Bolsonaro, normal?

A TRÉGUA ao golpe pode acabar menos de 24 horas depois que começou, agora que o STF proibiu o filho 03 de entrar no plenário durante o julgamento de deputado bolsonarista. Depois de jogar o Exército contra o TSE, e dizer que não acataria o resultado das eleições – caso fosse derrotado, é claro -, Bolsonaro disse ontem que as eleições terão “curso normal”. Palavras ao vento, como sempre. O que Bolsonaro diz, em questão de segundos vira o contrário.

Vale para as promessas como para as ameaças; ele é o pai da insegurança. O que seria “curso normal” no pensamento tétrico de Bolsonaro? Da visão de mundo degenerada do presidente não se extrai o que é curso porque foi péssimo estudante, muito menos o sentido do normal, por ser ele nosso paradigma da anormalidade.

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Nova lei sobre a violência institucional

No dia 1º de abril desse ano foi publicada a lei 14.321 que criou o crime de violência institucional, praticado por agentes públicos contra vítimas ou testemunhas de crimes violentos.

A partir de agora, pode pegar até um ano de prisão, além de pagar uma multa, quem “submeter qualquer vítima de infração ou testemunha de crimes violentos a procedimentos desnecessários, repetitivos ou invasivos, que as levem a reviver, sem estrita necessidade, a situação de violência ou outras situações potencialmente geradoras de estigmatização e sofrimento”, gerando a indevida revitimização.

A revitimização é o discurso ou prática institucional que submete a vítima ou a testemunha a procedimento desnecessário que a leve a reviver a situação de violência.

A pena será aplicada em dobro se o agente público, policial, juiz ou promotor de justiça intimidar a vítima de crimes violentos.

Se permitir que um terceiro a intimide, como um advogado, durante julgamento, o aumento da pena será de dois terços. As punições foram inseridas na lei 13.869/2019, que trata dos crimes de abuso de autoridade.

A nova lei é fruto da repercussão nacional do julgamento de uma acusação de estupro em Santa Catarina.

A vítima, Sra. Mariana Ferrer, foi ridicularizada e humilhada durante uma audiência pela defesa do acusado, o empresário André Aranha, sem que o representante do Ministério Público e o juiz tomassem providências (Agência Senado).

A Justiça deve ser um local de acolhimento da vítima, buscando a punição correta e justa para cada crime. O caso Mariana Ferrer escancarou o que ocorre em diversas instituições públicas, como tribunais e delegacias.

A violência institucional, por ação ou omissão, acarreta prejuízos ao atendimento da vítima ou de uma testemunha pelos órgãos públicos e agora conta com essa nova proteção legal.

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As Forças Armadas e seus covardes

Só a covardia explica o desdém demonstrado pelo general Gomes Mattos

Não sei quantas estrelas tem o general Luís Carlos Gomes Mattos, mas me lembrei do que diz Renato Russo, em “Faroeste Caboclo”, sobre generais de dez estrelas sentados atrás de uma mesa. Só a covardia explica o desdém demonstrado por ele, que é presidente do STM, ao se manifestar sobre os áudios que comprovam o conhecimento de ministros do Tribunal sobre a prática de tortura nos anos 1970.

A outra possibilidade era a de que se tratava de uma esquete de humor. Aquele tipo que carrega na tinta para retratar absurdos. Cheguei a considerar. Só não tinha entendido a caracterização do ator como alguém que mal consegue se expressar num português básico. Se não viu, veja. O Exército deveria gastar dinheiro com reforço escolar, incluindo aulas de alfabetização e história, e não com Viagra e prótese peniana.

Mas era tudo verdade. O episódio envolvia um servidor público do topo da hierarquia militar. O general sugere que as notícias são um complô para desmoralizar as Forças Armadas, como se isso não tivesse acontecido. Trata com absoluto desprezo as vítimas da ditadura, suas famílias e a sociedade que tem horror a esse período nefasto e quer, sim, saber, processar, julgar e punir responsáveis e coniventes.

“Não temos uma resposta para dar, simplesmente ignoramos”, disse o general. É fácil identificar nessa fala o buraco autoritário de onde saiu Bolsonaro, chefe de um governo que estabelece sigilo sobre informações de interesse público e se nega a responder questionamentos da imprensa.

Gomes Mattos diz com o maior deboche que os áudios sobre tortura não estragaram a Páscoa de ninguém. Mas ficou incomodado porque “vira e mexe” vão rebuscar o passado, seguindo a escola general Mourão de falta de empatia e negação da realidade. As Forças Armadas e seus covardes não estragam apenas a Páscoa, mas a história e a nossa frágil democracia ao tentar ignorar seu passado podre.

Publicado em Mariliz Pereira Jorge - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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July September. © Zishy

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Fraga

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Angeli se despede da carreira de cartunista e encerra uma era dos quadrinhos no Brasil

Chargista ícone do underground recebeu diagnóstico de afasia; seleção do melhor de seu trabalho deve sair este ano

Nome que ajudou a escrever a história dos quadrinhos no Brasil, Angeli está guardando o lápis na gaveta e encerrando uma carreira que revolucionou a arte que se podia fazer em jornais.

O cartunista de 65 anos recebeu um diagnóstico de afasia, doença neurodegenerativa que prejudica a comunicação e, conforme evolui, incapacita o paciente de se expressar de forma verbal ou escrita.

A condição médica ganhou holofotes no mês passado, quando o ator americano Bruce Willis —dois anos mais velho que Angeli e com uma equiparável fama de durão— anunciou sua aposentadoria do cinema pelas mesmas razões.

Não é exagero dizer que o anúncio fecha uma era dos quadrinhos, já que o traço inconfundível de Angeli, sua estética punk e comportamento transgressor, marcaram a identidade de uma geração.

“O Angeli tem o peso de um Pasquim inteiro em matéria de influência e significado de uma época”, afirma Laerte, cartunista histórica deste jornal, assim como o amigo. “Ele foi vital para a existência do que entendemos como humor em São Paulo.”

Se a notícia tem um inevitável gosto amargo, ela vem acompanhada de uma homenagem inédita: em celebração aos seus 50 anos de carreira, pela primeira vez uma seleção ampla do trabalho de Angeli está sendo preparada em grande estilo pela Companhia das Letras.

O audacioso projeto, organizado por André Conti e Carolina Guaycuru, mulher de Angeli, pinça trabalhos de todo tipo ao longo das últimas cinco décadas, passando por tiras de jornais e revistas, charges, ilustrações e desenhos variados. O plano é publicar dois volumes, reunindo cerca de mil trabalhos, ainda este ano.

“A ideia era um projeto que desse a noção completa do quanto ele fez”, afirma Conti. “Tínhamos mais de 50 mil desenhos, do papelão que ele rabiscava enquanto falava ao telefone até processos mais elaborados de capas.”

A mesma editora já tinha feito compilações fartas de seus personagens mais famosos em edições como “Todo Bob Cuspe”“Toda Rê Bordosa” e “Todo Wood&Stock”, este do ano retrasado. Como esse material está mais acessível, diz Conti, o novo volume fará uma triagem mais econômica deles.

A aposentadoria também encerra a ligação umbilical de Angeli com a Folhasua casa por mais de quatro décadas. A colaboração começou em 1973, quando o ilustrador nem podia beber legalmente, e se tornou fixa dois anos depois. De 1983 a 2016, ele publicou tirinhas diariamente na Ilustrada.

“Angeli é parte importante da história dos quadrinhos brasileiros e da própria Folha“, diz o diretor de Redação do jornal, Sérgio Dávila. “Influenciou mais de uma geração de autores com seu traço único e seu comentário ácido sobre comportamento e política. Mais que desenhos, Rê Bordosa, Bob Cuspe e tantos outros são personagens literários.”

“Não sei falar do meu pai sem a Folha“, diz sua filha, a publicitária Sofia Angeli. “Ele já tinha começado a carreira antes do jornal, mas foi ali que tudo aconteceu, onde brotou algo grande, com brilho.”

Reza a lenda que a primeira publicação de Angeli foi aos 14 anos, na antiga revista Senhor, mas os organizadores da coletânea não conseguiram localizar com exatidão esse trabalho pioneiro.

E sua despedida da imprensa está na seção Quadrão, que ele revezava aos domingos na Ilustrada Ilustríssima com Jan Limpens, Luiz Gê, Ricardo Coimbra e Laerte —com quem formava a trupe Los Tres Amigos ao lado de Glauco, morto há 12 anos.

“O trabalho do Angeli se desviou muito pouco da busca por uma linguagem poderosa, um mergulho profundo”, comenta ela. “A ponte que ele faz entre a linguagem dos quadrinhos e dos cartuns é algo inédito, absolutamente dele. Tem um traço plasticamente muito forte, que ficou mais evidente nas suas charges mais recentes. Uma espécie de expressionismo da Casa Verde.”

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Patricia Grabowski participa do projeto Aventuras Literárias da BPP

A autora e ilustradora Patricia Grabowski é a convidada de mais um encontro do projeto Aventuras Literárias da Biblioteca Pública do Paraná — que acontece na próxima terça-feira (19), às 14h30, na Seção Infantil. Ela conversa com o público sobre seu trabalho editorial e suas experiências com leitura e escrita.

Formada em Escultura na Escola de Música e Belas Artes do Paraná e especialista em Comunicação Audiovisual pela PUCPR, Patricia começou a ilustrar histórias em 2014. Seu primeiro trabalho também como autora é O Livro de Leonora (2017), que traz uma criança impulsiva e decidida às voltas com um “grande, lindo, todo ilustrado e cheiroso problema”.

Serviço: Aventuras Literárias com Patricia Grabowski. Dia 19 de abril, às 14h30, na Seção Infantil da BPP. R. Cândido Lopes, 133, Centro — Curitiba/PR. Entrada franca. Mais informações: (41) 3221-4980

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Fraga

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Quatro em uma

Paulo Leminski, Rogério Dias e o cartunista que vos digita. © Francisco Kava, com a primeira câmera 180 graus de Curitiba. 1980, Alto da XV.

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Marilyn Monroe. © Earl Moran

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#ForaMourão!

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#ForaQueiroga!

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Governo Bolsonaro ignora MPF e permite adoção de territórios de comunidades tradicionais

A marisqueira Sandra Regina, que vive na Reserva Marinha Mãe de Curuçá, na baía do Marajó (PA), lembra direitinho quando ouviu falar pela primeira vez do Programa Adote um Parque, há cerca de um ano. Foi através de uma mensagem enviada por Ana, também líder comunitária na Reserva Extrativista Marinha Lagoa de Jequiá, no litoral de Alagoas, que perguntava: “Você está sabendo algo sobre o Adote um Parque?”.

Nenhuma das duas sabia nada sobre o programa lançado pelo ex-ministro do Meio Ambiente (MMA) Ricardo Salles e assinado pelo presidente Jair Bolsonaro em decreto de 9 de fevereiro de 2021. O programa permite que empresas e pessoas físicas, brasileiras ou estrangeiras, “adotem” uma ou mais das 132 unidades de conservação listadas em uma portaria do Ministério do Meio Ambiente (MMA), publicada 16 dias depois, a fim de “promover a conservação, a recuperação e a melhoria das unidades de conservação federais”. Os contratos entre interessados e o ICMBio – gestor dos recursos – são anuais e estabelecem um valor anual mínimo de R$ 50 ou 10 euros por hectare da área adotada.

A informação mais desconcertante para as lideranças comunitárias é que, além dos parques nacionais, também as reservas extrativistas (Resex) foram incluídas no programa, como Sandra conseguiu confirmar com a Comissão das Reservas Extrativistas (Confrem) depois de diversas ligações para lideranças comunitárias. A entidade ainda aguardava mais detalhes do programa por parte do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). “Aí minha preocupação aumentou”, diz Sandra Regina.

Só na Resex em que ela vive, a Mãe de Curuçá, cerca de 6 mil famílias dependem da integridade de seu território para viver. Ao todo, 50 Resex — de um total de 66 no país — estão na lista do Adote um Parque.

Equipe Ultrajano

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Último aviso

Solda, tem aparecido muito a palavra bosta em seu blogue. Informo que essa palavra ainda não pode ser proferida e nem escrita com liberdade. Vosso presidente liberou só a palavra merda. Merda, Solda. Não bosta. Merda pode invadir o recôndito de nossos lares, ser discutida em nossa mesa, até mesmo cultuada. Bosta ainda não. Vamos esperar vosso presidente ler o discurso de fim de ano. Se for um discurso de bosta, aí pode. Se bem que considero cocô mais lúdico. Abraço desta besta que vos fala. – 6 de março|2010

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