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Ursa Finley. © Zishy

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Propina de Bolsonaro no MEC com pastores é rebatida com Carnaval

Ato do MST com pessoas pintadas de ouro egípcio não poderia ter sido mais cirúrgico contra falsos profetas

Bem que Milton Ribeiro tentou se agarrar à mão de Deus, mas o Senhor preferiu soltar. O Ministério da Educação de Jair é mesmo de alta rotatividade. Com menos de um ano de gestão pela frente, o próximo a esquentar a cadeira deveria se limitar a lançar a campanha “Educação pra quê?”, resumindo o trabalho realizado pelos quatro antecessores na pasta.

Dentre todas as manifestações de repúdio à profanação da Bíblia e ao propinaço que, suspeita-se, rolaram à solta no MEC, destaco a do MST, ocorrida no dia 25 de março, em Brasília. Dez! Nota dez, no quesito alegoria! Pintados de dourado egípcio e carregando um bezerro de ouro num andor, os participantes distribuíram barras falsas do vil metal, numa apresentação digna do teatro Oficina. Moisés aplaudiria de pé.

Só mesmo um ato cívico carnavalesco para dar conta do milagre da multiplicação de pastores picaretas que assola o país. Pi-ca-re-tas, repito, numa alusão às palavras do líder da bancada evangélica, o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), no GloboNews Debate.

A fé move montanhas. Respeito muito os que a têm, e desprezo, em igual medida, os que se valem da mesma para explorar os incautos.

Na Rússia, diante de um estádio lotado de devotos, Vladimir Putin apelou para o Novo Testamento, a fim de justificar as baixas da sua guerra particular. “Não existe amor maior do que dar a própria vida pelos verdadeiros amigos”, disse, citando João Evangelista, num discurso já preparado para os familiares de soldados abatidos, que retornarão para casa num caixão.

O grande erro dos soviéticos, segundo o czar, foi ter dado as costas para a Igreja Ortodoxa. Com a bênção do patriarca, o bem afortunado Putin fez a alegria dos oligarcas próximos, jurando zelar pela moral e pelos bons costumes dos cordeiros da mãe Rússia. Aleluia! Agora, só falta apertar o botão vermelho e deflagrar o Armagedão.

No Brasil do Mito, o Deus acima de todos, ao que parece, esconde o toma lá dá cá dos que pregam com uma arminha na mão. Chuta-se para o corner o Estado laico, se proclamando representante direto de um Pai Eterno Todo Poderoso. Facilita demais.

Mas não é de hoje que o autoritarismo recorre ao poder divino para governar. Alguns estudiosos defendem, inclusive, que a religião pariu o Estado.

Essa é uma das teorias debatidas pelo antropólogo David Graeber e pelo arqueólogo David Wengrow em “The Dawn of Everything”, livro sobre a origem da desigualdade, que acaba de ser lançado nos Estados Unidos e está disponível na versão ebook no Brasil.

Todos aprendemos na escola que a revolução agrícola gerou um excedente de produção, que permitiu a concentração de riqueza e o surgimento de castas, classes, cidades, reinos e, mais tarde, do Estado. Mas o processo que levou caçadores coletores paleolíticos a optarem pelo sedentarismo agrícola ainda não é totalmente explicado.

Em “Homo Sapiens”, o historiador Yuval Noah Harari defende a sedutora ideia de que foi o trigo que nos escravizou, nos condenando ao trabalho insano de arar, plantar e colher. Graeber e Wengrow criticam o determinismo da teoria e apostam, entre outros fatores, no poder de persuasão divino.

Padarias inteiras foram encontradas em tumbas de faraós egípcios, considerados deuses vivos e filhos diretos de Osíris, inventor da agricultura e deus dos mortos. E os mais antigos fornos de assar pão em larga escala do Egito, escavados em sítios arqueológicos vizinhos a cemitérios de múmias. As aluviões do Nilo podem ter prosperado graças às sagradas demandas fúnebres, as mesmas que exigiam o sacrifício de todos os que serviram ao soberano em vida, para continuarem a assisti-lo no além.

Por um Deus, morre-se e mata-se em devoção cega. É por isso que não se deve misturar política com religião.

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Nova diáspora russa pode repetir tradição de perseguir exilados

Estima-se que 200 mil pessoas tenham deixado o país em 5 semanas de guerra na Ucrânia

A longa mesa usada por Vladimir Putin ilustra mais do que seu notório pavor de contrair Covid. Se forem corretos os dados de inteligência passados a repórteres em Washington nesta quarta-feira (30), o isolamento do ditador inclui detalhes cruciais sobre o Exército que ele mandou para a Ucrânia.

Há uma tensão crescente entre o Kremlin e o comando militar causada pelas enormes perdas russas no campo de batalha e a resistência oferecida pelos ucranianos. De acordo com o briefing oferecido por uma fonte do governo Biden, Putin nem sabia que seu ministro da Defesa, Serguei Choigu, havia despachado um grande número de recrutas mal treinados para morrer na Ucrânia.

A ignorância de Putin se estenderia também ao real estrago provocado na economia russa pelas sanções econômicas impostas no primeiro mês de guerra. “Seus assessores têm medo de dizer a verdade,” disse a fonte.

Numa entrevista a um grupo de jornalistas independentes russos, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, revelou um detalhe que parece confirmar a desinformação de Putin: soldados ucranianos encontraram uniformes de solenidade dentro dos primeiros tanques russos capturados, num aparente sinal de que o czar carniceiro contava com uma parada militar para comemorar uma rápida vitória.

Desde que as tropas russas começaram a se acumular na fronteira no final do ano passado, o governo Biden tem revelado detalhes de coleta de inteligência. É uma dança delicada que visa não comprometer as fontes em Moscou enquanto nega aos russos a vantagem do elemento surpresa, além de alugar um vasto espaço de desconfiança sobre lealdades na cabeça de Putin.

As atrocidades das tropas russas que começam a emergir não provocam surpresa em quem se informou sobre a devastação que elas deixaram em guerras na Tchetchênia e na Síria. Múltiplos relatos de estupros de mulheres ucranianas e de assassinatos em massa descobertos em áreas retomadas deveriam calar a boca de quem se refere à invasão da Ucrânia como um desfecho de erros expansionistas da Otan.

Mas, no caso da Rússia, não são só populações eleitas como inimigas por Moscou que têm algo a temer. Estima-se que 200 mil russos deixaram o país em cinco semanas de guerra. É uma sangria de cérebros extraordinária que deve prolongar os efeitos nefastos sobre a economia, quando as sanções forem suspensas.

Mesmo se Putin sair enfraquecido da guerra ou até deixar o Kremlin na horizontal, a Rússia tem uma sólida história de perseguição a exilados. Os exemplos mais recentes são os sucessivos assassinatos de dissidentes na Europa, mas a vítima mais célebre foi Leon Trótski, morto na Cidade do México por um comunista espanhol recrutado pela inteligência de Stálin, em 1940.

Putin, que se arvora a historiador, mas é intelectualmente medíocre, compartilha com a longa linha de tiranos russos de um terror a revoluções. Ele acredita que a Revolução Bolchevique de 1917 foi consumada por um pequeno grupo de exilados, financiados no exterior e que Lênin seria agente da Alemanha.

A nova diáspora interessa a Putin, a curto prazo, ao reduzir as fileiras de opositores nas populações urbanas bem-educadas. Mas não deve diminuir o apetite dos serviços de inteligência russos por monitorar, perseguir ou até matar exilados.

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Dicionário Brasileiro de Corrupção

Um livro a ser feito com urgência -fica a sugestão

Uma ideia jogada ao acaso nesta coluna na quinta última (24) foi recebida com entusiasmo por alguns leitores: a de um Dicionário Brasileiro da Corrupção. Nunca foi feito, e não por falta de material. Mesmo ignorando a Colônia e o Império, que tinham costumes próprios, o que se poderá levantar de sujeira a partir da República, em 1889, encherá volumes. Afinal, é uma das grandes especialidades do Brasil: o uso da República para práticas não republicanas, como roubar, desviar, desfalcar, falsificar, sonegar, subornar, aliciar, perverter —em suma, corromper.

Uns mais, outros menos, todos os governos desde Deodoro caíram na farra, com destaque para os autoritários e para os que se elegeram como vestais. Os primeiros, pelo motivo óbvio: quanto mais ditadura, mais censura e menos controle pelas leis, pela sociedade e pela imprensa, donde mais corrupção. O famoso mar de lama em que o governo constitucional de Getulio Vargas se afundou em 1954 não passou de um filete diante do que se roubou de 1964 a 1985 sob os militares —que, não por acaso, tomaram o poder para, entre outras, “combater a corrupção”.

E aí temos a segunda categoria: a dos governos que, quanto mais “puros”, mais sujos. Jair Bolsonaro atualiza mensalmente sua bravata: “Três anos e três meses de governo, três anos e três meses sem corrupção”. Certo —desde que você não conte a destruição da Amazônia para venda ilegal, a importação das vacinas fantasmas, o comércio da morte pela cloroquina, os ministérios reduzidos a balcões, a rachadinha, o patrimônio imobiliário da família, os cheques para a primeira-dama, as mamatas para os amigos, o suborno de militares e outros usos e abusos de bilhões.

Que não passam de ninharia diante da entrega do cofre para o centrão. Isso, sim, consagrará Bolsonaro e lhe garantirá a capa do Dicionário.

Deixo de graça a sugestão. Convidem-me para o lançamento.

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Elifas Andreato, ‘anjo desenhador’, deixa obra indelével na discografia brasileira com retratos humanistas de um povo sofrido e emotivo

 OBITUÁRIOO nome de Elifas Vicente Andreato (22 de janeiro de 1946 – 29 de março de 2022) é incontornável em qualquer análise da discografia de Martinho da Vila.

O traço marcante e original do artista gráfico e ilustrador paranaense está exposto na maioria das capas dos álbuns lançados pelo sambista fluminense entre 1972 e 2018 em parceria afinada que se iniciou no LP Batuque na cozinha (1972) e terminou no CD Bandeira da fé (2018), gerando capas marcantes como as dos discos Rosa do povo (1976) e Terreiro, sala e salão (1979).

A discografia de Martinho é somente um (grande) exemplo do inestimável valor da obra de Elifas Andreato. Com linguagem visual geralmente pautada por cores vivas e identificada com a cultura popular do Brasil, essa obra é calcada em retratos emotivos que humanizam o artista em imagens evocativas do sofrido povo brasileiro, de signos políticos e símbolos que muitas vezes aludiram ao curso ininterrupto da vida, como exposto nas capas dos álbuns Martinho da Vida (lançado em 1990 por Martinho da Vila) e A arte de viver (editado por Toquinho em 2020).

Para Elifas, o curso da vida terminou na madrugada desta terça-feira, 29 de março, na cidade de São Paulo (SP). Morto aos 76 anos, em decorrência de complicações de infarto sofrido há alguns dias, Elifas Andreato se vai, mas deixa traço indelével na discografia brasileira em trabalho de arte gráfica que começou no início dos anos 1970, na era dos LPs, e foi até 2021, na era dos álbuns e singles lançados em edições digitais.

Mauro Ferreira

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A mesmice de sempre

O povo precisa de educação: a fundamental, a média e a superior. Precisa de renda mínima, para sobreviver. Precisa de religião para rezar a algum Deus e pedir para que os governantes não roubem.

Precisa de ótimos gestores públicos, mas que não os tem. O que precisa para ser feliz? Que seu time de futebol ganhe o campeonato e que a novela termine com final feliz.

