quando eu tiver setenta anos
então vai acabar esta adolescência
 
vou largar da vida louca
e terminar minha livre docência
 
vou fazer o que meu pai quer
começar a vida com passo perfeito
 
vou fazer o que minha mãe deseja
aproveitar as oportunidades
de virar um pilar da sociedade
e terminar meu curso de direito
 
então ver tudo em sã consciência
quando acabar esta adolescência.

Publicado em Todo dia é dia | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

A história sem registro

Para saber como certos momentos da música popular aconteceram, temos de fechar os olhos e sonhar

“Get Back”, a série de Peter Jackson sobre a última vez que os Beatles se juntaram para trabalhar, é o sucesso do momento. A única pessoa de minhas relações que ainda não o viu sou eu –não por falta de interesse, mas de tempo. Além disso, como ele está no streaming, imagino que esperará até que eu me libere do serviço. Pelo que sei, é uma maravilha de quase nove horas de duração, envolvendo a gravação dos álbuns “Abbey Road” e “Let It Be” e o concerto no famoso terraço em Londres. Na época, janeiro de 1969, os jornais e revistas só falavam disso. Ninguém imaginava que, 52 anos depois, aqueles sons e imagens chegariam até nós.

Ótimo para a história da música popular e para as novas gerações, que estão tendo acesso às intimidades de um formidável grupo do passado. Só lamento que, num passado ainda mais remoto, nem os americanos tivessem condições de fazer o mesmo com artistas tão essenciais em seu tempo quanto os Beatles nos anos 60.

Pelos copiosos áudios de que dispomos e, no máximo, algumas fotografias, só podemos imaginar Louis Armstrong em 1927, pouco depois de trocar o cornet pelo trompete, gravando “Potato Head Blues” com Johnny Dodds à clarineta e Kid Ory ao trombone. Ou Duke Ellington e sua orquestra no Cotton Club, em 1930, já com os metais em surdina fazendo wa-wa e o glorioso Johnny Hodges ao sax-alto. E não seria extasiante ver Billie Holiday, aos 20 aninhos, em 1935, cantando “If You Were Mine”, com Teddy Wilson ao piano?

Alguém terá filmado o concerto de Benny Goodman no Carnegie Hall em 1938, a primeira vez que se ouviu jazz num espaço “nobre”? E haverá pelo menos um caco de filme com Charlie Parker, Dizzy Gillespie e Thelonious Monk inventando o bebop nas madrugadas da rua 52, em Nova York, em 1942?

Não. Nada disso existe. Eles ainda não eram importantes. Só nos resta ouvir os discos, fechar os olhos e dar curso à nossa capacidade de sonhar.

Publicado em Ruy Castro - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Padrelladas

Pra injicar

Vou explicar esse filme que todo mundo está falando. É uma crítica direta ao presidente Naotoufa Zen Donada, porque o Senhor das Moscas tinha descoberto que o Leonardo DiCaprio botou fogo na Amazônia, segurando um pau e montado numa bicicleta. Ainda bem que a Amazônia é úmida e não pega fogo. Dai, o Donada acusou o rapaz. O rapaz fez esse filme só pra injicar.

Publicado em Nelson Padrella - Blog do Zé Beto | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Publicado em Todo dia é dia | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Morte na rua

© Ricardo Silva

Publicado em Sem categoria | Com a tag , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Playboy|1980

1980|Sandy Cagle. Playboy Centerfold

Publicado em Playboy - Anos 80 | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

#ForaBozo!

Publicado em Comédia da vida privada | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

#ForaBozo!

Publicado em Fora Bozo! | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Ugh!

Sampaio (Waiana Apalaí), Soruda (Kaxinawá), Paixão (Tembé), Marco Jacobsen (Ashaninka), Orlando Pedroso (Enawenê Nauê) e Tiago Recchia (Marubo), em algum  lugar do passado. © Vera Solda (Txucarramãe)

Publicado em Geral | Com a tag , , , , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Bolsonaro de uniforme listrado

Há gente prevendo que o presidente será preso em 2022

Dentro de algumas horas, a televisão começará a nos bombardear com a manchete: “Já é 2022 na Austrália!”. E tome de fogos naquela ponte. A Austrália está 12 horas à nossa frente, donde tudo lá acontece primeiro, e não apenas arremesso de bumerangue e corrida de canguru. A tal ponto que, quando uma coisa está para acontecer aqui, dizemos que na Austrália ela já aconteceu.

Há gente prevendo, por exemplo, que Jair Bolsonaro será preso em 2022. Pois, quando acontecer, ele já terá sido preso na Austrália 12 horas antes.

Eu sei, isso é nonsense, mas não impede que tal pensamento nos ajude a virar o ano. A ideia de Bolsonaro atrás das grades, de uniforme listrado, rosnando para as paredes e com um buraco na cela como privada é deliciosa demais para ser posta de lado. Parodiando Nelson Rodrigues, o ideal seria amarrá-lo a um pé de mesa e dar-lhe de beber numa cuia de queijo Palmyra. E, tendo para se distrair, só os programas da Jovem Pan e do SBT. Seu advogado particular, o ex-procurador-geral da República Augusto Aras, tentaria livrá-lo —mas sem se esforçar muito, porque, caroneado para o STF, Aras no fundo quer que Bolsonaro se dane.

Um amigo me pergunta se a prisão será suficiente. E desfia a obsessão de Bolsonaro pela morte —a morte alheia. Bolsonaro defendeu a tortura, pregou a execução de adversários políticos e está armando policiais e civis para uma guerra civil. Na pandemia, ficou com o vírus e contra a ciência, nunca visitou um hospital, debochou dos agonizantes e chamou de mimimi a dor das famílias enlutadas. Outro dia, disse que a morte de uma criança não justifica uma emergência. E, neste momento, é um pândego em férias enquanto milhares de brasileiros estão morrendo ou perdendo tudo com a chuva.

Para esse meu amigo, Bolsonaro, pelo que já fez e ainda fará, merecia a pena de morte. Discordei, claro. A guilhotina, a forca e a cadeira elétrica punem rápido demais.

Publicado em Rui Castro - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Elas

“Domestic Nude III” – In the laundry room at the Château Marmont, Hollywood, 1992. © Helmut Newton

Publicado em Helmut Newton | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

#ForaBozo!

Publicado em Comédia da vida privada | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Está faltando gente na cadeia

Mais de uma centena de cidades baianas foram atingidas pela recente enxurrada que assolou a região. Mais de 22 mortos já foram contabilizados; 350 são, até agora, os feridos e mais de 60 mil pessoas encontram-se desabrigadas, desalojadas e carentes de comida, água, roupas e tudo mais. Há problemas semelhantes no Piauí, no Maranhão, em Goiás e em Minas Gerais.

Em férias no litoral catarinense, o vadio Jair Messias Bolsonaro, manifestou-se a respeito: “Só espero não ter que voltar antes do previsto”… Primeiro, presidente da República não tem férias. Esteja onde estiver, continua presidente e no exercício do cargo – a menos que o transfira para o vice. Segundo, como ele é comprovadamente incapaz, incompetente e desequilibrado mental, não precisa voltar. A sua presença não fará a menor diferença, a não ser para complicar ainda mais a situação.

Indagado sobre como ajudaria os que perderam casa e negócios, o presidente limitou-se a dizer que medidas contra a Covid-19 também causaram catástrofe no ano passado.

Está faltando gente na cadeia.

O Ministério da Defesa do mesmo governo, por sua vez, valeu-se de recursos destinados ao enfrentamento da Covid-19 para a compra de filé mignon e picanha para a milicada. Cerca de R$ 535 mil.

Está faltando gente na cadeia.

O ministro (!) Queiroga, da Saúde, contrariando órgãos do próprio governo, incluindo a Anvisa, diz que só pensará em vacinar menores de 05 a 11 anos depois que todos os adultos tiverem sido vacinados. E dependendo de prescrição médica.

Está faltando gente na cadeia.

Sem nenhum planejamento prévio adequado, o menino que imagina estar governando o Paraná, suspendeu a cobrança de pedágio, sem oferecer opção de atendimento e socorro aos motoristas e veículos. Tem sido um inferno transitar nas rodovias paranaenses.

Está faltando gente na cadeia.

O Congresso promulgou a PEC dos Precatórios, também chamada PEC do Calote, para dar fôlego ao governo para o pagamento do Auxílio Brasil até o fim de 2022. Às custas do adiamento do pagamento de dívidas do governo, de modo impiedoso e inconstitucional, JMB avança de olho na reeleição.

Está faltando gente na cadeia.

O mesmo Congresso derrubou o veto presidencial (tudo combinado) ao fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões em 2022. Com isso, o financiamento público de campanha será o maior da história. Aliás, o Brasil é o líder desse tipo de gasto entre 25 nações.

Está faltando alguém na cadeia.

Como se tudo já não bastasse, o Ministério do Trabalho e Previdência propõe a apropriação da multa equivalente a 40% do FGTS para o trabalhador demitido sem junta causa. O seguro desemprego seria extinto.

Está faltando alguém na cadeia.

Em escalada inédita desde 2002 para frear a inflação que avança a olhos vistos, o Comitê de Política Monetária do Banco Central promoveu a sétima alta seguida da taxa básica de juros, de 1,5 ponto para 9,25% ao ano. É o maior patamar desde junho de 2017. Novo aumento, de 10,75% já está sendo anunciado para fevereiro.

Está faltando gente na cadeia.

Mesmo assim, nos últimos doze meses, os preços ao consumidor saltaram 10,7%, segundo informação do IBGE. Isso significa que o índice do governo Bolsonaro superou a alta de preços registrada na gestão Dilma Rousseff, que acabou impichada.

Está faltando gente na cadeia.

Investigações sobre o presidente e sua família foram arquivadas ou empacaram. São suspeitas, com repercussão pública, como a de favorecimento à empresa do filho 04 e da compra de uma mansão pelo filho 01. Acrescente-se a isso a investigação de “rachadinha” contra o mesmo 01 e do uso do cartão corporativo presidencial. E os ataques ao sistema eleitoral e pela disseminação de falsas informações sobre vacinas, perpetuados pelo próprio presidente.

Está faltando gente na cadeia.

Ao conceder aumento de salário, de modo leviano e inconstitucional, apenas a duas categorias de funcionários – os policiais federais e os policiais rodoviários federais –, o desastrado Messias criou enorme confusão entre os servidores públicos. Só na Receita Federal, pelo menos 324 de 2.938 auditores com cargos comissionados deixaram os postos. E o número tende a aumentar, estendendo-se para outras carreiras de elite, como no Ipea, Banco Central e peritos médicos e auditores agropecuários. Paralizações e greves anunciadas.

É, está faltando gente na cadeia.

Publicado em Célio Heitor Gumarães - Blog do Zé Beto | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Bolsonaro lança o ‘Jet Ski Para Todos’ na Bahia

Irritado com as críticas de que não estava fazendo nada enquanto a Bahia naufragava na enchente, o presidente Jair Bolsonaro anunciou hoje a criação do programa Jet Ski Para Todos. O auxílio é para que cada família possa comprar um veículo aquático.

“Reclamaram que eu estava de férias, mas eu estava testando o jet ski”, disse o presidente. Nos bastidores, comenta-se que Bolsonaro a princípio duvidou da enchente e disse que era apenas “uma chuvinha”.

Bolsonaro explicou que a lógica é a mesma do armamento: “Liberdade é isso. O próprio cidadão se defende da enchente”.

Publicado em Sensacionalista | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

O ano do ‘Fora Bolsonaro!’

Felizmente, 2022 não será um ano bissexto.

A contagem regressiva mais importante agora que 2022 se aproxima não é aquela tradicional com duração de dez segundos, mas a que dá início ao último ano de Jair Bolsonaro na Presidência. Mais 365 dias. Felizmente, não será um ano bissexto. Em dezembro de 2019, escrevi neste espaço que meu palpite sobre 2020 era o seguinte: “Será, oh, uma bosta. Como nesta época sempre fico mais otimista, quero acreditar que serão só mais três anos. Longos e duros anos. Mas apenas mais três”.

Não adianta ser pessimista, lá veio uma pandemia para piorar a tragédia que o brasileiro já vivia sob o desgoverno Bolsonaro. Como disse naquela ocasião, seriam mais três anos de um presidente terrivelmente reacionário, homofóbico e machista. Com direito a comemoração de golpe, exaltação da ditadura, discursos violentos contra minorias. Jair não falha.

Testemunhamos a Constituição ser pisoteada, o Estado laico virar história da carochinha. Um governo que confirmou como método intimidação, linchamentos virtuais, fake news com cara de nota oficial. E que joga a culpa de sua incompetência no PT, nas ONGs, no DiCaprio, no Paulo Freire, nos veganos, no Inpe, nos direitos humanos, na mídia. Sobrou também para a ciência.

Ele manteve firme o personagem do homem simples, que não raciocina antes de falar. Mas um presidente que exalta a ignorância, governa movido pela inépcia, pela falta de cultura e de educação, de gentileza, de empatia, rodeado de ministros bufões. E daí?, seriam suas palavras.

Faltando um ano —quero acreditar que será só mais um—, penso: vamos aguentar. E o meu desejo para 2022 é que o país se livre dessa nuvem de gafanhotos que assumiu o poder. Que na virada de ano se crie uma grande corrente de amor e esperança, com energia emanada por pessoas de diferentes etnias, gerações, credos, orientação política, unidas num único pensamento: Fora, Bolsonaro! Que o diabo o carregue.

Publicado em Mariliz Pereira Jorge - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter