#diariodobolso:’ Só estou fazendo a minha parte, trabalho o mínimo possível ‘

© Benett

Diário ontem foi dia de trabalho duro. Em vez de ficar em Brasília, na minha banheira cheia de leite condensado, tive que ir pra Recife por causa das chuvas.

Até pensei em aproveitar pra fazer uma motociata, mas estava tudo enlameado e o pessoal ia cair, então fiz uma helicopterociata solitária mesmo. Até dei tchauzinho pro pessoal lá de baixo. Será que pegou mal dar tchauzinho no meio de uma tragédia? Bah, nem ligo.

Depois eu falei que a culpa também é do pessoal que construiu em lugar inseguro. Por que não fez casa em Boa Viagem? Lá não tem esse problema.

Falando em lama, um fã meu, o Gusttavo Lima (que adora tirar foto sem camisa e mora numa loja da Havan) se deu mal esses dias. Descobriram o sertanejoduto.

O cara ganha uma bolada pra se apresentar numas cidadezinhas desse tamanho (tô mostrando o polegar e o indicador bem perto um do outro).

Em São Luiz, em Roraima, foi R$ 800 mil. E a cidade só tem oito mil habitantes. Sabe quanto que isso dá por habitante, Diário? Dá uns…, ah, deixa pra lá, não sei fazer conta difícil.

Em Conceição do Mato Dentro (MG) foi mais ainda: 1,2 milhão. E era um dinheiro que só podia ser usado para saúde, infraestrutura, meioambiente e educação. Desvio de verba na cara dura, kkk!

O Gusttavo já falou que é contra a Lei Rouanet e uso do dinheiro público. E ele tá certo. Dinheiro de prefeitura não é público, é prefeitúrico, pô!

Olha, Diário, esse negócio tem uma baita cara de rachadinha. Será que o Flavinho tá metido nisso daí? Isso eu não sei, mas que a coisa tem jeito de ser da minha turma, isso tem.

O fundo que administra a carreira de Gusttavo Lima até se chama One 7, ou seja, 17, o meu número na eleição.

O mundo é cheio de coincidências, Diário, cheio de coincidências…

#diariodobolso

PS: Saiu uma reportagem lá na Foice de S.Paulo dizendo que eu já dei 15 emendadas de feriado no meu governo, já fui em 15 jogos de futebol e fiz 33 ciatas (motociatas, cavalociatas, lanchaciatas, etc…). Mas não entendo qual é o problema, pô! Esse jornal não quer o “Estado mínimo”? Só tô fazendo a minha parte. Trabalho o mínimo possível.

José Roberto Torero

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Mural da História

saláriomínimodois

22 de fevereiro|2011

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O Último Dia de Cabeza de Vaca

O Último Dia de Cabeza de Vaca (Minotauro/ Grupo Almedina, 2021), Fábio Campana:

Em 2004, recebi do Campana o original desta obra e o convite para escrever um texto, publicado na orelha da primeira edição de O Último Dia de Cabeza de Vaca (Travessa dos Editores, 2005). Desde a leitura inicial estava sinalizado que – mais até que ficcionalizar as desventuras do viajante espanhol que esteve na América com a finalidade de localizar fontes de riqueza – o Fábio inventou uma estratégia para falar sobre vaidade e poder.

“Creio que ninguém que tenha experimentado o poder, mesmo que por muito pouco tempo, esquecerá a sensação de potência que atribui aos homens. Ao perdê-lo, jamais deixará de tentar recuperá-lo”. O fragmento é a voz do voz do narrador do livro, um padre, o personagem Francisco Paniagua, que – na ficção – reconstitui o percurso de Álvar Núñez Cabeza de Vaca (ele pode ter nascido em 1488 ou 1490, e o ano de sua morte também é impreciso: 1557, 1559 ou 1564).

Mas, e a observação é detalhe de quem conviveu com o autor, o trecho citado há dois parágrafos até parece a voz do Campana, observador da cena política no Paraná, e no Brasil, desde a segunda metade do século XX. O Fábio compreendia o comportamento humano e traduziu o seu vasto conhecimento nesta ficção, incluindo outro assunto que ele, autor, comentava – o abismo entre o oficial e a realidade:

“Eu não me prendo aos relatos oficiais porque sei que eles não expressam a verdade como a ouvi da boca de Don Álvar, nas noites lentas e insones de Assunção, antes e depois de sua derrota. Uma galeria de sombras. Sei a diferença entre as versões que foram enviadas à Corte para sensibilizar seus membros mais destacados, procurando a proteção da justiça torta.”

O fragmento é o ponto de vista do narrador, o que me faz lembrar o Fábio comentando sobre tudo, e até parece ficção: amanhã (29 de maio) faz 1 ano que ele partiu. Evidentemente não quero sugerir que a voz do narrador é a mesma do autor, na obra há tratamento literário, linguagem. Mas ao reler O Último Dia de Cabeza de Vaca reencontro sim o Fábio Campana, inesquecível, que em 2002 o Jamil Snege (1939-2003) me apresentou – para sempre.