E o Brasil, o que precisa? Precisa dispensar a multidão dos que opinam sobre tudo, mas não conhecem, absolutamente, nada.

Precisa de uma elite governamental comprometida, de políticos que não roubem e não mintam para o povo.

Impossível? As leis podem modificar tudo isso? Não, pois quem faz as leis são os políticos.

O negacionismo oficial dos últimos três anos que elegeu centenas de personagens bizarros agora cobra o preço do atraso. A falta de investimentos na ciência e na educação; a negação da pandemia com milhares de vítimas; o descrédito na democracia e o apadrinhamento institucional das forças armadas, com o crescimento do Centrão, esse bloco oportunista e fisiológico que se formou desde a Constituinte de 1988.

O mais grave: a bagunça na economia gerada por uma política cambial equivocada e a falta de investimentos nos setores produtivos. A cereja desse bolo de tudo isso: a política ultra neoliberal e a destruição das estatais rentáveis. Em resumo: a entrega das nossas riquezas para outros países.

O povo quer o elevado preço dos combustíveis, o desemprego estrutural e carestia nos produtos da cesta básica? Qual a única alternativa?

As eleições. Que já estão com cartas mais ou menos marcadas, isto é, com os mesmos personagens que se apresentam como novidade, num mar de mesmices. Muita gente já se julga eleita, mas ainda não combinou o resultado com o eleitorado.

Publicado em Claudio Henrique de Castro | Com a tag | Deixar um comentário
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Incompatibilidade de gênios é motivo para o divórcio?

O que fazer quando existe amor e os dois estão frustrados e insatisfeitos?

Fiz mais de duas décadas de análise e de terapias freudiana, junguiana, reichiana, lacaniana, cognitivo-comportamental e outras que nem sei nomear. Outro dia me perguntaram se algum insight terapêutico mudou radicalmente o rumo da minha vida. Foi fácil responder.

Há alguns anos, estava querendo me divorciar do meu ex-marido, mas sem coragem, pois não encontrava um motivo concreto para a separação. Eu me sentia infeliz, apesar de o meu ex ser um companheiro apaixonado, fiel, inteligente, sério e sincero. Até hoje, anos após a separação, ele é uma das raras pessoas em quem confio plenamente.

Logo no nosso primeiro encontro eu perguntei —brincando, é lógico— se ele sofria de incontinência verbal e verborragia, se conseguia colocar ponto, vírgula e interrogação nas suas frases. Ele fala bastante; eu sou calada, quieta e tenho que fazer um enorme esforço para falar. Ele gosta de sair, viajar e passear; eu, de ficar quieta em casa, lendo, estudando e escrevendo. Ele fica com a televisão ligada o tempo todo e fala horas no celular; eu não ligo a televisão e só uso o celular para questões de trabalho. Ele é sociável e adora encontrar os amigos; eu, como ele sempre criticou, sou “ermitã e bicho do mato”.

Ele me amava, eu o amava, mas o diagnóstico era simples: incompatibilidade de gênios ou de personalidades. Eu não conseguia ser a minha melhor versão com ele, e não permitia que ele fosse a sua melhor versão comigo. Ao contrário, apesar do amor, éramos a nossa pior versão um com o outro. Quantas vezes ele me disse que fazia um enorme sacrifício para me agradar e não conseguia?

Mas o que fazer quando existe amor e os dois estão frustrados e insatisfeitos? Tentamos nos separar uma vez, mas voltamos alguns meses depois. Fomos buscando nos acertar até que uma viagem que deveria ter sido a nossa segunda lua de mel foi um verdadeiro inferno. Ele querendo ficar o tempo todo com casais de amigos, eu querendo ficar só com ele. Assim que o avião pousou no Rio de Janeiro decidi me separar.

