Procuradoria questiona ministério de Damares sobre exclusão da sociedade civil na revisão do Programa Nacional de Direitos Humanos

A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) determinou que o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos, de Damares Alves, explique a criação de um grupo de trabalho para rever a Política Nacional de Direitos Humanos (PNDH). O órgão deu o prazo de dez dias para a pasta se manifestar. O questionamento foi uma resposta à uma representação feita pelo do Psol à Procuradoria.

Como informou a coluna, em fevereiro o partido solicitou à PFDC providências para garantir a participação da sociedade civil na elaboração do Plano Nacional de Direitos Humanos, que está em revisão por um grupo criado por Damares. A portaria de criação desse grupo, que tem 14 pessoas, convocou apenas servidores do ministério. Além disso, o documento diz que representantes de entidades públicas e privadas com atuação na área direitos humanos participarão das reuniões, mas sem direito a voto.

As perguntas foram enviadas à pasta de Damares pelo procurador federal dos Direitos do Cidadão, Carlos Alberto Vilhena. Para ele, não é razoável o redesenho da política pública sem diálogo e interação do poder público com a sociedade civil. Vilhena afirma que são pertinentes alegações de violação ao princípio constitucional da publicidade.

Além de questionar a exclusão de representantes da sociedade civil no grupo, Vilhena pergunta ao ministério se, em outras etapas da reformulação do plano, haverá efetiva participação popular, com poder de deliberação.

Publicado em Bela Megale - O Globo | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Novidades legislativas

Seguindo a nova tradição na derrubada de vetos presidenciais às leis, o Congresso Nacional fez ressurgir vários dispositivos legais que foram rejeitados pelo Executivo. Em resumo, Bolsonaro vetou, mas o Congresso derrubou seus vetos.

Vamos aos mais importantes. Terão direito a uma indenização de R$ 50 mil profissionais da área da saúde que tenham ficado incapacitados após contrair o coronavírus, por atuarem na linha de frente de combate à pandemia. O texto retomado também prevê a indenização de R$ 50 mil aos dependentes dos profissionais que morrerem pela doença, também por estarem atuando no enfrentamento da covid-19.

Estão incluídas as categorias como agentes comunitários de saúde ou de combate a endemias, que tenham feito visitas domiciliares durante a pandemia; profissionais de nível superior reconhecidos no Conselho Nacional de Saúde (CNS); profissionais de nível técnico vinculados à área de saúde; e aqueles que, mesmo não exercendo atividades-fim de saúde, ajudam a operacionalizar o atendimento.

No Reino Unido, essa indenização e de cerca de 461 mil reais. Foi derrubado o veto à determinação de que os exames de aptidão física e mental e a avaliação psicológica deverão ser realizados por médicos e psicólogos com titulação de especialista em medicina do tráfego e em psicologia do trânsito, e os atuais peritos terão três anos para obter a titulação exigida.

Foram rejeitados os vetos a dois dispositivos que isentavam os templos religiosos do pagamento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), com a retomada, além da isenção, as igrejas terão anistia de dívidas tributárias que chega perto de 1 bilhão de reais, nos próximos quatro anos, serão 1,4 bilhões de renúncia tributária. Deus abençoe.
Apesar de ter rejeitado o dispositivo da anistia e isenção, houve uma movimentação do presidente, para a derrubada de seu próprio veto.

Enquanto isso, o país poderá contar 100 mil vítimas da pandemia ao mês, e segue a catástrofe sanitária brasileira que assusta o mundo civilizado.

Fonte: www.direitoparaquemprecisa.com.br  

Publicado em Claudio Henrique de Castro | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

#diáriodobolso: ‘ vou lá e faço, digo, mato’

Diário, onde eu passo, deixo minha marca.

Por exemplo, em 26 de fevereiro eu estive em Tianguá, no Ceará. Causei a maior aglomeração. Desfilei pendurado na porta do carro e mandei perdigoto em muita gente. O lugar só tem 10 leitos de UTI e 8 já estavam ocupados. Mas, depois que eu dei uma força lá, logo lotou tudo e os tianguenses tiveram que ser levados para Sobral. Agora não tem mais vaga em UTI nem em Sobral, kkk!

