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Flagrantes da vida real
Mural da História
AGORA o presidente se esmerou: escolheu um preto de alma branca para presidir a Fundação Palmares, que atua na preservação da herança africana. Sérgio Nascimento de Camargo é negro e como os outros luminares do governo Bolsonaro é hostil à clientela de sua área. Ele critica o coitadismo dos negros, refuta a discriminação racial e diz que o problema é nos EUA, não aqui. O próprio irmão de Sérgio o chama de capitão de mato.
29 de novembro, 2019
Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário
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Padrelladas
Publicado em Nelson Padrella - Blog do Zé Beto
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Requiescat in pace
Publicado em Sem categoria
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Eu seria sexy demais
Se eu fosse um homem branco heterossexual, meu Deus
Imagine um cara gato de 42 anos que se exercita, é proprietário de imóveis, te faz rir assumindo fraquezas e neuroses, cria uma belíssima filha recorrendo a Winnicott e a sua infinita capacidade de amar, é amigo de todas as pessoas com quem já se envolveu e ainda sabe (e entende de fato) umas 15 frases de Lacan que lança em jantares que duram horas. Esse homem seria o rei do centro expandido. O solteiro mais cobiçado da cidade. Mas e se a gente pensar que essa mesma pessoinha encantada é uma mulher? Ah, ela fala muito! Demanda demais! Tem um número excessivo de amigos homens!
Imagine um senhor que moldou e esculpiu sua expertise sensual e sexual em muitos encontros. Ele beija com intensidade e entrega. Ele diz o que quer e, quando consegue, não corre. Bem, esse senhor, caso seja uma senhora, acaba de se transformar em alguém assustador. Complicado, intenso. Muito fácil ou muito masculino.
Uma vez um sujeito me perguntou, debochando: “Você é aquela menina que escreveu o livro ‘da louca’?”. O livro vendeu cerca de 50 mil cópias, o que reformou à vista meu primeiro apartamento. Eu negociei os direitos para o cinema e fiz a primeira versão do roteiro, o que me possibilitou comprar um carro para mim, outro para a minha mãe e outro para meu pai. O filme é sobre a geração de angustiados, medicados e ansiosos que somos. E sobre como parceiros, familiares e chefes “normais” são os verdadeiros malucos que nos fazem adoecer. Imagine o respeito que um homem teria se tivesse escrito essa obra! Acho que poderíamos até chamar de obra. Já posso vê-la traduzida e vendida internacionalmente. E imagine a quantidade de mulheres interessantes que iam querem amar esse ser de luz corajoso, bem-sucedido, extravagante e criativo? Não apenas printar uma conversa para se exibir para os amigos. Não apenas tirar onda chegando na festa com o autor conhecidinho. Não apenas domar para colocar no currículo. Um homem que se sustenta com arte é o pica das galáxias. Uma mulher que se sustenta com arte deve ser uma pirada ou uma piranha (lê-se: não posso estar com alguém que me causa tanta inveja).
Em outra ocasião um fulano me perguntou: “Você é a ‘mina’ daquele monte de ‘podcast maluco’?”. Indagou acariciando o ombro da esposa “3S” –sonsa, sustentada e sem-sal– que trabalha, só de vez em quando, dando dicas de como decorar uma boa mesa de jantar. Não, caríssimo brocha-executivinho-de-merda-direitista-lixo-travestido-de-progressista-desconstruído, eu não sou “a mina” dos podcasts. Eu sou a mulher que criou e apresenta três dos mais ouvidos programas de podcast do país. E ganho em dólar por eles. E emprego uma galera foda. E os melhores psicanalistas da cidade me pedem para participar. E as mulheres mais estupendas me escrevem pedindo para serem entrevistadas. Se eu fosse um homem branco heterossexual, meu Deus, eu teria que lidar com opções extraordinárias de parceiras geniais, cultas e sedentas por fluídos e bom papo, querendo acariciar minhas costas. Mas, como mulher, eu ainda sou chamada de “mina que se expõe demais”, de “menina que dá trabalho”. É impressionante como sou uma jovenzinha para referências profissionais e uma senhora se conto que minha teta foi chupada um ano e meio pela minha filha.
Jamais esqueço da minha fase avassaladora de corações: pobrinha, deslumbrada, forçando a letra “r” nas palavras. Semivirgem, eu achava que dar beijinho insosso no pescoço significava ser bom de cama. Lembro o dia em que fiquei sentadinha de frente para uma sala de reuniões com três homens poderosos digladiando por mim. Todos queriam a estagiária. Um deles fechou o punho ameaçando um soco. O mais velho disse que ia parar pelo bem da empresa. Eu não era um centésimo do que sou agora. Hoje em dia tipos assim me cumprimentam de cabeça baixa. Quando mais ousados, é a outra cabecinha deles que acaba cabisbaixa no meio do processo.
Ah, mas pra que você quer um homem? Você perguntaria a um homem por que ele quer ser amado?
Publicado em Tati Bernardi - Folha de São Paulo
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O major galopante e os húngaros craques da pelota – final
O Real foi pentacampeão europeu derrotando, sucessivamente o Stade de Reims (onde descobriu Raymond Kopa, o maior jogador do futebol francês, com as devidas vênias a Michel Platini e Zinedine Zidane), Fiorentina, Milan, Stade de Reims de novo e o Eintracht Frankfurt. Contra os alemães, jogo disputado em Glasgow, o placar foi de incríveis 7 x 3. Puskas marcou 4 gols e Di Stéfano os outros 3. No YouTube tem o jogo e é possível ver a enormidade do futebol de Alfredo Di Stéfano (completamente careca) e Ferenc Puskas (baixinho, gordinho, parecendo um barrilzinho de cachaça, desses que todo mineiro guarda na sala de visitas com orgulho).
Contudo, a idade ia pesando para Di Stéfano e Puskas, que quatro anos ou cinco anos depois deixariam de jogar futebol e se tornariam vitoriosos técnicos em vários países do mundo. Puskas, entre outras, conseguiu a façanha de dirigindo o Panathinaikos da Grécia, chegar à finalíssima da Copa dos Campeões da Europa. Só perdeu um jogo, logo o último, era a sua sina, contra o Ajax de Amsterdam, que tinha um jovenzinho chamado Johan Cruijff no comando do ataque e que acabou com a pretensão dos gregos em Wembley.
Quando caiu o comunismo na Hungria, Puskas voltou. Muito bem de vida com “la Plata” que angariou no futebol, passava o dia na sede do Honved, onde recebia os torcedores, contava histórias e se recordava de Bozsic (que conheceu na infância, moravam numa casa em frente da outra, e se apresentaram juntos para testes no Honved), Kocsis, Hidegkuti, Czibor, Sebes, Guttmann, Kopa, Del Sol, Di Stéfano, Gento e Santiago Bernabéu. No verão, calçava um mocassim marrom velho e sem graxa há anos, vestia uma bermuda que deixava à mostra as gordas coxas e uma camisa polo que, quando ele sentava, expunha a sua proeminente barriga. No inverno, um grosso sobretudo, luvas e um gorro de pele de raposa. Aos domingos, não perdia um jogo no Estádio Nacional da Hungria, que naquele ano passou a se chamar Estádio Ferenc Puskas. Assim que os alto falantes anunciavam sua presença na Tribuna de Honra, a torcida inteira ficava de pé e o aplaudia e gritava seu nome por mais de 5 minutos.
Quando morreu, em 2006, foi velado no Ferenc Puskas. Os húngaros acorreram em massa e seu féretro parou Budapeste. Entre as milhares de coroas de flores que chegaram ao local, a mais bonita era assinada por Dom Alfredo Di Stéfano.
Apesar dos 7 a 3 contra os alemães, a temporada não havia sido fácil para os merengues. O campeonato espanhol, sempre importante, e a Copa do Rey (que se chamava Copa do Generalíssimo, num puxa-saquismo ao ditador Franco) tinham sido papados pelo grande rival Barcelona.
