Mural da História – 2011

19-01-2011-dois

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Cartas na mesa (Horoscópula do Prof. Thimpor)

Sou, sem dúvida alguma, o horoscopista que mais recebe cartas neste país. Até hoje ninguém teve coragem de mandar um baralho inteiro, mas isso não vem ao caso. O prestígio de um astrólogo se mede pela correspondência que o carteiro lhe deposita à porta. Nisso, tenham certeza, sou campeão e deixo os embusteiros com as calças na mão. É uma rima e agrada ao patrão.

Não tendo mais o que fazer com tanta missiva (elas se amontoam de maneira cruel em meu escritório), resolvi simplesmente publicá-las, o único jeito que encontrei para me livrar delas e sair mais cedo para encher a cara. Está inaugurada, portanto e finalmente, a minha seção “Cartas”, onde vocês poderão fazer confissões, ameaças e, até quem sabe, fazer com que eu perca o emprego brutalmente.

“Há uma semana descobri que meu órgão é pequeno demais! Não sei mais o que fazer! Meus colegas vivem zombando de  mim. Que atitude devo tomar?” Mineiro Sustenido – Alfenas/MG

Ora, isso é típico de músico precoce, ambicioso e desorientado, que não consegue se entrosar com o conjunto, achando que um órgão maior vai resolver o problema! Por que você não experimenta tocar piano, sintetizador, talvez? Troque de instrumento, compre piano em calda ou procure a Desordem dos Músicos imediatamente. Não tome atitude alguma e atenha-se à partitura. Bach também tinha órgão pequeno e nunca reclamou. Edu da Gaita tocava o seu instrumento de ouvido.

“Perdi a virgindade no táxi, junto com todos os meus documentos. A incerteza me desespera, estou sendo vítima de calúnias terríveis. Penso até em suicídio. Por favor, me ajude!” Desgostosa Em Prantos – Buxixo/MA

Minha cara desgostosa: você não é a primeira pessoa que perde a virgindade num táxi, portanto, não inovou em nada. O motorista de táxi certamente perdeu a calma e desquitou a bandeirada em você, recolhendo o teu hímem para a coleção de troféus. Contudo, isso não é motivo para suicídio. Perder a perna esquerda no palito, por exemplo, seria uma situação muito mais embaraçosa e constrangedora, quem sabe até motivo para o tresloucado gesto. Mas se atirar debaixo da primeira bicicleta que aparecer, como você mencionou na carta, é de uma infantilidade impressionante! Existem maneiras muito mais eficientes pra acabar com a vida. A originalidade, nesses casos, ajuda bastante. Coma feijoada enlatada, vá morar com no Afeganistão, Líbia ou entre na jaula do leão. Quanto às calúnias, enquanto não xingarem a mãe do juiz, mantenha a calma e não ultrapasse em faixa contínua. Sob neblina use luz baixa. Quem obedece a sinalização, evita perón.

“Casei com meu irmão, mas ele confessou amar nossa mãe. Meu pai fugiu com meu primo, enquanto a empregada seduzia a vovó. O pequinês aqui da casa está apaixonado pela frigideira; ninguém quer pagar a conta da luz. Quais são as perspectivas para reorganizar a família?” Jocasta Modesta – Roxodó/PE

Nenhuma. Fique quieta e não faça movimento algum.

“Estou namorando um alemão de bigodinho, meio idoso. Ele é muito estranho, vive levantando o braço direito para o céu e murmurando umas palavras que eu não consigo entende, parece latido de vira-lata com úlcera. Tenho medo dele, apesar de amá-lo intensamente. Quando namoramos, ele fica o tempo todo com o isqueiro aberto encostado no meu nariz. Já marcamos casamento, mas ele tem medo de ser reconhecido na igreja e insiste em ir à cerimônia de uniforme, com aquela faixa estranha com uma suástica no braço. Tenho quase certeza que ele é anormal. Ou será que é somente louco?” Izildinha Sete Léguas – Itanajé/SC

Tenho impressão que você errou de ano, Izildinha. Isso foi em 1942, por aí. Em todo caso desista desse falso ariano e se apaixone pelo grego da alfaiataria. Não é tão rude e dói menos. E grego, dizem, não brinca com gás. E ainda costura pra fora.

Revista Ideias 121 

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Mural da História

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Cotas para quenianos

DOIS QUENIANOS, mulher e homem, venceram a São Silvestre. De novo e sempre, novidade nenhuma. Os brasileiros, inclusive minha professora de Pilates, ficaram para trás, comendo poeira – e olhe que Cláudia Kuniyoshi corre 5 km por dia depois de preparar a lancheira das três filhas. Agora que os cargos do Judiciário serão divididos meio a meio entre homens e mulheres, não custa impor cotas na São Silvestre. Coisa simples: os quenianos correm em raias separadas, descalços como na terra deles, em maratona mais longa (e dane-se a convenção que vem desde a Grécia, pois até lá inventaram no século XX a maratona de 150 km, três dias batendo pernas.

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Brasil

República dos Bananas

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Mural da História – 2016

Chico Castro Lima, Laureni Dantas, Creuza Martins e o cartunista que vos digita, Praça D. Pedro II, Teresina, noites de festa. © Vera Solda

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A meta dos evangélicos

As lideranças evangélicas vão pressionar Arthur Lira (PP-AL) a pautar em seu último ano à frente da Câmara dos Deputados pautas que ignorou nos últimos anos.

A saber: a proibição do aborto em casos já autorizados por lei, como em caso de estupro e de gestão de fetos anencéfalos; o fim do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo; a criminalização do porte de qualquer quantidade de drogas; e a garantia absoluta da liberdade religiosa.

Lira não quer se meter nestas questões desde o governo de Jair Bolsonaro. Tem dito que a Constituição já garante liberdade religiosa; que o aborto já está regulado e, como querem os evangélicos, não é permitido em qualquer caso; e a união civil entre pessoas do mesmo sexo é um direito já estabelecido e aceito pela sociedade.

Como ele não pretende pautar, os evangélicos ameaçam impor-lhe uma derrota na disputa por sua sucessão. Até aqui, o presidente da Câmara tem dito que não definiu quem apoiar e se vai apoiar explicitamente um nome.

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Desproporções

Há uma sequência em ‘Amarcord’, o grande painel memorialista de Fellini, em que “Titta” – alter ego do diretor – leva os amigos para acompanhar a chegada de um navio ao porto da cidade e, como eram todos crianças, o que os olhos deles veem é uma imagem amplificada, distorcida – a passagem de um transatlântico gigantesco, iluminado como uma nave de outro planeta. Quando guri, meu lance era com aviões. O Pai era fundador e gerente da VASP (Viação Aérea São Paulo) em Curitiba.

Estávamos nos anos 60. Eu viajava pra caramba, uma, duas vezes todas as semanas. Para um garoto de 8 anos, era muitíssimo. Mais ainda pra quem, como eu, queria ser piloto de guerra. Qual guerra? Qualquer uma, desde que cheia de ataques-surpresa, bombardeios, kamikazes – e bastante fumaça, sons e voos rasantes; como no cinema. Certa vez, a sete mil metros do chão, uma daquelas janelinhas se abriu e foi mó furdúncio a bordo. Eu, que não conhecia a morte, fui apresentado a ela, mas polidamente recusei-lhe a mão. E nem tchans: só ria da confusão. No fundo, doce ilusão de criança, tinha certeza que algum dos adultos, como é próprio dos adultos, acharia uma solução qualquer dali a pouco. Não me lembro qual era o equipamento em que estávamos voando, mas posso garantir que era grande. Muito grande. Como o transatlântico de ‘Amarcord’. Quando o Concorde foi lançado, pensei comigo: ‘Olha o avião da minha infância’. Claro, o mundo era diferente. As crianças eram diferentes. Nosso olhar era diferente.

Até a bunda da Esmeralda, a não proclamada rainha das mulatas do Rebouças, era uma distorção do tempo: uma amplificação, uma hipérbole. Algo tão surreal que o próprio Salvador Dali não hesitaria em autografar aquela cauda. Tudo era exageração – paródias, alegorias. Eu não tinha medo de nada, a não ser de que os cruéis alemães e japoneses se rendessem e nosso esquadrão fosse dispensado da FAB por falta do que fazer.

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Valêncio Xavier Niculitcheff (São Paulo, 21 de março de 1933, Curitiba, 5 de dezembro de 2008) foi um escritor, cineasta, roteirista e diretor de TV brasileiro. © Daniel Castellano

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Beto Batata – 2015

Guinga, Oswaldo Rios e Octávio Camargo no restaurante Beto Batata. © Lina Faria

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Carta ao Salim

Roberto Salim escreveu aqui para o Ultrajano aquilo tudo que eu gostaria de escrever. Para mim, então, sobrou apenas a vontade de escrever uma carta.

Querido Bob Salino,

Escrevo estas maltraçadas para contar que também eu fui Gilmar.

Quase em frente à casa onde morava quando moleque, na Rua Leandro Dupré, 492, na Vila Clementino, tinha um terreno baldio com muitos pés de mamona (imagina as guerrinhas que nossa turminha fazia atirando mamona com estilingue), mato e um campinho bem no meio disso.

Torcedor do glorioso alvinegro praiano, sempre que cabia a mim ir para o gol, incorporava Gilmar dos Santos Neves e me metia a desfilar o repertório do arqueiro que se vestia todo de preto.

Caprichava nas pontes e focava em ficar bem colocado para impedir que meu time fosse vazado por um chute de longa, média ou curta distância.

Assim como Gilmar, jamais dei um chutão pra frente na hora de recolocar a bola em jogo. Sabia que rolar a redonda para o zagueiro direito era a melhor opção para o time avançar tocando a pelota de pé em pé até chegar ao gol adversário.

Goleiro clássico, o máximo que consegui foi ser reserva do infantil do Monte Líbano.

Mas aí, de certa forma, Gilmar já havia me abandonado. As pontes, a boa colocação e a visão geral do jogo fugiram não sei pra onde. Me deixaram sozinho, tomando gol atrás de gol.

Sabe, Salim, hoje (15), ao ler o Juca, lembrei-me da foto do Pelé chorando no ombro do Gilmar.

Lembrei-me dele no Pacaembu, na véspera da decisão do jogo contra o Fluminense na semifinal do Brasileirão. Ele apareceu por lá para dar uma força aos jogadores.

Lembrei-me ainda a matéria que fiz com ele para o Grandes Momentos do Esporte. Sabe onde foi? Pois é, na concessionária da GM no Tatuapé.

Em agosto do ano passado, entrevistei Ado e Leão para matéria em homenagem a Gilmar. Não lembro se era aniversário de nascimento ou de morte do meu goleiro predileto.

Puta merda! E agora, Salino?

A imagem de goleiro elegante, que tanto Ado quanto Leão fizeram questão de ressaltar, se desfaz. No lugar dela surge a figura de um homem de preto assombrando as crianças nos porões da ditadura. Obrigado e abração, Bob.

Helvídio de Mattos

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Mural da História – 2015

Grafipar|Gráfica e Editora|Década de 70

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Fraga

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