#ForaBozo!

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Marumbi

Que magia havia nos caminhos da mata, que nos fascinava a ir mais adiante, e mais adiante, e sabíamos que mais adiante não havia nada mais que a floresta, e que a magia era esse estar indo. Que fascínio nos levava a ir, às vezes com companheiros, mas muitas vezes só, nessa caminhada respeitosa, e parávamos diante de uma pedra e uma voz dentro de nós dizia: é aqui. E essa pedra ou árvore ou nada era o altar de nossa religião e era ali que, comovidos, conversávamos com o deus que em nós habitava. Que delícia quando voltávamos para casa, cumprida a missão de ir e encontrado deus e dele ter recebido a absolvição, uma coisa assim, e nos sentíamos redimidos e felizes.

Deus estava em todos os caminhos porque estava conosco, nascido do amor que tínhamos, nascido de todos os sentimentos bons. Caminhava conosco, quem sabe se abraçado conosco, e nós agradecíamos com palavras silenciosas a felicidade de nos ter sido dada a oportunidade de sermos bons, de cultivarmos o amor, de não deixar que sentimentos maus nos envenenassem.

É possível que houvesse dias que deus se afastava um pouco de nós. Quem sabe resolveu dar um giro por aí! Mas sentíamos imediatamente quando ele voltava e entrava em nós, porque só podia ser deus aquela felicidade que nos pegava de surpresa, quando estávamos distraídos. Era então que abraçávamos os companheiros e nos esforçávamos para ser ainda melhores do que éramos.

Caminhando com deus pelos caminhos do Marumbi, subíamos rampas, rochas, parávamos diante de um altar e dizíamos: é aqui. E onde parássemos era altar, que a montanha era nosso templo.

Inventei esse deus porque não posso acreditar que tudo aquilo éramos só nós sendo felizes e distribuindo felicidade. Como podíamos nós criar do nada esse tesouro que era a montanha, seus caminhos, os companheiros, tudo aquilo que foi o tempo de nós juntos?

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Faça propaganda e não reclame

“Uma mulher de salto é poderosa, mas uma mulher de joelhos é invencível” Marcelo Crivella

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Que país é esse?

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Amigo não tem defeito

No sábado, será Natal outra vez. Dia de fé e esperança, que deveria ser comemorado em silêncio, interrompido apenas pelo repicar dos sinos e pela magia do canto gregoriano. Uma criança estará nascendo, como parte de uma tradição de mais de dois mil anos. Se foi apenas um símbolo ou um mito, criado pelos teólogos, pouco importa. Restou-nos uma mensagem. Quantos ainda se lembrarão dela? Respeito, fraternidade, fé, amizade, amor e solidariedade, desgraçadamente, são coisas cada vez mais raras num mundo marcado pela ganância, desamor e competitividade.

Por isso, estimado leitor, quero contar-lhe uma historinha, como também já está se tornando tradição nesta época do ano. Mas não precisa se assustar. Não será sobre o Menino Jesus, embora ele deva estar presente nela. Foi-me enviada, algum tempo atrás, por Márcio Nóbrega Pereira, um amigo de todas as horas. E eu faço questão de dividi-la com o Grupo dos Quinze – universo de leitores desta coluna -, convidando-os a meditar sobre o tema. Àqueles que a acharem piegas, responderei: E aí? Um pouco de pieguice, neste mundo tão carente de sentimento e humanidade, só fará bem.

O dono da loja acabara de botar o anúncio na vitrine -“Cachorrinhos à venda” -, quando o menininho apareceu na porta e foi logo perguntando:

— Qual o preço dos cachorrinhos?

— Entre R$ 30 e R$ 50 – respondeu o comerciante.

O garoto colocou a mão no bolso e tirou umas moedas:

— Só tenho R$ 2,30. Mas posso vê-los?

O homem sorriu e assobiou. De trás da loja surgiu uma cachorra, seguida de cinco filhotes. Um deles mancava e foi ficando para trás.

O menininho imediatamente apontou para ele.

— O que aconteceu com este cachorrinho? – indagou.

O dono da loja explicou que, quando o pequeno cão nasceu, o veterinário disse-lhe que ele tinha uma perna defeituosa e que mancaria o resto da vida.

O garotinho emocionou-se e exclamou:

— Este é o cachorrinho que eu quero comprar!

Então, o homem respondeu-lhe:

— Não, você não vai comprar este cachorro. Se você realmente o quer, eu lhe dou ele de presente.

O menino não gostou da oferta. Muito sério, encarou o comerciante e disse-lhe:

— Eu não quero que o senhor me dê de presente. Ele vale tanto quanto os outros, e eu pagarei o preço. Vou lhe dar agora os R$ 2,30 que tenho e a cada mês lhe darei R$ 0,50, até que tenha feito o pagamento total.

O homem ainda insistiu:

— Você quer mesmo comprar este cachorrinho, filho? Veja bem: ele nem anda direito, nunca será capaz de correr, saltar e brincar como os outros cachorrinhos…

Aí o menininho agachou-se e levantou a perna da calça para mostrar a sua perna esquerda, cruelmente danificada, quase inutilizada, contornada por um grande aparato de metal. Em seguida, olhou novamente para o lojista e disse a ele:

— Bem, eu também não posso correr muito bem, e o cachorrinho vai precisar de alguém que o entenda.

O bom homem sentiu um nó na garganta e muita vergonha. Mas logo abriu um largo sorriso e respondeu ao menininho:

— Espero sinceramente que cada um desses outros cachorrinhos tenha um dono como você.

Se estivesse presente, o meu querido Rubem Alves arremataria: “A experiência da amizade tem as suas raízes fora do tempo, na eternidade”. E, irmanados, desejaríamos a todos um feliz Natal.

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Leity_42 – © IShotMSelf

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Elas

Anaïs Nin – 1903|1977. © Reuters

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Quaxquax!

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Gabriel Boric: quem é o ex-líder estudantil eleito presidente do Chile aos 35 anos

O ex-líder estudantil Gabriel Boric, de 35 anos, da coalizão de esquerda Apruebo Dignidad, foi eleito presidente do Chile no domingo (19/12) após derrotar, no segundo turno, o candidato da direita José Antonio Kast, de 55 anos, da Frente Social Cristiana, conhecido por suas posições mais próximas ao presidente brasileiro Jair Bolsonaro.

Boric (pronuncia-se “Borich”) é definido até por seus mais ferrenhos críticos como conciliador e aberto ao diálogo. Mas esses opositores ressaltam, porém, sua “pouca experiência” e a presença do Partido Comunista em sua aliança partidária.

Já seus aliados observam que ele é “um animal político”, com “sensibilidade social”, que tem a cultura de trabalhar em equipe e a atitude de liderança.

Durante os debates presidenciais e entrevistas a imprensa antes de sua eleição, Boric chamou atenção pela circunspeção, mesmo diante de perguntas que poderiam complicar seu caminho rumo ao Palacio de La Moneda.

Equipe Ultrajano

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Casais em crise querem nome do terapeuta de casais de Lula e Alckmin

“Não importa se no passado trocamos botinadas”, disse o ex-presidente Lula sobre seu quase companheiro de chapa, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin. A frase soou perfeita para muitas pessoas cujos casamentos estão em crise por não conseguirem passar uma borracha dos conflitos que já tiveram. A Associação Brasileira de Psicologia tem recebido emails e ligações de muita gente querendo o contato do terapeura que tem atendido os dois.

O nome do profissional em questão ainda não foi divulgado, mas fontes revelam que o aconselhamento está em curso. Alckmin, por exemplo, teria falado da importância de ceder: todos sabem que chuchu é melhor com camarão, mas por que não com Lula? Já o ex-presidente, cortintiano doente, está fazendo vista grossa para o fato de Alckmin torcer pelo Santos. Mas o importante mesmo é nunca ir dormir sem fazer as pazes.

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‘Anos de chumbo’, livro de contos de Chico Buarque, retrata um Brasil que desperta fascínio e horror

Deve ser duro ser o Chico Buarque. Ou deve ser mole ser o Chico Buarque? Deixo para os historiadores da cultura brasileira do futuro essa resposta (caso haja tudo isso, historiadores, cultura, Brasil — e futuro). Mas é uma pergunta honesta que pode perseguir a leitura dos oito contos que compõem Anos de chumbo.Deve ser duro ser o Chico Buarque. Ou deve ser mole ser o Chico Buarque?

Deixo para os historiadores da cultura brasileira do futuro essa resposta (caso haja tudo isso, historiadores, cultura, Brasil — e futuro). Mas é uma pergunta honesta que pode perseguir a leitura dos oito contos que compõem Anos de chumbo.

São 168 páginas, coisa rápida de ler. Formatinho menor, capa dura, um mimo. Não é a estreia de Chico escritor na forma breve, como diz o site da editora. A não ser que hoje em dia se use dizer forma breve em vez de conto, Chico Buarque já circulou várias vezes pela brevidade das formas: o conto “Ulisses” (1966, publicado no songbook A banda e no Suplemento Literário do Estadão), a novela-pecuária Fazenda modelo (1974), o poema-narrativo A bordo do Rui Barbosa (publicado em 1981, foi escrito com o colega da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo Vallandro Keating nos anos 60). Isso sem falar em mais de um cancioneiro que reúnem centenas de letras em mais de trinta álbuns de estúdio; algumas que se aproximam do poema, outras tantas da crônica e aquelas (mais ainda) excepcionais de manifestos lidos aos gritos em praça pública.

No entanto, desde que estreou no mercado editorial com um romance — Estorvo, de 1991 — Chico de fato não havia publicado nada parecido com os oito contos deste volume. Se os oito se dividem entre temáticas — e vozes variadas —, a vertigem entrópica do Brasil entre 2016 e 2021 parece ser o traço comum. Em seu último romance, Essa gente (2019), já essa velocidade se apresenta na figura do narrador-personagem, que registra entradas de diário, e-mails mal-educados ao editor, anotações de sonhos alternadas a mensagens de áudio de uma das ex-mulheres, a e-mails em português escorreito de outra e respostas de mensagens educadíssimas do editor em questão e do amigo de colégio. O narrador-personagem é um escritor em crise, devendo originais do “próximo romance genial”, algo misantropo, antissocial, mas com poder agudo de observação para uma civilização que se esboroa a sua frente. Num arco de tempo que vai de dezembro de 2018 aos primeiros meses de 2019, é evidente que ele está falando do Brasil que está se havendo com o fato de ter elegido um presidente de extrema direita.

São 168 páginas, coisa rápida de ler. Formatinho menor, capa dura, um mimo. Não é a estreia de Chico escritor na forma breve, como diz o site da editora. A não ser que hoje em dia se use dizer forma breve em vez de conto, Chico Buarque já circulou várias vezes pela brevidade das formas: o conto “Ulisses” (1966, publicado no songbook A banda e no Suplemento Literário do Estadão), a novela-pecuária Fazenda modelo (1974), o poema-narrativo A bordo do Rui Barbosa (publicado em 1981, foi escrito com o colega da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo Vallandro Keating nos anos 60). Isso sem falar em mais de um cancioneiro que reúnem centenas de letras em mais de trinta álbuns de estúdio; algumas que se aproximam do poema, outras tantas da crônica e aquelas (mais ainda) excepcionais de manifestos lidos aos gritos em praça pública.

No entanto, desde que estreou no mercado editorial com um romance — Estorvo, de 1991 — Chico de fato não havia publicado nada parecido com os oito contos deste volume. Se os oito se dividem entre temáticas — e vozes variadas —, a vertigem entrópica do Brasil entre 2016 e 2021 parece ser o traço comum. Em seu último romance, Essa gente (2019), já essa velocidade se apresenta na figura do narrador-personagem, que registra entradas de diário, e-mails mal-educados ao editor, anotações de sonhos alternadas a mensagens de áudio de uma das ex-mulheres, a e-mails em português escorreito de outra e respostas de mensagens educadíssimas do editor em questão e do amigo de colégio.

O narrador-personagem é um escritor em crise, devendo originais do “próximo romance genial”, algo misantropo, antissocial, mas com poder agudo de observação para uma civilização que se esboroa a sua frente. Num arco de tempo que vai de dezembro de 2018 aos primeiros meses de 2019, é evidente que ele está falando do Brasil que está se havendo com o fato de ter elegido um presidente de extrema direita.

Bia Abramo

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Bolsonaro já tem mais rejeição do que Bolsonaro

Nesta semana, a rejeição ao governo Bolsonaro alcançou seu maior índice, com 55% e 60% em pesquisas diferentes. Bolsonaro já é mais odiado que Bolsonaro, dizem especialistas. Jair já é mais rejeitado que ligação de operadora de celular oferecendo “vantagens”.

Ele já é mais rejeitado que pessoas que batem escanteio curto, do que bater o mindinho em uma quina, do que cortar o dedo com papel, até do gente que anda devagar na calçada e escreve a expressão “é sobre isso” nas redes sociais. Bolsonaro está tão rejeitado que o autor dessa matéria fugiu ao escrever “Bolsonaro” pela quinta vez no texto e não conseguiu escrever a última piada.

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Padrelladas

Diário da Croroquinha

Estava eu aqui a matutar: Se você der quitutes ou lavagem a um porco ele não perceberá a diferença. E se notar que tem algo estranho ficará na dele. Se você der pérolas a um porco, ele não conseguirá fazer um colar. Estava aqui pensando que se elegermos um prefeito cabeça de bagre ele não conseguirá legislar com a cabeça. Vai sempre dizer “onde é que eu estava com a cabeça”.

Não se pode confiar num deputado que ofereça uma verdade e só apresente meia verdade, ficando com o resto pra ele. Ou num governador que crie galinhas e raposas no mesmo espaço físico. Ou num presidente que sempre esquece o cérebro no copo onde guarda a dentadura. As eleições estão aí. Dia 25. Com certeza todo mundo vai sentar no colo de papai Noel. Depois não se queixem.

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© Reinaldo Figueiredo

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Chamas

Dentro daquela visão, estavam em meados do século XIX. O que aconteceu na época impacta ainda os encontros e desencontros da existência atual. Uma casa incendiada e o minúsculo fruto daquela união foi engolido por chamas que, descontroladas, romperam a segurança com que explodiam dentro do peito dele para, em ato criminoso ou de infeliz descuido, se desesperarem em labaredas enormes de culpas, de perdas e de abandonos. O sofrimento anestesiou as feridas que se entranharam nela e que verteram lavas de dores profundas, hemorrágicas, incandescentes. O sofrimento ansiava pela partida, por um respiro qualquer, longe da fumaça intoxicante da ira que flambava sua pele, deixando o ar impregnado do aroma etílico do remorso.

Nenhuma explicação diminuiria a culpa que ela lhe atirou com todas as forças que pode reunir em tal ação e nem retardaria a velocidade com que ele prontamente admitiu e aceitou as reações dela. Separaram-se sob o peso de uma pendência espiritual de magnitude incalculável e retornariam quando fosse possível colocar em teste os avanços no aprendizado de ambos, no perdão mútuo, de um para o outro e consigo mesmo, e na possibilidade de um resgate único, purificado na ardência de tamanhas dor e aversão. Eram muito apaixonados e tiveram o privilégio de viver aquele amor com a intensidade de um fenômeno da natureza, mas erraram na mão quando se sufocaram e se inebriaram também pelas incompreensões, vícios e equívocos do modo de vida da época, forjados no fogo dos seus costumes.

Por isso mesmo, os senhores do tempo e do destino impuseram à arrogância com que eles se fecharam para o mundo e se dedicavam única e exclusivamente, em pequenos descompassos, aos apegos erguidos pelos seus egos. Deveriam se desprender daquele amor mundano para aprender, com muita dor, a verdadeira arte de amar na sua natureza mais pura, saudável e edificante. As autoridades foram implacáveis na punição. O acordo prévio era que cultivassem a paciência, esperassem e progredissem suave e tranquilamente, antes do encontro consagrado para irradiar ao mundo a beleza e a extensão dos poderes do universo. Naquele instante, o mundo era um local inóspito para as aspirações desenhadas à transformação da realidade. Mas eles não conseguiram se conter e cederam aos estímulos do campo magnético para além do que o acordo estabelecido permitia, em arbítrio desafiador. Pagaram um preço altíssimo por aquela atitude afoita, atropelada. E ainda pagam por isso. Quando sentem a conexão, hoje, ela vibra com a bagagem de uma carga emocional antiga, de saudades estranhas e com o acúmulo de uma espera confusa, que atravessam planos existenciais, vidas inteiras, crenças, hemisférios e mundos…

Helena observa a chuva torrencial e constante. Descobriu que não via uma precipitação assim há muito tempo. Nem se deu conta, mas tinha se esquecido de como ela era: que cheiro deixava no ar, como lavava o chão, que sons marcavam sua presença e como sentia-se nesses dias, cujas horas passavam lentas, alternando as sensações de calor, frescor e de umidade na sua tarde distraída. Uma luz se acende na janela do último andar da fachada de um prédio, não muito distante dos seus pensamentos. Pode-se ouvir, escorregando pela fresta, o som da música clássica que atravessa os espaços e chega intacta, mansa e doce nos ouvidos dela. O toque instrumental embala agora uma Helena atônita pelas revelações que despertam uma clarividência maluca, nervosa e inconcebível na sua racionalidade, mas que repousam plenamente aceitável e audível nos anúncios que sua intuição grita e insiste em alardear para acordar a consciência.

Mágicas que somente quando são colocadas na conta do poder divino que nos rege é que são possíveis de serem assimiladas. Já estivera a ponto de perder a fé nos esclarecimentos daquela jornada, até que, novamente, por meio de uma manifestação da natureza, esculpida pelos traços e conspirações do universo, um sopro ciclônico jogou tudo para o ar e recolocou aquelas duas almas, ao mesmo tempo, em uma esquina onde seus caminhos puderam voltar a se cruzar para, enfim, acertarem as contas com o passado.

Não foi à toa que um fenômeno poderoso e amedrontador veio girar as chaves das percepções. Há um propósito: lembrar e reanimar nos dois a consciência não só da pequenez, mas como da fragilidade e da finitude da vida; Deveriam exercitar com humildade as suas insignificâncias para poderem refletir o brilho do universo e somar, com tantas outras almas nessa missão privilegiada e extenuante, a grandiosidade da obra imaterial que os une e que os aterra. Quando aprendessem a se amar, enquanto centelhas divinas e não deixassem de ser reféns de apelos egoístas, aprisionadores e efêmeros, estariam preparados para o salto definitivo e para se lançarem ao abraço universal, por impulso de suas miseráveis, mas potentes chamas apaixonadas… Livres para aquele aconchego, acolhida e livres também para se moverem rumo ao prometido retorno das duas almas pródigas para o calor e o conforto do lar.

Precisavam compreender a renúncia – e o amor que de fato ela expressa e expande – no contexto dos propósitos da elevação da vibração positiva à edificação dos novos tempos, no ambiente desta civilização e para a evolução que o momento atual demanda e já permite favorecer. Sem medos, imposições, cobranças, disfarces ou maquiagens, apenas confiando nos direcionamentos edificantes. Só quando eles naturalizassem esse entendimento, praticassem o desapego e despertassem para as verdades singelas e intuitivas que ele revela, as chamas internas poderiam voltar a queimar livres, com todo vigor e força, para contarem uma nova história, ofertarem uma nova chance a eles e para irradiarem no horizonte um amanhã promissor, semeado no desprendimento e no poder de contágio dos vapores e calores dos afetos incondicionais.

Publicado em Thea Tavares - Blog do Zé beto | Deixar um comentário
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