Cláudio Abramo

O maior jornalista cujo trabalho a minha geração teve oportunidade de conhecer foi Cláudio Abramo. Não me parece haver dúvida quanto a isso, embora afirmações assim, taxativas, possam ser contestadas. Paciência. Devoto a ele a paixão que adquiri pelo jornalismo, numa fase da minha existência em que repartia o estudo do direito (e seus tratados aborrecidos) com leituras ansiosas das notícias diárias que vinham das bancas espalhadas pelas ruas da minha cidade.

A década ainda era a de 1970, e a ‘Folha de S.Paulo’ atravessava uma revolução gráfica e editorial importante, a me encher de curiosidade. O responsável por tudo aquilo estava lá, nas páginas do jornal, em artigos certeiros, análises de temas da atualidade, da política nacional e internacional, da literatura clássica, da vida. Tão logo eu abria aquele amontoado de tinta, papel e informações, característico em forma e odor, buscava a coluna do Cláudio Abramo. Tinha a certeza de que encontraria nela a síntese da edição do dia, a avaliação dos fatos, das articulações subterrâneas de um governo sem povo, debilitado por lutas internas e sob a pressão de rebeliões operárias que desafiavam os tanques da ditadura no ABC paulista.

Cláudio Abramo foi um autodidata influenciado pelo avô anarquista e por irmãos trotskistas. Não se filiou a nenhuma corrente política, não ostentou diplomas da academia e nem se dedicou a escrever livros, talvez por não ter encontrado o seu “tempo interior”. O jornalismo ocupou a quase totalidade dos seus esforços, embalado por um acervo cultural vastíssimo. Escrevia sobre os mais variados assuntos, sempre com profundidade, consciente da sua grandeza. A humildade, aliás, não era parte do caráter de Cláudio Abramo, que não via nenhum problema em se colocar, com sobras de razão, entre os mais destacados no seu campo de atividade.

Ninguém, é provável, teve mais intimidade com a comunicação, em suas facetas múltiplas, do que Cláudio Abramo. Ele sabia de tudo. Antes de ter transformado a ‘Folha’, reformulou completamente o ‘Estado de S.Paulo’. Foi na década de 1950, quando, a convite de Júlio de Mesquita Filho, assumiu a secretaria do jornal. Ali, adotou medidas importantes, como a redução do tamanho das páginas (o termo “jornalão”, utilizado quase sempre em sentido pejorativo, era referência à impressão do ‘Estado’ em formato exageradamente grande), a transferência de sede e o controle da publicidade e do fechamento da redação, entre muitas outras. Concluiu as mudanças no início dos 1960. Em 1964, ano de ruptura institucional – o golpe militar –, ficou desempregado.

A lembrança dessa figura tão emblemática me veio agora, reforçada pela releitura de ‘A regra do jogo’, de 1988, publicação lançada menos de um ano após a morte do jornalista, em agosto de 1987. A edição que tenho comigo é a de 1997, da Companhia das Letras. No belo prefácio, assinado por Mino Carta, uma advertência: “este livro convocaria os escrúpulos de Cláudio Abramo, podem apostar”. O motivo: “Cláudio tinha muitas reservas em relação a coletâneas de artigos e crônicas publicados pela imprensa, […] e não publicaria como livro aquilo que não tivesse sido imaginado, planejado e escrito como livro”. Felizmente, para nós, mortais, essa norma proibitiva foi rompida por parentes, filhos e amigos do homenageado, responsáveis pela organização do livro.

A obra é dividida entre depoimentos gravados por Cláudio Abramo num período de pouco mais de dez anos e a reprodução de alguns dos seus artigos, sem ordem cronológica. Lição de jornalismo em pouco mais de 270 páginas, é o retrato de tempos, lugares e pessoas que não existem mais. Ao observar o cenário contemporâneo, de hegemonia de interesses antipopulares, de jornalistas submissos às ordens de seus patrões, sem nenhum rasgo de independência política – há exceções, evidentemente, mas estou a me referir ao padrão vigente no tempo estranho de agora –, penso na tristeza que tomaria conta do velho Abramo caso estivesse vivo. O triunfo do reacionarismo certamente lhe provocaria uma mistura de raiva, inconformismo e náuseas: “tenho muita dificuldade de trabalhar com gente de direita, porque a direita brasileira […] é fisiológica, e acho muito difícil conviver com pessoas desonestas, não tenho muito jogo de cintura para isso”, dizia. E mais: “essa burguesia nacional execrável desenvolveu toda uma cultura ancilar, dependente, conformista e submissa; basta ver o que dizem e escrevem alguns de nossos intelectuais, uns abertamente cooptados por dinheiro (dólares), outros, por desespero existencial”. Desde então, os motivos para as queixas só aumentariam.

