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Playboy|2000

2005|Brooke Berry.Playboy Centerfold

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Ex-assessor de Bolsonaro confirma rachadinha na família do presidente

Equipe Ultrajano

Em um sobrado simples em uma rua de terra batida no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro, um ateliê de costura improvisado divide espaço com um amontoado de papéis, recortes de jornal e lembranças dos mais de trinta anos de trajetória política de Jair Bolsonaro (PL).

Entre roupas para conserto e croquis para a confecção de equipamentos de voo livre, mora, sozinho, o aposentado da Marinha Mercante Waldir Ferraz, 1,88 metro, magérrimo e autointitulado o amigo “Zero Zero” do presidente da República. Jacaré, o apelido que ganhou desde os tempos em que acompanhava o ex-capitão na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, não é um bolsonarista qualquer. Ele é bolsonarista antes de Jair ter entrado para a política, antes de o bolsonarismo ter virado uma ideologia para pelo menos 20% dos brasileiros e antes de os filhos e ex-mulheres terem se tornado um motivo frequente de dor de cabeça para o presidente. A amizade entre os dois começou há mais de três décadas a partir da insatisfação que ambos compartilhavam com os baixos salários pagos aos oficiais. Desde então, só se fortaleceu.

Jacaré guarda como relíquias os convites para a primeira posse de Bolsonaro como vereador e para o casamento dele com a primeira-dama, Michelle. Mais importante: mantém intactas a intimidade e a conversa franca com o amigo poderoso. “O tempo todo ele me chama de 71 (corruptela do artigo que define o crime de estelionato), e eu respondo: ‘Eu não sou político, você é que é’.” Pelas mãos do ex-ca­pitão, Jacaré foi contratado para trabalhar nos gabinetes de Bolsonaro na Câmara dos Deputados e de Carlos Bolsonaro na Câmara de Vereadores do Rio — e também recebeu duas condecorações do governo federal, uma delas das mãos do próprio presidente, por “serviços meritórios e virtudes cívicas”. Sem cargo público, ele hoje brilha como expoente do grupo de inteligência particular de Bolsonaro. Diariamente, encaminha, quase sempre antes das 6 horas da manhã, toda sorte de denúncias e suspeitas ao número pessoal do presidente, salvo em sua lista de contatos como JB BR 4. Os dois têm até um código específico para tratar de conspirações e movimentações políticas. “Como tá o clima aí?” é a senha disparada por Bolsonaro, que em seguida recebe informes sobre possíveis apoios para a campanha.

As conversas também são presenciais. Desde a época da transição de governo, Jacaré é frequentador assíduo dos palácios. Na última terça-feira, 18, ele esteve no Planalto, onde se reuniu com o presidente e, segundo ele, colocou os assuntos em dia. É com essa autoridade de quem compartilha da intimidade e da história de vida de Bolsonaro que Jacaré contou a VEJA detalhes do notório esquema da rachadinha, um dos principais motivos de desgaste para Bolsonaro desde o início de seu mandato presidencial (OUÇA OS ÁUDIOS). Em encontros no Rio de Janeiro e em Brasília, nos quais as conversas foram gravadas, Jacaré declarou que houve rachadinha nos gabinetes de Jair, Flávio e Carlos Bolsonaro e afirmou que a advogada Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente, foi quem organizou e comandou a arrecadação irregular de parte dos salários dos servidores, prática que configura o crime de peculato. Jacaré disse ainda que o presidente foi traído e não sabia dos rolos da ex-esposa, que ainda hoje chantageia Bolsonaro, pedindo dinheiro para manter o seu silêncio. “Ela fez nos três gabinetes.

Em Brasília, aqui no Flávio e no Carlos. O Bolsonaro deixou tudo na mão dela para ela resolver. Ela fez a festa. Infelizmente é isso. Ela que fazia, mas quem é que assinava?”, pergunta Jacaré. “Quem assinava era ele. Ele vai dizer que não sabe? É batom na cueca. Como é que você vai explicar? Ele está administrando. Não tem muito o que fazer”, acrescenta, referindo-se a Jair Bolsonaro.

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“Se acaso você chegasse a um bairro residencial de Roma e desse com uma pelada de meninos brasileiros no meio da rua, não teria dúvida: ali morava Elza Soares com Garrincha, mais uma penca de filhos e afilhados trazidos do Rio em 1969. Aplaudida de pé no Teatro Sistina, dias mais tarde Elza alugou um apartamento na cidade e foi ficando, ficando e ficando.

Se acaso você chegasse ao Teatro Record em 1968 e fosse apresentado a Elza Soares, ficaria mudo. E ficaria besta quando ela soltasse uma gargalhada e cantasse assim: “Elza desatinou, viu”.

Se acaso você chegasse a Londres em 1999 e visse Elza Soares entrar no Royal Albert Hall em cadeira de rodas, não acreditaria que ela pudesse subir ao palco. Subiu e sambou “de maillot apertadíssimo e semi-transparente”, nas palavras de um jornalista português.

Se acaso você chegasse ao Canecão em 2002 e visse Elza Soares cantar que a carne mais barata do mercado é a carne negra, ficaria arrepiado. Tanto quanto anos antes, ao ouvi-la em Língua com Caetano.

Se acaso você chegasse a uma estação de metrô em Paris e ouvisse alguém às suas costas cantar Elza desatinou, pensaria que estava sonhando. Mas era Elza Soares nos anos 80, apresentando seu jovem manager e os novos olhos cor de esmeralda.

Se acaso você chegasse a 1959 e ouvisse no rádio aquela voz cantando Se acaso você chegasse, saberia que nunca houve nem haverá no mundo uma mulher como Elza Soares”.

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Petistas que atacam aliança com Alckmin fazem um favor a Lula

Os conservadores e reaças brasileiros não sabem nada sobre mal menor. Mas têm tradição firmada no mal maior

Correntes do PT avessas a uma chapa Lula-Alckmin e potenciais aliados à esquerda cumprem o seu papel: criticam a eventual aliança, apontam as contradições tidas por inelutáveis, ressuscitam momentos em que os dois políticos estiveram em trincheiras opostas —inclusive na eleição de 2006— e pintam a composição com as tintas de uma conciliação inaceitável. A coisa chega a ter um lado pitoresco.

Ao longo da história, os setores mais à esquerda do partido sempre prestaram um serviço ao líder: cobraram dele a radicalização, de modo a lhe dar a oportunidade de fazer a escolha pela moderação. Não chega a ser um jogo combinado. Trata-se de acordos —ou desacordos— tácitos. Assim, a resistência ao ex-tucano não é um problema, mas um dado do jogo.

Alckmin será o vice de Lula? Não sei. Mas ou haverá esse sinal de que o ex-presidente pretende, se vitorioso, um governo além das fronteiras da esquerda, ou outro se fará necessário. O compromisso —que, parece-me, é público— já está anunciado. E, é evidente, pensando o que penso, avalio que um governo o mais amplo possível é uma solução, não um problema.

A exemplo de todo político que conta realmente com uma militância —sim, Bolsonaro também tem a sua…—, o líder petista tem de ser haver com seus puristas, seus exclusivistas, seus sectários, seus extremistas. A questão é saber se vai liderá-los, escolhendo o caminho, ou será caudatário de visionários do próprio delírio. Em seu processo de construção, o PT fez muitas escolhas que seriam insanas caso fosse ele o protagonista da história.

Recusou-se, por exemplo, a participar do Colégio Eleitoral que elegeu Tancredo Neves. Sempre considerei a decisão lamentável, mas nunca temerária. Não tinha o protagonismo. A solução se daria com ou sem a concordância da legenda, que apostava na definição da própria identidade. Oportunista, sim, mas com risco zero à democracia. Em 2022, sendo a legenda mais bem-sucedida em eleições realmente democráticas, há o peso da responsabilidade de um eventual quinto mandato.

“Alckmin é um aceno do PT para os mercados, Reinaldo?” Ah, caras e caros, não me dedico a jogos dessa natureza. Esses “mercáduz” de que falam são os mesmos que viam virtudes naquele tal que achava o estupro uma distinção, coisa de merecimento? Para quem quilombolas se pesavam em arrobas? Que tinha um torturador como herói? Que prometia extinguir o Ministério do Meio Ambiente?

Curioso! Nunca se cobrou do biltre uma “Carta ao Povo Brasileiro” assegurando compromissos com a ordem democrática, não é mesmo? Ao contrário até! Dava-se de barato que o ogro era apenas um ser meio apalhaçado, que serviria para conjurar as forças que não queriam a volta do PT, mas que ele acabaria, no fim das contas, se submetendo aos limites institucionais.

Mentira! Fiel a si mesmo, à sua pregação e a seus extremistas, tentou romper os limites da legalidade e, como resta sabido, testou as possibilidades de um golpe de estado. Não venham com a conversa de que Lula está obrigado a oferecer credenciais de confiabilidade a esses “mercáduz” —Alckmin ou outras quaisquer.

Os que jamais cobraram de um postulante com evidente discurso fascistóide o compromisso com a civilidade gostariam agora de arrancar de um candidato de oposição a promessa solene de que nada mudará, por exemplo, no teto de gastos —que acabou faz tempo— ou na reforma trabalhista? E o fazem em nome do que chamam “previsibilidade”? Ora…

Se o PT realmente levar adiante a aliança com Alckmin, o ex-governador, parece-me, representa a garantia adicional de um modo de fazer as coisas, buscando, reitere-se, o diálogo amplo. Até porque, no semipresidencialismo informal que temos, ninguém governa sem o Congresso.

Mas é evidente que o ex-tucano não seria a garantia de que Lula, se eleito, deixaria tudo como está. A continuidade tem várias nuances, não é mesmo? E todas elas se juntarão contra o PT, de novo, num eventual segundo turno. Afinal, os conservadores e reaças brasileiros não sabem nada sobre mal menor. Mas têm tradição firmada no mal maior.

Bolsonaro é a prova.

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Bolsonaro e a letargia do cargo

Letargia (do latim lethargia: lethe — esquecimento e argia — inação) é a perda temporária ou completa da sensibilidade e do movimento por causa fisiológica, ainda não identificada, levando o indivíduo a um estado mórbido em que as funções vitais estão atenuadas de tal forma que parece estarem suspensas.

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Mural da História

2 de novembro|2010 

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Nos braços da Academia

A Semana de Arte Moderna, que tanto a combateu, não levou nem dez anos para aderir alegremente a ela

Ouço dizer que, em fevereiro, a Academia Brasileira de Letras fará uma homenagem aos cem anos da Semana de Arte Moderna. É justo. Nos últimos meses, a data tem sido festejada por todos os canais —imprensa, livro, rádio, TV, museu, universidade— e só falta entrar na programação do Beto Carrero World. A adesão da Academia às comemorações, no entanto, é especial. Afinal, ela foi um dos alvos a serem destruídos pela Semana, juntamente com a métrica, o soneto e a colocação dos pronomes. Sem o fim disso, diziam, o Brasil continuaria no atraso.

Oswald de Andrade e Menotti del Picchia faziam comícios contra “os mamutes literários, os megatérios da poesia, as renas da crítica”. Era preciso “descoelhonetizar a literatura”. Castro Alves era “o batateiro épico da língua”. A Academia era um “museu arqueológico” e seus membros, os “patriarcas do obsoleto”.

Culminou em 1924, com o discurso de Graça Aranha em que, do perplexo púlpito da Academia e para delírio dos modernistas na plateia, ele bradou: “Morra a Academia!”. Graça era famoso e só aí, segundo Carlos Drummond de Andrade, o Brasil ficou sabendo que tinha havido uma Semana de Arte Moderna.

Bem, cem anos depois, como se explica que a Academia celebre a Semana que tanto a combateu? Foi a Academia que se modernizou ou a Semana que se domesticou?

Nem uma coisa nem outra. A Academia continua onde sempre esteve. Os modernistas é que não esperaram nem dez anos para aderir alegremente a ela. Em 1930, Guilherme de Almeida foi o primeiro a vestir o fardão. Seguiram-se, em rápida sucessão, Menotti del Picchia, Candido Motta Filho, Ribeiro Couto, Manuel Bandeira, Cassiano Ricardo e Alceu Amoroso Lima. Em 1927, o próprio Oswald de Andrade submeteu seu romance “A Estrela de Absinto” ao prêmio da Academia. Ganhou menção honrosa, votada por… Coelho Netto.

Sorry, turma, mas foi assim. Agora é esperar pelo Beto Carrero.

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Mural da História

bandidoBiografia não autorizada pela família. Editora Nossa Cultura, Toninho Vaz.

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Sam_freezz. © IShotMyself

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#ForaBozo!

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Trip Girl

Juliana-Schalch-jorge-bispoJuliana Schalch. Revista Trip#205. © Jorge Bispo

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Fraga

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