*Fudidos de verde amarelo

Hildegard Angel

Vendo o Brasil seguir escoando pelo bueiro. Vai, Brasil, diluído em sangue, água suja, chorume e vômitos dos doentes. Sentada no meio fio da História, acompanho com os olhos e um nó no peito o caminho célere da Nação, dissolvida em óleo de cloroquina, até o ralo dos infernos. Segue, altiva, e por vontade própria.

O Brasil se encaminha de peito inflado e cabeça erguida na direção do cadafalso. Hipnotizado por inverdades, abduzido pelas falsas versões, lá vai ele, em inocente ignorância, com o pescoço já azeitado para facilitar a lâmina da guilhotina. Vai de verde e amarelo, dançando funk no tik tok, alegre, risonho, espalhafatoso, como é de sua ingênua natureza, bradando hinos e palavras de ordem. “Fora STF”, “Fora Congresso”, “Pela intervenção militar”, “Queremos nosso Brasil de volta”.

Não bastou o Mensalão encarcerar os sobreviventes combativos de 68. Não bastou o golpe interromper o mandato da presidenta honesta. Não bastou a Lava Jato destruir nossa indústria da construção, a indústria naval, nosso projeto nuclear, nossa indústria de óleo e gás. Não bastou a prisão ilegal de Lula. Não bastou a retirada dos direitos do trabalhador brasileiro. Não bastou o massacre de nossas pensões e aposentadorias. Não bastou o rolo compressor no ensino básico. Não bastou a precarização máxima das universidades públicas. Não bastou o corte de nossos programas de bolsas de estudo e incentivo à Ciência. Não bastou a satanização da Cultura, através do falseamento da Lei Rouanet. Não bastou o projeto de destruição do SUS, a redução drástica dos leitos, os cortes de verbas.

Não adiantou a devastação recorde de nossas florestas, a liberação de invasões pelos grileiros do grande capital, o assassinato dos indígenas pelos bandidos do garimpo. Não bastou o desmonte dos órgãos de controle de tudo. Não bastou a liberação de armamento pesado para bandidos e milicianos. Não bastou o aparelhamento da AGU, da PGR, da Polícia Federal, da Receita Federal, do Judiciário. Não bastaram os três bilhões para o Centrão. Não bastou a venda fatiada da Petrobrás. Não bastou a entrega de nossos aquíferos ao projeto da privatização.

Não bastou o sufocamento dos programas sociais. Não bastou a volta dos pratos vazios, a epidemia da fome. Não bastaram as latas de lixo revirando restos, os esquálidos de mãos estendidas nas calçadas, crianças chorando nas ruas porque têm fome. Não bastou faltar leitos nos hospitais para os doentes e covas nos cemitérios para os mortos. Não bastou meio milhão de brasileiros exterminados pelo descaso, a inépcia, o projeto de morte de um genocida, que se compraz com o sangue derramado, pois sua especialidade – declarou – “é matar”.

Agora, a horda ensandecida, que capturou nossa Bandeira, quer uma ditadura, grita por ela, implora, discursa. Quer a repressão dos diferentes. Quer o pensamento enclausurado, bocas caladas, línguas arrancadas.

E já nos furam os olhos à bala. Já nos prendem por nos manifestarmos. Já exigem o porte de documentos. Já nos incriminam se estamos em grupo. Já censuram a mídia independente através de ações judiciais, com sentenças espúrias e multas, que ninguém pode pagar. Jornalistas oprimidos já se reúnem em vaquinhas solidárias, para poder continuar a falar, a denunciar, a ser.

E continuam a achar pouco.

*Considerem a palavra chula grafada ‘no popular’ uma licença poética de quem cresceu e viveu evitando dizer e escrever palavrões, mas meu copo, até aqui de mágoa, apreensão, tristeza,  transbordou.

