Autoridades permitem que Bolsonaro desfile com zumbi do golpismo

Preço da leniência adotada por políticos e tribunais será um conflito inevitável em outubro

Semanas depois do comício golpista do 7 de Setembro, o chefe do TSE asseverou que não havia motivo para preocupação com as ameaças de Jair Bolsonaro. Luís Roberto Barroso apontou que o presidente dava demonstrações de confiança nas urnas e declarou: “Acho que finalmente esse defunto foi enterrado”.

Com uma dose de boa vontade, autoridades de Brasília permitem que Bolsonaro continue circulando com esse zumbi até as eleições. Tribunais e políticos acreditaram que haviam blindado a votação contra os ataques do capitão. O problema é que essa falsa segurança tinha como base um acordo institucional que o presidente jamais assinou.

Bolsonaro deixou claro que manteria seu plano de tumultuar as eleições, mesmo depois que o TSE convidou militares para uma comissão de avaliação das urnas eletrônicas. Quando a ideia foi anunciada, ele indicou que havia encontrado uma brecha para criar mais confusão.

Naquele momento, o presidente insinuou que as eleições só poderiam ser consideradas limpas se as Forças Armadas assim declarassem, participando “de todas as fases do processo”. Barroso diz que os militares estão ali para defender a democracia, mas alguns deles já trabalham com Bolsonaro para lançar dúvidas sobre o processo.

O capitão não vê nenhum obstáculo pela frente. Depois que a proposta do voto impresso foi derrotada, o presidente da Câmara manifestou confiança em Bolsonaro e disse ter recebido garantias de que ele não voltaria a atacar as urnas eletrônicas. Com a chave do impeachment nas mãos e acesso ao cofre do governo, Arthur Lira nunca mais incomodou o capitão com esse assunto.

O dócil procurador-geral da República também não impôs nenhum freio. Ainda que simule alguma tentativa de conter o presidente, Augusto Aras sempre deixou claro que considerava a campanha de Bolsonaro com falsas suspeitas sobre as urnas “parte da retórica política”. O preço da leniência coletiva será um conflito inevitável em outubro.

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Flagrantes da vida real

Só a cabecinha. © Maringas Maciel

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A Pressa e a Preguiça

Curitiba, metafísica e fisicamente, ignora o corpo, como o Sul, em geral. O trabalho é uma “espiritualização”, uma abstratização do corpo. O trabalho deforma o corpo, que só o esporte faz florescer. Curitiba nunca foi importante, esportivamente. Esporte é jogo, atividade lúdica, tudo aquilo que a mística imigrante do trabalho abomina.

“Brincadeira tem hora”, os dizeres de nossa bandeira. Só que, se tem hora, não é brincadeira, evidentemente. Em lugar das velocidades lúdicas do esporte, conhecemos sua modalidade pragmática, contábil, marcatória: a pressa.

Nossa pressa é a maior quantidade de trabalho de trabalho concetrada na menor fração de tempo. O modelo, evidentemente, não são as máquinas e sua fria eficácia, eticamente neutra, biologicamente irresponsável. Mas o corpo do bicho-homem tem seus direitos, clamores e ímpetos. E o corpo se vinga, masoquisticamente, das repressões, pressas e prisões a que está submetido, em problemas sexuais, em mais tiranias…

Quem está com pressa, não tem tempo para ver a paisagem. Nem para refletir sobre o trajeto e o percurso. A pressa é a face visível do tempo maquinal e despótico, criado pelo trabalho industrial e pela burguesia européia, com a Revolução Industrial.Como tal, é inimiga mortal das liberdades do homem, entre as quais está a de produzir essas liberdades, que são os produtos culturais, poemas, visões, músicas… A preguiça é a vanguarda.

A tempo: essas tipo reflexões sobre o trabalho não se aplicam, é claro, à classe operária, cujos problemas são outros, aqueles que só ela pode resolver, historicamente, para, um dia, ter acesso à liberdade dos signos culturais.

Década de 1980

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Nascemos todos loucos. Só alguns escapam

A mãe de Samuel Beckett trabalhava como enfermeira antes de casar. Mesmo assim, ele ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1969. O pai fez o que pode pra ele ser um especialista em alguma especialidade específica, mas nunca decidiu por alguma. Ficou por isso mesmo, numa rua qualquer de Dublin. Dessa maneira, James Joyce, vendo que já não ia bem da vista, contratou-o pra escrever Bare-footed, bare-necked, bare-headed man, mas Beckett achou que Finnegans Wake era mais ‘comercial’. Imagine! A quatro mãos, os dois se divertiram muito.

Armaram até cama-de-gato. Aí, Beckett conheceu Eugéne Ionesco e achou absurdo que ele ‘transformasse tudo num verdadeiro canteiro de obras visando permitir que mudanças significativas fossem alcançadas e consumadas em benefício da melhoria continua dos processos’. Assim, ambos — Beckett e Ionesco — constituíram a mais completa e experiente equipe de profissionais, habilitada a prover os melhores produtos e serviços para o segmento ‘dramaturgia’. Beckett largou sua coleção de ensaios pra desposar uma linda estudante de piano, a quem chamava carinhosamente de Coquita.

Quando ele ganhou o Prêmio Nobel, ela comentou horrorizada: “Que falta de decoro parlamentar!” Beckett recusou-se a ir à festa porque seria abrilhantada pela dupla sertaneja-universitária da época: Molloy e Malone. Na verdade, uma tragicomédia em dois atos, que virou só tragédia quando caiu o pano e fechou o pau entre os cantores. Beckett escrevia em francês e depois traduzia pro inglês só pra ver como é que ficava. Aí, hoje os tradutores pegam do inglês e traduzem pro português, só pra ver como não seria em francês. Ele tentou a vida inteira escrever ‘literatura sem palavras’.

E, segundo a lenda, parece que conseguiu. Seu último livro publicado sob esse lema nunca foi lido. Beckett nasceu em 1906, viveu por toda a vida e só foi enterrado depois de morto em 1989. Dizem as más línguas que estaria vivo até hoje, se não tivesse o azar de morrer. (do livro Mr. No – que nunca será escrito)

Rui Werneck de Capistrano é doido varrido para debaixo do tapete

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Playboy|1970

1978|Rosanne Katon. Playboy Centerfold

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Trojan Original Riddims – Take Five

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Putin está por trás do livre nazismo de Monark e de idiotices do tiozão do pavê

Presidente russo é contra a democracia ocidental, com seus direitos universais e seu apego à liberdade de expressão

Um amigo, lá se vão alguns anos, separou-se da mulher, depois de meia década de união. De volta à ativa e já passado dos 40, o pobre se viu obrigado a encarar as novas danças, a nova música, as novas drogas e a mudança na etiqueta para lidar com as moças, todas bem mais livres e desapegadas do que antes.

“O mundo mudou muito, desde a última vez em que eu saí”, repetia ele, entre conformado e melancólico. A frase virou um mote para mim.

Meu pai tinha obsessão pela Segunda Guerra Mundial, meu primo mais velho, por Woodstock, e os garotos experientes, que eu, aos 14, ansiava beijar de língua, se miravam em Sid Vicious. Cada geração segue o espírito do seu tempo e é mesmo difícil aceitar que o mundo gira e a Lusitana roda para geral.

A queda do Muro de Berlim foi um divisor de águas na minha vida. Comecei a me entender por gente com a globalização, a abertura de fronteiras e a promessa do fim da história, crenças, hoje, ultrapassadas, diante do presente ameaçador.

Se a queda do muro pariu minha juventude, o comercial da Louis Vuitton, com Mikhail Gorbatchov no banco de trás de um carro chique, ladeado por uma bolsa da marca, foi a pá de cal dos meus anos dourados.

Que motivo teria o ex-premiê para virar garoto propaganda de uma grife de luxo, que não a penúria econômica e a perda do amor-próprio? O reclame era o atestado da humilhação da Rússia pós-perestroika.

Contratada pela Vuitton para clicar Mikhail, a fotógrafa Annie Leibovitz, não se sabe se intencionalmente, posicionou uma revista aberta sobre a valise exposta. Amplificada a imagem, é possível ler a manchete da página, impressa em cirílico, sobre o assassinato de Alexander Litvinenko —ex-oficial do serviço de segurança russo, naturalizado britânico. Envenenado por um isótopo radiativo, o polônio 210, Litvinenko acusou, no leito de morte, o então presidente Vladimir Putin de ter sido o mandante do crime.

Putin já estava lá, no rodapé do anúncio que deu cabo da minha ingenuidade juvenil. Putin é o ex-agente da KGB que testemunhou a divisão do butim da Guerra Fria entre oligarcas servis às multinacionais, enquanto aguentava calado a coleção de piadas de salão de Ronald Reagan sobre a ineficiência soviética e a gargalhada desabrida de Bill Clinton, diante de um Iéltsin borracho.

Contratada pela Vuitton para clicar Mikhail, a fotógrafa Annie Leibovitz, não se sabe se intencionalmente, posicionou uma revista aberta sobre a valise exposta. Amplificada a imagem, é possível ler a manchete da página, impressa em cirílico, sobre o assassinato de Alexander Litvinenko —ex-oficial do serviço de segurança russo, naturalizado britânico. Envenenado por um isótopo radiativo, o polônio 210, Litvinenko acusou, no leito de morte, o então presidente Vladimir Putin de ter sido o mandante do crime.

Putin já estava lá, no rodapé do anúncio que deu cabo da minha ingenuidade juvenil. Putin é o ex-agente da KGB que testemunhou a divisão do butim da Guerra Fria entre oligarcas servis às multinacionais, enquanto aguentava calado a coleção de piadas de salão de Ronald Reagan sobre a ineficiência soviética e a gargalhada desabrida de Bill Clinton, diante de um Iéltsin borracho.

Em 31 de dezembro de 1999, Boris pediu perdão ao povo e renunciou na TV aberta, indicando Vladimir como presidente interino. Empossado, Putin pôs em prática um projeto de recuperação do orgulho ferido da nação, reinstituindo o hino soviético e os valores tradicionais da cultura, sob a bênção da Igreja Ortodoxa.

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O sindicato dos artistas quer saber sobre a exoneração de Monica Rischbieter e a aplicação dos recursos da Lei Aldir Blanc

Nota do Sindicato de Artistas e Técnica em Espetáculos de Diversões do Paraná (SATED PR): Sobre a Exoneração de Monica Rischbieter da presidência do Teatro Guaíra e sobre possíveis irregularidades no atraso da aplicação de recursos da Lei Aldir Blanc (LAB) para 2022.

O SATED/PR faz coro às diversas manifestações de muitas (os/es) agentes culturais que, indignados, protestaram em suas redes sociais contra a forma abrupta e desrespeitosa como se deu a recente exoneração de Monica Rischbieter da Presidência do Teatro Guaíra.

A questão agravou-se ao longo da semana, após a publicação de reportagens do Jornal Plural e HojePR dentre outros, apontando para possíveis ligações entre a exoneração e suspeitas de irregularidades na aplicação atrasada de recursos da Lei Aldir Blanc (LAB) por parte do poder público estadual no Paraná.

Ainda em 2021, o SATED/PR – assim como outras entidades e movimentos – reforçou em reuniões, vídeos e em ato público de fazedores da arte e da cultura em frente à Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), a crescente preocupação com o processo de terceirização na aplicação de recursos da LAB no Paraná, bem como outros problemas e possíveis irregularidades (no campo legal ou moral) observadas desde 2020 (como a premiação de servidores públicos ou similares em editais da LAB).

Por exemplo, por que jogar para um ano eleitoral (2022) a aplicação de grande parte desses recursos da LAB, de caráter assistencial e emergencial e que já deveriam ter sido executados em 2020?

Por que tirar a responsabilidade da Secretaria de Comunicação e Cultura (SECC) e jogar no colo de Universidades Públicas Estaduais, que não necessariamente têm estrutura e equipe específica para executar ações como as da LAB?

Por que não tornar públicas o mais rápido possível as atas dos debates sobre os editais da LAB no Conselho Estadual de Cultura (Consec)?

A questionável exoneração de Monica Rischbieter do Teatro Guaíra aconteceu num contexto em que a gestora corretamente levantou questionamentos sobre a aplicação de recursos da LAB via Teatro Guaíra e solicitou parecer da Procuradoria Geral do Estado (PGE) sobre a legalidade da execução de tais recursos após 31 de dezembro de 2021. A forma desrespeitosa como a exoneração aconteceu, inclusive sem apresentação formal de justificativas e com o Secretário João Evaristo Debiasi negando-se até a atender e dar explicações a uma gestora que prestou mais de uma década de serviços ao estado do Paraná, faz com que grande parte do setor cultural exija novas explicações do poder público estadual.

Nesse sentido, perguntamos ao Governador Ratinho Jr. e ao Secretário de Comunicação e Cultura:

1) Por que o parecer da PGE (solicitado pela então Diretora-Presidente do Teatro Guaíra), não foi publicado e segue em sigilo? Vocês concordam que, em nome da transparência, é urgente que seu conteúdo seja de conhecimento público?

2) Uma vez que a Superintendente de Cultura Luciana Casagrande Pereira considera que há segurança jurídica no modo como ocorreu a terceirização da aplicação de recursos da LAB, e seus prazos, por que não apresentar o parecer?

3) A SECC poderia apresentar formalmente quais foram os motivos para a exoneração da Diretora-Presidente Monica Rischbieter do Centro Cultural Teatro Guaíra?

É direito do setor cultural receber tais elucidações.

Seguimos na luta. Adriano Esturilho|Presidente SATED/PR

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Putin serve camarão e Bolsonaro vira arma biológica

Dirigentes da ONU estão preocupados com a estratégia de Putin de usar Bolsonaro como arma. O presidente russo serviu camarão no almoço e tudo leva a crer que Bolsonaro será letal contra os ucranianos.

A agenda de Bolsonaro na Rússia está deixando os admiradores do mito com confusão mental. Ele colocou flores no túmulo de soldados soviéticos e acabou entrando para a lista dos comunistas. Bolsonaro pode ganhar o Nobel da Paz por acabar com o bolsonarismo, já que seu governo é um desastre indefensável.

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Onde está Deus?

Há mais de dois anos uma questão vem me atormentando. Mas não tive coragem, até aqui, de expô-la publicamente. O jornalista Hélio Schwartsman, da Folha de S. Paulo, tomou a iniciativa e fê-lo por mim.

Aponta ele que uma pandemia viral gera terror no mundo, já matou mais de 6 milhões de pessoas e não para de renovar-se, produzindo novas cepas e novas vítimas. E registra o surpreendente silêncio atual dos criacionistas, que, de repente, pararam de negar a evolução darwiniana.

E Schwartsman explica a razão desse fato: simplesmente porque se continuassem a fazê-lo, estariam jogando “a responsabilidade por essa carnificina diretamente no colo de Deus”.

De acordo com os criacionistas, o Universo, incluindo o planeta Terra e todas as espécies nele existentes, abrangendo os vírus, foi criado por Deus. Aí, o jornalista vai ao pomo da questão: “Se Deus é o responsável direto pelo surgimento desse vírus e das variantes que nos causam tanto sofrimento, como sustentar que Ele é um ser benevolente?”

Destaca que, ainda que o mundo e seus habitantes tenham sido projetados por Demiurgo, tido como ser intermediário de Deus nessa criação, e que, segundo Platão, é responsável por copiar ideias (perfeitas) na matéria (imperfeita), a responsabilidade final seria de Deus.

Então, Hélio Schwartsman afirma que “uma forma de tentar livrar a cara de Deus é colocá-lo num lugar tão alto na hierarquia que Ele já não responda pelos erros dos baixos escalões” E argumenta: “O Criador concebeu um mundo bem bacaninha e não é sua culpa se nós o usamos mal, tendo desenvolvido um padrão de ocupação que favorece o surgimento e a difusão de doenças, entre outros flagelos”. Seria o dito livre-arbítrio, com suas contradições.

No entanto, se assim o for, o mesmo colunista observa que Deus se torna indistinguível da natureza e “deixa de ser um Deus pessoal para o qual vale a pena rezar e fazer preces”.

Está vendo o leitor por que eu me escusava de tratar do assunto? O terreno é escorregadiço, sinuoso, capaz de leva-lo aonde você não quer ir e fazê-lo dizer o que não quer ou não deve.

Sou uma pessoa crente em Deus. Não apenas por educação e tradição familiar, mas por uma convicção pessoal, devidamente provada e comprovada pela vida vivida. Immanuel Kant sustentava que crer ou não crer na existência de Deus seria algo a ser deixado por conta da Fé de cada um de nós. Eu acredito, por motivo de foro íntimo. Acho que, sem Ele, o Universo não teria razão de ser. E eu não seria quem sou nem teria chegado onde cheguei. Para isso, não precisei nem preciso frequentar templos e igrejas. Não é lá que Deus está. Está aqui, dentro de nós, queiramos ou não.

Pessoalmente, acredito que, como nas guerras, conflitos e tragédias, Deus está presente na atual pandemia. Ele está nos hospitais, nos médicos, nas enfermeiras e nos atendentes; nas casas das pessoas contaminadas, nas pessoas de luto e, sobretudo, nas vacinas que estão salvando milhares de vidas. Faz o que pode. Ou o que precisa ser feito.

A razão dessa maldita pandemia ainda não sabemos qual é. Mas deve existir, já que nada acontece por acaso. E se o caos não é maior é porque uma Força Superior zela por nós. Mais: quem sabe do atual flagelo surja uma nova humanidade? O momento é propício.

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Ska

The Skatalites, 1994, Alemanha.  © Julio Covello

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Gylmar dos Santos Neves, o colaboracionista da ditadura

A triste e deprimente história do maior goleiro da seleção brasileira de futebol

Casos de jogadores de futebol que serviram às ditaduras são conhecidos.

Para ficar em apenas dois envolvendo jogadores famosos e ainda na letra A, temos Andrada (1939-2019), goleiro argentino que brilhou no Vasco e sofreu o milésimo gol de Pelé, e Augusto (1920-2004), zagueiro também do Vasco, capitão da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1

O primeiro morreu estigmatizado pela acusação de ter sido agente da polícia política argentina durante a ditadura e participado do sequestro e morte de dois opositores do regime. O segundo fez carreira bem-sucedida como policial ao chegar à chefia da Secretaria de Censura durante a ditadura brasileira. Tem também o caso de Didi Pedalada, mas esta é outra história.

Nem por isso é menos estarrecedora a denúncia do ex-deputado Adriano Diogo, que comandou a Comissão da Verdade de São Paulo, sobre a colaboração de Gylmar dos Santos Neves, goleiro revelado pelo Corinthians, bicampeão mundial pela seleção brasileira em 1958/62, e pelo Santos, em 1962/63, com a ditadura.

Diogo esteve preso por 90 dias na delegacia da Operação Bandeirantes, na rua Tutóia, por triste ironia no bairro do Paraíso, em São Paulo.

Ele conta ter visto várias vezes aquele que é considerado o maior arqueiro da história da seleção nos corredores da delegacia, incluindo naqueles onde se torturavam e matavam opositores do regime.

“Os carcereiros se referiam a Gylmar como o ‘despachante do DOI-CODI’”, disse Diogo à coluna. Gylmar tinha uma pequena agência de automóveis e tratava de legalizar a documentação dos carros utilizados por presos, para uso da polícia política.

A atividade acabou por lhe render uma concessionária da General Motors no bairro do Tatuapé, por meio da qual Gylmar obteve permissão para vender veículos, Opalas e Chevettes, isentos de impostos a militares e delegados.

Diogo diz que o uso de peruas Veraneio, da GM, pela polícia política brasileira, e carros Falcon, da Ford, pela da Argentina, fizeram parte do mesmo esquema colaboracionista.

Gylmar era cunhado do deputado Ricardo Izar (1938-2008) e pelo menos três fontes da colônia sírio-libanesa, que ambos frequentavam, confirmam relatos feitos por ele sobre torturas e até cadáveres que teriam visto na delegacia.

E por que só agora tudo vem à tona?

Porque o nome de Gylmar voltou ao noticiário em função da condenação de seu filho, Marcelo Izar Neves, 55, a um ano de prisão, pena revertida para serviços à comunidade, por agressão e injúria racial a um vizinho judeu.

Marcelo, que é dono de camarotes em 11 estádios de futebol, entre os quais os dos quatro grandes paulistas, se desentendeu com o vizinho em condomínio no Morumbi e gritou: “Por isso que os judeus se foderam na vida. Hitler estava certo, a raça de vocês, judeus, não presta”.

A surpresa causada por envolver o filho de alguém com imagem pública intocada fez com que aparecessem relatos de pessoas que não se surpreenderam, entre elas o ex-deputado Diogo, que testemunhou aquilo que outras fontes até julgavam ser conversa da garganta para fora, para mostrar proximidade com o poder.

Não é a primeira vez, e oxalá seja a última, que a obrigação profissional se sobrepõe ao desejo e ao sentimento do jornalista.

Gylmar dos Santos Neves era meu ídolo, desde a infância.

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Angela White. © Zishy

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Bozonaristas…

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