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Vivendo e aprendendo

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Michelle e os vendilhões do templo

Quem diria que Michelle Bolsonaro é a força que mantém o pastor Milton Ribeiro no ministério da Educação. Quando se trata de picareta evangélico a primeira dama esquece o pecado da simonia, o tráfico das coisas sagradas, protege os vendilhões do templo.

Os pastores podem vender o céu, empurrar o feijão milagroso da fazenda comprada com dinheiro do dízimo, até substituir o diabo sobre a crente possuída. Merecem apoio e indulgência de Michelle. Roubar dinheiro da Educação está no index dos pecados.

Para segurar o ministro, a primeira dama esqueceu a rejeição recíproca e aliou-se a Flávio Bolsonaro, o senador 01. Que Jair Bolsonaro é pau mandado dos filhos todos sabem. Mas um machista como ele de pau mandado da mulher, isso é novo.

Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário | Comentários desativados em Michelle e os vendilhões do templo
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‘Os amigos do pastor Gilmar’

É a eles que Milton Ribeiro empenhava-se em atender, como Bolsonaro determinara

Dois dos ministérios de maior alcance social, Educação e Saúde, são os mais prejudicados no desgoverno Bolsonaro por uma combinação perversa de trambicagem político-religiosa, corrupção em grande escala e incompetência na gestão de políticas públicas.

As duas pastas estão no quarto titular. Pela Saúde passaram Mandetta, o cometa Teich, o capacho Eduardo “um manda, outro obedece” Pazuello e hoje é ocupada pelo sonegador de vacina para crianças, Marcelo Queiroga.

A Educação estreou com o despreparado Ricardo Vélez Rodríguez e foi rebaixada com o fugitivo Abraham Weintraub. Carlos Decotelli mentiu sobre o currículo e não pôde assumir. Assim chegamos a Milton Ribeiro, aos pastores Gilmar dos Santos e Arilton Moura e aos amigos de ambos, a quem o ministro, pressuroso, empenhava-se em atender, como Bolsonaro determinara.

Os pastores não ocupavam cargos oficiais, mas tinham o que interessa a quem disputa o butim: o poder de abrir portas, a agenda do ministro e a chave do cofre do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), além da preferência de marcar encontros em hotéis ou restaurantes.

Graças à CPI da pandemia no Senado, soubemos que negociações para a compra de vacinas envolveram circunstâncias semelhantes, à margem dos canais formais, com a intermediação sorrateira de “facilitadores”. O leitor deve lembrar, por exemplo, de figuras como o cabo Dominghetti e o choroso pastor Amilton Gomes de Paula, e das conversas que combinavam na mesma frase as palavras vacina e propina, no restaurante de um shopping.

As políticas de educação definem um país. A saúde do seu povo o sustenta. A tragédia na Saúde pode ser contada nas 660 mil covas abertas para os mortos pela Covid. A crise na Educação será sentida por gerações. Como Darcy Ribeiro diagnosticou décadas atrás: “A crise de educação no Brasil não é uma crise; é um projeto”.

Publicado em Cristina Serra - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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Playboy|1950

1954|Glória Walker. Playboy Centerfold

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Nova pesquisa injeta realidade nas mentes de petistas exaltados

Derrotar um político que concorre à reeleição nunca é fácil

“Hýbris”, o termo grego para “soberba”, é um troço complicado. Há pouco, petistas mais entusiasmados falavam numa vitória de Lula já no primeiro turno. A pesquisa Datafolha divulgada esta semana, que mostra uma redução da vantagem do petista sobre Bolsonaro, serve para injetar um pouco de realidade nas mentes mais exaltadas.

Derrotar um político que concorre à reeleição nunca é fácil. A taxa de sucesso na recondução de governantes ao cargo é da ordem de 80%, considerada uma base de quase 3.000 pleitos realizados em diversas partes do mundo ao longo dos últimos dois séculos e meio. Se quisermos ser mais específicos, o quadro fica ainda mais desafiador. Desde a redemocratização, 100% dos presidentes brasileiros que tentaram a reeleição a obtiveram. Verdade que o N é pequeno, apenas três: FHC, Lula, Dilma.