Em 4 de fevereiro eu estive em Cascavel. Foi quando eu dei a corridinha na pista de atletismo. Lá, a ocupação de leitos de UTI para covid estava em 76,5%. Quinze dias depois da minha aglomeração, isso aí pulou pra 90,6%. E agora já não tem vaga nenhuma. Os cascavelenses têm que correr pra outra cidade, kkk!

Em Boqueirão, na Paraíba, eu fiz uma parada surpresa em 19/2. O centro da cidade ficou uma doidera. Todo mundo me cercou e quis fazer selfie comigo. E eu sempre sem máscara, claro, senão o pessoal não me vê que sou. A média lá estava em 2,4 novos casos de covid por dia. Duas semanas depois da minha visita passou para 3,5. Ou seja, 50% a mais. Que investimento que dá 50% em duas semanas? Só o meu covidão, kkk!

Quando eu fui em Uberlândia (MG), no dia 4/3, a cidade já estava em loquidaum. Tinha 100% dos leitos de UTI ocupados e 184 na fila de espera por uma vaga de UTI. Mas isso me intimidou? Não mesmo! Fui lá e aglomerei. A cidade tinha uma média de 15,1 mortes por dia. Quinze dias depois, essa média saltou para 23,6. Mais cinquentinha por cento.

Mas onde dei show mesmo foi em São Francisco do Sul (SC), onde eu passei o carnaval. Lá também aglomerei. Não usei máscara e fiz questão de cumprimentar meus fãs na rua. Naquela época, a cidade tinha em média 12,4 novos casos de covid por dia. Duas semanas, essa média saltou para 24,5. Quase dobrou! Viva eu!

Diário, líder que é líder é assim: não manda fazer. Vai lá e faz ele mesmo!

#diariodobolso

José Roberto Torero

Publicado em Ultrajano | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Mandetta chama Guedes de “infantil” e “mau caráter”

Em sua entrevista ao Yahoo!, Luiz Henrique Mandetta reagiu às declarações de Paulo Guedes, que acusou o ex-ministro da Saúde de “sair com R$ 5 bilhões no bolso” que deveriam ter sido gastos na compra de vacinas. 

O Paulo Guedes foi de uma infantilidade, de uma desonestidade, tão absurda. Parece que estou no colégio primário, Ele fala Mandetta levou 5 bi e deveria ter comprado a vacina. Se ele tiver um calendário, ele vai ver que o primeiro teste em humano ainda experimental foi em maio. Na época em que eu estava no ministério eles estavam pensando ainda na fórmula da vacina, ainda estavam trabalhando em rato, não tinha”, afirmou.

Paulo Guedes, mau caráter, falar de 5 bi no bolso, o cara responsável pela economia, falar que Mandetta tinha que ter comprado vacina. Não sei se é por causa do Datafolha, de pesquisa de rejeição. Quanto mais fazem essas idiotices, mais se enroscam. Vejo um pouco de raciocínio político torto também.”

Publicado em o antagonista | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Hoje!

Publicado em Sem categoria | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Militar do Exército é preso em Niterói após roubar carregamento de carne de quartel para vender

Um soldado do Exército foi preso nesta sexta-feira (19), em Niterói (RJ), acusado de roubar um carregamento de carne de um quartel para vender. O carregamento seria de picanha.

O militar é lotado no Grupo de Artilharia em Campanha, no bairro de Jurujuba, e foi abordado por policiais militares próximo à unidade do Exército. Os agentes desconfiaram do peso de seu carro.

Ao ser abordado, segundo o site Plantão em Foco, o soldado se identificou como militar do Exército e disse que havia comprado as carnes. Ele revelou que as desviou do quartel, no entanto, quando os policiais pediram a nota fiscal da compra, revelando ainda que recebeu a ajuda de um cabo da mesma unidade militar.