O Brasil mudou – não necessariamente para melhor –, e Cláudio Abramo não viu. Faltou-lhe um pedaço a mais de vida para conferir o resultado da assembleia constituinte que o animava – a decretação solene do fim da quartelada de 1964, um regime de força cruel e fracassado –, ou para acompanhar o embuste da eleição presidencial direta de 1989, que levou ao poder Fernando Collor de Mello, um playboy fantasiado de “caçador de marajás”. Faltou-lhe vida para ver a ascensão do neoliberalismo destruidor e entreguista de Fernando Henrique Cardoso, a experiência conciliadora da frente popular encabeçada pelo Partido dos Trabalhadores, o (novo) golpe da ultradireita, amparado por juízes e procuradores de uma força-tarefa obscura, aninhada na “república” de Curitiba, e a tragédia do país entregue à boçalidade de Jair Bolsonaro e à devastação impiedosa da peste.

Sentimos falta de Cláudio Abramo nesses anos todos, da atualidade da sua crítica, do conteúdo fulminante dos seus diagnósticos. Eis um deles, que permanece: “no jornalismo brasileiro de hoje se fazem coisas ignominiosas: […] são os pequenos grupos, as pequenas panelas que dominam as redações e que decidem quem é bom e quem não é”. Ensinamento triste e verdadeiro deixado no livro póstumo, entre tantos outros. Fiquemos com ele, com todos eles, então. Para que possamos seguir, para que não se perca de vez a esperança.

(Uma homenagem atrasada ao Dia do Jornalista,  comemorado em 7 de abril).

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Delegado Saraiva também estourou esquema de corrupção no Ibama do Rio e prendeu apoiador de Bolsonaro

Autor da notícia-crime contra o ministro Ricardo Salles, o senador Telmário Mota e Eduardo Bim, presidente do Ibama, o delegado Alexandre Saraiva chefiou por nove anos a Superintendência do Amazonas. É considerado o maior especialista em crimes ambientais na Polícia Federal.

Em 2006, Saraiva comandou a Operação Euterpe, que desbaratou um mega esquema de corrupção envolvendo fiscais do Ibama no Rio e empresários. Na primeira fase da investigação, a PF prendeu 32 pessoas, sendo 25 fiscais do Ibama.

Ao fim do inquérito, 49 pessoas foram denunciadas pelo MPF por fraude na liberação de licenças ambientais e anulação de autuações. O grupo agia na capital do Rio de Janeiro, na Baixada Fluminense, na Região dos Lagos, em Itaboraí e em Angra dos Reis. 

Os procuradores pediram a prisão preventiva de 28 investigados. Um dos presos foi o consultor ambiental Carlos José Ruffato Favoreto, aliado do clã Bolsonaro e ex-homem de confiança do falecido empresário Pasquale Mauro, acusado de grilar imensas áreas na Barra da Tijuca. Hoje, Favoreto é dono de uma consultoria ambiental e presidente do Golfe Olímpico, cujo restaurante, antes da pandemia, era ponto de encontro de Flávio Bolsonaro com políticos do Rio.

O delegado Saraiva, exonerado hoje da PF do Amazonas, curiosamente era o nome que Jair Bolsonaro queria para chefiar a Superintendência do Rio na ocasião da crise que levou à saída de Sergio Moro.

Em novembro do ano passado, o presidente levou o policial para uma de suas lives. Durante a transmissão, Bolsonaro criticou países que acusam o Brasil de não cuidar do meio ambiente e colocou a culpa pelo desmatamento nos índios. “Existe o desmatamento ilegal? Existe. Eu acho que existe até, Saraiva, em alguns locais, onde o índio por exemplo troca uma tora com uma Coca-Cola ou com uma cerveja. É possível? Acontece isso ou é próximo disso?”