Fui ao meu analista com uma folha onde escrevi um balanço do meu casamento. De um lado, as coisas boas: amor, companheirismo, fidelidade, confiança, amizade, admiração e respeito. De outro, coisas ruins: brigas, implicâncias, chatices, irritações, discussões por bobagens, falta de escuta, de diálogo, de compreensão e de intimidade. Antes de eu ler a minha listinha, o psicanalista pegou a folha de papel da minha mão, rasgou em pedacinhos e disse simplesmente: “Acabou!”.

“Será que acabou mesmo?”, ainda tentei dizer apontando as coisas boas. Ele me interrompeu: “Acabou!”. Como ele é lacaniano, a sessão também acabou no momento em que ele rasgou a minha listinha.

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Publicado em Mirian Goldenberg - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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Direção artística da festa de abertura do Festival de Curitiba faz espetáculo mágico

© Vitor Dias

O diretor-coreógrafo e ilusionista Maicon Clenk conduziu a direção artística da festa de abertura do maior evento de teatro do Brasil, o Festival de Curitiba, nesta segunda, 28 de março, no Museu Oscar Niemeyer (MON). Clenk possui uma consolidada carreira na criação de espetáculos originais e inovadores. É autor da linguagem artística “Teatro Ilusionista” e fundador da Clenk Company.

A edição especial e comemorativa de 30 anos do Festival de Teatro de Curitiba começa nesta terça, 29/03, e segue até 10/04, após uma pausa de dois anos por conta da pandemia.

Na noite da abertura, 2.500 convidados lotaram o Museu Oscar Niemeyer, considerado o maior museu de arte da América Latina. A festa contou com interações artísticas que criaram um clima de espetáculo, com a integração de múltiplas linguagens e efeitos de ilusionismo originais, características do diretor.

Os convidados foram recepcionados por duas cantoras líricas que interpretaram personagens simbolizando as deusas do teatro em figurinos com mais de cinco metros de altura, além de um painel gigante em formato de mãos que dava as boas vindas de forma sensorial, interagindo e oferecendo drinks. Um grande tapete vermelho na entrada misturou as equipes de imprensa presentes para cobrir o evento com atores interpretando paparazzi e repórteres, trazendo um clima divertido à festa.

Além da direção artística, as coreografias também foram elaboradas por Clenk, com apresentações que misturavam ilusionismo, dança e humor, inovando o formato tradicional da cerimônia.

O próprio diretor e um dos fundadores do festival, Leandro Knopholz, participou de uma cena em que coelhos dançarinos interpretavam mágicos com efeitos de ilusionismo, e declarou: “A festa de abertura de 30 anos do Festival teve o privilégio de ter a cerimônia dirigida pelo Clenk, um dos maiores da sua geração!”, afirmou Knopholz.

A diretora do festival, Fabiula Passini, também participou de uma das cenas ilusionistas, e apareceu magicamente no palco. Estavam presentes na cerimônia a coreógrafa Deborah Colker e a fotógrafa Lenise Pinheiro.

Em 2018, o teatro ilusionista de Clenk também inaugurou o MishMash –  evento que faz parte da história e da programação oficial do festival até hoje –  com o espetáculo “O Grande Show de Mágicas”.

A abertura do festival marca a retomada do primeiro evento presencial da Clenk Company, que este ano retoma temporadas nacionais com três espetáculos de repertório, incluindo o premiado VIK, vencedor do último Troféu Gralha Azul como melhor espetáculo e melhor atriz entre inúmeras indicações.

O Festival de Curitiba também retoma as atividades presenciais, após dois anos em versão online, no mesmo dia em que um decreto estadual autorizou a liberação de máscaras em espaços fechados no Estado do Paraná e na data de aniversário da capital, que completa nesta data 329 anos.

Sobre Maicon Clenk:

Clenk é ilusionista e diretor-coreógrafo, com uma consolidada carreira na criação de espetáculos originais e inovadores. É autor da linguagem artística “Teatro Ilusionista” e fundador da Clenk Company. Com formação multidisciplinar, integra diversos gêneros artísticos como o teatro físico, a dança, a acrobacia e o ilusionismo para criação de mundos mágicos. Reúne inúmeras premiações e obras que já foram assistidas por mais de 20 milhões de pessoas ao vivo.

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Flagrantes da vida real

Paulo Zanatta, DonMáscara. © Maringas Maciel

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A facada como cabo eleitoral

A facada de 2018 estará presente na eleição de 2022. Jair Bolsonaro não deixará que ela seja apenas uma lembrança distante, ainda que sombria, do último pleito. A superação faz parte da imagem que ele cultiva do homem que se sacrifica pelo povo e combate a “volta do comunismo” com a própria vida.

Nem 24 horas depois de mais um evento com cara, cores e discurso de lançamento de campanha, só permitida a partir do dia 16 de agosto pela legislação eleitoral, o presidente foi internado devido a “dificuldade de esvaziamento gástrico”. Passou a noite no hospital, onde ganhou dieta líquida, recebeu alta na manhã seguinte e embarcou para o Mato Grosso.

Parecia perfeitamente saudável nos vídeos divulgados em suas redes sociais. Mas a internação, mais declarações de apoiadores, inclusive do filho Flávio Bolsonaro, sobre as “consequências da tentativa de homicídio por um ex-militante do PSOL”, fizeram o assunto voltar a ser um dos mais comentados nas redes sociais, uma base importante para o bolsonarismo.

Não há embasamento para afirmar que a facada tenha sido decisiva para a eleição em 2018, como apontam adversários e críticos, mas na prática Bolsonaro ganhou passe livre para fugir dos debates, onde seria confrontado, e a simpatia de eleitores que passaram a vê-lo com olhos solidários.

A Polícia Federal já concluiu dois inquéritos que apontam que Adélio Bispo agiu sozinho, mas o clã Bolsonaro não aceita o resultado das investigações e investe na narrativa de que foi um complô da esquerda. Esta por sua vez tem parte da militância que alimenta a fantasia de que a facada foi armação.

Bolsonaro tem obviamente a saúde debilitada, mas não toma conta dela, caso contrário não teria se entupido de camarão e baixado no hospital em janeiro. O entra e sai de hospitais causa forte comoção em sua base. A facada já garantiu espaço como cabo eleitoral.

Publicado em Mariliz Pereira Jorge - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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Sofro de ‘insônia internacional’ com a guerra na Ucrânia

Crônicas de Rubem Braga de 1939, reunidas em ‘Uma Fada no Front’, falam de aflições de um mundo fervilhando

Desde o já distante 24 de fevereiro, quando a Rússia invadiu a Ucrânia, sofro de “insônia internacional”, assim como o amigo do Rubem Braga. Segundo o jovem cronista contara na revista Diretrizes, nos idos de 1939, esse amigo vivia aflito com as notícias da Europa. Além de devorar todos os jornais, atravessava as horas ligando para agências telegráficas e Redações dos diários.

“Ele acaba de me telefonar, declarando: ‘Estou inteiramente pessimista, acho que tudo vai acabar em paz'”.

Felizmente –ou infelizmente–, as notícias da Europa hoje chegam nesta contínua cascata, enfileirando desgraças nas telas dos nossos celulares. Ao contrário do amigo do Rubem Braga, não antevejo paz no fim do túnel. Não me surpreenderia se daqui a pouco ogivas nucleares estiverem cortando os céus. Talvez a culpa da minha descrença na humanidade seja do insuperável cronista.

Reunidas no livro “Uma Fada no Front”, as crônicas de 1939 nos falam de um mundo fervilhando, com forças antagônicas se armando para o enfrentamento. Um tempo de extremos, radicalizado, bélico, à flor da pele. Era só questão de um lunático começar para tudo voar pelos ares.

Nas páginas, o cotidiano em Porto Alegre, para onde Rubem Braga se mudara após deixar Diretrizes e o Rio de Janeiro, é protagonista. Mas até um passeio na rua da Praia exala a tensão da época.

No dia em que a Alemanha declarou guerra à Polônia, em 1º de setembro, ele já estava bem instalado na capital gaúcha, publicando diariamente na Folha da Tarde e no Correio do Povo. Alugara um pequeno apartamento na rua Dr. Flores, em frente à famosa confeitaria Rocco. Naquela manhã modorrenta, chuvosa e fria, batucava a Remmington, com o rádio ligado, quando uma voz grossa se sobrepôs a voz fina de uma mulher que cantava um samba molengo.

“De repente o samba recuou, quase sumiu, baixinho, para um fundo longe – e uma voz grossa de homem leu um telegrama”, contou, na crônica intitulada “Setembro, Chuva”: “A voz grossa falou em 200 aviões bombardeando uma cidade, tropas avançando por quatro pontos da fronteira, aviões lutando sobre o mar, generais conferenciando com ministros. Depois, a voz forte parou – e se ergueu outra vez a melancólica voz de mulher cantando o seu samba mole”.

E lá estava a anunciada guerra, enfiando-se despudoradamente na calma manhã do cronista: “Não, isto é demais! Imaginem os senhores que eu abri todas as válvulas e o sr. Vicente Celestino aproveitou para berrar uma canção”.

O texto é um primor. Entre as notícias do front e anúncios de vinho, Rubem Braga ouviu surpreso Aracy de Almeida cantando “Camisa Amarela”. Porém, para o seu desgosto, logo viria uma sequência de tangos.

Ao correr as linhas, eu pensava no Twitter, a guerra na Ucrânia sumindo, sendo engolida pela fúria de Deltan Dallagnol e pelos novos trambiques do governo Bolsonaro. Nas duas primeiras semanas que se seguiram ao início do conflito, virei noites, acometida do grau máximo de “insônia internacional”, voyeur da batalha digital. Só de vez em quando arriscando um palpite. E a Otan? Pois é, não sei.

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Requiescat in pace

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Educação está sem ministro de Bolsonaro e já começa a melhorar

A cadeira do Ministério da Educação está vazia pela quarta vez no governo Bolsonaro. Não que faça muita diferença. Enquanto o presidente escolhe o novo ministro de acordo com os critérios do toma-lá-dá-cá, alguma coisa acontece nas escolas brasileiras: sem um ministro escolhido por Bolsonaro para atrapalhar, a Educacão já melhorou em menos de 24 horas.

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Cidade da Gente

eles vão começar a dançar in the mood ao som do genésio
depois vão se encontrar só pra ver os queirolo num show de trapézio
elas vão namorar os senhores do corso da rua das flores
e no dorso dos trilhos vai correr um bonde pra onde não sei
sei que virão os filhos trazendo uma pá de gibi pra ir troando
estão sentados em bando do lado de lá dos cinemas antigos
os cartazes irão reunir doces turmas de grandes amigos
que um dia estarão nos cafés comentando: esse tempo é um balão
descaiu tão perfeito que até parecia uma nave moderna
mas pegou de mau jeito no alto da antena da televisão
assim mesmo é eterna no fundo do peito a cidade da gente
e por ela começa a bater de repente cada coração
curitiba é o homem de cabelo branco no banco da praça
é a senhora que passa com tantas histórias pra me viajar
curitiba é a menina mais linda do mundo dançando na dela
pro carinha maneiro que voa na tábua de esqueite pra ela
curitiba é o sujeito que vai pro batente a pé ou de expresso
é a gente que mete o peito pra frente atrás do sucesso
curitiba é o progresso com muito respeito por nossas crianças
são milhões de esperanças nas ruas nas praças floridas de ipê
curitiba é a história a memória é o agora o que ninguém não vê
curitiba é uma glória porque curitiba sou eu e você

Disco “Curitiba. Cidade da Gente”. Os meninos da capa são Francisco Destéfanis Vítola e Zoltan Gallera, aos 3 anos de idade. Criação de Paulo Vítola e Solda.  Década de 1980. © Márcio Santos

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