O Homem da Linha|de Wisselwachter. Uma jovem francesa desce de um trem certa de ter chegado ao seu destino. Mas se depara com uma pequena estação de cercanias inóspitas, onde vive apenas um agulheiro, responsável pela manutenção dos trilhos. Os trens param ali raríssimas vezes, assim ela é obrigada a conviver com aquele estranho que nunca teve contato íntimo com uma mulher.
Joss Stelling dá um clima de tensão e claustrofobia a partir da obsessão de um homem solitário por uma mulher. A presença dela destrói o equilíbrio pessoal que ele havia construído durante anos, formando um trampolim para vários acontecimentos humorísticos e dramáticos.
Holanda, 1986, direção de Jos Stelling (O Ilusionista), 96 minutos.
Fiz dezenas de reportagens sobre Nuzman e seu modus operandi na última década. Sempre com minhas próprias apurações. Nesse ano teve essa breve história: general Heleno passou anos ao lado dele e nunca viu nada. Mais ou menos como é com o Centrão agora.
R$ 58.581,00. Por extenso: cinquenta e oito mil, quinhentos e oitenta e um reais.
Era o salário do general Heleno no Comitê Olímpico Brasileiro (COB) em outubro de 2017, mês de seu último contracheque. Corrigidos, são nada modestos atuais R$ 86.791,03 (IGP-M). A maior parte vinda de dinheiro público.
O nome do cargo era pomposo: “diretor de comunicação e educação corporativa do COB”.
No entanto, os relatos colhidos pela reportagem sobre sua verdadeira atuação e função no comitê onde estava tão próximo a Carlos Arthur Nuzman, que depois viria a ser preso por escândalos na Rio 2016, não condizem em nada com a solenidade do título e estão em total desencontro com o protagonismo que o cargo traduz.
“Nos 6 anos que ficou lá, não fez absolutamente nada”, lembra funcionário que estava muito próximo e acompanhou de perto a atuação do general e que prefere não se identificar, assim como outros escutados pela reportagem. Que são unânimes e coincidentes no que contam sobre o general e sua missão no COB: uma verdadeira Batalha de Itararé.
Nuzman é condenado como ‘cabeça’ de esquema criminoso para país ter Rio-16.
Durante dois anos e doze dias, Carlos Arthur Nuzman esperou. As alegações finais de sua defesa foram apresentadas em novembro de 2019 e, desde então, tudo que ele podia fazer era aguardar a sentença do juiz federal Marcelo Bretas, que ficou famoso por julgar os processos da Lava Jato no Rio. Recentemente, seus advogados já haviam solicitado ao magistrado urgência no processo, aberto em 2017.
Ontem (25) no fim da tarde, o doloroso veredito: o ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) foi condenado a 30 anos e 11 meses de prisão em regime fechado pelos crimes de corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Longe dos holofotes aos 79 anos, o veterano dirigente não vai para trás das grades por enquanto, uma vez que a sentença é de primeiro grau, mas, na melhor das hipóteses (caso ela seja revista em segundo grau), vai adiar consideravelmente seu retorno à vida pública e ao esporte. Já são quatro anos de afastamento daquele que foi o mais influente dirigente esportivo do país.
No estado de São Paulo está para ser sancionada lei estadual que trata de dois graves problemas que atingem os consumidores mais vulneráveis: o assédio promovido pelas ligações insistentes de telemarketing; e a oferta irresponsável e antiética de empréstimos praticada por instituições financeiras e correspondentes bancários.
O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) formulou carta aberta ao governador paulista para sancionar o projeto de lei que proíbe tais práticas abusivas.
Ele proíbe as instituições financeiras, correspondentes bancários e sociedades de arrendamento mercantil, diretamente ou por meio de interposta pessoa física ou jurídica, de celebrar contratos de empréstimo de qualquer natureza que não tenham sido expressamente solicitados pelos beneficiários a aposentados e pensionistas através de ligação telefônica.
Prevê também que a celebração de empréstimos de qualquer natureza com aposentados e pensionistas de que trata este artigo deve ser realizada mediante a assinatura de contrato com apresentação de documento de identidade idôneo, não sendo aceita autorização dada por telefone e nem a gravação de voz reconhecida como meio de prova de ocorrência.
Se a lei for sancionada, as instituições financeiras poderão disponibilizar canal gratuito telefônico para que aposentados e pensionistas solicitem a contratação de empréstimos de qualquer natureza, ocasião em que deverão ser previamente esclarecidos sobre todas as condições de contratação a ser realizada.
Em caso de descumprimento das normas é prevista a multa de 58 mil reais, podendo o valor ser cobrado em dobro em caso de reincidência.
Caso seja sancionada a lei, o Estado de São Paulo dará um grande passo para a proteção aos idosos e vulneráveis. Enquanto isso, outros estados da federação assistem a banda passar, e o Congresso Nacional sequer pensa em enfrentar os bancos e as instituições financeiras nesse assunto.
Está mais válida do que nunca a explicação de um ex-ministro do STF para o abuso nas verbas do Orçamento
Certa vez em Brasília, ao entrevistar o então ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello, perguntei por que parecia não haver remédio para o desvio de verbas do Orçamento. Ele deu um sorriso e me respondeu: “É muito simples, meu caro. Nossos políticos acreditam que o dinheiro público não tem dono. Não pertence a ninguém. Logo, pode ser embolsado por qualquer um. Daí o abuso”. Guardei para sempre a explicação do experiente ministro Marco Aurélio, recentemente aposentado do STF.
Quando li hoje no jornal O Globo reportagem sobre o esquema que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), montou para beneficiar seus aliados com verbas oriundas do orçamento secreto, lembrei-me da resposta irônica do ministro do STF. Lira faz o que bem entende com o dinheiro público. Segundo a reportagem, o superintendente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) em Alagoas, João José Pereira Filho, primo de Lira, é peça-chave na engrenagem. Conhecido no meio político como Joãozinho, ele foi indicado para o cargo por Arthur Lira, com a chancela do presidente Bolsonaro.
Joãozinho administra “um caixa turbinado por R$ 83,9 milhões de emendas do relator apadrinhadas por Lira”. E os repasses tiveram como destino, por exemplo, Barra de São Miguel, governada pelo pai do deputado do PP, que recebeu R$ 3,8 milhões. Arapiraca, do prefeito José Luciano Barbosa (MDB), também foi premiada com R$ 23,8 milhões. Barbosa é aliado de Lira, que foi à cidade com o primo Joãozinho para fazer a entrega simbólica do dinheiro. A prefeitura confirmou que os recursos foram “conseguidos em Brasília por Arthur Lira”. Arapiraca é uma das bases eleitorais de Lira. Lá ele foi o terceiro mais votado nas eleições de 2018, com 7.072 votos.
Dinheiro público “não tem dono” e, como se vê, dá um bom empurrão nas campanhas políticas de Arthur Lira. O “carimbo” de Lira aparece em documentos do Ministério do Desenvolvimento Regional, em que ele consta como autor das indicações. Não há nesse tipo de emenda a possibilidade de visualizar o autor e o destinatário nos portais públicos de transparência. No início do mês, diante da denúncia de uso dessa verba para comprar apoio à PEC dos Precatórios, o STF determinou a suspensão da execução do orçamento secreto, além da criação de mecanismos de transparência para a execução dos recursos.
Lira ficou contrariado com a decisão do STF e afirmou que é uma intromissão do Judiciário nas atribuições do Legislativo. Ou seja, considera que é seu direito utilizar verbas públicas para garantir suas eleições. Marco Aurélio, portanto, acertou na mosca. Políticos com o perfil patrimonialista de Arthur Lira creem que podem fazer o que bem entendem com os recursos da União. Dinheiro do povo não pertence a ninguém. E essa é a opinião de ampla maioria no Congresso. Tanto assim que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, quer editar um ato conjunto da Câmara e do Senado que mantenha as emendas, mas com mecanismos que assegurem o mínimo de transparência à destinação dos recursos.
“Temos que identificar como convergir a necessidade de executar o Orçamento e, ao mesmo tempo, ter a máxima transparência, que é a razão de ser da decisão do Supremo. Nossa intenção é o cumprimento da decisão (do STF) e apresentar um modelo mais inovador e transparente”, explicou o presidente do Senado, após encontro com o presidente do Supremo, Luiz Fux.
A posição sinuosa de Rodrigo Pacheco lembra a famosa recomendação de Getúlio Vargas: “Vamos deixar como está pra ver como é que fica”. A seu ver, não há motivo para coibir o abuso na destinação das emendas do relator. Desde que haja transparência, nada deve impedir o uso político do dinheiro público. Portanto, a engrenagem de Joãozinho continuará a funcionar e bem azeitada.
Não fosse profundamente triste e sinistro, eu diria que o nosso país, sob a batuta do psicopata do Planalto Central, é pândego, insensato e está à deriva.
Em busca da reeleição, cada vez mais distante, o infeliz que habita o Alvorada dilapida o erário para conceder vantagens e benefícios a granel, para desespero do outrora iluminado “posto Ipiranga”. Apoderou-se dos precatórios devidos judicialmente ao gentio e sob custódia da União, para suprir o déficit do governo. Mas pretende usá-lo também para os já anunciados auxílio aos caminhoneiros, vale-gás de cozinha para a população de baixa renda, Auxílio Brasil e até para um reajuste de salários dos servidores públicos federais. É ou não é coisa de doido irresponsável?! Sobretudo porque a tal PEC dos Precatórios, se passar no Senado, cai no Supremo Tribunal Federal.
Dias atrás, Jair esteve em Dubai, nos Emirados Árabes, no outro lado do mundo, para uma visitinha de uma semana a três ou quatro países. Hospedou-se no hotel Habtoor Palace, um cinco estrelas, com diárias que chegam a R$ 85 mil. Disse-se que as diárias de Bolsonaro e comitiva, de R$ 46 mil, foram pagas pelo governo local. Teriam sido?!
O Messias fez-se acompanhar da primeira dama Michelle, dos ministros da Economia, do Gabinete de Segurança Institucional, da Defesa e das Relações Exteriores, além de secretários. Ah, sim, acompanharam-no ainda o deputado federal Hélio Lopes, o ex-senador Magno Malta e o vereador mineiro Nikolas Ferreira. E mais, para surpresa geral, seguiu junto o desembargador Marcelo Buhatem, presidente da Associação Nacional de Desembargadores (Andes).
O que foi fazer Bolsonaro em Dubai, Abu Dhabi, Bahrein e parece que também no Catar? Talvez vistoriar as sedes da futura Copa do Mundo. Por conta do erário brasileiro, é claro.
Como se isso não bastasse, o ínclito ministro Gilmar Mendes, que, além de membro da Suprema Corte do país, é dono do IDP (Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa), resolveu promover o IX Fórum Jurídico de Lisboa, em Portugal, com a presença de ministros do Executivo brasileiro, entre eles Flávia Arruda, da Secretaria de Governo de Bolsonaro; do TCU, de executivos de agências reguladoras, congressistas, entre os quais Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, e respectivos cônjuges; advogados com atuação no STF, além de servidores. Pelo menos 25 autoridades tiveram as suas despesas bancadas pelos cofres públicos do Brasil. Além dos custos com passagens, diárias de cerca de R$ 2.400 e seguros, que ultrapassaram R$ 500 mil, foi usado um avião das Forças Armadas do Brasil.
Algumas autoridades bancadas com recursos públicos participaram do evento como palestrantes, outras como meros observadores, como foi o caso do ministro do Tribunal de Contas da União, Vital do Rêgo, que consumiu R$ 9.400 em passagens e R$ 17 mil em diárias. Lá estiveram também o presidente do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), o diretor-presidente da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), o diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a diretora-presente da ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico), a presidente da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), o presidente da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), a diretora-executiva do órgão, o senador Angelo Coronel, e a subprocuradora-geral da República Lindôra Maria Araújo, entre outros. Um trenzaço da alegria para ninguém botar defeito.
Nada como um governo impoluto e cioso com o dinheiro público e um Judiciário consciente de suas responsabilidades…
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