O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), disse hoje, em entrevista ao Uol, que o presidente Jair Bolsonaro colocou o Exército numa situação constrangedora após a divulgação de áudios que apontam que ele teria se envolvido diretamente em um esquema de rachadinha quando era deputado.
A matéria divulgada pelo portal nesta madrugada também diz que um coronel da reserva participava do recolhimento de salários do antigo gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj.
Omar Aziz afirmou que “é mais uma denúncia muito séria” contra Bolsonaro e provocou o presidente da República, que costuma atacar a imprensa quando está acuado.
“É mais uma denúncia muito séria. O presidente tem facilidade para colocar alguns oficiais do Exército numa situação muito difícil, situação constrangedora. Ele [Bolsonaro] tem que dar satisfações, espero que ele não agrida a repórter que fez a matéria.”
O Tribunal de Contas da União – TCU constatou irregularidades em aquisições destinadas ao combate à pandemia nas três esferas de governo: União, Estados e Municípios, excetuando o Ministério da Saúde.
As principais irregularidades são: 1) Fragilidades na seleção do fornecedor; 2) Fragilidades na avaliação/pesquisa do preço de mercado; 3) Falta de transparência das compras do Covid-19; 4) Adiantamento de pagamento sem os cuidados adequados, sem exigência de garantias ou sem a devida avaliação da habilitação e qualificação do fornecedor e, 5) Ausência de justificativas e critérios para a contratação.
Resumo da ópera: desvios de recursos públicos, superfaturamento e descumprimento das regras legais de contatação.
Em nosso país além de contarmos com penas brandas e a frouxidão para os crimes de desvios de recursos públicos, temos apenas discursos, mas com propostas legislativas que esvaziam constantemente o combate à corrupção.
Em poucas palavras, no Brasil a classe política atua com bravatas e factoides.
O que os países que superaram esse problema fizeram?
A Dinamarca, por exemplo, atuou no seguinte sentido: 1) Redução das regalias dos políticos; 2) Pouco espaço para indicar cargos; 3) Transparência ampla; 4) Polícia confiável e preparada; 5) Baixa impunidade com leis que realmente punem os infratores; 6) Confiança social, as pessoas cumprem as regras de convívio social com honestidade, por exemplo nas bibliotecas não há funcionários para emprestar livros, os próprios leitores fazem isso; 7) Ouvidorias fortes e; 8) Empenho constante contra a corrupção.
No Brasil, depois de um período supostamente de combate à corrupção, sempre surgem leis facilitadoras dos desvios públicos e as falsas bandeiras da anticorrupção.
As alterações na lei da ficha limpa que, em breve, serão aprovadas pelo Senado Federal, o não funcionamento das instituições e os rompantes autoritários combinados com uma falsa sensação de combate à corrupção formam o retrato da atual situação.
A pandemia gerou grandes oportunidades para desvios de recursos públicos. A CPI da pandemia está demonstrando esses malfeitos.
O relatório do TCU deverá gerar consequências quanto aos desvios apontados.
Todavia, ainda temos no Brasil a prescrição das penas administrativas e penais que deveriam ser imprescritíveis, mas que habilmente manejadas com recursos, geram a impunidade.
Se se provar que Jair Bolsonaro, por omissão ou cálculo, foi responsável por cerca de 400 mil das quase 530 mil mortes até agora pela Covid no Brasil, ele entrará para um rol de que talvez se orgulhe: o dos genocidas oficialmente reconhecidos pelos tribunais internacionais. Fará companhia nos livros de história a, entre outros, o ugandense Idi Amin Dada, o iraquiano Saddam Hussein e o sudanês Omar al-Bashir. Já é possível, aliás, que estes, somados, tenham matado menos que Bolsonaro.
Mas a contabilidade de um genocídio comporta outros números a apurar. Há que saber, por exemplo, quantos infartos, tumores e tromboses levaram pessoas a óbito porque elas não tinham condições de sair para exames que talvez os prevenissem ou foi impossível atendê-las nos hospitais superlotados. Quantos tratamentos não foram interrompidos com resultados fatais? Quantos infelizes não agonizaram em casa, sozinhos, e só foram encontrados pelos vizinhos dias depois?
Como avaliar as doenças provocadas pelo estresse oriundo da pandemia? Ao ver Bolsonaro na TV cuspindo na nação, como conter sentimentos de medo, raiva ou tristeza, causadores de depressão, úlceras, inapetência, insônia? Quantos não aumentaram seu consumo doméstico de álcool por terem agora mais tempo e pretexto para beber e menos compromissos que os obrigassem a moderar? Quantos casamentos não terão acabado por súbita apatia sexual?
Sem playground, parquinho ou pracinha para brincar, quantas crianças não estão confinadas em casas ou apartamentos e perdendo oportunidades de socialização em períodos decisivos de sua vida? Por causa das aulas online, quantas não estão sendo submetidas ao suplício de uma câmera que talvez não se sintam à vontade para encarar?
Bolsonaro pode não estar em pessoa por trás do drama ou tragédia de cada brasileiro. Mas, de fato, está. Sua maldição paira sobre tudo isso —e sobre nós.
“PF não tem competência para indiciar senador, só o STF. Bolsonaro pensa que a Constituição e a PF são dele, que delegado é jagunço. Quis tumultuar a CPI: plantou áudio, mandou investigar o dono da Precisa para ele obter HC e calar-se. Mas a cada dia chegamos mais perto dos seus crimes.”
Como noticiamos, a PF afirmou em relatório enviado ao STF ter reunido indícios de que Renan recebeu R$ 1 milhão em propina da Odebrecht.
De uso político das instituições, Renan Calheiros também entende.
Patrícia tinha apenas 3 anos quando esteve na cela feminina da carceragem do DOI-Codi [centro de repressão do Exército] paulistano da rua Tutoia, no bairro do Paraíso. A criança, diferentemente das mulheres que ali estavam, não foi vítima das torturas denunciadas pelos presos políticos que eram encarcerados no lugar. Ela foi levada ao local pela mãe e pelo pai: o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, chefe do centro de detenção, tortura e morte da ditadura militar brasileira instaurada em 1964.
Segundo Ustra, a visita da filha era um “gesto humanitário” para com os presos políticos, ideia sua e da esposa, Joseíta Ustra. A passagem foi narrada na obra escrita pelo próprio coronel, livro que o atual presidente Jair Bolsonaro disse estar na sua cabeceira em 2018. Já para os presos políticos, a presença de uma criança junto a pessoas que denunciaram torturas em paus de arara e cadeiras elétricas “era mais uma terrível e macabra forma de tortura aplicada pelo então major Ustra às suas vítimas”, escreveu em artigo o jornalista Moacyr Oliveira Filho.
Quase 50 anos após a pequena Patrícia ter visitado o centro de tortura comandado pelo pai, a Agência Pública, com a agência de dados especializada na Lei de Acesso à Informação Fiquem Sabendo, revela que a filha de Ustra continua recebendo benefícios da atuação do pai no Estado brasileiro: uma pensão mensal e vitalícia de R$ 15.307,90; sua irmã, Renata, recebe o mesmo valor mensalmente.
O presidente da CPI da Covid disse que Bolsonaro pode ser responsabilizado por outros crimes
O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz, tratou como “um fato” a prevaricação de Jair Bolsonaro ao não ter determinado qualquer tipo de investigação sobre as denúncias de irregularidades no contrato daCovaxin.
Em entrevista a O Globo, o senador afirmou ainda que o presidente está “incomodado” com a CPI e que ele pode ser responsabilizado por outros crimes.
“O presidente está incomodado porque a CPI mostrou a ineficiência da administração dele. Mas não só. Uma coisa que deixa o presidente com urticária é a gente mostrar que o governo dele é corrupto também. Estamos com fortes indícios disso. Isso aí deixa ele com urticária. Ele fica louco. E ele não consegue debater. Ele vai debater com a ema? Não vai, né? Então, sobe no palanque. O negócio é restrito a ele, já preparado, está me entendendo? É base militar, é área de motociata e tal. É o habitat, né. Não é uma universidade.”
Para fornecer as melhores experiências, usamos tecnologias como cookies para armazenar e/ou acessar informações do dispositivo. O consentimento para essas tecnologias nos permitirá processar dados como comportamento de navegação ou IDs exclusivos neste site. Não consentir ou retirar o consentimento pode afetar negativamente certos recursos e funções.
Funcional
Sempre ativo
O armazenamento ou acesso técnico é estritamente necessário para a finalidade legítima de permitir a utilização de um serviço específico explicitamente solicitado pelo assinante ou utilizador, ou com a finalidade exclusiva de efetuar a transmissão de uma comunicação através de uma rede de comunicações eletrónicas.
Preferências
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para o propósito legítimo de armazenar preferências que não são solicitadas pelo assinante ou usuário.
Estatísticas
O armazenamento ou acesso técnico que é usado exclusivamente para fins estatísticos.O armazenamento técnico ou acesso que é usado exclusivamente para fins estatísticos anônimos. Sem uma intimação, conformidade voluntária por parte de seu provedor de serviços de Internet ou registros adicionais de terceiros, as informações armazenadas ou recuperadas apenas para esse fim geralmente não podem ser usadas para identificá-lo.
Marketing
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para criar perfis de usuário para enviar publicidade ou para rastrear o usuário em um site ou em vários sites para fins de marketing semelhantes.
Para fornecer as melhores experiências, usamos tecnologias como cookies para armazenar e/ou acessar informações do dispositivo. O consentimento para essas tecnologias nos permitirá processar dados como comportamento de navegação ou IDs exclusivos neste site. Não consentir ou retirar o consentimento pode afetar negativamente certos recursos e funções.