O Barcelona, antes de contratar Kocsis e Czibor, já tinha um outro húngaro que encantava o mundo, chamado Kubala. Filho de um polonês e duma tcheco-eslovaca, que se conheceram na Universidade de Budapeste, Kubala assombrava as ruas da cidade nas peladas de todos os dias. Foi, ainda muito jovem, contratado pelo Ferencvaros. Tornou-se um fenômeno. Convocado para o serviço militar, desertou e fugiu para Bratislava (atual capital da Eslováquia, que, com o fim do comunismo, se separou da República Tcheca), onde jogou no Slovan, o time local da terra de sua mãe. Como a então Tchecoslováquia era um “país irmão” da Hungria, ninguém deu importância. Inclusive, depois de jogar na seleção húngara, envergou a camiseta da seleção tcheca. Só que – sempre tem um só que – foi convocado para servir ao exército tchecoslovaco. Mais uma vez, não quis saber, pegou um trem para Viena e fugiu para o ocidente com a esposa e o sogro viúvo. O sogro era o técnico do Slovan Bratislava e se chamava Ferdinand Daucik, havendo sido jogador da seleção da Tchecoslováquia nas Copas de 1934 e 1938 (em 1934, foi vice-campeão do mundo, perdendo a final para a Itália). Assinou com um time italiano, mas não entrou em campo. As federações da Hungria e da Tchecoslováquia foram à FIFA.
Precisando de dinheiro para viver, convidou o sogro para ser técnico do “Hungaria”, um time que fundou com outros jogadores que haviam fugido de vários países comunistas e viviam na Itália como ele. Proibidos pela FIFA de jogar profissionalmente, se exibiam contra equipes amadoras italianas e dividiam a renda dos jogos entre si. Depois de longas negociações, o Barcelona mandou seus emissários para falar como o PC da Hungria e, acertados os ponteiros, Kubala foi apresentado no Camp Nou. Como Di Stéfano, também jogou numa terceira seleção, a espanhola.
Como jogador, era o Rei do Barça. O que dizia os dirigentes do Barcelona acatavam. Logo que chegou, o técnico foi demitido e ele procurou os dirigentes para indicar o sogro, que estava em casa sem fazer nada. O Barcelona topou. Foi ele, também, quem pediu para que contratassem Kocsis e Czibor. Só não pediu o Puskas porque seria ele o reserva, jogavam na mesma posição. Continue lendo
Publicado em Paulo Roberto Ferreira Motta
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O irritante guru do Méier
Publicado em leia-se!
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Antologia Lírica
Belchior
#ForaBozo!
Quando é preciso destruir algo usando palavras, não custa nada usar as mais elegantes. (Carlos Castelo) – Blog do Zé Beto
10 causas do meu desespero
Diário, hoje eu tô 10! 10esperado! E vou te contaer as 10 causas do meu 10espero:
1-) Chegou o primeiro lote de vacina infantil. Fiz o que pude pra atrasar o treco, mas acabou chegando. Agora o jeito é começar a espalhar feiquenius dizendo que um monte de criança passou mal.
2-) Eu sou contra vacina, máscara e distanciamento, mas liberei que os ministros e militares graduados voem de executiva por causa do risco de covid. Vírus no pulmão dos outros é refresco, talkei?
3-) Uma empresa aí lançou a “pulseira Bolsonaro”. Diz que melhora a circulação sanguínea e diminui o ácido lático. Bom, se o meu pessoal acredita que vacina faz mal, pode acreditar que essa pulseira faz bem. Só não gostei que o treco diz que é à base de raio infravermelho. Tem que trocar isso aí! Nosso raio jamais será infravermelho!
4-) O Veio da Havan foi suspenso do Twitter só porque espalhou umas feiquenius sobre vacinação. Pô, desse jeito vão querer suspender o Malafaia também, só porque ele disse que vacinar crianças é “infanticídio”.
5-) Aliás, #DerrubaMalafaia chegou a ficar em primeiro lugar nos Trending Topics. Pô, querem acabar com a nossa liberdade de imprensar?
6-) Voltando pro Hang, aquele grande patriota que se sacrifica pelo país se fantasiando de periquito, descobriram que ele não declarou o dinheiro dele em offshores por 17 anos. Em 2018 eram US$ 112 milhões.
7-) Se ele tinha tanto dinheiro, por que pediu 115 anos pra pagar a dívida? Tô brincando com você, Diário, eu sei o porquê. Quem não sabe?
😎 Saiu uma nova pesquisa que dá 45% pro Lula e 40% pro resto. Com isso, o Desdedado pode ganhar já no primeiro turno.
9-) Uma coisa chata da pesquisa é que 55% das pessoas disseram que meu governo tá pior do que elas esperavam. Pô, isso é uma injustiça. Nunca escondi nada de ninguém! Sempre fui como eu sou.
10-) Por conta dessa pesquisa aí, já tô avisando pros meus chegados que, se eu perder no primeiro turno pro Lula, me mando daqui. Vou querer distância do Brasil. E da cadeia.
#diariodobolso