos, que transportara em carro de boi pela selva. As anotações musicais foram entregues ao jovem Villa-Lobos para serem harmonizadas.

Em 1916, Roquette condensou tudo em sua obra-prima, “Rondônia”, um tratado multidisciplinar sobre aquele Brasil recém-revelado e um libelo contra a tese, então corrente, de que nossas mazelas se deviam à composição étnica.

Roquette-Pinto não foi à Amazônia em trem de luxo, com lençóis levados de casa e em companhia de grã-finas. Não foi como turista, muito menos aprendiz.

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© Sára Saudková

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Suco de frutas de araque?

O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) denunciou, no mês de abril, a Brasal Refrigerantes S.A., fabricante dos produtos Del Valle.

Na denúncia, enviada ao Procon do Distrito Federal, o Instituto pede ao órgão a apuração de uma infração do CDC (Código de Defesa do Consumidor) por publicidade enganosa em uma das linhas de bebidas da marca, a Del Valle Fresh. Ilustrações contidas no rótulo levam, erroneamente, a concluir que o produto é saudável e feito à base de frutas, enquanto, na verdade, elas não representam nem 1,5% do conteúdo.

Na lista de ingredientes, as bebidas Del Valle Fresh apresentam três componentes principais, em ordem do mais para o menos presente: água, suco concentrado de frutas, que pode variar entre 1% e 1,3% do produto, e aromatizantes ou reguladores de acidez, sendo por isso considerado alimento ultraprocessado.

Esses alimentos, que possuem baixo valor nutricional e estão associados ao desenvolvimento de males de saúde como sobrepeso, obesidade e diversas doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes e doenças cardiovasculares.

 Suco é uma bebida que contém somente suco de fruta; néctar é aquela que contém entre 10 e 50% de suco de fruta; e refresco, o que contém entre 5 e 30%, o Del Valle Fresh não se encaixa em nenhuma dessas categorias porque não alcança as quantidades mínimas de frutas exigidas.

A propaganda enganosa nos alimentos está muito presente no Brasil.

Está nos azeites que não são de oliva e são misturados com óleo de soja e com aromatizantes, ou nos exta virgens que não são extras, seja nos produtos cujas embalagens são reduzidas e aumentam o preço.

E os remédios milagrosos que curam desde unha encravada até impotência sexual.

E a gasolina batizada? E a propaganda infantil que induz o consumo de alimentos ultraprocessados? Algo precisa mudar na legislação brasileira.

Publicado em Claudio Henrique de Castro | Deixar um comentário
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Ziza. PhotoSightRussianGirls

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Erro material

O GOVERNO bolsonaro vetou a aplicação de R$ 3,6 bi em ações de incentivo à cultura pela Lei Rouanet. Erro dos interessados no benefício. Se previssem a destinação dos recursos para a publicação do Mein Kampf, o livro do nazismo, o dinheiro sairia mais rápido que a demissão dos diretores do Instituto do Patrimônio Histórico que atrasaram a construção de mais uma estátua das Lojas Havan.

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Intolerância!

A intolerância religiosa diz respeito a condutas de discriminação, prática, indução ou incitação à discriminação, ao preconceito e injúria quanto a raça, a cor, a etnia, a religião ou a procedência nacional – previstas na lei 9.457/1997.

Esses crimes ocorrem nas redes sociais, em estádios de futebol e nos mais variados espaços da vida social brasileira.

O neopentencostalismo no Brasil impacta as religiões afro-brasileiras. Muitos ramos desse segmento pretendem uma “guerra espiritual” contra a Umbanda, o Candomblé e outras religiões.

Nessa disputa, a chamada “evangelização” inclui convocações para os crentes cometerem atos de intolerância religiosa contra templos, divindades, adeptos, cerimônias públicas e os símbolos da herança judaico, cristã e africana.

Diversos desses atos de intolerância são decorrentes de alianças entre igrejas e políticos – ou mesmo “traficantes evangélicos”.

Em pesquisa de 2018 constatou-se que os autores desses crimes de intolerância estão muito próximos das vítimas. Em geral são vizinhos, familiares de primeiro e segundo graus e líderes religiosos.

O Supremo Tribunal Federal ainda não enfrentou devidamente esse tema – o dos limites da liberdade de expressão da pregação.

O STF considera intolerância religiosa o antissemitismo (contra o judaísmo), a destruição de imagens religiosas e a desqualificação da religião mulçumana (ROHC 146.303 RJ), mas não incluiu no conceito de incitação ao ódio as práticas de “evangelização” que incitam a luta contra as religiões de matriz afro-brasileira e outras.

O Supremo entendeu que essas pregações, contrárias às outras religiões, fazem parte do proselitismo religioso e da liberdade de expressão (ADI 4429). Contudo, é necessária uma nova lei que impeça as pregações intolerantes.

Algumas religiões e seus donatários tornaram-se impérios empresariais, possuem bancos, canais de televisão, emissoras de rádios – e se expandem no Legislativo, Executivo e no Judiciário.