O homem foi encaminhado à delegacia de Jurujuba e, por ser militar, ficará preso no próprio quartel.

Em nota, o Comando Militar do Leste informou que tomou medidas cabíveis e que um Inquérito Policial Militar foi instalado. O Exército diz ainda que “não compactua com qualquer tipo de conduta ilícita por parte de seus integrantes”.

Publicado em Geral | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

O ‘currículo paupérrimo’ do doutor Queiroga

“Marcelo Queiroga conheceu Jair Bolsonaro e seus filhos antes mesmo da campanha de 2018”, diz a Crusoé, em reportagem sobre o novo ministro da Saúde.

“A aproximação teve método. Habituado à vida de dirigente de entidade médica, que exige uma boa dose de conexões políticas, e interessado em alcançar postos de maior prestígio, como o próprio comando da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Queiroga percebeu o potencial de vitória do então deputado federal Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais e buscou criar pontes com o capitão da reserva. Num primeiro movimento, dedicou-se a estreitar laços com o primogênito do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (…).

O tino político vem de longe. Queiroga é de uma família de médicos que sempre teve conexões com o poder. ‘O currículo dele é paupérrimo do ponto de vista científico. Ele sempre foi um médico sem grande expressão, mas que teve apoio de pessoas poderosas, tanto na Paraíba quanto nacionalmente. E no comando de uma sociedade científica, teve um comportamento político’, disse um ex-colega, sob reserva.”

Publicado em o antagonista | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Flagrantes da vida real

Soltando o corpo no palco. © Maringas Maciel

Publicado em Flagrantes da vida real | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Join 02. © IShotMyself

Publicado em Amostra Grátis | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Marilyn Monroe. © Edward Weston

Publicado em elas | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

‘Cemitério do mundo’, Brasil vê o enterro do que restava de sua reputação

“Lamentamos muito”. “Como está tua família?”. “Quanto tempo falta para a próxima eleição?”.

Entrar hoje sede da ONU, em Genebra, na condição de brasileiro é se deparar com comentários indignados, gestos sinceros de solidariedade, questionamentos e um certo grau de desconfiança vindos de todos os níveis. Do mais alto escalão de diplomatas aos funcionários mais modestos.

Nesta quinta-feira, os dados da pandemia no mundo divulgados no site da OMS dão uma dimensão da crise brasileira. No período de 24 horas considerado até o meio-dia, o mapa apresentava o Brasil com 2841 óbitos.

O número é o equivalente a todas as mortes somadas nos seis países seguintes no ranking da agência de Saúde.

No mesmo período, morreram 993 pessoas nos EUA, 460 na Rússia, 431 na Itália, 356 na Polônia, 267 na Ucrânia e 236 na França. No total, o Brasil correspondeu a quase 30% de todas as mortes por covid-19 no mundo nessas 24 horas. Em termos de novas contaminações, também somos líderes.

Publicado em Ultrajano | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Milico é milico!

Publicado em Sem categoria | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Dá de comer, recado ao governo

O Brasil chega ao momento mais grave, dramático, letal da pandemia da Covid-19 sem ter conseguido nem sequer padronizar os sinais de orientação à população. Na falta da articulação do Ministério da Saúde — nunca é demais repetir quanto a liderança positiva da União salvaria vidas —, governadores e prefeitos trilham caminhos próprios. E muito confundem, infelizmente. No Rio Grande Sul, bandeira preta indica a gravidade; em Minas Gerais, a cor é roxa; em São Paulo, vermelha, assim como no Rio de Janeiro e na Bahia. São indicadores de importância secundária, em princípio. Mas a profusão de cores evidencia a Babel de avaliações e a dificuldade do país em ter um norte no enfrentamento à pandemia. E caminhar na direção dele.

A responsabilidade maior pelo infortúnio é do presidente da República, que, com prepostos na pasta da Saúde, orienta os descaminhos no combate ao coronavírus: da sabotagem às medidas de isolamento e distanciamento social à resistência ao uso de máscaras, da indicação de medicamentos ineficazes à desqualificação de vacinas. Um ano de pandemia ensinou ao planeta que políticos responsáveis são capazes de aliviar a dor dos compatriotas, evitar mortes, preservar atividade econômica e empregos. Portugal é o exemplo recente mais festejado. Era o pior da Europa em número de casos, em um mês de lockdown, passou a terceiro melhor. O total de óbitos diários caiu de 303 no fim de janeiro para 15 anteontem. Sem o negacionismo de Donald Trump, o cenário também vem melhorando nos EUA. O plano de imunização do democrata Joe Biden bateu a meta de cem milhões de americanos vacinados em 50 dias, metade do prazo prometido na posse.

O Brasil, enquanto isso, se equilibra entre dois ministros da Saúde: o general Eduardo Pazuello, que não saiu; e o cardiologista Marcelo Queiroga, que oficialmente não entrou. E conta corpos. E acumula casos da doença. E assiste perplexo ao esgotamento do sistema da saúde. A Fiocruz identificou mais de 80% de ocupação de leitos de UTI Covid em 24 estados e no Distrito Federal; em 25 das 27 capitais. São números que explicam por que a entidade classificou o atual estágio da pandemia como “o maior colapso sanitário e hospitalar da História do Brasil”.

Jair Bolsonaro já está pagando a conta em queda de popularidade. O último Datafolha foi claríssimo; a mobilização nas milícias digitais com ataques em todas direções, também. Mais da metade dos brasileiros (54%) considera a gestão da crise sanitária ruim ou péssima; 43% responsabilizam o presidente pela fase aguda da pandemia. Mais de 285 mil brasileiros perderam a vida, e o ritmo atual de mortes é o maior do mundo. A resistência do mandatário e de seus aliados às medidas de restrição fizeram do país uma área de livre circulação do coronavírus, agora em cepas ainda mais transmissíveis.

O auxílio emergencial foi suspenso na virada do ano e volta em abril. Emagrecido. O programa começou, no ano passado, com R$ 600-R$ 1.200 por cinco meses, passou a R$ 300-R$ 600 por três, voltará em faixas de R$ 150, R$ 250 e R$ 375 até junho. Perdeu valor nominal, enquanto a inflação dos alimentos dos supermercados e feiras saltou 19,42% em 12 meses, segundo o IPCA. O custo da cesta básica, apurado pelo Dieese em 17 capitais, varia de R$ 445,90 (Aracaju) a R$ 639,81 (Florianópolis).

O governo brasileiro não quer — ou é incapaz de — entender que transferência de renda é medida para conter a vulnerabilidade social, mas também apoiar o isolamento e, assim, deter a transmissão do vírus. O desemprego é recorde — mais de 13 milhões de brasileiros — e mais dramático entre os trabalhadores informais. A fome avança. Sem dinheiro, a população sai às ruas. O IBGE já tinha identificado, entre 2017-18, que um terço dos lares brasileiros (36,7%) enfrentava algum nível de insegurança alimentar. A pandemia agravou o problema. Pesquisa do instituto DataFavela mostrou que, neste início de ano, a alimentação piorou para sete em cada dez moradores de comunidades; nas duas últimas semanas, dois terços ficaram sem dinheiro para comer por ao menos um dia; oito em dez dependem de doações.

Por causa disso, organizações sociais e comunitárias reeditaram ações de arrecadação de recursos para compra e distribuição de kits de alimentos, itens de higiene e limpeza. Campanhas como Prato da Comunidade, do jornal “Voz das Comunidades”, e Mães de Favela, da Cufa, foram reativadas. A Coalizão Negra por Direitos — com uma legião de parceiros, da Anistia Internacional à Oxfam, da Redes da Maré ao 342 Artes e ao Instituto Ethos — lançou a ação “Tem gente com fome”, para apoiar 222.895 famílias nas cinco regiões. A sociedade civil responde às demandas brasileiras com diagnóstico preciso, iniciativas rápidas e eficientes. Dá de comer, como ensinou o poeta pernambucano Solano Trindade em verso que batiza a campanha. E dá aula a governantes tão arrogantes quanto incompetentes.

