Os pedágios – parte I

A força econômica das concessionárias de pedágio é tamanha, que mesmo sem existirem, os futuros contratos já foram reajustados. Isso aconteceu nos contratos da futura modelagem. É para o “equilíbrio” dos futuros contratos…

Se o debate fosse realmente democrático, deveria passar por um plebiscito para ouvir o povo, para saber se a população quer optar, por exemplo, por um pedágio público, isto é, administrado pelo DER e pelo DNIT, ou rejeitar a ideia por completo, de privatização das estradas.

Para promover a expansão do sistema em novas praças, vem a promessa de sempre: as tarifas serão reduzidas. Será? Outra coisa: não há discussão quanto a mobilidade do fluxo dos veículos.

Prova disso é que há grande variação de velocidade nas estradas. Não temos uma velocidade constante e uniforme e, ainda, as reduções de velocidade são repentinas e não seguem a mínima técnica de trafegabilidade.

O mesmo acontece nas capitais que estão implantado a indústria das multas dos radares. Essa variação de velocidade nas vias causa confusão, insegurança e riscos aos motoristas, mas eleva a arrecadação com as multas!

Resumo da ópera: uma colcha de retalhos de velocidade nas cidades e nas estradas. A recente Nota Técnica da ANTT, expõe o caos dessa redução.

A nota diz que: “a solução proposta não está isenta de problemas ou desvantagens, podendo gerar uma “colcha de retalhos” de velocidades diretrizes diferentes ao usar os valores enviados pela estruturadora, o que não representaria o cenário ideal. A variação excessiva de velocidade gera riscos e insegurança aos usuários. Além disso, nota-se diversos valores da ordem de 50, 60, ou 70km/h, chegando até a 40km/h em situações pontuais (…).

Essas diferentes velocidades exigirão da concessionária futura a homogeneização da velocidade regulamentada em trechos maiores, a fim de garantir um “padrão adequado de transição de velocidades”, como pede o Manual do DNIT e a boa prática. Nesse caso, a velocidade seria nivelada por baixo e aí teríamos situações em que a concessionária poderia se ver incentivada a propor soluções de geometria aquém das orçadas no MEF (considerando que a estruturadora usou a velocidade diretriz levantada por ela para cada trecho).”

Traduzindo: a velocidade, nos futuros trechos de pedágios, será reduzida, o que ocasionará mais tempo de tráfego e rodagem, mais custos para os motoristas e para a produção, e o principal, mais lucros para os tubarões dos pedágios. Tudo isso, sem ouvir o povo, que sempre é tungado e paga a conta.

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Meia palavra bos…

O ENTENDEDOR, quer dizer, o mau entendedor, é o problema das anedotas, o serial killer do humor. Ele não entende, se ofende, precisa de explicação e quando finalmente entende enche o saco com a risada atrasada e o discurso sobre o teor da anedota. Não tente ensinar-lhe que a anedota – não a piada, na visão vulgar e tosca – não precisa ir até o fim, tem o momento em que fica em suspenso, quando o bom entendedor sabe que meia palavra bos…

Conheço o cara que perdeu a metade dos amigos e ganhou o ódio da sogra porque – dizia ele – praticava o humor inglês, em que o narrador não ri nem sorri e interrompe a anedota no punch – ainda o inglês e seu humor -, o momento em que a graça se conclui, à espera do cada vez mais raro entendedor.

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Casamento de Lula deveria ser na laje da tia com cerveja latão, dizem haters

Mesmo assim, críticos do ex-presidente como Leo Dias e Diogo Mainardi o acusariam de explorar idosas e ostentar a bebida

Em 1989, no último debate antes das eleições à Presidência, Fernando Collor de Mello acusou o também candidato Luiz Inácio Lula da Silva de ter um “três em um”. Para o herdeiro de uma das famílias mais ricas de Alagoas, não era permitido a um “ex-operário” ter um aparelho que consistia em um rádio com toca fitas e toca-discos.

Collor ganhou as eleições, assumiu a Presidência e, de “caçador de marajás”, como se dizia, se mostrou ser o próprio marajá que passeava de jet-ski e confiscou a poupança dos brasileiros. Mesmo após três décadas, não é permitido que Lula, por ser ex-operário nordestino, desfrute de confortos básicos.

Para seu casamento com Rosângela da Silva, a Janja, o ex-presidente reservou um espaço para poucos convidados. Mas alugou um bufê de festa na cabeça dos críticos, haters e “fiscais de pobreza”.

Para eles, Lula é elitista por não se casar como um “homem do povo”. Como se uma pessoa do povo não pudesse comemorar seu casamento.

“Ostentação!” e “cardápio cinco estrelas”, com “massas e comida árabe”. Segundo o colunista Leo Dias, Lula esbanja ao servir macarrão e esfirra para seus convidados. Deveria se casar na laje da tia com cerveja latão. Mesmo assim, seria acusado de explorar idosas e ostentar latão.

“O vinho branco será o freixenet sauvignon. O preço médio dele é R$ 90”, diz a Isto É Dinheiro. Com uma rápida pesquisa foi possível encontrar o vinho por R$ 49. Três chopes que o repórter toma depois do expediente dão mais do que isso.

“Casamento de Lula e Janja será em casa de festas de luxo em São Paulo”, diz o Antagonista. Diogo Mainardi deve ter se casado na rua, na chuva ou numa casinha de sapé para se espantar com um local com capacidade para 200 pessoas. Ou talvez não tenha amigos, o que não é impossível.

“Vestido caro de noiva de Lula será um presente”, diz o Jornal Pleno. Bom, se o vestido foi o presente, não foi caro. Talvez o jornal não esteja tão “Pleno” assim e precise descarregar essa raiva.

Para esses críticos, ostentação só se faz de jet-ski em “lanchaciata”, enquanto o preço da gasolina bate os R$ 10. Tal como seu novo parceiro, o ex-presidente marajá de Alagoas. Festa em bufê de luxo com bebida cara só se não for de gente do povo. Como a que Leo Dias destacou emocionado com a manchete: “Cadela Beretta brilha em casamento de Eduardo Bolsonaro”.

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Acorda, Brasil!!!

Quero fazer eco (e reafirmar) à sugestão do jornalista Mário Sérgio Conti, na Folha de S. Paulo, reproduzida aqui por mestre Zé Beto, no sábado: está na hora dos brasileiros conscientes unirem-se em um movimento nacional pela democracia contra a “Besta” (como ele denomina aquele cujo nome não deve ser citado).

Urge, afirma Mário Sérgio, que se desmascare o golpe que está sendo maquinado no Palácio do Planalto. Para tanto, sugere que Ciro Gomes, Lula, João Dória, Simone Tebet e demais candidatos sentem-se à mesa e conversem com seriedade em favor do Brasil. Segundo ele “essa ação singela desanuviaria o ambiente”, “evidenciaria que os democratas são maioria”, “instaria os brasileiros a tomar nas mãos o seu destino”. E “acuaria a Besta”.

Aconselha, por outro lado, que “os líderes das centrais sindicais proclamem que cada qual vota em quem achar melhor” e, se necessário, ameacem greve geral, de norte a sul do país; que “os ministros do Supremo fechem a matraca” e “concluam os inquéritos sobre a Besta e suas crias”, mantendo, no mais, o silêncio; que os professores e alunos sejam alertados pelos reitores “para o perigo premente de abusos” e “promovam marchas contra as badernas da Besta”; que “as comunidades virtuais organizem um Dia de Pane e Pânico no Planalto” e gritem alto: “Tirem as patas das urnas eletrônicas!”; que os internautas lembrem que a eleição terá um fim real, e não virtual” e que “a Besta refocile com sua laia na impostura do gabinete do ódio”; que padres leiam nas missas o trecho da mensagem da Conferência Nacional do Bispos, que revela que “tentativas de ruptura da ordem institucional, hoje programadas abertamente, buscam colocar em xeque a lisura de processo eleitoral”; que a Academia Brasileira de Letras difunda um libelo por eleições iguais às de sempre, sem ingerências fardadas”, assim como “artistas e intelectuais zelem em alto estilo pela soberania da nação votante”; que ninguém caia em provocações e as ações mirem a persuasão de hesitantes e o engajamento no repúdio à quartelada milico-miliciana em gestação”; que “os governantes democratas articulem um movimento nacional e se façam acompanhar pelos comandantes das PMs”; que os colunistas da imprensa se unam com outras ideias para impedir o golpe e que “os leitores enviem sugestões à Redação para que as eleições sejam realizadas limpa e lisamente, e o candidato vencedor empalme o poder num 1º de janeiro de justiça e júbilo”.