Minda-au

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Vem aí – Flores em Vida

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Sem exageros

O GOVERNO federal tirou dos cargos, exonerando, o diretor executivo e o diretor de inteligência da polícia rodoviária federal. Trata-se de resposta administrativa à morte de Genivaldo Santos, no Recife, após detido e conduzido em viatura da corporação. Seria a punição “sem exageros” recomendada para o caso pelo presidente Jair Bolsonaro?

Os policiais envolvidos na morte de Genivaldo não estão sob prisão temporária. O diretor executivo caiu porque teria havido uma execução e o diretor de inteligência caiu porque é burro. E assim restauram-se as aparências, preserva-se a moralidade e todos ficam impunes. Como gosta o presidente que se faça com seus aliados, parentes e amigos.

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Fraga

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O mundo da enganação

No Brasil onde MacPicanha não tem picanha, o leite condensado tem composto lácteo (amido, soro de leite ou água) ao invés de leite puro, a manteiga é misturada com margarina e o óleo de oliva vem misturado com óleo de soja.

Ontem a cantora Gretchen comemorou seus bem vividos 63 anos, ela que já engatou dezoito casamentos – e quem sabe pretenda entrar para o livro dos recordes.

Neste mesmo final de semana  um maluco entrou de peruca e cadeira de rodas no Museu do Louvre, França, e atirou uma torta no quadro da Monalisa, felizmente protegido por um vidro blindado.

Em Sergipe, na escalada de violência policial militar, numa câmara de gás improvisada, dentro da viatura policial, foi assassinado Genivaldo de Jesus Santos, 38 anos, um crime que chocou o mundo e que no Brasil entrará para as estatísticas.

O que o Direito tem a ver com tudo isso?

A resposta é muito simples: direitos humanos de fachada; leis de defesa do consumidor ineficientes; impunidade penal para os crimes praticados por agentes do estado e, o principal: um estado de coisas no qual a racionalidade se perdeu.

O leitor poderia perguntar, mas e o casamento da Gretchen e o episódio do Museu do Louvre o que têm a ver com isso?

Simples: as notícias se misturam – e o cotidiano é banalizado.

Milton Santos, nosso grande geógrafo, explica a globalização como fábula. A fábula do consumo.  Acrescentamos: a fantasia das redes sociais.

Noutra ponta, há a vida como realidade, repleta de contradições.

O que precisamos?

A resposta de Milton: de uma estrutura jurídico-social que se preocupe com as pessoas, com a miséria de milhões e se utilize da globalização para o bem da humanidade e não para sua decadência ética e social.

Nesse sentido, a globalização como fábula é uma grande enganação, a mesma dos produtos que encolhem as embalagens.

Do sabão em pó que de 1 Kg passou para 800 gramas, as embalagens de molho de tomate e latas de ervilhas de 150g foram reduzidas para 120g, da caixa de palitos de fósforos que de 240 palitos foi para 200.

Há dois mil anos os romanos resumiram este estado de coisas: República corrupta, muitas leis (corruptissima republica plurimae leges).

Publicado em Claudio Henrique de Castro | Com a tag | Deixar um comentário
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Karamba!

karamba!karmba!© Glória Flügel

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Pauta-bomba na Câmara para a mata atlântica

Deter a pilhagem ecológica secular não é pauta exclusiva de ambientalistas

Tom Jobim dizia que “a coisa mais bonita” que já vira era a mata atlântica e que sua obra fora inspirada pelo esplendor de vida de bichos e plantas. Num tempo em que poucos sabiam o que era ecologia, Tom já falava da urgência de conter o desmatamento e de “plantar floresta”.

Imagino a tristeza do Tom se soubesse que hoje ocorre exatamente o contrário. O monitoramento feito pela SOS Mata Atlântica e pelo Inpe revelou um alarmante aumento de 66% na derrubada da floresta em 2021 (sobre 2020).

Tesouro de extraordinária biodiversidade, a mata atlântica é um dos biomas mais ameaçados do planeta, tendo apenas 12% da floresta original preservada. O desmatamento atual deve-se principalmente à agropecuária e à especulação imobiliária. Pressões favorecidas pelo estímulo permanente do vândalo do Planalto ao crime ambiental.

Uma pauta-bomba na Comissão de Meio Ambiente da Câmara agrava ainda mais o cerco ao bioma e preocupa a Rede de Ongs da Mata Atlântica. Um dos projetos pretende esquartejar a Lei da Mata Atlântica, de 2006. Se for aprovado, os campos de altitude perdem a proteção legal. Mesmo risco que correm as faixas mais sensíveis das restingas litorâneas, hoje com status de áreas de preservação permanente.

Outro projeto libera a “caça esportiva”, uma sentença de morte para a nossa fauna. Há ainda proposta que inviabiliza a criação de novas unidades de conservação e facilita o desmonte das que já existem. Outra flexibiliza o licenciamento para lavra de minerais usados na construção civil.

No Senado, a “boiada” lança mais uma ofensiva para tentar reabrir a Estrada do Colono e rasgar o Parque Nacional do Iguaçu, declarado Patrimônio Mundial Natural pela Unesco.