Saraiva respondeu: “Já aconteceu da madeira em terra indígena ser negociada por valores pífios, na terra indígena e por indígenas. Existe isso. Mas a grande causa do desmatamento é a fraude nos processos administrativos que foram gerados lá atrás. O desmatamento de hoje vem de processos administrativos que autorizaram que vêm lá de 2010. Então não temos desmatamento atrelado a processos recentes, mas a antigos. Mas o ano recorde foi 2018, e 2017 também foi muito forte.”

Como O Antagonista publicou mais cedo, o delegado diz na notícia-crime que o ministro do Meio Ambiente tentou impedir a investigação e praticou “advocacia administrativa” em defesa dos empresários investigados por extração irregular de madeiras.

Segundo Saraiva, a PF apreendeu 226 mil metros cúbicos de madeira, em valor aproximado de R$ 129 milhões. Para justificar a origem da madeira, os empresários apresentaram títulos de terras obtidos em 2017, no governo Temer, e que estariam eivados de irregularidades.

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BolsoNero…

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Biden ameaça sujar as mãos com Bolsonaro

El País

O apoio decisivo dos Estados Unidos às ditaduras da América Latina na segunda metade do século 20 é conhecido e bem documentado. O que não se esperava é que, justamente neste momento da história, em que os Estados Unidos acabaram de enfrentar o maior e mais traumático ataque à sua própria democracia, Joe Biden possa decidir fortalecer o autoritário Jair Bolsonaro. Os governos de Bolsonaro e de Biden conversam a portas fechadas sobre um bilionário investimento na Amazônia que poderá ser anunciado na Cúpula de Líderes sobre o Clima promovida na próxima semana, em 22 e 23 de abril, pelos Estados Unidos.

Amplos setores da sociedade brasileira veem na negociação um movimento inaceitável para legitimar Bolsonaro no momento em que ele é tratado pelo mundo democrático como “ameaça global” e amarga uma queda na sua popularidade devido à media de mais de 3 mil mortes diárias por covid-19. Quem conhece Bolsonaro também tem certeza de que, se Biden botar dólares na conta do Governo brasileiro, o presidente e sua quadrilha encontrarão um jeito de abastecer os bolsos dos depredadores da Amazônia, uma importante base eleitoral para catapultar as chances de uma reeleição em 2022.

O impasse não é confortável para o Governo do democrata Joe Biden. Em seu discurso de posse, ele anunciou o combate à emergência climática como uma de suas maiores prioridades. Ainda na campanha eleitoral, já havia anunciado a intenção de investir 20 bilhões de dólares na proteção da Amazônia. Não há possibilidade de controlar o superaquecimento global, bandeira cara à ala mais progressista do Partido Democrata, sem a maior floresta tropical do mundo.

Por outro lado, a deliberada inação do Congresso brasileiro, sentado sobre mais de 100 pedidos de impeachment de Bolsonaro, torna difícil qualquer ação por parte do líder americano: por um lado, a proteção da Amazônia já se tornou emergencial, dada a crescente savanização da floresta; por outro, a premência obriga o Governo americano a negociar com o principal responsável pela aceleração da destruição.

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O consumidor e o certificado digital

O certificado digital tornou-se um grande negócio no Brasil. É somente para os que podem pagar caro por isso. A recente lei 14.063/2020 reafirma esse privilégio digital quando prevê a obrigatoriedade da assinatura digital qualificada.

 As empresas que produzem os certificados digitais se tornaram um pequeno e lucrativo grupo, praticamente, sem concorrência ou regulação. Estamos falando daquele token que você paga até R$350,00(trezentos e cinquenta reais) ou mais e vale por um tempo determinado. Apenas 2,5% da população tem acesso a esse serviço dispendioso.

O consumidor, o cidadão, ou os que não podem pagar por isso estão excluídos de assinar documentos digitalmente, nos termos da recente lei. O serviço é caro e desnecessário se comparamos com o mundo europeu civilizado que admite várias formas de assinaturas digitais gratuitas.

Advogados, médicos, engenheiros, peritos, servidores públicos e os poderes constituídos também são cativos dessa assinatura digital. Enquanto isso 97,5% da população está excluída do Governo Eletrônico.

Por exemplo, no Poder Judiciário apenas com esse assinador digital se tem acesso aos sistemas e à protocolização de petições, recursos e tudo mais.

O mundo digital já conta com tecnologias digitais seguras, atuais e gratuitas para a mesma finalidade do assinador digital pago em nosso país.

A regra é que o atraso e os privilégios, de poucos, sempre vençam no Brasil. O Congresso Nacional perdeu a oportunidade de democratizar o acesso digital e acabar com esse custo, altamente lucrativo, mas dispensável.

Fontes: www.direitoparaquemprecisa.com.br

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Playboy|1960

1962|Khaty MacDonald. Playboy Centerdold

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Fraga

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© Anastasii Mikhailov

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O homem que só queria ser médico

Relendo “O Essencial de JK”, de Ronaldo Costa Couto, edição Planeta, de 2013, dei-me conta ou relembrei, com imensa saudade, que o Brasil já foi governado por um ser humano. Mais do que isso, um ser humano com qualidades e defeitos, mas lúcido, amável, cordial e bem intencionado, que objetivava sobretudo o progresso e o amadurecimento do país e o bem-estar de sua gente. Juscelino Kubitschek de Oliveira, nascido em Diamantina, antigo Arraial do Tijuco, em Minas Gerais, filho de um garimpeiro/caixeiro-viajante, que faleceu quando ele tinha apenas três anos, e de uma professora primária, foi um dos dois únicos estadistas que o Brasil teve – o outro foi Getúlio Vargas. JK era um visionário, que tornava ideias realidade. Nasceu pobre, andou de pé no chão até a adolescência, mas nunca perdeu o rumo.

Quando aprendeu as primeiras letras com a mãe, Juscelino tinha apenas um sonho distante: ser médico. Foi. Mas foi também muito além: como bom mineiro, com habilidade e superando os obstáculos, foi prefeito de Belo Horizonte, governador de Minas Gerais e presidente da República do Brasil. Como prefeito, saneou, modernizou e espargiu a capital mineira; como governador, sacudiu as montanhas, construiu escolas e estradas, iniciou a industrialização do Estado e tirou-o daquele marasmo de patrimônio histórico; como presidente, mudou a trajetória do país e avivou na população o orgulho de ser brasileiro, abriu estradas, construiu ferrovias, multiplicou a rede elétrica, inaugurou usinas e siderúrgicas, industrializou o país, criou a indústria automobilística nacional e ergueu no Planalto Central uma nova capital, expandindo o Brasil, até então circunscrito ao Sul-Sudeste e zona litorânea. Se Brasília, hoje, não é mais nem de perto, a cidade sonhada por Juscelino, a culpa certamente não é dele.

JK uniu o Brasil. Propagou alegria, otimismo e confiança. Sem perder jamais o sorriso, a cordialidade, o charme e o poder de sedução. Mas foi, acima de tudo, um democrata. Dizia que Deus o poupara do sentimento de medo. Por certo, poupara-o também do ódio. Sofreu três tentativas de golpe, uma antes mesmo de assumir a presidência. Superou todas e ainda por cima – suprema glória! – anistiou os golpistas.

“Sempre busquei inspirar-me, durante toda a minha vida de homem público, na maneira cordial de nossa gente, e estou certo de que nunca deixei de interpretá-la quando excluí de meu espírito o rancor e a represália, buscando construir em vez de destruir” – diria no discurso de lançamento de sua candidatura a novo mandato presidencial, no início de 1964, pouco antes do golpe militar.

JK saiu carregado do Palácio do Planalto, com a maior popularidade já registrada por um homem público em toda a história do Brasil. Tinha volta marcada para cinco anos depois, o que teria inevitavelmente acontecido não fossem os acidentes de percurso que se seguiram.

Em 30 anos de vida pública, Juscelino subiu ao céu e desceu ao inferno. Foi cortejado por reis e rainhas para depois ser preso, humilhado e condenado ao exílio e à solidão pelos generais e coronéis que se assenhoraram do poder. Seu crime: ser detentor do carinho e do respeito do povo, numa época em que carinho e respeito haviam sido banidos do cenário nacional. Jamais se provou qualquer irregularidade por ele praticada no exercício do poder.