São sugestões de bom senso e que, uma vez posta em execução, impedirão o sórdido e torpe golpe contra a democracia, arquitetado nos subterrâneos palacianos em Brasília e difundido através de mentiras e outras canalhices explícitas pelo coisa ruim que ora nos desgoverna e asfixia.

O Brasil é grande demais para se tornar refém de um bando de velhacos abjetos, sem passado nem futuro, cujo único objetivo é perpetuar no poder a sua indecência e criminalidade, expandindo a miséria, o desemprego, o custo de vida, a inflação, a falta de segurança, e o desprezo pela saúde, pela educação, pela cultura, pela natureza, pelos povos indígenas, pelas minorias e pela vida, enfim.

É imprescindível que os milicos voltem para a caserna, os evangélicos acomodem-se em seus templos e os canalhas, os espertalhões, os charlatões e os aproveitadores da fé popular sejam recolhidos ao xadrez, sem direito a sursis ou perdão da pena. Só assim o ar voltará a ser respirável neste país.

P.S. – As medidas sugeridas por Mário Sérgio Conti evitariam, por exemplo, estultice como essa ação proposta pela “Besta” contra o ministro Alexandre de Moraes, no STF.

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Seu celular foi furtado? O que fazer?

Faça o seguinte: rastreie e apague seus dados de forma remota; bloqueie o celular através do IMEI; comunique o ocorrido ao seu banco; registre um boletim de ocorrência e altere suas senhas. O consumidor deve agir rapidamente para evitar que qualquer valor seja tomado de suas contas e que sejam evitadas fraudes e golpes utilizando o aparelho.

Pelo sistema operacional do smartphone é possível rastrear, bloquear e apagar de forma remota os dados do celular a partir de um navegador de internet.

Segundo o Idec, a primeira providência a ser tomada, pois assim que o bloqueio da linha junto a operadora é realizado, perde-se o acesso remoto aos dados do aparelho.

Para aparelhos com Android, faça isso pelo Encontre Meu Dispositivo do Google, e em aparelhos iOS, isso pode ser feito pelo iCloud. Ative previamente a busca por localização do seu dispositivo para ativar remotamente o bloqueio do celular.

Bloquear o celular roubado através do IMEI. O bloqueio é feito perante sua operadora e através do número de identificação do aparelho, o IMEI. Ele pode ser encontrado: na caixa do aparelho; na traseira do aparelho, em uma etiqueta colada na bateria ou na bandeja do cartão SIM; através do site de seu sistema operacional (Apple, Android, entre outros); discando pela chamada de telefone *#06# e o número aparecerá na tela do celular. Você pode deixar esse número anotado por precaução.

Outra possibilidade para bloquear o aparelho é a comunicação em delegacia da Polícia Civil, pois todos os Estados, exceto Amapá e Acre, estão habilitados com o sistema para bloqueio.

Preventivamente, coloque uma senha em seu aparelho celular e coloque a opção da tela se bloquear no menor tempo possível (geralmente, 30 segundos). Comunique o ocorrido ao seu banco. Preventivamente, coloque um limite para suas transações do PIX. Além disso, caso tenha a função de pagamento por aproximação no celular e não esteja utilizando, desative-a.

Finalmente registre um boletim de ocorrência, pessoal ou online, para que você tenha um comprovante do ocorrido e o possa se utilizar do documento nos contatos com as empresas.

Isso pode ser feito pessoalmente em qualquer delegacia, ou online pelo portal da Polícia Civil do estado onde ocorreu o roubo. O B.O. também é importante para notificar as autoridades de segurança sobre os problemas enfrentados pelos cidadãos.

Como recuperar valores transferidos e prejuízos decorrentes do roubo do celular? O Idec, e nós acompanhamos, entende que é falha no serviço dos bancos e instituições financeiras possuírem brechas na segurança que permitam que golpistas e fraudadores cometam diversos atos prejudiciais aos consumidores

(https://idec.org.br/dicas-e-direitos/celular-roubado-saiba-o-que-fazer).