Publicado em Sem categoria | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Menina do Rio

Mariana Goldfarb, revista Trip 217.  © Christian Gaul

Publicado em Sem categoria | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Em defesa da plena liberdade de expressão

A liberdade de expressão parecia questão pacificada na democracia brasileira. A Constituição de 1988 protege o discurso em termos quase absolutos, com exceções mínimas. O Supremo Tribunal Federal (STF), quando instado a se manifestar sobre o tema, vinha garantindo tal liberdade várias vezes: sepultou a Lei de Imprensa da ditadura, assegurou o direito à publicação de biografias não autorizadas, à livre manifestação política nas universidades, à exibição de um especial natalino ofensivo a grupos religiosos — e sempre vetou tentativas de censura judicial.

Em tempos recentes, a questão voltou a irromper do pântano dos conflitos institucionais. No inquérito das fake news, o próprio STF censurou uma reportagem da revista “Crusoé”. O Executivo vem exercendo vigilância cerrada sobre vozes contrárias ao presidente Jair Bolsonaro. No arsenal usado pelo governo federal para intimidar os críticos, ressurgiu a infame Lei de Segurança Nacional (LSN), que caíra em desuso. A PF abriu 26 inquéritos com base nela em 2019 e 51 em 2020 (nos anos anteriores, a média era de 11).

Os alvos da intimidação são variados. Pode ser um cartaz em Palmas comparando Bolsonaro a um “pequi roído” (algo de pouco valor, na gíria local). Ou os professores da Universidade Federal de Pelotas, obrigados a assinar um termo de ajustamento de conduta depois de criticar Bolsonaro numa transmissão digital. O humorista Danilo Gentili. O colunista da “Folha de S.Paulo” Hélio Schwartsman. O youtuber Felipe Neto, intimado pela PF a depor por ter chamado Bolsonaro de “genocida”. Os manifestantes que estenderam faixa com os mesmos dizeres em Brasília.

Em nenhum desses casos, as ações se justificam. A essência da democracia é o convívio com divergências, que exige tolerância com opiniões absurdas, agressivas ou mesmo abjetas. A liberdade de expressão existe para proteger aquilo de que não gostamos. Para assegurar o direito ao erro e à mentira. Se a lei protege o discurso dos piores, certamente os melhores estarão garantidos. Numa sociedade aberta, baseada na ideia de que podemos discordar na essência, haverá valores verdadeiros e, ao mesmo tempo, incompatíveis.

É preciso, por isso, aprender a conviver com quem pensa diferente. Não faz sentido, como fez o Supremo, suspender contas em redes sociais de empresários ou blogueiros apenas porque são bolsonaristas (um deles chegou a ser preso pelo “risco potencial” do que publica, decisão equivalente à censura prévia). As únicas situações em que é aceitável punir alguém pelo que diz são as previstas na lei e decisões da Justiça: discurso de ódio (como racismo, homofobia ou antissemitismo) e, em especial, ataques verossímeis contra a própria democracia, com conclamação à subversão e incitação à violência.

Foi essa violação que embasou a prisão do deputado Daniel Silveira (PSL), em virtude de ameaças e ofensas que proferiu contra o STF. Há uma diferença óbvia entre a agressão de alguém que integra um Poder e pode oferecer risco real à democracia — e as bravatas proferidas por blogueiros ou militantes das redes sociais. Cabe ao Judiciário interpretar essas diferenças, com base no critério mais objetivo possível: o risco concreto que as palavras oferecem.

Tal interpretação seria mais simples, não fosse a contradição evidente entre o espírito da LSN e a Constituição. Por ser ambígua, sujeita a exegeses ao gosto do freguês, a LSN deveria ser revogada e substituída por um instrumento mais moderno, capaz de conciliar dois valores: a proteção ao Estado de direito democrático e o respeito aos direitos individuais, entre os quais a plena —e essencial — liberdade de expressão.

Publicado em Sem categoria | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter