Flagrantes da vida real

Dando uma pintada na marquise.  © Maringas Maciel

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Etiqueta para um mundo desetiquetado

Nesse ambiente pré-histórico que virou esse mundo pós-moderno, é bom se diferenciar. Para que não pensem que você é o mais selvagem na selva de pedra, convém seguir instruções mal instruídas:

Em eventual assalto simultâneo a uma mesma vítima, lembre-se de que tem precedência o assaltante que tiver a arma de mais grosso calibre.

Se lançar lixo pela janela do carro em movimento, respeite os princípios básicos da reciclagem: jogue restos orgânicos pelas janelas do lado direito e material seco pelas janelas do lado esquerdo.

Quando levar seu cão para passear não esqueça do saco plástico para recolher o cocô do animal nas calçadas e gramados. Se ele não fizer, recolha pelo menos o seuNas pichações residenciais e nos edifícios públicos e comerciais, expresse-se no seu estilo. Mas quando

pichar monumentos e prédios tombados, não banque o iletrado: capriche na caligrafia. Sempre que utilizar o celular em locais impróprios – cinemas, teatros, elevadores, câmaras ardentes –, grite baixinho, sem ultrapassar uma hora de conversação.

Nos casos de atropelamento e fuga, deixe um MP3 tocando Bach para o atropelado. Ao fumar onde é proibido, nunca fume mais que dois cigarros (ou cigarrilhas ou charutos ou cachimbos) simultaneamente.

Nas vezes em que se julgar mal-atendido em restaurante ou loja, ao demonstrar a sua frustração considere a hierarquia funcional: xingue os empregados, esbofeteie os gerentes, pisoteie os proprietários.Seja qual for o estabelecimento, não fure filas. Apenas fale bem alto ou tussa na direção da nuca à sua frente, pise o calcanhar, até a desistência dessa pessoa. Repita o procedimento até a eliminação completa da fila. Mas não fure.

Em elevadores lotados, só solte puns oriundos de uma alimentação balanceada, rica em fibras e sem agrotóxicos.

No transporte público, ao sentar-se nos lugares reservados a idosos, pessoas com deficiência e gestantes, antes de determinar-se a permanecer irremovível, sempre argumente que o aviso foi mal redigido, que preferencial não é obrigatório. Antes de sair escarrando a esmo na via pública, treine adequados pedidos de desculpas para cada tipo de transeunte acertado.

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Caetano engrossa convocação de ato contra retrocessos ambientais: “Hora de botar a cara na rua”

Artistas, organizações e movimentos da sociedade civil estão convocando uma manifestação para o dia 9 de março, em Brasília, contra os retrocessos na política ambiental brasileira. O objetivo da manifestação é pressionar parlamentares a rejeitar cinco projetos de lei que representam impactos irreversíveis para a Amazônia, os direitos humanos, o clima e a segurança da população. O ato será às 15h, em frente ao Congresso Nacional.

Um dos autores da convocação é o cantor e compositor Caetano Veloso. Ao Brasil de Fato, ele afirmou que estará junto com os manifestantes na capital federal e ressaltou a importância da mobilização social para barrar a atual agenda antiambiental.

“Eu acho que está na hora de a gente se manifestar na rua, botar a cara na rua. Então eu vou estar em Brasília, na frente do Congresso, às 15h, no dia 9 de março. E colegas meus também estarão lá, para o meu orgulho e minha honra. Espero que todo mundo preste atenção nisso, porque é um gesto necessário”, declarou.

Equipe Ultrajano

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Carnaval só para ricos

A festa de 2022 ficará na lembrança como a mais triste e revoltante da história

O Carnaval deu um passo de caranguejo na tentativa de driblar a pandemia e, ao mesmo tempo, garantir o lucro dos empresários. É como se tivéssemos regredido a 1840, quando foi realizado o primeiro baile carnavalesco no Rio. Quatro anos depois o sucesso já cobrava seu preço. A ceia, os vinhos e os refrescos continuavam a ser servidos aos dançarinos, mas a entrada custava o dobro, passando de 2.000 para 4.000 réis.

Na época mulheres não pagavam ingresso. Agora elas pagam R$ 700 ou até mais caro nas festas privadas, a maneira pela qual as prefeituras de quatro das principais cidades carnavalescas —Rio, São Paulo, Salvador e Belo Horizonte— contornaram as restrições sanitárias impostas aos desfiles de blocos, que estão proibidos.

