Playboy|1970

1973|Miki Garcia. Playboy Centerfold

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A médica Nise Yamaguchi, oncologista conhecida na pandemia por fazer parte do “gabinete paralelo” e como ferrenha defensora da cloroquina do governo de Jair Bolsonaro para tratar da pandemia da Covid-19, anunciou que vai se filiar ao PTB nesta segunda-feira e concorrer a uma vaga no Senado por São Paulo.

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Mural da História

18 de agosto|2010

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Semiótica da fala picotada

Os telefones estão horríveis. Às vezes, é como se estivéssemos falando com uma galinha goga

No começo, achei que o problema era só meu —a ligação que começava a picotar assim que eu ou a outra pessoa dissesse “Alô”. Um dos dois parecia estar falando em código sem que o outro conhecesse a chave. Como sou um dos últimos protossauros que usam telefone fixo, atribuía-me logo a culpa e saía pelo apartamento em busca de um lugar melhor para falar. Às vezes funcionava, quase sempre não. Até que fui informado de que essa conexão meia-bomba não se limitava às relações entre um celular e um fixo. Dava-se também entre dois potentes celulares.

É claro que o interlocutor que está falando picotado só fica sabendo disso quando o outro o informa —porque, aos próprios ouvidos, sua dicção é digna de um locutor da antiga BBC. Ao ouvir o outro dizer que não está entendendo, ele apenas fala mais alto e pergunta “Está entendendo agora?”, frase esta que também sai picotada e é incompreensível. Dá-se o mesmo quando a voz picotada é a do outro e ele nos pergunta a mesma coisa.

Não se pode saber, mas imagino haver casos em que os dois falem picotado ao mesmo tempo e a frase “Está entendendo agora?”, pronunciada pelos dois lados, seja desentendida por ambos.

Um amigo meu, chegado à vida rural, campestre e pastoril, comparou o som de um telefonema picotado ao de uma galinha goga [pronuncia-se gôga] —quando seu cacarejo dispara e ela corre desesperada pelo terreiro, com o gogó subindo e descendo sem controle. Já outro amigo, perito em semiótica, me explicou que a ligação picotada é como falar somente com as consoantes. Mas o que se pode fazer facilmente na linguagem escrita —qualquer um entenderá COPACABANA ao ler CPCBN— é impraticável na linguagem oral. Ao ouvir alguém dizer do outro lado ​CPCBN, será como se estivéssemos conversando com a dita galinha goga.

Tudo bem. Nunca é tarde para aprender mais uma língua.

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Ensaio

Anaterra Viana.  © Jorge Bispo

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Nicole Ross. © Zishy

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Tempo

Hora do lanche, que hora tão feliz, na Múltipla Propaganda, década de 1980: Fui Wa, César Bond e o cartunista que vos digita. © João Urban

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Andrew-Kaiser© Andrew Kaiser

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Dia de chuva

Uma chuva se aproxima, ensaia um sopro de ar refrescante também de dentro para fora. Já é possível ouvir seus sinais, como na “Anunciação” do pernambucano Alceu Valença. Que venha suave, sem causar estragos, conflitos desnecessários, e que purifique, limpe o acúmulo de poeira e as fuligens para exibir somente as emanações e cores da própria natureza.

Os dias nublados penetram na alma da gente como uma injeção de introspecção, para renovar ideias e, como consequência direta dessa imersão, sacudir e reanimar o ser. Não sei quem primeiro saiu rotulando-os de tristes e macambúzios. Desconhece sua intimidade e determinou um mal-estar desembestado, sem graça e sem noção. Dias nublados são esclarecedores, clamam pausas, impõem descanso, sossego… Pedem por calma, por colo e aconchego, transmissores de uma boa dose de segurança emocional e de proteção para a criança interior, que engatinha ainda na consciência de si e sente medo.

As nuvens por sobre as nossas cabeças se manifestam reveladoras e explodem em cores e significados atrás da cortina dos olhos, num mergulho vazio de pensamentos, mas carregado de sentidos. A mensagem é bombeada à mente por uma intuição que grita compreensão e, quando as energias se alinham, de novo: anunciação!

Em dias de chuva, os olhos enxergam melhor quando estão fechados. Retêm e arquivam nas gavetas da memória só o que não pode ser esquecido e que precisa ser constantemente revisitado. O ar, intoxicado de coisas concretas e descartáveis, se banha agora ao fluxo dessa purificação.

Mas bem no dia em que chove, eu sinto saudades. De tudo e de qualquer coisa aleatoriamente, observando a água escorrer pelo vidro e riscar a silhueta distraída de outra pessoa, que, espelhada, observa e acompanha o mesmo caminho molhado na janela. A cena em particular paralisa o vento e a respiração para eternizar toda a ternura contida em uma única gota d’água compartilhada. Até desaparecer e restarem apenas as duas imagens, encarando-se!

É como se aquela atmosfera lacrimosa martelasse com mais força as recordações que insistem em conversar com nossos silêncios. Nos dias assim, a alma anseia por um abraço, daqueles que aproximam os corpos comprimidos sob o abrigo de guarda-chuvas de afetos, entendimentos e cumplicidades. Não é saudade triste, é reconhecedora.

Que essa chuva prometida caia com suavidade em seu devido e precioso tempo. Driblo a ansiedade, fazendo contas dessa espera: subtraio as sombras das expectativas, com adições de afeto e progressões de paciência em elevada potência. Divido os períodos e projeto chances reais de que essas equações resultem em um gráfico cheio de pontos convergentes, encontros de linhas e as tão elásticas e humanas margens dos erros  sorridente, patética e perfeitamente perdoáveis.

É tanto carinho embutido nos passos dessa perseguida convergência, que arranca suspiros e interrompe a respiração. Se na métrica das almas tudo vale a pena, como dizia Pessoa, há uma vastidão de percursos por explorar. Um brilho no raio de cada olhar, um dia de cada vez, entre os segredos no galgar da caminhada. O espírito, inundado da magia, está inebriado desse frescor.

Clareia e o ar ganha uma nova paleta de cores e de esperanças. A natureza não cansa de nos distrair e de magnetizar. A inspiração da cena resgata seu propósito essencial, faça chuva ou sol: das livres e espontâneas entregas.

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Quarantined Contestant 5. © Zishy

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Achtung!

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Sensacionalista tenta fazer piada com a família imperial brasileira mas ela não existe

Em novembro de 1889 a família imperial brasileira deixou de existir. Isso é tudo o que temos a dizer sobre a família imperial brasileira.

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Tempo

Divina Comédia

Eu vi o Presidente das Cavernas babando, vomitando regras, raivoso, trêmulo, comunicando que a Ancine, Agência Nacional do Cinema, passou para a Casa Civil. O capitão reformado confirmou a intenção de transferir a agência para Brasília e disse que quer transformá-la em secretaria e se não puder ter filtro, será extinta. A Ancine tem como atribuições fomentar e fiscalizar o mercado cinematográfico e gera mais de 300 mil empregos. O Homem de Neandertal não concorda que a Ancine financie filmes supostamente pornográficos. “Privatizaremos, passaremos. Não pode é dinheiro público ser usado para filme pornográfico”.

Bah! Eu já vi esse filme e quase todos morrem no final. A não ser que tomemos providências.

julho|2019

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Irene Quinn. © Zishy

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