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Playboy|1950

1959|Eleanor Bradley. Playboy Centerfold

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Isso tem que mudar!

O advogado e professor Cláudio Henrique de Castro, é pré-candidato a deputado federal. Recebemos da assessoria o seguinte texto:

Cláudio Henrique de Castro é pré-candidato a Deputado Federal pela Rede Sustentabilidade. Ele é advogado, servidor público, professor e pós-doutor especializado no Direito Romano. Tem 55 anos de idade, trinta dos quais como profissional atuante.

Publicou 20 livros sobre os mais variados temas do Direito e escreveu cerca de dois mil artigos sobre assuntos que envolvem o interesse público. Os preferidos: direitos dos consumidores, trabalhista, cidadania, direitos humanos, renda mínima e controle de contas públicas.

Escreve e fala numa linguagem simples e objetiva, para esclarecer quem mais precisa. Prova isso no site http://www.direitoparaquemprecisa.com.br .

Nessa fase está recolhendo ideias com apoiadores para construir, democraticamente, uma plataforma de propostas para sua pré-candidatura.

“É fundamental ouvir as pessoas. Estamos cansados daquela tradicional conversa sobre saúde-educação-segurança pública, sempre genérica, que não apresenta nenhum plano, e serve de proposta eleitoral para tudo. O que pretendemos é falar sobre o que pode ser feito para o dia-a-dia das pessoas, essas que dão voto de confiança ao candidato: o preço dos alimentos, da gasolina, do transporte coletivo, a indústria das multas, os pedágios e tudo que impacta a vida de quem paga a conta e que raramente é discutido em Brasília.”

Assim como a maioria dos eleitores, o pré-candidato também está cansado de ver o desfile dos representantes das elites políticas que, eleitos, desaparecem na capital federal e trazem pouquíssimos recursos para o Paraná. “Somos a quinta maior economia do país e recebemos esmola da União Federal, se comparados com outros estados. Isso tem que mudar!”

http://www.claudiocastropr.com.br

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Parou faz tempo

BOLSONARO vem a Curitiba no sábado, trazido pelo apóstolo Ricardo Barros. Participam da Marcha Pára Jesus. Não por isso. Bolsonaro parou Jesus desde que foi eleito.

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Deixem o Lula se casar em paz

Às vezes é preciso ser um monge para não sentir prazer com o infortúnio alheio

Talvez não haja na língua portuguesa nenhuma palavra que descreva tão bem a satisfação de testemunhar a desgraça alheia quanto “Schadenfreude”, em alemão. Por melhores que sejam os seus sentimentos e por mais que você esteja em dia com o exercício da empatia, às vezes é preciso ser um monge para não sentir prazer com o infortúnio alheio.

Impossível não experimentar doses involuntárias de “Schadenfreude” ao ver Jair Bolsonaro ser vaiado na Feira do Guará. Às vezes, imagino o dia em que será defenestrado do Planalto e preso. Acredito que não caberei em mim de tanta “Schadenfreude”.

Por outro lado, não cultivo nenhum tipo de sentimento perverso sobre Bolsonaro et caterva em relação as suas vidas pessoais. Ao contrário da turba que se regozija com um suposto chifre do presidente ou com episódios muito mais graves como o atentado sofrido por ele, a indiferença deveria ser o limite. Seja moral, ético ou apenas humano.

Parece óbvio que não tem santo nessa polarização grotesca que vivemos. Tem gente abjeta no espectro político todinho. Ninguém é obrigado torcer pela felicidade de desafetos, mas o bolsonarismo introduziu na sociedade um comportamento para o qual ainda não há nome. Uma mistura de ressentimento com perversidade e violência, reverberado por todos que se identificam com essa seita.

Nesta quarta (18), Lula vai se casar. Na entrevista à revista Time disse que está apaixonado como se tivesse 20 anos. O casamento tem sido explorado pelos bolsonaristas com a vilania de sempre, especulações sobre os gastos, sobre o vestido da noiva, sobre as motivações da união. São os mesmos que fecham os olhos para rachadinha, gastos no cartão corporativo, mansão de milhões do filho 01. Essa gente não entende patavinas de política, de economia, de ciência, não entenderia que Lula pode —e deve— ser criticado sempre, menos por celebrar sua união.

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Subordinada

© Jan Saudek

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Álbum

© Burton Crusher

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Mais uma do Agrippino, desta vez com Graciliano – parte II (final)

Schmidt não acreditou no que leu, mas reuniu forças para ler o restante do texto. O primeiro parágrafo não deixava qualquer dúvida para que Augusto Frederico Schmidt ficasse o resto do dia rindo de alegria: “Caetés, do alagoano Graciliano Ramos, é uma droga. Uma droga maravilhosa, que inebria, que embebeda, que embriaga, que extasia a alma do leitor. Nasce, sem dúvida, um dos maiores romancistas do Brasil. A gente termina de ler o livro e quer ler mais livros de Graciliano Ramos, tal o poder da droga”.

Quinze minutos depois, ao telefone, era Agrippino. Não deixou Augusto falar. Apenas disse: “Semana que vem, entro em férias na faculdade e embarco no vapor Fulano de Tal para Recife, onde vou fazer umas conferências, vão me pagar um bom dinheiro. O vapor faz uma escala em Maceió, que dura quatro horas. Telegrafe ao Graciliano para que ele me encontre no cais do porto. Quero conhecer o sujeito pessoalmente e almoçar a comida local”. Schmidt, em pleno domingo, foi ao Correio e telegrafou para Graciliano Ramos.

Na volta ao Rio, Agrippino Grieco lançou suas impressões sobre Graciliano Ramos: “Inteligentíssimo, talentoso, grande escritor e fala coisas sérias e producentes, mas muito tímido. Disse-lhe que fosse morar no Rio de Janeiro porque viver de literatura em Maceió é impossível. Mas ele disse que não poderia, tinha esposa e oito filhos para criar. Uma pena. Temo que se perca um grande romancista. Aos editores do Brasil, aviso que Graciliano Ramos já terminou o seu segundo romance, que se intitula “São Bernardo”. Augusto Frederico não gostou da última frase e tinha lá suas razões. São Bernardo, em 1934, foi publicado pela concorrente Editora Arial.

Numa de suas últimas entrevistas antes de morrer, em 1973, Grieco foi perguntado sobre quais eram os grandes escritores brasileiros. Não pensou cinco segundos e disparou: Dos mortos, Machado de Assis, Lima Barreto e Graciliano Ramos. Dos vivos, Jorge Amado, José Lins do Rego, Ciro dos Anjos, Érico Veríssimo e Lúcio Cardoso.

Graciliano Ramos, que não queria deixar Maceió, a esposa e os oito filhos, acabou aportando no Rio de Janeiro contra a sua vontade, em novembro de 1935. Após a “Intentona Comunista”, foi preso em Maceió, colocado a ferros no porão de um navio e desembarcou no Rio de Janeiro. Foi levado ao presídio Frei Caneca e depois para à Ilha Grande. Ficou onze meses preso, sem jamais ter sido interrogado, acusado ou julgado. Quando foi solto, telegrafou à mulher para que vendesse tudo e viesse com os oito filhos para o Rio de Janeiro.

Na prisão, elaborou várias notas para um livro que escreveu já em liberdade: “Angústia”. Não queria publicar, achava-o muito pessimista. José Lins do Rego, que leu os originais a pedido de Graciliano, foi contra. Disse que era uma obra prima e deveria ser editado. É tido, pelos estudiosos, desde os anos de 1960, como o primeiro livro existencialista do Brasil.

Depois, escreveu “Vidas Secas” (1938), para alguns o seu melhor livro; “Infância” (1945), livro de memórias; “Histórias incompletas” (1946); e “Insônias” (1947).

Em 1945, com a volta dos partidos políticos depois do Estado Novo, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro, tendo sua ficha sido abonada pelo próprio Luiz Carlos Prestes e, logo após, partiu numa longa viagem pela Europa com a segunda esposa Heloísa. Foi acometido por um câncer no pulmão em 1952 e veio a falecer em 20 de março de 1953.

Nas suas gavetas, foram localizados e publicados os seguintes livros: “Memórias do Cárcere” (1953); “Viagem” (1954) e outras dezenas de títulos.