Ou seja: o folião na rua, mesmo mostrando o comprovante de vacinação pendurado na fantasia de jacaré, corre o risco de pegar a peste. Em ambientes fechados e elitistas, desde que os protocolos sejam seguidos, ele está liberado para pular à vontade ao som de breganejos e sofrências, que desbancaram as marchinhas e sambas de enredo.

Voltemos aos bailes do passado, que as circunstâncias atuais reviveram. Nos salões animados pelas orquestras do Municipal, do Cassino Atlântico e dos hotéis Copacabana e Glória, quem pedisse outra coisa que não champanhe era um penetra. Nos anos 60 e 70, a plebe ignara corria para comprar a revista Manchete e ter um gostinho imaginado de como era o bacanal no Baile do Havaí, com todo mundo nu na piscina do Iate Clube. E quantas pessoas em 1907 possuíam carros de luxo para exibir no corso da avenida Central?

Quem pensa que o Carnaval sempre foi uma festa de gente pobre está mais enganado que o prefeito Eduardo Paes. As camadas populares inventaram, construíram e conquistaram seu espaço. Hoje elas estão impedidas de brincar. A folia de 2022 ficará na lembrança como a mais triste e revoltante da história.

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#ForaPutin!

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PT culpa EUA por guerra de Putin

Petistas criticaram ‘a política de longo prazo dos americanos de agressão a Moscou’ e a expansão da Otan em direção às fronteiras russas

O PT decidiu culpar os Estados Unidos pelos ataques da Rússia à Ucrânia, ordenados por Vladimir Putin. Em publicação na conta oficial do “PT no Senado” no Twitter há pouco — que foi apagada em seguida –, integrantes do partido criticaram ‘a política de longo prazo dos americanos de agressão a Moscou’ e a expansão da Otan em direção às fronteiras russas.

“O PT no Senado condena a política de longo prazo dos EUA de agressão à Rússia e de contínua expansão da Otan em direção às fronteiras russas. Trata-se da política belicosa, que nunca se justificou, dentro dos princípios que regem o Direito Internacional Público”, afirmaram.

“Essa política imperialista produziu o quadro geopolítico que explica o atual conflito na Ucrânia. Tal conflito, frise-se, é basicamente um conflito entre os EUA e a Rússia. Os EUA não aceitam uma Rússia forte e uma China que tende a superá-los economicamente”, acrescentaram em outro post, que segue no ar até o momento.

“Contudo, a aposta recente da Rússia na guerra, ainda que parcial e com objetivos meramente militares, também agride o Direito Internacional Público e o sistema de segurança coletiva cristalizado na ONU. Por isso, o PT no Senado lamenta e condena essa aposta temerária na guerra”, concluíram.

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Padrelladas

Diário da Gripezinha

Em minha defesa quero esclarecer que eu não sabia que o soldado desconhecido era comunista. Ninguém me disse nada. Era só para eu acompanhar a corbélia até o monumento e depois fazer um carinho nas fitas de condolências. Ninguém me disse que a vítima era comunista. Se eu soubesse não sei se iria à cerimônia.

É nisso que dá ser mal assessorado. O filhote não podia ter me avisado? “Ói paiê, o cara é cumunista”, mas o piá parece que não sei. Eu até pensei assim: se ele era desconhecido, como alguém podia afirmar que fosse comunista? Vai ver, nem era. E se desconhecido estava, desconhecido ficou. Fui lá, mexi na fita só pra fazer fita, que sempre é de bom tom mexer na fita, tipo assim estou arrumando porque vocês não souberam arrumar. Fiz aquela cara de contrito, mas isso antes de saber que o defunto era comunista. Se eu soubesse, nem sei o que eu faria.

Certamente faria o que sempre tenho feito: nada. Mas bater continência pra bandeira vermelha, jamais. Bem que dei início ao gesto, mas daí me lembrei que o polaco de cabelo vermelho podia vir com nhenhenhe, e vocês não sabem como ele me maltrata quando fica brabo. Chegou a negar Embaixada pro meu piá, e olha que o menino frita um hambúrguer que é de virar os zoínho.