Em ano eleitoral, milhares de fiéis tornam-se cabos eleitorais desses projetos, com a pauta de costumes ultraconservadora, que reduz a figura das mulheres e alimentam o atual sistema econômico pela concentração de renda – e pela manutenção de tudo que aí está.

A atual ligação entre a política e religião está corroendo o estado laico, isto é, o estado democrático que deveria respeitar a liberdade de crença e de como as pessoas pensam o divino.

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A eleição da desesperança

A minguada presença do público em ambas as manifestações políticas convocadas para domingo passado é a prova inconteste do desinteresse da população pelas eleições deste ano – especificamente em relação aos dois candidatos tidos como favoritos nas pesquisas de votos.

Terá o eleitor, enfim, se conscientizado da desgraça que o espera nos próximos anos com a vitória de um ou de outro? Oxalá tivesse. No entanto, a polarização hoje existente, as manifestações de incompreensão, de violência e de ódio de parte a parte, sobretudo dos ensandecidos que cultuam a maligna figura daquele cujo nome não deve ser citado, fazem-nos acreditar que não. Ao contrário, o que vem por aí é assustador.

O pior é que não existe terceira via. Os pretensos candidatos batem cabeça, rateiam e não saem do lugar.

O meu candidato queimou a largada ao ser iludido pelo inominável do Planalto Central. Para tristeza dos meus queridos amigos Edson Dallagassa e Mário Da Montanha, era o ex-juiz Sérgio Moro. Eu achava, como ainda acho, que a Operação Lava-Jato foi a melhor coisa que surgiu no Brasil desde o descobrimento. Bandidos contumazes, assaltantes dos cofres brasileiros, patifes da A a Z foram parar no xilindró; milhões de dólares surrupiados do erário voltaram aos cofres públicos. Pela primeira vez na História, a esperança tomou conta da população. E até passamos a achar que, sim, o Brasil tinha jeito. Pura ilusão. Não se mexe com os poderosos, com a elite dominante, com os donos do capital, impunemente. O pessoal é insidioso, age nas sombras, ataca pelas beiradas. Começou com uma merreca procedimental sem nenhuma importância; depois, levantou-se uma conduta errada no máximo discutível… O devido processo legal, como apregoa o meu amigo Dallagassa! E os ídolos foram esfacelados de uma hora para outra. O sucesso é uma merda e a inveja enlouquece. O fogo chegou de todos os lados, com a prestimosa ajuda da mídia. E unanimidades nacionais passaram a ser meliantes, xingados em praça pública e todo o trabalho foi desfeito. Até um ex-presidente, comprovadamente atolado na indecência, saiu da cadeia direto para o palanque presidencial.

Reafirmo: Moro não devia ter deixado a magistratura e, muito menos, perfilar-se diante de um psicopata sem nenhuma credibilidade. Isso não invalida a sua belíssima atuação na Justiça Federal, mas deu munição para o inimigo e afastou-o da disputa eleitoral. Lamentável.

O problema é, como eu disse acima, a terceira via. Não há. O cearense-pindamonhangabense Ciro Gomes talvez seja o mais preparado para o cargo, tem experiência administrativa e vivência política, mas é imprevisível, talvez bipolar, e assusta os próprios correligionários. João Doria, convenhamos, fez um bom trabalho no governo de São Paulo, pôs em ordem a economia do Estado, fez o ajuste fiscal e foi o responsável pela largada da vacinação contra a Covid-19 no Brasil – não fosse o trabalho do Instituto Butatan, o destrambelhado de Brasília não haveria se mexido. Mas Doria não consegue conquistar a confiança do eleitorado. Também não consegue livrar-se da pecha de “mauricinho” da Faria Lima, figura de proa da elite paulistana.

Sobra Simone Tebet, cujo destaque na CPI da Covid revelou uma liderança até então desconhecida. Filha do ex-senador e ex-governador de Mato Grosso do Sul Ramez Tebet e, ela própria, duas vezes prefeita da Três Lagoas (MS) e vice-governadora do seu Estado, ganhou destaque pela garra, pela coragem e pela competência. Enquanto a maioria dos integrantes da CPI usavam a Comissão como palanques eleitoral, Simone mostrou os absurdos e os crimes cometidos pelo governo. Com provas nas mãos.

Gostaria de ver a senadora Simone Tebet no Palácio do Planalto. Mas, infelizmente, a sua popularidade está circunscrita ao eleitor mais esclarecido, o seu partido não ajuda e ela é mulher. Nada contra o poder feminino, ao contrário, mas aquele eleitor menos esclarecido há de lembrar-se de Dilma Rousseff, de passado recente. Uma pena.

Ao que tudo indica, a eleição de 2 de outubro de 2022 será aquela em todos perderemos. Sobretudo o Brasil.

Publicado em Célio Heitor Guimarães | Deixar um comentário
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