Nu (Etude), 1930-34

© Aurel Bauh

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Palhaçada

O Palhaço Arrelia

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Recentes alterações no Código de Trânsito Brasileiro

A lei 14.304/2022 remetida para a sanção do Presidente da República proibia a divulgação, a publicação ou a disseminação, em redes sociais ou em quaisquer outros meios de divulgação digitais, eletrônicos ou impressos, do registro visual da prática de infração que coloque em risco a segurança no trânsito; e alterava o Código de Trânsito Brasileiro.

Ficaria proibida a divulgação, a publicação ou a disseminação, em redes sociais ou em quaisquer outros meios de divulgação digitais, eletrônicos ou impressos, do registro visual da prática de infração que colocasse em risco a segurança no trânsito.

Previa também que as empresas, as plataformas tecnológicas ou os canais de divulgação de conteúdos nas redes sociais ou em quaisquer outros meios digitais, ao receberem ordem judicial específica quanto à divulgação de imagens que contivessem a prática de condutas infracionais de risco de que trata esta Lei, deveriam tornar indisponíveis as imagens correspondentes no prazo assinalado, bem como adotassem as medidas cabíveis para impedirem novas divulgações com o mesmo conteúdo.

A lei também dispunha que por divulgação, publicação ou disseminação, em redes sociais ou em quaisquer outros meios de divulgação digitais, eletrônicos ou impressos, de vídeos ou de imagens de infrações de trânsito de natureza gravíssima, ainda que não tenha havido a lavratura do respectivo auto de infração, na qualidade de condutor.

Resultado, a quase integralidade da lei foi vetada pelo Presidente da República.

Agora ela volta ao Congresso Nacional para apreciação da manutenção ou derrubada dos vetos, isto é, o Congresso pode revogar os vetos e fazer a lei reviver ou manter os vetos presidenciais que fulminaram a lei.

Dos projetos na fila para votação está o veto 41/2021 cuja lei obriga os planos de saúde a cobrirem os gastos de clientes com medicamentos de uso domiciliar e oral contra o câncer, e o veto 46/2021 que tornar crime a disseminação de notícias falsas capazes de comprometer a higidez do processo eleitoral.

Desde o início do ano de 2022 o Congresso Nacional tem 36 vetos na fila de votação, para derrubar o veto são necessários pelo menos 257 votos de deputados federais e 41 votos de senadores, a maioria absoluta de votos.

Enquanto isso, um projeto de lei que oficializa cassinos e os jogos de azar avança a passos largos no legislativa brasileiro.

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Heil, Putin!

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Begônias silvestres

o sumiço da sua silhueta amiga
fez meu perfil baixar a cabeça
as cores da tarde, cinzas cinzas
as luzes da noite, negras negras
desaparecer não é pra qualquer um
só você, misto de mistério e dúvida
pode estar em lugar nenhum
e ainda me tocar, por música

marcos prado

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Quem?

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Jeune fille en buste, voile transparent sur les cheveux (Sarah Liévine ) autochrome|1907

© André Hachette

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Ouça e veja

Formada por Bob Marley, Peter Tosh e Bunny Wailer, a banda The Wailers se tornou a mais influente na história do reggae. Seu primeiro disco pela Island, Catch A Fire, lançado cm 1973, apresentou o grupo para o público do rock no inundo inteiro. Neste DVD, as figuras mais importantes na criação de Catch a Fire contam a história de como o álbum foi planejado para ampliar as fronteiras do reggae. O programa apresenta uma entrevista especial com Bunny Wailer, gravações raras de arquivo com Bob Marley e Peter Tosh e contribuições em palavras ou música – de muitos daqueles que participaram do álbum; como os baixistas “Family Man” Barrett e Robbie Shakespeare (Sly & Robbie) e a mulher de Bob, Rita Marley.

O vídeo mostra como as gravações originais foram feitas na Jamaica c depois finalizadas nos estúdios da Island Records na Basini Slreet, em  Londres, com a supervisão de Chris Blackwell, fundador do selo. Com a aprovação total dos Wailers, Blackwell contratou músicos brancos norte-americanos, como o tecladista John “Rabbit” Bundrick e o guitarrista Wayne Perklns, para suavizar o som original com overdubs, visando atingir o mercado internacional de rock.

Apresentando vídeos caseiros raros dos Wailers na Jamaica, imagens inéditas, e performances singulares de várias faixas do álbum, como “Stir It Up”, “Stop That Train” c “Kinky Reggae”; este é um filme que vai fascinar o espectador, além de ser um genuíno tributo ao grande grupo de reggae e de oferecer uma perspectiva privilegiada de um verdadeiro Classic Álbum.