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O Império que não quer cair

A ambição de Putin é restaurar a Grande Rússia, começando pelo núcleo com Belarus e Ucrânia

“É tudo culpa de Lênin”, pontificou outro Vladimir, Putin, no sinistro discurso que pronunciou na TV russa anunciando o reconhecimento da independência dos enclaves separatistas do Donbass. O líder da Revolução Russa teria fabricado a Ucrânia, privando a Rússia de seu berço cultural. A história putínica é lenda destinada a justificar uma guerra de agressão, mas ilumina um dilema de cem anos.

Nas suas linhas gerais, o mapa atual da Europa foi desenhado pelos tratados que encerraram a Grande Guerra, entre 1918 e 1920. Sob o impacto dos nacionalismos e do programa de Woodrow Wilson, nasceram os Estados-Nação.

As novas entidades, supostamente ancoradas na língua e na tradição, foram esculpidas a partir das ruínas dos impérios que desabavam. Desapareceram os impérios Alemão, Austro-Húngaro e Turco-Otomano. Contudo, graças ao triunfo dos revolucionários bolcheviques, sobreviveu o Império Russo, apenas convertido na URSS. “Império vermelho”, mais que uma expressão retórica, é a descrição precisa da conservação de um fóssil no permafrost do Estado soviético.

Nada, porém, atravessou impunemente a era dos nacionalismos. O tema nacionalista infectou o pensamento comunista, condicionando a organização política do “Império vermelho”. Lênin, o danado, criou uma união de 15 repúblicas nominalmente soberanas. Nesse sentido específico, Putin fala a verdade.

De fato, claro, o Estado soviético era uma entidade centralizada: uma constelação que girava ao redor da Rússia, ou melhor, do PCUS. Não é por acaso que cada república tinha seu próprio partido comunista, menos a Rússia. O partido único russo era o PCUS, centro intocável do poder. Mas, ironicamente, a soberania fictícia das repúblicas soviéticas propiciou, no final de 1991, o fundamento jurídico para a criação dos 15 Estados pós-soviéticos, entre os quais a Ucrânia.

A história putínica, fixada em Lênin e na implosão da URSS, ignora o nacionalismo ucraniano. Como todas as narrativas nacionais, ele ergue uma “comunidade imaginada” cuja inspiração remonta ao proto-Estado militar cossaco (Zaporozhian Sich) que, entre 1552 e 1775, conservou uma relativa autonomia diante de poloneses, otomanos e russos.

Na saga nacional ucraniana, ocupa lugar de destaque o Holodomor, o extermínio pela fome de mais de 3 milhões provocado pela coletivização forçada soviética em 1932-33, que reacendeu a chama antirrussa. O termo genocídio, hoje capturado por oportunistas diversos, inclusive Putin, define adequadamente a tragédia emanada daquele experimento de engenharia político-social. A revolução popular na Ucrânia, em 2013-14, que está na raiz da invasão russa em curso, evidenciou a persistência do nacionalismo ucraniano.

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Intestinos de Bolsonaro

Em todos os filmes do Zorro, de Douglas Fairbanks e Tyrone Power a Antonio Banderas, a derrubada do governo que oprime e explora o México só precisa que o herói vare com sua espada o chefe de polícia, depois de lhe fazer um Z na testa, e o povo, portando archotes, derrube os portões da hacienda do governador corrupto e de sua família e prenda todo mundo. É empolgante, mas a ideia de que uma hacienda podia servir de metáfora para simbolizar um país sempre me soou implausível.

Pensando bem, não é assim tão implausível. O Brasil de Jair Bolsonaro é como uma grande hacienda. Pode estar dividida em um ou dois palácios, Planalto e Alvorada, e outras tantas mansões à beira do lago dos bacanas, compradas com dinheiro vivo por seus filhos e ex-mulheres. Mas o espírito da coisa é o mesmo. O governo é uma operação familiar, com a máquina pública a serviço de seus interesses particulares —poder, propriedades, prestígio, prazeres, impunidade. E, se você já se revolta com os absurdos que se perpetram à luz do dia, tente imaginar o que acontece nos intestinos do poder e de que não ficamos sabendo.