Said Farah, que fora ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social do presidente João Figueiredo, o derradeiro ditador de 64, conta que certa vez ouviu dele elogios à operosidade de Juscelino e da sua clarividência em matéria de desenvolvimento social. Teria também mencionado a relativa pobreza de JK. Quis saber como o então presidente sabia. Figueiredo respondeu que ele próprio fizera o inquérito sobre a vida passada de Juscelino e nada de sério encontrara a desabonar a honradez do ex-presidente.

– Por que, então, foi cassado – quis saber Farah.

Figueiredo, com a franqueza habitual: “Porque Costa e Silva queria”.

A conclusão de Farah foi óbvia: “A cassação de Juscelino visava a impedir que ele viesse a concorrer à Presidência ou se mantivesse ativo politicamente, servindo como elemento politizador dos que desejavam o poder restituído à sociedade civil”.

As novas gerações precisam conhecer mais de perto a história e a obra desse grande brasileiro, um homem que acreditava no Brasil como uma grande nação, livre e independente. E transmitiu essa crença ao povo brasileiro. Diz-se que “a vida só é digna de ser vivida quando se faz algo pela vida, em vida”. Juscelino Kubitschek de Oliveira fez. E deixou saudade.

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“Eu só faço o que o povo quer que eu faça”…

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Sylvio Back volta à cena (por escrito)

Capa|Contracapa: Solda

Cineasta que fez história superando muitas barreiras agora expande seu talento no papel com Silenciário, livro que já chega com muitos elogios

Na edição do dia 4 de janeiro, o Plural noticiou com o devido destaque:

– Pelo conjunto da sua obra literária e cinematográfica dedicada à arte e à cultura catarinenses e brasileiras, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) concedeu, em dezembro, o título Doutor Honoris Causa a Sylvio Back.  

E abordava também o seu novo livro, Silenciário, “reunião de poemas publicados e inéditos a vir a lume em abril”… Confirmado o lançamento da obra, foi brindado com outra publicação, um texto de Carlos Adriano, cineasta, doutor em audiovisual pela USP, publicado no dia 18 deste mês pela Folha de S. Paulo. Trechos:  

SILENCIÁRIO  

– “Para mim, fotogramas embutem epigramas. Versos e takes comungam a mesma invisibilidade, esse apelo ao outro lado (beyond) da imagem e da palavra. O poema antevê o cinema!” Assim o (s)elo entre as duas artes é definido por Sylvio Back, que, aos 83 anos, lança em abril Silenciário (Editora da Universidade Federal de Santa Catarina). Íntegra de uma das duas vertentes de sua poesia, com livros de 1988 (Moedas de Luz) a 2014 (Kinopoems), a obra tem por núcleo 35 poemas inéditos (A Maior Diversão).  

A outra vertente é a poesia erótica, reunida em Quermesse (Topbooks, 2013), da estreia em 1986 (O Caderno Erótico de Sylvio Back) a 2007. Na esteira dos contos de O Himeneu (2019), prepara agora Tesão Não Tem Idade, seleta de poemas lúbricos para a editora Escombros. “Logrei demarcar territórios, onde Eros e Tanatos trocam figurinhas e versos para encantar ou desencantar o leitor”, indica o autor. E explica: “Sem premeditar, produzi uma obra anfíbia. Uma ancorada no fescenino e, outra, fruto de influxos da alma ferida diante dos reveses que pavimentam a vida, obra e a sobrevida de um cineasta no Brasil”.  

Ainda do texto de Cláudio Adriano: “Leitor voraz e veraz de poesia”, cuja estante é maior que a de livros de cinema, Back iniciou seus poemas aos 48 anos, após vinte filmes. Dos poetas de (p)referência cita: Drummond, Bandeira, Cabral, Augusto de Campos, Auden, Cummings, Emily Dickinson, Sá-Carneiro, Breyner Andresen, Bashô, Wang Wei, Lezama Lima. Em A Babel da Luz (1992), filmou Helena Kolody (1912-2004), precursora do haicai no país. Back imagina a arqueologia: “quem sabe o poema nasceu rupestre, onde nas pinturas das cavernas podemos identificar tanto uma estrofe visual como uma imagem em movimento”.  

Filmar é como poetar  

Back crê na conciliação: “Como se, aparentemente, poema e cinema dormissem juntos e jamais tivessem trocado algum afago”. Para ele, filmar é como poetar e vice-versa. Tem pesquisado (em acervos de Brasil, Portugal e Itália) um novo filme sobre Murilo Mendes (1901-1975), autor de A Poesia em Pânico.  

“Não sou um poeta de sentimentos, mas de pressentimentos”, confessa. “Filme sem poesia é filme sem alma”, decreta, ao comentar a escassa magia no ofício que, em vez de lápis e papel no ato solitário, implica indústria onerosa e labor coletivo. Mas artes irmãs são imãs: “Cada poema e cada plano filmado resumem tamanho investimento formal e exorcização moral que sempre soam como o último. Como se a musa jamais fosse voltar à cena do crime”.  

A situação do país  

A obscena situação no país o provoca: “Quando as circunstâncias pisam nas minhas convicções humanistas, invisto num poemário antiutópico”. E atiça: “vivemos constantemente numa tremenda ressaca moral; por esperar o que jamais virá”, citando um verso de Silenciário – “a esperança é grotesca”.  

Ainda de Carlos Adriano:  

– Um verso de Gregório de Matos dá título a um roteiro inédito, “impossível de habilitar a recursos incentivados”. Flor de vasta colheita em cinematecas, Não Existe Pecado do Lado Debaixo do Equador seria a estreia de Sylvio Back na seara do filme erótico: “uma colagem lúdica e explícita do cinema pornô do Brasil desde que surgiu, praticamente junto com a própria introdução do cinema entre nós”. Afeito a um cinema de confronto, o bardo não se conforma ao conforto silenciário. Silenciário: 432 páginas. Avaliação: ótimo.

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Cada vez mais pária

Enquanto Bolsonaro diz que isolamento é coisa de ‘comunista’, o mundo fecha as portas para o Brasil

O Brasil já conta mais de 350 mil mortes pela Covid-19 e o total pode chegar a 500 mil entre junho e julho, na previsão de infectologistas. Diante dessa tragédia, era de esperar que os responsáveis pela saúde do povo brasileiro estivessem na linha de frente do combate à pandemia. Mas, para infelicidade geral da Nação, temos um idiota rematado ocupando a principal cadeira do Palácio do Planalto. 

Além de agir como um alienista, Bolsonaro continua a investir contra os protocolos sanitários. Em twitter, ele afirmou que “uma amostra do que é o comunismo e quem são os protótipos de ditadores são aqueles que decretam proibição de cultos, toque de recolher, expropriação de imóveis, restrições a deslocamentos, etc…” E ao sair do Alvorada, disse que, se dependesse dele, o comércio estaria aberto, responsabilizando os governadores pelo desemprego.

Em média, morrem diariamente mais de 3 mil pessoas e já há quase 14 milhões de contaminados pela Covid. Mas o tresloucado Capitão Corona vê comunistas por trás de tudo e prega o fim do isolamento social, a abertura de igrejas e templos e a volta de todos às ruas. Diante de seu negacionismo, o Brasil bate recordes mundiais de contaminação e torna-se epicentro da pandemia. Como consequência do descaso oficial, vários países estão fechando suas portas para brasileiros.

Com Bolsonaro à frente, nosso País, cada vez  mais, torna-se um pária internacional. Nesta terça-feira, o premier da França, Jean Castex, anunciou a suspensão por tempo indeterminado de todos os voos que tenham como origem ou destino o Brasil. “Tomamos conhecimento de que a situação está piorando e decidimos suspender todos os voos entre a França e o Brasil até segunda ordem”, disse Castex, aplaudido durante a sessão no Parlamento.

Viajantes brasileiros tinham de apresentar um exame PCR negativo para o vírus antes do embarque e no desembarque na França. Ao chegar lá, as normas sanitárias também obrigavam que os passageiros respeitassem uma quarentena de 10 dias. Mas especialistas recomendavam a suspensão dos voos. Peru, Colômbia, Portugal e a Espanha já haviam adotado esta medida. E dos países que fazem fronteira com o Brasil, apenas o Paraguai mantém-se aberto.

Alguns países, como a Austrália, sequer aceitam correspondência com origem no Brasil. Temem que cartas e pacotes estejam contaminados por variantes da Covid-19. Como precaução, decidiram fechar até mesmo a fronteira postal. Cartas de brasileiros para a Austrália, só por empresas de distribuição como Fedex, DHL e UPS, mas a um custo caríssimo. Assim, uma postagem de livros para a Rússia que sairia por R$ 200 é cotada hoje pelos Correios em R$ 1.500.

As reações podem parecer exageradas. Mas o Brasil é notícia em todo o mundo como exemplo de fracasso no combate à pandemia. O que esperar dos outros governos quando a própria Organização Mundial da Saúde adverte que o Brasil enfrenta um “surto infernal”? Na terça, o jornal Washington Post publicou reportagem sobre a crise sanitária e política que ameaça Bolsonaro. Segundo o Post, enquanto “o Brasil navega nos dias mais mortais de sua história, com o coronavírus matando cerca de 4.200 pessoa por dia, cresce o movimento para responsabilizar o presidente Jair Bolsonaro pela carnificina que ele pouco fez para mitigar”.

Famoso pelo caso Watergate, o jornal ressalva que o “político culpado por uma pluralidade de brasileiros pelo pior desastre humanitário da história nacional está protegido – por aliados conservadores que ganharam maior poder no Congresso Nacional, pelo apoio duradouro de 30% dos eleitores e por um casulo de mídia digital de direita que permitiu sua ascensão ao poder e agora é essencial para sua manutenção”.

É verdade. Bolsonaro ainda tem base de apoio. E conta com ela para transformar em pizza a CPI da Pandemia, que foi aberta no Senado por determinação do Supremo Tribunal Federal. Graças à adesão dócil e passiva dos parlamentares do Centrão, também consegue fazer letra morta das dezenas de pedidos de impeachment que estão na gaveta da presidência da Câmara. “Não existiam condições para tal decisão política no ano passado e, do meu ponto de vista, ainda não existem”, disse ao Post o deputado Rodrigo Maia, que se destacou por arquivar pedidos de impeachment.

As CPIs costumam ter desfecho imprevisível. Muitas não resultaram em nada. Mas algumas delas deram dor de cabeça, como a dos Anões do Orçamento. O temor de Bolsonaro é claro. Dele e dos generais que sustentam seu governo. Ao tomar posse no Ministério da Defesa, o general Braga Netto fez coro com seu chefe e criticou o Supremo por “interferir no Legislativo”. De forma indireta, os dois dão a entender que podem transformar o Brasil num pastiche de ditadura, nos igualando ao que está acontecendo em Mianmar, a antiga Birmânia.

À escalada da Covid-19 somam-se, portanto, os ataques de Bolsonaro ao Judiciário e à ordem democrática. E o mundo civilizado, com toda razão, fecha suas portas para o Brasil.

Octávio Costa

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Palíndromos do Fraga

Inspirado em Sean Connery, o inesquecível agente com licença para matar

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Após enterrar o filho, Monique buscou cursos de inglês e de culinária

É um evidente caso de comportamento de psicopata. Segundo investigadores, Monique recebeu oferta de curso de inglês três horas após o enterro e perguntou se era presencial. No dia seguinte, procurou por aulas de culinária em uma rede social e mandou mensagem privada: ‘Tenho interesse em fazer uma aula prática com você. Como faço para entrar na lista de espera?, questionou.

A Polícia Civil descobriu que, após o enterro de Henry Borel, a mãe do menino, , procurou cursos de inglês e de culinária. As mensagens foram publicadas na edição desta terça-feira (13) do jornal O Dia. O RJ1 também teve acesso ao conteúdo.

No dia 10 de março, cerca de três horas depois do enterro de Henry, Monique recebeu uma oferta com desconto de 40% para o curso de inglês.

Polícia diz que Dr. Jairinho praticou sessão de tortura contra Henry semanas antes da morte; mãe foi a salão de beleza após enterro.

No dia seguinte ao enterro de Henry, Monique procura por aulas de culinária. Ela encontra uma professora, numa rede social, e manda uma mensagem privada:

“Boa tarde. Sou Monique Medeiros, tenho interesse em fazer uma aula prática com você. Como faço para entrar na lista de espera? Um grande beijo em seu coração”.

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