Muito tempo depois, Chris Blackwell confessou que não deveria ter tornado palatável ao mercado internacional do rock o som puro e rude dos Wailers. Blackwell disse que o disco merecia ser lançado como veio da Jamaica, sem mexer em nada.

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Flagrantes da vida real

Beto Bruel, em São Luiz do Purunã. © Maringas Maciel.

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Escreva um filho, plante um livro e faça uma árvore

© Caetano Solda

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#ForaBozo!

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The end?

Cinquenta mil anos para eu surgir como ser humano e fui cair justo na geração do Putin, do Jair e da dancinha de TikTok?

É isso mesmo? O fim do mundo? Bem na minha vez? Cinquenta mil anos para eu surgir como ser humano e fui cair justo na geração do Trump, do Putin, do Jair e da dancinha de TikTok? Sacanagem.

Eu não me importaria de ser caçador-coletor no século 170 a.C. Flanar peladão com meu bando, tomando banho de rio, chupando uns cajus, mascando uns Psilocybe cubensis. Ah, mas e o ar-condicionado? A penicilina? O Nike Air? Grandes coisas.

Sabia que a tribo de caçadores-coletores mais ferrada de que se tem notícia trabalhava, para garantir suas necessidades básicas, menos do que oito horas por dia? Viviam lá no deserto da Austrália, numa pindaíba desgraçada, mas não há nos anais da antropologia um único registro de burnout.

Eu nasci em 77. Tá, era ditadura, havia guerra fria, quente e as tragédias de sempre, mas tinha também uns Bobs Marleys e uns Johns Lennons por aí, prospectando possibilidades mais auspiciosas. Evito ser pessimista, mas não me parece que nada de bom virá da imersão intensiva de todos os habitantes do planeta em vídeos do Instagram em que balas Mentos fazem garrafas pet jorrarem Coca-Cola. Imagino os ETs do futuro: “Eles destruíram a atmosfera, as florestas e os mares para produzir energia para trabalhar de graça para o celular?!”. É.

O Bob Marley veio pro Brasil em 1980. Olha isso: teve um dia, em 1980, em que o Bob Marley jogou bola com o Chico Buarque, o Toquinho e outros chegados. Ou seja, teve uma semana, em 1980, em que a conversa nas esquinas foi essa –ainda havia conversas e esquinas, em 1980. Ontem, num grupo de WhatsApp, o debate era sobre as consequências de uma rachadura no casulo de concreto de Tchernóbil. Ó que delícia.

Não quero ser saudosista, mas diante do fim dos tempos vamos focar onde? Os quatro cavaleiros do apocalipse vieram mesmo, juntos e misturados: pandemiaaquecimento global, fome e essa brisinha amena de uma possível Terceira Guerra Mundial. Nunca tinha visto o presidente de um país ameaçar o mundo, ao vivo, com ogivas nucleares. Confesso que foi um tiquinho assustador. Hoje, meu filho de sete anos veio me contar que viu um míssil no céu. Gastei um bocado de saliva diante de um mapa-múndi para convencê-lo de que a guerra é bem longe da gente. (Evitei revelar que a gente faz coisas piores.)

Comparando o Jornal Nacional com o Apocalipse de São João, você pensa: rapaz! Não é que Deus acertou tudinho? Ainda não surgiram os gafanhotos do tamanho de “cavalos aparelhados”, com “rostos de homem”, “cabelos de mulheres” e “dentes como de leões”. Pelo andar da carruagem, contudo, não duvido que já tenha gafanhotão sinistro fazendo escova e luzes em algum hangar cósmico por aí.

Talvez seja Poliana da minha parte, mas cês não acham que teve alguns momentos nos últimos três ou quatro séculos em que a humanidade parecia ter alguma chance? Sei lá, esse lance de substituir o despotismo pela democracia, por exemplo, soava promissor. Agora, se eu entendi bem, o contrato social saiu de moda. Lei –não alguma lei específica, mas a ideia de haver lei– é uma “opinião” que não anda muito em alta. O velho e bom “se organizar direitinho, todo mundo transa”, que vinha sendo elaborado desde Hobbes, Locke e Rousseau, foi trocado pelo “não te estupro porque você não merece”. Aos olhos do Putin, a Ucrânia merece.

Basta de depressão ou nostalgia. Vou fechar essa crônica de forma equilibrada, com uma notícia boa e uma ruim. A ruim primeiro, para terminar por cima: o mundo tá acabando. Agora a boa: é que o mundo tá acabando, também.

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#ForaBozo”

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Mural da História

9|setembro|2008

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