Mas às vezes ficamos. Nesta quarta-feira (23), a Folha levantou uma manobra de uso de um órgão federal, acionado por um filho de Bolsonaro, numa estratégia jurídica visando a desmontar as investigações do caso das “rachadinhas”, de que ele é acusado há anos. A manobra consistiu em ocupar por quatro meses de 2020-21 uma equipe de servidores da Receita Federal para tentar melar o processo e identificar, por nome e CPF —com que intenções?—, os auditores que conduziam as investigações.

Imagino que o uso de funcionários graduados, pagos com nossos impostos, para sabotar investigações de assuntos que nos dizem respeito seja algo de muito grave. Mas para isso servem os intestinos, não? Para processar merda.

Cedo ou tarde, eles explodirão. E, quando acontecer, mantenha distância da hacienda.

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Os planos de saúde e coberturas não listadas

Debate-se no Superior Tribunal de Justiça se o rol de coberturas dos planos é taxativo ou exemplificativo.

A discussão é o seguinte: se for taxativo, acaba a possibilidade de questionar tratamentos não previstos nos contratos e, caso entendam que é exemplificativo, continuam os processos judiciais que têm sido favoráveis aos consumidores, para determinar as coberturas e tratamentos não previstas nos contratos.

Se consultarmos a Constituição, o Código de Defesa dos Consumidores veremos que o rol de tratamentos é exemplificativo. As questões quanto aos direitos e deveres em nosso país quase sempre são resolvidos a favor do poder econômico e dos grandes grupos que dominam o cenário político.

Raramente temos decisões que impactam favoravelmente os milhões de consumidores e cidadãos no Brasil. Seria um subdesenvolvimento jurídico? A formação deficiente dos juristas? ou a tendência ao favorecimento às teses jurídicas ultrapassadas e contrárias às leis e à Constituição?

Nesta polêmica o Poder Legislativo permanece em silencio, como se não fizesse parte dos poderes da República.

Estamos numa democracia de fachada.  Em resumo: há uma Constituição escrita e outra não escrita. Na Constituição não escrita há a prevalência dos interesses econômicos sobre os consumidores e sobre a vida, há a indignidade humana e a impossibilidade de justiça social.

Na Constituição escrita temos o princípio da prevalência dos interesses dos consumidores, o princípio da dignidade humana e tantas coisas que, na prática, não ocorrem diante da força normativa das normas não escritas, vigentes e interpretadas pelas nossas elites do atraso jurídico.

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Bozonaristas

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Ele foi e voltou. E ninguém notou

Tiozinho – assim nomeado, com a costumeira precisão, pelo nosso sempre atento Nelson Padrella – foi à Rússia tirar fotografia ao lado do ditador Vladimir Putin. Ficou encantado também com o Kremlin, como todo capiau acostumado a ver o mundo pela TV.

Mas adorou mesmo encontrar e beijar (se é costume na região) o premier Viktor Orbán, a quem chamou de “irmão” e com o qual vislumbrou grandes afinidades. Foi capaz até de pronunciar, prenhe de comoção, asnice como “nós representamos valores que podem ser resumidos em quatro palavras: Deus, Pátria, Família e Liberdade”.

O mote, como se sabe, é fascista italiano, excluindo, é claro, a “liberdade”. Adotado pelos fascistas brasileiros da Ação Integralista e pela ditadura portuguesa de Oliveira Salazar, tem sido usado costumeiramente pelo arremedo de fascista brasileiro.

Orbán, conhecido por sua política homofóbica e anti-imigração, retribuiu a bajulação proclamando que “os cristãos têm a religião mais perseguida do mundo” – coisa que o brasileira já dissera na ONU.

Em seguida, abraçaram-se afetuosamente.

Tiozinho teria feito melhor se ultrapassasse a fronteira com a Romênia e fosse abraçar, na Transilvânia, o Conde Drácula.

Nenhum acordo ou aliança relevante foi firmado nas visitas presidenciais, como já era previsível. Ou, como concluiu O Estado de São Paulo, “ao estreitar laços com dois nacionalistas autoritários como Vladimir Putin e Viktor Orbán, Bolsonaro só acentuou o isolamento em que enfiou o Brasil”.

A viagem só não foi inútil para os viajantes se lembrarmos que a comitiva, além da milicada de praxe, incluiu o filho de s. exª, Carlos, o nº 02, craque em tramoia pela internet, e que a Rússia é especialista em guerra cibernética e já integrou o exército de fake news de Donald Trump contra Hilary Clinton.

Ah, sim. Segundo o pândego e incompetente Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente bolsonariano de triste memória, Jair “evitou a 3ª Guerra Mundial”. Nem graça teve.

Na verdade, Tiozinho está aproveitando o final de governo para conhecer o mundo com o nosso dinheiro e “brincar de líder da extrema direita internacional”, como registrou a comentarista Eliane Cantanhêde.

Ao regressar ao Brasil de mala vazia, ele foi recepcionado com a destruição da bela Petrópolis, cidade que sobrevoou sem sujar as botinas, qualificando a visão, com incontida emoção, como “zona de guerra”.

Nenhuma palavra sobre o descaso criminoso das autoridades públicas, inclusive federais. O certo é que não há planejamento urbanístico no Brasil para áreas de risco. Todos os anos desgraças acontecem no Rio, São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Santa Catarina ou Nordeste, mas providências só são tomadas após a tragédia ocorrida. E nem falta de dinheiro é. Dos bilhões destinados a medidas de contenção das encostas, desmoronamento e enchentes nem 10% foram utilizados.

Em seguida, Tiozinho voltou à vadiagem habitual, só interrompida para a semeadura de intrigas. mentiras e ataques aos poderes constituídos.

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Procissão Parada

me perdi na Patagônia
segundo medida provisória
devia abordar a Terra do Fogo
na primeira hora auroreal
enviei mais tropas de choque
para angariar fundos de
emancipação sociopolítica
residencial e imaginária

o dia assoberbado de horas
no enlevo feliz de anoitecer
cravou o chão de desertos
cactuados e mesmesquinhos

por um silvestre não cantei
plenipleno potencial tinha
mas o céu bombardeou de sombras
as margens alongadas da beleza

me perdi na Patagônia
sob um silêncio cheio de hastes
na mais límpida ironia de ser
ondulando horizontes de não chegar

longilongínquo espírito de combate
arrefecido de anseios e meneios
jazi na saliva simples da noite
e compartilhei do rastro das estrelas

me perdi na patagônica vida
que é toda lugares ermos enfermos
e saltei pra cumprir o eclipse
que se tornou branco cego de luz

*Rui Werneck de Capistrano é plenipotenciário altiplano

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© Shiko

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Nora Drenalina recomenda

Millôr Fernandes, em maio de 1973, celebrou o número 200 d’ O Pasquim dizendo que “só mesmo o denodo e o estoicismo de uma plêiade de jornalistas imbatíveis no cumprimento do seu dever seria capaz de atravessar tantos obstáculos”. Ironia do mestre à parte, eu acho que foi isso mesmo.O jornal foi um dos maiores fenômenos do mercado editorial brasileiro. Isso se deve em grande parte porque O Pasquim conseguiu aglutinar, em nome de uma guerra santa contra as trevas, quase todos os melhores jornalistas brasileiros da época – entre os quais Jaguar e Sérgio Augusto, responsáveis por esta antologia. O volume II desta saga jornalística vai de 1972 a 1973, em pleno governo do general Emílio Garrastazu Médici, quando a economia crescia em ritimo chinês de hoje, e a liberdade era abafada à bala, tortura e censura.

Foi um país sufocado pela repressão sem limites do AI-5 que surgiu O Pasquim, em junho de 1969. O hebdomadário, parta usar uma palavra tão ao gosto da patota de coleguinhas, foi como uma mosca da canção de Raul Seixas e Paulo Coelho, que pousou na sopa da ditadura, perturbou o seu sono e ficou a zumbizar.Mas a caserna não tolerou aquele zumbido. Tanto que os milicos prenderam quase toda a redação do jornal em novembro de 1970. O jornal continuou saindo graças a alguns intelectuais da pesada que ocuparam o espaço dos presos.O jornal foi revolucionário não só na crítica política ou de costumes.

Ele renovou a linguagem jornalística. Numa época em que o texto dos jornais era muito rebuscado, O Pasquim escrevia como se falava, num estilo pessoal, coloquial e safadinho até. Ou, como diz o Jaguar: “ele tirou o paletó e a gravata do jornalismo brasileiro”. Até o seu formato tablóide hoje está na moda e é apontado por especialistas da mídia como o futuro dos jornais. Por tudo isso, bem vindo ao melhor do humor em tempos de cólera.

Ancelmo Gois

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