Publicado em Sem categoria | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Publicado em Comédia da vida privada | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Cachorro no “Ele Não!” – Maringas Maciel

Publicado em Maringas Maciel | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

As gravações que derrubaram Rogério Caboclo da CBF: “Você se masturba?”

Na noite de 16 de março de 2021, o presidente da CBF, Rogério Caboclo, chamou uma funcionária da entidade à sua sala no segundo andar do prédio da entidade. O dirigente então sugeriu que ela tirasse a máscara e insistiu para ela aceitasse uma taça de vinho.

Desconfortável com a situação, ela sacou o celular e enviou mensagens para dois diretores da CBF. Era um pedido de ajuda. Um deles já havia deixado o prédio – e até perguntou se era o caso de voltar – mas o outro foi em seu socorro e inventou um pretexto para entrar na sala. A funcionária então aproveitou para deixar o ambiente.

Mas depois que o diretor foi embora, Rogério Caboclo a chamou novamente. E foi aí ela que resolveu gravar a conversa. O ge teve acesso a essa gravação, que fez parte de uma denúncia de assédio sexual apresentado por essa funcionária ao Comitê de Ética da CBF na última sexta-feira. Dois dias depois de o ge revelar o caso, Caboclo foi afastado da entidade por trinta dias.

O que aconteceu naquela sala já vinha se repetindo, segundo a funcionária. Na denúncia que fez ao Comitê de Ética da CBF, ela detalha diversas situações constrangedoras a que foi submetida por Rogério Caboclo. O presidente da entidade com frequência a insultava e a humilhava na frente de outros diretores – todos homens.

Gabriela Moreira e Martín Fernandez

Publicado em Ultrajano | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Sou Rachel de Souza Vitola. Nasci em Curitiba, no dia 8 de junho de 1921. Isso quer dizer que hoje estou fazendo 100 anos de vida. Pode parecer muito, mas garanto que passou rápido.

A casa de meus pais, Theobaldo Souza e Laura Peixoto de Souza, ficava na Carlos de Carvalho, número 417, entre as ruas Visconde de Nácar e Visconde do Rio Branco. Sou a primeira filha deles, quer dizer, sempre fui a mais velha. Meus irmãos, Nelson, Valderez, Maria Helena e Roberto nasceram depois de mim. Mas foram embora muito cedo, assim como meus pais.

A própria casa já não existe. Um grande edifício cresceu no lugar dela. Para mim, porém, a casa continua viva na memória e posso passear por ela sempre que eu quero, até de olhos fechados.

Do outro lado da rua, ficava o engenho de mate que pertencia a meu bisavô, Vitorino Correia. A filha dele, Maria Olímpia, casou com Francisco Peixoto. E desse casamento, nasceu minha mãe, Laura, e meus tios, Oscar, Maria José, Vitorino, Estela, Ione e Célia.

Meu avô, Francisco, abriu uma loja de tecidos na rua XV, especializada em roupas brancas. Assim como Francisco, meu pai era antoninense. Um dia ele veio para Curitiba com recomendação para trabalhar na loja de roupas brancas, a Maison Blanche. Theobaldo ganhou o emprego, a simpatia e a confiança de toda a família. Apaixonou-se por minha mãe, Laura, e casou com ela em 1920, um ano antes de eu nascer.

Passei uma infância muito feliz na Curitiba daquela época, entre muitos primos e vizinhos, todos muito amigos. Eu tinha talento para o teatro. E encenei várias peças com a minha turma da Carlos de Carvalho. Um dia, eu contei para os meus filhos que cheguei a trabalhar num espetáculo no velho Teatro Guaíra, mas parece que eles não acreditaram muito. Eles só desconfiam que pode ser verdade porque, às vezes, eu improviso versos e tenho uma voz muito boa para declamar. Aliás, sempre fui a oradora oficial da família. Em todas as festas e eventos familiares, na hora de falar, todo mundo fica quieto para me ouvir.

Estudei no Colégio Divina Providência, na Rua do Rosário. Depois, fui normalista e me formei professora no Instituto de Educação. Lecionei por vários anos no Grupo Tiradentes. Amava lecionar para crianças de todas as idades.

Um dia, o Henrique Correia de Azevedo, namorado da minha amiga Esther, apresentou-me um rapaz com quem ele havia estudado no Seminário Franciscano de Rio Negro. O nome dele era Felippe Vitola Júnior, filho mais velho do professor de francês Felippe Vitola e de dona Elisa Vitorasso Vitola.

Não demorou muito, comecei a namorar o Felippe. Ele era funcionário da Rede Ferroviária Federal. À noite, estudava Odontologia na Universidade do Paraná. Logo que ele se formou, em 1945, meus tios Jaime Bueno Monteiro e Célia Peixoto Monteiro financiaram a montagem do primeiro consultório de Felippe. No mesmo ano, casamos, no dia 8 de dezembro. Eu continuei lecionando e ele trabalhando no consultório instalado na casa em que morávamos, na rua Paula Gomes.

Assim foi até que, em meados de 1946, fiquei grávida de meu primeiro filho. Foi uma mudança grande na vida. Em abril de 1947, nasceu o Paulo Francisco e fomos morar no andar de cima da casa de meus pais, na Carlos de Carvalho. Ali foi nossa casa durante 9 anos. Meu marido instalou o consultório dele na rua XV, em cima da Confeitaria das Famílias. E os filhos foram nascendo. Bernadete em 1948, João Carlos em 1950, Ana Maria em 1956 e, daí, a casa ficou pequena.

Construímos nossa casa na Rua Padre Agostinho, perto de onde hoje é a Praça da Ucrânia, então um lugar distante e ainda pouco habitado. Quando soube para onde íamos nos mudar, minha sogra ficou espantada. Não era para menos, antigamente a região era conhecida como Mato do Enforcado. Mas nos mudamos e, em 1961, nesta casa, nasceu nossa filha mais nova, Teresa. Todos cresceram ali, casaram e dali partiram para construir suas própria vidas. Construímos uma casa na praia de Itapoá que, até hoje, a família frequenta. Meu marido, Felippe, amava esse lugar.

Bem, depois de trabalhar como dentista até os 80 anos, aposentou-se. E, ora na casa da praia, ora na casa de Curitiba, passou a se dedicar à pintura de aquarelas, à leitura, à escrita e à jardinagem. Em 2010, faleceu aos 96 anos de idade. Continue lendo

Publicado em Sem categoria | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Publicado em Sem categoria | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Bolsonaro pensa que é Médici e queria até trocar o técnico da seleção

A cúpula do governo brasileiro, como se não tivesse nenhum outro problema para resolver no país, passou o fim de semana discutindo o destino da Copa América, ameaçada por um motim da comissão técnica e dos jogadores da seleção.

Bolsonaro e ministros já tinham até acertado a troca do técnico Tite pelo bolsonarista Renato Gaúcho, segundo informou em primeira mão o repórter André Rizek, do Grupo Globo, mas no final da tarde de domingo estourou a bomba: acusado de assédio sexual por uma funcionária da CBF, o presidente Rogério Caboclo foi afastado por 30 dias pelo Conselho de Ética da entidade.

Tite vinha sendo acusado nos últimos dias nas redes sociais bolsonaristas de ser um perigoso comunista que quer prejudicar o governo por motivos políticos.

Meio século atrás, nas voltas que a vida dá, sem sair do lugar aqui no Brasil, às vésperas da Copa do Mundo de 1970, no México, um outro técnico da seleção, o polêmico João Saldanha, também foi tirado do cargo pelo governo da época, acusado de ser comunista, mas esse era assumido, nunca escondeu sua carteirinha.

Nem sei o que Tite pensa de política, mas é certo que sua decisão de se unir aos jogadores tem outro motivo: a insanidade de trazer de improviso para o Brasil essa Copa, recusada por outros dois países, em meio à terceira onda da pandemia que já deixou quase 500 mil mortos.

A parceria de Bolsonaro com Caboclo juntou a fome com a vontade de comer: os dois enfrentam sérias crises de governança, por razões diferentes, e resolveram oferecer um pouco de circo para distrair a atônita plateia. Era um bom negócio para os dois e a Conmebol, que já tinha vendido os patrocínios e os direitos de transmissão pela TV (no Brasil, para o SBT de Silvio Santos), e corria o risco de ficar com o mico na mão, depois da desistência de Argentina e Colombia.

Como seria inimaginável promover a Copa aqui sem a participação da seleção brasileira, Bolsonaro resolveu entrar em campo e trocar o técnico, pensando que é a reencarnação do general Garrastazu Médici, o ditador que trocou João Saldanha por Zagalo, um aliado do regime, assim como Renato Gaúcho. E ainda dizem que não se pode misturar futebol com política e que a história não se repete.

Rogério Caboclo já tinha até decidido que, se a seleção de Tite se recusasse mesmo a participar dessa micareta futebolística, outros atletas seriam convocados pelo novo treinador, como informou Lauro Jardim, em sua coluna no Globo.

As questões sanitárias nem entraram em discussão nas negociações de Bolsonaro e Caboclo, que têm problemas mais sérios para resolver nas suas vidas. O início da Copa América está marcado para o próximo domingo, mas agora ninguém sabe o que pode acontecer.

“Estamos preparados para essa possibilidade de motim”, ouviu Jardim de um ministro com assento no Palácio do Planalto. Quem assume o lugar de Caboclo é o vetusto cartola Antonio Carlos Nunes de Lima, mais conhecido como Coronel Nunes, por ser o mais idoso dos oito vice-presidentes da CBF.

Será que ele manterá o plano acertado com Caboclo para demitir o técnico Tite logo após o jogo de terça, no Paraguai, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, e chamará Renato Gaúcho para o seu lugar? Acho muito difícil.

Ou Tite e os jogadores, apesar da saída de Caboclo, que tinha entrado em conflito com a seleção, levarão adiante a disposição de não disputar essa Copa América no Brasil por razões sanitárias e de bom senso? Até domingo, muita água ainda vai rolar entre o governo e a seleção. Apertem os cintos, passageiros da agonia deste circo de horrores. Vida que segue.

Ricardo Kotscho

Publicado em Ultrajano | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

PF diz que conta falsa do Facebook foi acessada da casa de Bolsonaro

Inquérito das Fake News descobre que o perfil falso acessou IP do Palácio do Planalto e da casa de Bolsonaro, no Rio de Janeiro

O inquérito das Fake News descobriu que uma conta falsa derrubada pelo Facebook foi acessada da casa de Jair Bolsonaro, na Barra da Tijuca, e do Palácio do Planalto.

Diz o Estadão:

“Primeiro, a PF analisou o relatório e identificou 80 contas consideradas inautênticas responsáveis pela difusão de informações antidemocráticas. Na sequência, operadoras de internet foram intimadas a compartilhar os números de IP dos terminais usados para operar esses perfis e os dados usados nos cadastros desses IPs, incluindo localização de acesso. A conclusão foi a de que ao menos 1.045 acessos partiram de órgãos públicos, incluindo a Presidência da República, a Câmara dos Deputados, o Senado e o Comando da 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea do Exército. É justamente nesta lista que constam acessos a partir da rede de wifi do Palácio do Planalto e da casa dos Bolsonaro no Rio de Janeiro.”

Publicado em Antagonista | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Kate Winslet

MARE OF EASTTOWN é, assim de cara, candidata a melhor minissérie do ano! Mistura de policial e impressionantes dramas humanos é daquelas séries que você passa pelo primeiro capítulo e não consegue mais tirar os olhos. São sete capítulos intensos, dramáticos, às vezes engraçados e que nunca perdem o ritmo. Qualquer ator desse mundo gostaria de ter pelo menos 50% do talento de Kate Winslet. Ela é assustadora de tão atriz! Só por ela “Mare Of Easttown” vale cada minuto, mas seria injusto deixar de comentar o show de interpretação de todo elenco. Só show!

