Tudo é relativo

LULA cumpriu 20% das promessas no primeiro ano de governo, realizações palpáveis e reprodutivas. Jair Bolsonaro cumpriu 100% delas em igual período; nos anos restantes, como um Jeová do mal, descansou e gozou o camarão cru e os relógios sauditas. Quem honrou todas as promessas? Bolsonaro, que prometeu e entregou o Brasil semidestruído e o povo semidizimado. Números impressionam, mas não enganam porque são absolutos, mas a vida teima em pautar-se pelo relativo. Compare as promessas – se o fanatismo e o ódio ainda bloqueiam seu cérebro e ofuscam sua visão.

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Portfólio

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Cristobal Reinoso

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Mural da História – 1962

Em 5 de outubro de 1962 saía na Inglaterra o primeiro compacto gravado pelos Beatles. O conceito de “compacto” requer hoje em dia um pouco de explicação. O compacto era um disco pequeno, em 33 rotações, com uma música de cada lado. A música principal, para ser tocada nas rádios, ocupava o lado A; o lado B era ocupado por uma música qualquer, que estava ali apenas para completar o espaço, pois seria um desperdício lançar um disco de vinil (que tipicamente, ao contrário dos CDs, permitia gravação de ambos os lados) com apenas uma música. (Havia também o compacto duplo, com 2 músicas de cada lado.)

Naquela data, portanto, saiu o primeiro compacto dos Beatles, com “Love Me Do” no lado A, e “P. S. I love you” no lado B.  Eram duas típicas cançõezinhas dos grupos pop da época, embora os historiadores, enriquecidos pelo capital interpretativo do “desde então”, projetem em ambas uma porção de tendências futuras. A temática amorosa e adolescente das letras dispensa comentários. Como o próprio Lennon afirmou depois, “a gente estava em busca de criar um som, a letra podia ser qualquer coisa, ninguém dava a menor atenção”. Claro que depois isso mudou, e o próprio Lennon apontou “Help” como a primeira canção em que ele tentou dizer algo que de fato sentia.

Em seu livro essencial “Revolution in the Head”, onde disseca em minúcias todas as canções dos Beatles, Ian MacDonald afirma que a canção era excessivamente “crua” para o padrão do pop da época, e que chamava a atenção “como um tijolo a descoberto na parede de uma sala de visitas’. Talvez por isto, pensa ele, o disco tenha apenas atingido o 17o. lugar nas paradas. Com sua gaitinha plangente e seu vocal que pareceu afinadíssimo (ninguém imaginava do que aquelas três vozes juntas ainda seriam capazes no futuro) “Love Me Do” era uma canção muito mais pobre, melodicamente, do que “P. S. I love you”, a baladinha-abolerada que lhe serviu de contrapeso.

Os Beatles, em sua curta carreira de cerca de oito anos (entre 1962 e 1970) foram um exemplo único, na história da música popular, de um artista que parte do mais simples ao mais complexo, ano após ano, sem olhar para trás, e ainda assim arrebanhando e mobilizando tudo que foi capaz de aprender e inventar ao longo do caminho. Quem imaginaria que os rapazes que gravaram estas duas canções estariam, cinco anos depois, gravando “A Day in the Life” e “She’s Leaving Home”? Ninguém. O futuro influencia o passado, ilumina o passado, contamina o passado com um novo sentido. Não sabemos, dos milhões de músicas lançadas hoje, qual a que daqui a 50 anos estaremos comemorando. Melhor ficar com os ouvidos bem abertos.

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Palíndromos do Fraga

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Resenhazinha

Os Pigmeus, Os Pigteus, de Rolando Siqueira; Editora Ananás; 146 páginas de rolar de rir; 35 reais

Em Borboréia, onde reside, ele é chamado carinhosamente pela população de “Dez Merréis”, apelido adquirido quando ainda era proprietário do único boteco da cidade, o saudoso “Arrebentou a Mi”, ponto de encontro de boêmios e seresteiros da cidade. E foi com essa vivência musical que Rolando Siqueira aprendeu a contar piadas, fazer trocadilhos e nunca mais tocar no assunto, conforme o prefácio de Igor Cabeça de Vodka, “Lo Borracho”. A leitura de “Os Pigmeus, os Pigteus” nos mostra um humorista maduro, caindo pelas tabelas, soltando foguetes pelo fim da censura prévia, apesar dos trocadilhos infames e exagerados.

Os dramas de um dono de boteco, nariz vermelho, em eterna discussão com uma esposa cheirando a bolinho-da-graxa, que lhe exige fidelidade até no truco, narrados com esperteza e linguagem inovadora, fazem deste volume um livro indispensável a todos os paus d’água que tomam mais de quatro ‘saideiras”. Ou, como no trocadilho de Rolando Siqueira: “o mundo inteiro não vale o meu bar”.

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© Alberto Melo Viana.

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Banho de sais

Vento quente no jardim da Casa de Água. Más valdría no haber nacido. Balofas nuvens: no undoso céu curvas imensas de cristal emanam dos eucaliptos e, se fumo erva-cidreira, me transmudo para um filme de Fellini, no exato instante daquele take de Amacord em que uma freira anã ajuda o louco de pedra a descer da árvore. Não sei se é o efeito do capim-cidreira, que clarifica e intensifica tudo a meu redor; também não sei se essas balofas nuvens algum dia existiram.

Para me distrair, enquanto Lucana se espreguiça na banheira, eu leio Arkadii Dragomoshenko na varanda da Casa de Água, sorvo ostras com limão, crustáceos com salsa e coentro. Eu lendo a ode em que Arkadii Dragomoshenko descreve o último suspiro de Oskar Kokoschka.

Depois abandono as odes, contemplo na banheira a respiração daquela que, após o banho de sais, vem espraiar-se ao vento.

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Mural da História – 2011

ArtShow, no TUC, sob a batuta de Sérgio Moura (caingangue): Rogério Dias (waurá), Luiz Rettamozo (txucarrapai) e o cartunista que vos digita (caingangue). © Lucilia Guimarães (txucarramãe)

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É com Haddad e Padilha

Ao longo de janeiro, os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais) vão trabalhar duro para garantir que a medida provisória que escalona o fim da desoneração da folha de pagamento seja aceita pelos presidentes da Câmara e do Senado.

A articulação política sabe que há movimento de lobbistas para pressionar Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Arthur Lira (PP-AL) para que rejeitem a MP, já que conflita com o que foi aprovado pelo Congresso. Conta a favor do governo, porém, os dias parados no Legislativo, com muitos parlamentares fora do país.

A tentativa de convencimento do governo será que a MP só passará a valer em abril, dando tempo às empresas para se adaptarem ao cronograma. No meio do caminho, há as negociações da reforma ministerial e os novos acordos com as bancadas.

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Flagrantes da vida real

pergaminho-maringasPergaminho. © Maringas Maciel

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Again and again and again…

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Mural da História – 2012

elma-francis-55Elma & Francis, descabelando o palhaço. © Lauro Borges

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