Jair Bolsonaro tem três forças a favor de sua candidatura e duas contra. A pandemia, embora não tenha acabado, está ficando menos mortífera e menos disruptiva. E, quanto mais nos afastamos dos momentos críticos, menos peso o eleitor deverá dar ao desempenho criminoso do presidente na gestão dessa crise. Outro fator benéfico para Bolsonaro é o Auxílio Brasil de R$ 400. Programas como esse rendem votos no Brasil. Aconteceu com o PT, deve acontecer com Bolsonaro.

Há, por fim, o antipetismo. O fenômeno ainda apareceu com força nas eleições municipais de 2020. Seria ingenuidade imaginar que simplesmente foi embora. Bolsonaro vai tentar atiçá-lo e deve colher frutos.

Contra Bolsonaro temos a inflação, que tende a ser tóxica para candidaturas situacionistas. Nada indica que ela cairá rápida e substancialmente. Temos também o que eu chamaria de análise objetiva. Quem se dispuser a avaliar desapaixonadamente as realizações de seu governo concluirá que ele é o pior presidente da história do país. Mas a objetividade não tem muito peso eleitoral. Melhor apostar na inflação.

Publicado em Hélio Schwartsman - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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Flagrantes da vida real

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Bolsonaro já pergunta a pastores se pode ir ao banheiro

Depois do áudio do ministro Milton Ribeiro mostrando que pastores controlam os recursos da Educação no país, um outro registro de mensagens revelou que Bolsonaro já pergunta a líderes evangélicos o que deve vestir, calçar, comer e também se pode ir ao banheiro.

Com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, pastores próximos da família do presidente, são negociadas as idas do presidente ao trono, em especial se ele pode fazer número 1 ou número 2. No caso do número 2, uma junta de cinco pastores é que tem que aprovar. Enquanto isso, o Brasil com certeza está na merda.

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Flambada nos cornos

A equipe do Insulto une-se em corrente de solidariedade ao presidente Jair Bolsonaro. Pela saúde e sobrevivência de nosso Mito, que ontem jurou: “ponho minha cara no fogo pelo ministro Milton Ribeiro”. O ministro, devotado pastor evangélico, deu carta branca para outros pastores venderem prestígio e cobrarem propinas na obtenção de verbas da Educação.

Certo que o presidente é blindado pelo Centrão e tem cara de pau à prova de fogo, que não queima como as florestas que ele mata. Certo também que o presidente está protegido pelas bençãos dos evangélicos, sempre alheios aos evangelhos. Se não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe, nosso Mito ainda recebe uma flambada nos cornos.

Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário | Deixar um comentário
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O prazer feminino

Por que se divertir, para nós mulheres, sobretudo para as mães, não passa de uma grande besteira?

Na última quinta-feira, eu estava me arrumando para uma festa quando minha filha chegou com seus enormes olhos cheios d’água e implorou para que eu não saísse. Antes de ela terminar a frase, eu já estava descalçando os sapatos e arrancando a maquiagem com um lencinho umedecido.

A avó veio pelo corredor, vestida com um pijama de flores e trazendo pipoca. Ela abriu um enorme sorriso ao me ver deitada na cama com a criança. Na cabeça dela, assim como na minha e na de tantas e tantas mulheres, o certo é abrir mão de qualquer prazer por um filho.

Apesar do meu recente divórcio, aquela ainda era uma casa “de família”, e era como se eu pudesse ver o coração da senhora bater mais aconchegado. Em seus olhos passou toda a cerimônia da minha canonização. Eu estava morta ali, mais uma vez desistindo de uma farra, mas eu era uma santa. Uma mãe de verdade. Minha filha era muito abençoada. E que mulher, lá no fundo, no que nos resta de machismo estrutural e lembranças das aulas de religião, não quer se sentir nessa posição desgraçada?

Enquanto a Peppa Pig fazia alguma malcriação na TV, lembrei que naquela mesma tarde eu estava indo ao supermercado e Rita veio com seus enormes olhos cheios d’água e implorou para que eu não saísse. Ignorei completamente, porque eu precisava comprar comida. Foi fácil deixá-la esperneando na porta do elevador.

No dia anterior, quando tinha que ir a uma reunião de trabalho, lá veio Rita com seus enormes olhos cheios d’água. Mas eu fui, porque é necessário garantir o dinheiro que compra “o leite das crianças” —e também porque amo trabalhar, ser independente, livre, me arrumar, sair, convencer pessoas das minhas ideias, seduzir, ter dinheiro para comprar qualquer futilidade para mim, mas essa parte não entrava na cerimônia de canonização.

Concluí que, se eu tivesse um parente morrendo no hospital, e precisasse passar a noite cuidando dele, eu jamais teria desistido de sair. Se eu fosse médica, ou segurança, ou babá —e aquele fosse meu turno— da noite, eu iria. Se eu estivesse com uma infecção alimentar e o médico me ordenasse ir a um pronto-socorro, eu obedeceria. Se fosse uma missa de sétimo dia, eu já estaria lá. Valia frustrar minha filha em nome de trabalho, tristeza, dor, despedida, finitude, doença e caganeira. Valia a pena aturar aquela carinha na porta, desconsolada, por qualquer motivo “sério”.

Mas por causa de uma festa? Por que se divertir, para nós mulheres, sobretudo para as mães, não passa de uma grande besteira, uma leviandade, se para os homens é o que existe de mais importante, necessário, um regulador fundamental da sanidade e um item essencial para manter a qualidade da espécie?

Então, enquanto a Peppa Pig fazia mais uma de suas malcriações, eu dei um pulo da cama. “Eu vou!” Só faltou colocar a mão no peito e fazer meu discurso de frente para uma bandeira com o desenho da minha vagina: a mamãe precisa te ensinar, nesse mundo machista dos infernos, a nunca desistir do seu prazer e da sua felicidade! Não existe nada no mundo mais importante do que você, nada que eu ame mais do que você, contudo ainda sobra tanto afeto e desejo dentro de mim. Ainda preciso de tanta realização, deleite, excitação e amor para fora da maternidade. Talvez eu beije muito hoje. E talvez faça mais coisas bem gostosinhas também.

O que eu disse não foi nada isso, fui breve, didática e poupei a criança de certos detalhes. Rita continuou muito brava, e às duas da manhã eu voltei correndo. Na próxima fico mais.

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Musas

Philippine Bausch, Pina Bausch (Solingen, 27 de julho de 1940|Wuppertal, 30 de junho de 2009).  © Mondomix

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E os outros?

Programa de televisão nos EUA, o humorista judeu afirma que Hitler deveria ter exterminado os ciclistas, não os judeus. O apresentador pergunta: “Por que os ciclistas?” O humorista devolve: ‘E por que os judeus?’

O presidente Bolsonaro sugeriu que o coronavírus devia matar só os jornalistas bundões. Caso de devolver a pergunta ao nosso presidente-apresentador com tiques de nazismo: “Por que só os jornalistas?”

25|agosto|2020

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Mundo fora do eixo com guerra na Ucrânia

‘Time is out of joint.’ Essa frase de Hamlet me veio à cabeça quando fui questionado num almoço sobre a guerra na Ucrânia.

Na penumbra da cozinha, tinha de falar do tema, sem consultas ou fichas. Apenas com o pouco que aprendi. Parecia um personagem de Harold Pinter: um andarilho que se abrigou na cozinha de um grande restaurante, e começaram a fazer pedidos de pratos extravagantes, enquanto ele tinha apenas um pequeno farnel.

A frase de Shakespeare equivale a dizer que o mundo está fora do eixo. Mas não é novidade, não explica. Bertolt Brecht disse uma vez que, no fundo, todos os artistas têm como tema esta frase: “Time is out of joint. Assim como no verso de Caetano Veloso: “Alguma coisa está fora, fora da nova ordem mundial”.

As coisas corriam assim: a China ampliava sua riqueza e influência no mundo, e os Estados Unidos viviam uma decadência. Nada indicava que a China, no momento, quisesse algo mais do que ampliar sua riqueza e influência no mundo.

Mas havia Putin, querendo reescrever o passado. É o movimento mais perigoso. Antigo quadro da KGB em Dresden, não se conformou com a derrocada da União Soviética.

Andei pelos países bálticos quando o esquema ruiu. Talinn, Riga, Vilnius. Vi um prédio ocupado pela KGB ser desocupado às pressas, com as gavetas carregadas escada abaixo. Humilhante.

Não vou divagar. Foi uma pausa para passar o sal. Quando a União Soviética invadiu a Tchecoslováquia na década de 1960, fui contra. O argumento era simples: o socialismo não se impõe de fora para dentro, na ponta da baioneta.

O mesmo vale para a democracia e os princípios liberais. Os americanos gastaram fortunas, perderam muita gente e hoje parecem cansados de suas aventuras pelo mundo. O problema central foi muito bem entendido por John Gray quando afirma que a política é uma arte de acomodação de interesses diferentes, muitas vezes conflitantes.

O perigo não está apenas em reescrever o passado, como quer Putin. Mas também naqueles que, de certa forma, negam a política do diálogo em troca da afirmação de princípios universais.

O reconhecimento da autodeterminação dos povos é o único caminho. Não representa concordância com o que se faz dentro de um país. Apenas o argumento de que o motor das mudanças é interno.

Tudo isso que disse no almoço é de difícil digestão quando se fala em política. Como atrair os jovens para o propósito de encontrar um modus vivendi entre posições diversas, quando o grande atrativo é impor a justiça, os direitos, a igualdade e outros grandes princípios?

Mesmo a preservação do meio ambiente e, consequentemente, a salvação da espécie humana, dependem de concordância. Sem ela, vamos para o buraco, de qualquer maneira. Os princípios universais são muito bonitos, mas, às vezes, contribuem para a arrogância ideológica, um viés religioso que arruína os objetivos políticos.

Putin sonha apenas com a Grande Rússia, restabelecer um passado ideal com a força das armas, nucleares se necessário.

Mas, no fundo, para chegar à sobremesa, tudo isso representa uma das muitas tentativas de investir a política com esperanças transcendentais numa época sem fé.

Putin as investe no passado, os americanos as investiram nas liberdades democráticas, na construção de nações. A lista dos que, sob pretexto de fazer política, negam seus fundamentos é bem extensa.

Se pelo menos, neste momento da História humana, se compreendesse o perigo da sobrevivência. Os próprios cientistas ucranianos no Painel da ONU estimularam a divulgação do mais recente e dramático relatório sobre o aquecimento global e suas consequências. Se pelo menos parássemos de nos matar para, juntos, contornar o perigo da morte da própria espécie, haveria uma ponta de esperança.

Não importa quão tênue, é preciso se agarrar a ela, ainda que, no momento, seu nome se reduza apenas a uma esperança pela paz.

Publicado em Fernando Gabeira - O Globo | Deixar um comentário
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Para as biografias de Bolsonaro

Como se sairão nelas figuras como Aras, Moro, Wal do Açaí?

Quando o repórter de televisão informa que tal acusação contra Jair Bolsonaro será “apreciada pela Procuradoria-Geral da República”, pode-se quase ouvir as gargalhadas varando a noite e entrando pela janela. A ideia de que o procurador-geral Augusto Aras “apreciará” —analisará— uma denúncia contra Bolsonaro é tão pândega que ninguém mais se ofende. Com tudo isso, Aras já se declarou confiante na posteridade. E com razão —a história o poupará. Sua participação nas futuras biografias de Bolsonaro será como alívio cômico, na categoria Olavo de Carvalho, Fabrício Queiroz, Regina Duarte.

Não que faltem candidatos a essa categoria. As ditas biografias terão de se equilibrar entre o trágico e o humorístico ao tratar de ministros que Bolsonaro esbofeteou continuamente em público e que exibiram orgulhosos suas bochechas em fogo pela mão do chefe. Entre eles, Sergio Moro, que apanhou na cara todos os dias em que esteve no governo, Eduardo Pazuello, imortalizado ao salivar sabujamente e piar que “um manda, outro obedece”, e Paulo Guedes, mestre em refazer de hora em hora as contas do país segundo as conveniências políticas de Bolsonaro.

O fato de reduzir alguns à piada que eles se tornaram não impedirá que os biógrafos de Bolsonaro os chamem aos fatos. Afinal, Moro serviu de isca para eleger Bolsonaro; Pazuello levou à morte centenas de milhares pela Covid; e Guedes, milhões ao desemprego, falência e miséria. Outros candidatos a sinistro destaque nessas biografias serão Ricardo Salles, Abraham Weintraub. Ernesto Araújo, Augusto Heleno e Marcelo Queiroga. Esses, sim, ocuparão dezenas de páginas —cada um.

Mas as biografias não são o Juízo Final. Ao analisar os bolsonaristas de fora do governo, será importante distinguir entre quem ajudou a enganar e quem foi enganado, mas lucrou com isso.

Ou as duas coisas, como a esperta, porém ingênua, Wal do Açaí.

Publicado em Ruy Castro - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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