A velha tradição da dramaturgia americana de contar a história daquela tal cidadezinha onde tudo parece muito normal, mas que esconde bizarrices, crueldades e perversões nas suas sombras. Uma velha tradição que se reinventa nas mãos de grandes roteiristas e grandes atores. (Edson Bueno)

Publicado em Sem categoria | Com a tag , | 1 comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Almir Feijó, olhar maior da crítica de cinema

Neste domingo, 6, morreu em Almirante Tamandaré, o jornalista e publicitário Almir Feijó Junior, a grande referência da crítica de cinema de Curitiba no século 20.  Ele morava no Nosso Lar, Casa de Idosos, plenamente assistido pelo filho, Rodolpho Feijó, fruto de união de Almir e  Marlene Zanini, ex-vereadora em Curitiba. Numa cerimônia reservada à família, houve cremação do  seu  corpo, no Crematório Vaticano. Oportunamente, ampliaremos nosso olhar sobre o amigo desaparecido.

Voa, meu pai. Voa que o céu é teu. Estivemos juntos até o fim. Agora chegou a hora de você descansar. Mais um que este vírus maldito levou. Desfaça estas mãos cruzadas, meu pai. Jogue fora este terno preto. Abraços braços e voe bem alto. Agora você é poesia. Um filme do John Wayne, uma sinfonia de Mahler, um haikai do Leminski, um quadro da Helena Wong, um solo do Charlie Parker, um canto da Billie Holiday. Tudo aquilo que você mais gostava. Eles estão todos lá estão te esperando. Um dia a gente se reencontra, pai. Aí juntos, eu e você, nas crinas do seu unicórnio, viajando entre as galáxias, cruzando oceanos de luz, iremos visitar aquele lugar onde nascem as estrelas e que só você sabe
me mostrar. Amor, amor, amor. Rodolpho

R.I.P.  + Almir Feijó Júnior (1950-2021)

Publicado em Almir Feijó | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Requiescat in pace

Publicado em Sem categoria | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Jogo do Bafo

Tá todo mundo lendo! O compositor, ator e poeta, Luiz Felipe Leprevost, já leu. Veja o que ele disse!

“Lendo a poesia de Paulo Vitola. O frescor da poesia de um mestre. Um livro de estreia muito especial, porque lançado na plena maturidade do poeta. Mestre das formas, dos ritmos, da musicalidade, da leveza, da síntese. Neste Jogo de Bafo, Vitola equilibra lirismo e nostalgia com experimentos formais. Sem contar as imagens arrojadas que fazem imaginar longe e fundo dentro da gente e da vida: “labirinto de coringas”, “porteiros do azar”, “torturado espantalho de luz”, “Nos olhos, uma frota de navios afundados”, “Voa um sanhaço onde foi a sala de jantar.” Há também o olhar do poeta voltado aos problemas atuais e bem urgentes da sociedade brasileira, em versos de lâminas afiadas e recado direto: “Tempo de pastores cegos // E o rebanho pasta nas trevas”, “Talvez essa barbárie chegue longe demais / E tantos inocentes morram cedo demais.” Fico torcendo que Vitola abra sua gaveta da vida inteira de inéditos e jogue na roda mais e mais da sua literatura.”

Quer ler o livro de poemas do Paulo Vitola? Vendas somente pelo site www.palavraria.com.br

Publicado em Sem categoria | Com a tag , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Diretores da CBF defendem afastamento imediato de Caboclo

Os dirigentes da CBF se manifestaram na noite deste sábado em resposta a um e-mail enviado pelo diretor de Governança e Conformidade

A maioria dos diretores da CBF defende o afastamento imediato do presidente da entidade, Rogério Caboclo, diz o Globo Esporte. Como publicamos, uma funcionária da CBF acusou Caboclo de tê-la assediado moral e sexualmente.