A mata atlântica produz água onde vivem 70% dos brasileiros. Isso mesmo, a fúria da bancada do “correntão” não se importa sequer com a água que bebemos. Deter a lógica da pilhagem ecológica secular não é pauta exclusiva de ambientalistas, mas de cada cidadão.

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Requiescat in pace

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A pesquisa definitiva

CHEGA de pesquisas de intenção de voto. Cansou, sempre o mesmo resultado de Lula venceu, Bolsonaro ardeu. A pesquisa que ninguém faz é com os militares, por patente, posto, arma, para saber quem apoia o golpe. Sem isso, qualquer pesquisa fica naquilo mesmo, intenção de voto. Para termos sossego – ou o perdermos de vez, como aqui no Insulto – a pesquisa que interessa é a de intenção de golpe.

E essa não se faz consultando bolsomínios, petistas, terceiro-viadistas ou o que valha.

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ForaBozo!

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A literatura do absurdo de Campos de Carvalho

De novo às voltas com o púcaro e a vaca, atraído pela ousadia e originalidade de seu texto, reli algumas páginas. Em diversas situações ele põe o leitor em confronto com uma realidade surpreendente, hostil e enlouquecida. Como muitos dos acontecimentos que presenciamos hoje, num momento em que o país foi transformado num circo de horrores

E não é que em meio aos transtornos diários de uma sinistra ronda de ações fascistas, à presença de um psicopata na presidência que encena a loucura para nos imobilizar, eis que fui redescobrir a irresistível literatura de Campos de Carvalho? Primeiro foi a mensagem de um amigo querendo saber se eu tinha em casa uma vaca de nariz sutil para lhe emprestar. Em seguida fui eu mesmo à estante à procura da vaca e dei de cara com outras finas assombrações literárias produzidas pela imaginação surrealista do autor. Uma obra que permanece viva e atual.

Vaca de nariz sutil é o segundo romance, ou novela, de Campos de Carvalho, um pacato advogado mineiro de Uberaba que morou no Rio e em São Paulo. Durante algum tempo, escreveu às escondidas. Publicado pela primeira vez no início da década de 60 pela Civilização Brasileira. Estreou com A lua vem da Ásia, e depois vieram A chuva imóvel e O púcaro búlgaro.

Foram quatro livros recebidos com certa estranheza pela crítica e pelo público. Choveram adjetivos; gênio, maldito, louco, dotado de um humor extravagante. Com o tempo, estudado pela academia e reconhecido pelos críticos, tornou-se um clássico da literatura brasileira.

De novo às voltas com o púcaro e a vaca, atraído pela ousadia e originalidade de seu texto, reli algumas páginas. Em diversas situações ele põe o leitor em confronto com uma realidade surpreendente, hostil e enlouquecida. Como muitos dos acontecimentos que presenciamos hoje, num momento em que o país foi transformado num circo de horrores.

Logo na primeira frase de A Lua vem da Ásia, o personagem Astrogildo confessa em seu diário que aos 16 anos matou seu professor de lógica. Ele se encontra enclausurado num local que pode ser um hotel, campo de concentração ou hospício. Aparentemente, o tema central da narrativa é a loucura. Mas é o absurdo que está no cerne do projeto literário do escritor. Astrogildo narra na primeira pessoa seu cotidiano ao lado dos outros malucos e se recorda dos tempos em que traficava diamantes e deflorava filhas de políticos.

Desce cedo fui um entusiasta admirador de Campos de Carvalho, mas só pude apreciá-lo com calma nos tempos de cárcere, início da década de 70, no Regimento Sampaio, Vila Militar. Pedi à Suely que levasse o livro e, para minha surpresa, ele passou pelo crivo da censura do quartel, exercida por um major de cabeça aberta, leitor de Machado de Assis. Certamente o autor foi considerado um maluco, inofensivo politicamente.

Ali no Sampaio, sem ter o que fazer, li muita coisa, mas o surpreendente é que, confinado, tive um prazer especial com Kafka, uma releitura preciosa de O Processo, e com o autor de A Lua vem da Ásia. São contraparentes os dois, o mineiro é kafkiano. Seu livro não foi best seller entre meus companheiros de cela. Tínhamos um clube de leitura com reuniões semanais para críticas de livros. Ele não chegou a causar polêmica.

Tenho um de seus livros autografado, o penúltimo, A chuva imóvel, estranha e perturbadora história de uma chuva radioativa, um painel de angústias da idade atômica. Na livraria, estendi o livro, ele ergueu a cabeça e me olhou espantado. Perguntou meu nome. Abriu o volume na segunda folha e escreveu: “Álvaro, suma deste mundo!” Assinou, datou, 30/VIII/1963, e apertou minha mão.

Apesar de assustado, não segui o seu conselho. Só voltei a vê-lo uma vez mais, numa fila de ônibus na Avenida N. S. de Copacabana. Nada de sua escrita transgressora poderia ser reconhecida naquele rosto plácido. Vestido como um burocrata, paletó sem gravata, com uma pasta preta na mão, jamais poderia ter escrito um daqueles livros.

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