No seu “Memórias do Cárcere”, Graciliano Ramos, entre tantos, traça perfis maravilhosos de “Apparício Torelly”, “O Barão de Itararé”; “Cubano”, um negro preso sabe-se lá porque, do médico Victor Konder (pai dos escritores Leandro e Rodolfo) e Octávio Malta, velho militante comunista e um dos mais importantes jornalistas da história do Brasil, sendo o “braço esquerdo” de Samuel Wainer na revista “Diretrizes” e no jornal “Última Hora”.

Pelo que li, depois que iniciei o vício, concordo com Agrippino Grieco, Machado de Assis, Lima Barreto e Graciliano Ramos formaram um grande trio que não deve nada aos maiores escritores do mundo.

PS – Segundo publicado no Facebook de Dacio Malta, filho de Octávio, ex-jornalista (“Veja”, “Globo”, “Jornal do Brasil”, “O Dia”) e atualmente cineasta, a CEPE – Companhia Editora de Pernambuco prepara, para o meio do ano, a publicação de uma biografia e vários textos de Octávio Malta. Graciliano Ramos, certamente, aparecerá por lá.

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Eu tive um sonho igual ao Mártin Burguer King

Diário, ontem foi um dia puxado. Trabalhei uma hora inteira.

É que eu fui na abertura de treco da Associação Paulista de Supermercados. Como eu sempre faço agora, pra animar os amigos e botar medo no inimigo, ameacei com um golpe, dizendo que “podemos ter eleições conturbadas”.

Aquela frase ficou na minha cabeça, Diário. E, de noite, eu tive um sonho. Isso mesmo, Diário, como disse um cara aí, que acho que se chama Mártir Burguer King, “eu tive um sonho”. Tudo acontece no dia das eleições. No final da tarde, quando começam a sair os primeiros números que mostram o Nove Dedos em primeiro lugar, meu pessoal começa a agir.

Começa pela turma de Rio das Pedras. Junto com outras milícias, todas bem armadas (porque eu liberei geral), cercam o STF e começam a dar tiros nas janelas. Então vem a Polícia Militar. Mas, em vez de combater os caras, ela se junta a eles e também passam a atirar.

Aí chega o Exército, com seus tanques fumacentos. Só que ele não combate a balbúrdia. Pelo contrário. Arrebenta tudo. Nas cidades, acontece mais ou menos a mesma coisa. É uma tremenda tiraiada pra tudo quanto é lado.

No Rio de Janeiro, invadem a Globo e o Jornal Nacional passa a ser apresentado pelo Augusto Nunes e pela Ana Paula do Vôlei. Em São Paulo, Janaína Paschoal e Carla Zambelli se estapeiam no meio da avenida Paulista, cada uma dizendo que é ela quem vai liderar o golpe.

Enquanto isso, meus apoiadores falam em todas as mídias que a eleição foi roubada. É Ratinho, é Silvio Santos, é bispo Macedo, é Jovem Pan, é todo mundo dizendo que houve fraude e que o comunismo não pode vencer no Brasil, senão vão botar homens de rua morando na sua casa, seus filhos vão virar gays e todo mundo vai ter que tomar vacinas com chips de controle mental.

O Dudu entra no Superior Tribunal Eleitoral à frente de um pelotão usando camisa da CBF e quebra os computadores. O estranho é que, no meu sonho, em vez de porrete, ele usa uma banana gigante.

O Carluxo, vestindo uns chifres de búfalo e um rabo de pavão, comanda a invasão ao Congresso por um monte de marombados de camiseta regata. O Flavinho vai passando pelos locais de conflito e fornecendo chocolate (recheado de laranja) para as nossas Forças Armadas.

Em Brasília, o Alexandre de Moraes, o Fachin e o Barrozo estão ajoelhados à minha frente. Eu uso uma coroa e ouro. Então eu pego minha espada de nióbio, miro nos pescoços deles e… acordo. É que o maldito despertador tocou, porque hoje eu vou continuar minha campanha eleitoral em Sergipe e tinha que pegar o avião cedinho.

Aí, só de raiva, peguei o revólver que eu guardo embaixo do travesseiro e dei umas boas coronhadas nele. O chão do quarto ficou cheio de porca, parafuso e mola. Amanhã esse despertador comunista não estraga meu sonho. O que ele pensa que é? Uma urna?

José Roberto Torero

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Playboy|1970

1979|Ursula Buchfellner. Playboy Centerfold

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