Os dirigentes se manifestaram na noite deste sábado em resposta a um e-mail enviado pelo diretor de Governança e Conformidade, André Megale, sugerindo o afastamento do presidente da CBF.

Leia abaixo a íntegra do e-mail:

No âmbito de minhas atribuições estatutárias como Diretor de Governança e Conformidade da CBF, e diante (i) da divulgação dada por terceiros da denúncia recebida na última sexta-feira e (ii) da seriedade e peculiaridade do conteúdo de referida denúncia,

Venho, pelo presente, recomendar que V.Sa. se licencie do cargo de Presidente da CBF, por tempo determinado, de forma a melhor colaborar, nesse período, com a Comissão de Ética do Futebol Brasileiro para a apuração dos fatos narrados na referida denúncia e comprovar sua inocência.

Desta forma, V.Sa. poderá concentrar sua atenção na resolução dessa situação, que é o interesse de todos que construímos a atual gestão exitosa da CBF até o presente momento junto com V.Sa. preservando assim todos os envolvidos na denúncia e permitindo que a CBF possa continuar a desempenhar as suas atividades, em benefício de toda comunidade do futebol brasileiro.”

Publicado em Antagonista | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

O público e o privado

Pendenga que envolvia a demarcação de terras foi decidida recentemente pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). O caso envolveu o dote imperial da princesa Dona Francisca Carolina, a quarta filha do imperador Dom Pedro 1º com a imperatriz Leopoldina.

A discussão foi entre a União e os herdeiros reais quanto a um terreno localizado em Joinville (SC) – demarcado em 1990.

Os particulares tentavam obter a propriedade, sob a alegação de que são terras que constaram do dote imperial da princesa Dona Francisca Carolina, e pretendiam a nulidade do procedimento de demarcação das terras pela União.

A princesa nasceu no Rio de Janeiro, casou-se em 1843 com François Ferdinand Phillipe Louis Marie d’Orleans, filho do rei Luís Filipe 1º, da França, que se tornou príncipe de Joinville.

Com o matrimônio, o imperador incluiu porções de terra no dote, transferindo-as ao patrimônio privado.

Os lotes estão localizados em terreno de marinha, áreas ao longo da costa considerados bens públicos desde o período colonial, daí a nulidade da transferência do imperador para o patrimônio privado.

A falta de separação do público e do privado envolve as elites políticas brasileiras em toda a sua história colonial, imperial e republicana.

Usa-se o direito público para viabilizar as grandes negociatas privadas.

É assim com as bilionárias concessões públicas, na redação dos editais das contratações para permitir que os amigos ganhem os contratos. Ou sseja, “Aos amigos tudo, aos inimigos os rigores da lei.”

Por exemplo: o público torna-se privado no caso dos interesses dos financiadores das campanhas eleitorais, pois estes sempre pretendem benefícios privados e nem um pouco atender ao bem comum ou o interesse público.

O privado também se transforma em público quando poderosos interesses em obras públicas, em concessões, em privatizações de empresas lucrativas, na manutenção de taxas altíssimas de juros. Tudo isso torna-se assunto de deliberação pública, mas com fins fundamentalmente privados.

Desta feita, o dote imperial de terras públicas não se tornou propriedade privada; mas… e todo o resto?

Fontes:

https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Inicio

https://www.conjur.com.br/2021-mai-25/stj-mantem-uniao-terreno-dado-dote-princesa-brasileira

Publicado em Claudio Henrique de Castro | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Palindromia, aqui me tens de regresso

Não é difícil fazer palíndromos. Você faz a metade e tá pronto (Fraga)

Nesse Brasil que teima em ser lindo e trigueiro apesar de você, Bolsonazi, ainda há quem se divirta em andar para trás. A diversão é com palíndromos, aquelas palavras e frases em que faz mais sentido ler nos dois sentidos. Eco vê você. E nessa direção – compulsiva pros adictos e temporariamente compulsória pro país – eles conseguem um prazer inenarrável. Que vou narrar.

Me refiro aos habilidosos palindromistas pra lá e pra cá no Twitter. O punhado com menos de 70 autores soa grupelho (oh, lê, purga-os). Que já foram mais reduzidos e mais dispersos. Agora instalados em suas arrobas sabor rã, costumam se desafiar num evento semanal, pra ver quem anda melhor ou mais longe para os lados. Não é um clube fechado: quem tiver essa doença incurável que venga! Vai que contribua para que um dia haja um clube nacional.

Palíndromo de @liamg11t, empate no 1º lugar no #DesafioPalindromo10

Se o #DesafioPalíndromo fosse concorrência fácil, se chamaria #PífioPalíndromo. A seleção natural talvez seja mais branda na natureza que nessa jungle vocabular. E embora nenhum desafiante ou desafiado seja predador, a defesa do território palindrômico não é feita sem reviravoltas. Aja, naja! Oroboro!

Com participantes de instintos afiados, aos domingos o ranger de sílabas ressoa numa clareira retroativa, em meio ao cerrado matraquear do Twitter. Porém, em vez de carnificina, a disputa equivale a uma oficina. Claro, expectativas semanais são dilaceradas, o ego foge, mas nada que uma ida a um dicionário não restaure.

 

Palíndromo de @MMartelar, empate no 1º lugar no #DesafioPalindromo10

Por conta desse torneio feito de avanços e recuos para dizer a mesmíssima coisa, novos palindromistas surgem e veteranos retornam à arena do palavreado. Às 4as feiras, há um frisson no anúncio temático. Só dá raper: preparados? Os palindromistas se viram e reviram também no sono.

Como será o próximo enfrentamento? Que palavras esdrúxulas ou raras serão usadas? Quantos vão aderir? Que abordagens originais veremos? Quem vai ter mais polegares pra cima? À liça à la siri, a danada, nada disso importa. Na palindromia, competitiva ou não, prevalece a mania do vaivém: o prazer de antes de tudo vencer a si próprio. Depois é que vem a ânsia de tentar superar talentos admiráveis. Na verdade, a palavra adversário nem entra nessa nossa batalha.

Palíndromo de @PauloBrombal, 3º lugar no #DesafioPalindromo10

E ao contrário dos palindromistas, os selvagens bozonaristas e os obtusos negacionistas nunca terão esse gozo. Reaças e conservadores não podem fazer palíndromos: andam para trás mas não sabem andar para a frente. Ato idiota!

Você adora e cria palíndromos? Adora mas não é um criador de palíndromos? Isso é um convite. Por interesse ou curiosidade, acesse aqui e conheça a saga do #DesafioPalíndromo10 sobre Infância. (Aliás, o leitor notou? No texto de hoje, piscando pra você em negrito, há palíndromos soltos em todos os parágrafos. Vale https://www.editorapatua.com.br/produto/190486/a-dual-lauda-de-paulo-brombalreler)

PSIT
Pro eventual leitor atraído por palíndromos, 3 ótimas dicas de leitura:
1) O Palindromista é o livro do insuperável Ricardo Cambraia, que há anos acompanha e comenta a realidade brasileira. Disponível
aqui.

2) A Dual Lauda, livro do incomparável Paulo Brombal, recheado de belíssimos e inacreidtáveis poemas palindrômicos. Disponível aqui.

3) Arara Rara, a grandiosa antologia organizada e editada pelo imbatível Fábio Aristimunho Vargas. Em 2 volumes, 49 autores e ensaio sobre palindromia, algo inédito no Brasil. Terá lançamento dia 12/6/21 às 15h, na Evil Live #3: Sagra, Vargas, no canal www.youtube.com/anteoinospito. (Detalhes mais adiante, aqui mesmo no Cáustico)

Publicado em Palindromania | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter