Flagrantes da vida real

flagrantesMarisa Orth em cena.  © Maringas Maciel

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Retrospectivas

Retrospectivas de fim de ano servem para passar o passado a limpo e organizar nossas lembranças que, sem elas, seriam histórias sem nexo. O retrospectivista mais desatento da História foi Luis XVI que, na véspera da Revolução Francesa, escreveu no seu diário: “Tudo calmo, nenhuma novidade no reino”. A tradição de recapitular os principais acontecimentos do ano teria começado no ano 1, quando um viajante no deserto anotou no seu caderno de viagem a presença daquela estranha estrela no céu da Judeia, brilhando mais do que as outras, como que mostrando um caminho, e disse “Epa”.

No jornalismo, uma retrospectiva de fim de ano é obrigatória, e fácil de fazer. Basta juntar fatos e feitos que se destacaram durante o ano, e pronto. O ano de 2020, que termina hoje, por exemplo, esteve cheio de noticias destacáveis, como todos os anos. É só reuni-las e teremos um típico ano com seus altos e baixos, esperando sua inclusão na retrospectiva. Como todos os anos. Certo?

Você deve estar brincando com os pobres autores de retrospectivas e com a humanidade em geral. Nenhum outro ano na nossa história foi tão diferente dos outros quanto 2020. Nenhuma outra retrospectiva foi – e continua sendo – tão inverossímil. Um vírus mal intencionado surgiu não se sabe de onde decidido a acabar conosco e, mesmo se não conseguir, alterar a vida sobre a Terra e a relação entre as pessoas de maneira inédita, com efeitos imprevisíveis no futuro de cada um.

Retrospectivas por vir terão que recorrer à ficção ou ao delírio para contar como foi 2020 e seus desdobramentos. Elas podem muito bem ser sobre a guerra da vacina que fatalmente acontecerá em poucos anos, ricos contra pobres lutando pela sobrevivência.

Prevê-se que retrospectivas do futuro se ocuparão do comportamento de jovens em 2020 e depois, que desafiaram as recomendações de como enfrentar o vírus assassino e continuaram fazendo festas sem qualquer proteção, sugerindo que o vírus, além de todos os seus crimes, criara uma geração de desinformados, de alienados ou de suicidas.

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Biografia do ator José Maria Santos será lançada hoje

Depois de uma busca longa e frustrada por patrocínio, impressão e aprovação em leis de incentivo, que durou mais de oito anos, finalmente a biografia do ator, diretor, produtor e professor José Maria Santos, terá seu lançamento hoje. A data escolhida marca os 30 anos de falecimento do artista, nascido em Guarapuava em 12 de dezembro de 1933.

De autoria do ator e jornalista Ulisses Iarochinski, “VIVAZÉ! José Maria Santos – ator do Paraná”, faz parte de um amplo projeto que já contemplou a realização de um espetáculo, uma exposição itinerante e um documentário longa-metragem, todos sob o selo VIVAZÉ!.

Iarochinski foi aluno e colega de palco de José Maria Ferreira Maciel dos Santos, o nosso Zé Maria. O jornalista também foi responsável pela campanha que renomeou o antigo Teatro da Classe, na rua 13 de maio, homenageando o ator que passou a dar seu nome ao espaço teatral. Para alcançar esse objetivo foram produzidas 17 páginas inteiras (capas do caderno de cultura) do Jornal do Estado (atual Bem Paraná), além da publicação de várias reportagens e notas de colunas por mais de dois anos. Com a campanha, Ulisses e o diretor do jornal, Ruy Barrozo, sensibilizaram o deputado estadual Algacy Túlio, que apresentou a proposta na Assembleia Legislativa. Depois de aprovado, o projeto foi sancionado pelo então governador Roberto Requião.

O livro “VIVAZÉ!”, que contém 266 páginas, 110 fotos de peças teatrais e pessoais de Zé Maria, uma biografia, quatro entrevistas e três prefácios, será lançado virtualmente pela Internet e posteriormente comercializado pelo site da Amazon.com. O evento de lançamento acontecerá às 20 horas do dia 4 de janeiro, pelo link do googlemeet: https://meet.google.com/hzi-mseu-kex

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O Estado de Direito brasileiro

O mundo civilizado está vacinando. No Brasil, nem sombra ou sinal de quando ocorrerá a vacinação em massa – se é que ocorrerá em 2021.

Somos o retrato de um presidente e seus aliados que são contra a vacina. Tudo isso atrasa a retomada da economia, empregos e mais o que se sabe de cor e salteado sem precisar ser economista.

No feriadão do final de ano, milhares de pessoas se esbaldando à beira do mar, negando a realidade. O congestionamento de jatinhos em Trancoso – BA, as festas e badalações são apenas um pequeno retrato do que aconteceu em toda orla brasileira.

Assim como a exclusão social, o feminicídio em massa, o racismo estrutural, as mortes no trânsito, a soberba dos poderes e a impunidade dos corruptos, tudo é negado no Brasil.

E em meio à pandemia, também nega-se o óbvio, que trata da questão básica da vida ou da morte: o mundo todo está vacinando e o nosso país parece não pertencer a ele.

As redes sociais, com piadas sobre a realidade, manifestações de protesto e desaforos, curtidas e comentários apenas extravasam um momento de indignação, nada mais.

Resumo de tudo: relaxaram as medidas de prevenção e se reavivou o contágio.

Na linha de frente, médicos, enfermeiros, pessoal da limpeza, terceirizados, heróis anônimos que calados assistem ao drama dos enfermiços.

Luzes no horizonte? Uma pesquisa de percepção da realidade de 2017 revelou que o Brasil, num ranking de 38 países, é o segundo colocado com a população sem conhecimento da realidade.

O recente relatório Rule of Law Index 2020, publicado pelo World Justice Project, que avaliou o funcionamento do governo das leis em 128 países, constatou que somos o segundo país que mais regrediu em relação ao ano anterior, ficando atrás apenas da Argélia.

A pontuação do Estado de Direito brasileiro regrediu em todos os itens avaliados:  nas restrições aos poderes do governo, na ausência de corrupção, no governo aberto, nos direitos fundamentais, na ordem e segurança, na aplicação regulatória, na justiça civil e na justiça criminal.

Descumpre-se o dever de vacinar o povo e lhe são retirados os direitos.

A sustentação do governo está no sólido e rico bloco político do Centrão, que elegeu mais de cinquenta por cento dos prefeitos nos municípios brasileiros e faz as esquerdas se ajoelharem para não terem um representante ainda mais capacho de Bolsonaro no Congresso para corroer os ditos avanços sociais assegurados na Constituição de 1988, e em leis e decretos que, gradativamente, estão sendo revogados.

As big tecs, a mídia, os jornalões, as afiliadas da Globo que na sua maior parte elegem as elites estaduais e regionais, e as outras redes de televisão, cada qual com seus donatários, todos perfilados nesta viagem ao fundo do mar de lama.

O Brasil é o país da paciência, da palermice, da indiferença, do pagode, do funk, dos sertanejos e do futebol. Na vitrine, as figuras que melhor expressam isso são os atuais craques do futebol: ricos, famosos, indiferentes e hedonistas.

Como fazem falta Sócrates, Casagrande e os jogadores da democracia corintiana, da década de 1980, para tentar galvanizar mostrar à maioria do andar de baixo que é possível lutar pelos seus direitos.

Fonte: www.direitopraquemprecisa.com.br

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Trump liga para secretário da Geórgia e pede que ele “encontre” votos

O Washington Post obteve uma gravação telefônica que mostra o presidente americano Donald Trump pressionando o secretário de estado da Geórgia, Brad Raffensperger, a recontar os votos do estado para favorecê-lo na eleição.

De acordo com o áudio, Trump insistiu para que o colega republicano “encontrasse” votos para garantir a vitória. A conversa ocorreu neste sábado.

Olha, tudo o que eu quero é isso. Eu só quero encontrar 11.780 votos, um a mais do que nós temos. Porque nós vencemos nesse estado”, disse.

O povo da Geórgia está com raiva, o povo do país está com raiva. Não há nada de errado em dizer que, você sabe, que você recalculou.”

Durante a ligação, o secretário rejeitou as declarações de Trump e afirmou que o presidente americano estava repetindo teorias conspiratórias. Em razão da negativa do republicano, Trump afirma ainda que Raffensperger poderia ser alvo de ações criminais.

Isso é uma ofensa criminal. Você não pode deixar isso acontecer. Isso é um grande risco para você (Raffensperger) e Ryan, seu advogado.”

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Escultura em Love Land, Cheju Island, na Coréia do Sul. © Jeju

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Traficantes evangélicos se juntam com milícia na zona norte do Rio

Um inquérito da Polícia Civil do Rio de Janeiro obtido pelo jornal Extra mostra que um pacto fechado entre traficantes que se dizem evangélicos e milicianos da favela do Quitungo, na zona norte, resultou na união das quadrilhas.

O acordo foi descoberto pela polícia durante uma investigação sobre um duplo homicídio em Quitungo, no meio do ano passado. A Delegacia de Homicídios descobriu que as vítimas eram integrantes da milícia que não aceitaram o pacto com o tráfico e romperam com a quadrilha.

O pacto com a milícia resultou na expansão do “Complexo de Israel”, conjunto de favelas onde os traficantes usam símbolos do estado de Israel para demarcar o domínio.

Há bandeiras hasteadas nas favelas Vigários Geral e Parada de Lucas e várias Estrelas de Davi desenhadas em muros pelas favelas. Uma teoria prevalente em algumas correntes evangélicas, particularmente as neopentecostais, prega que a criação do Estado de Israel foi o prenúncio da volta de Jesus Cristo.”

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A Bolha Assassina de Bolsonaro

Escrevo nesse 31 de dezembro de 2020, uma quinta-feira ensolarada.

Confesso que fico pensando se não teria coisa melhor a fazer do que batalhar com os fantasmas que ameaçam a vida e a paciência dos brasileiros. Mas vamos lá. Há que vencer o tédio. Tais fantasmas se resumem a duas assombrações. De um lado o covid-19, que assombra não apenas o Brasil mas a todos os habitantes do planeta, que se veem indefesos nessa luta desigual.

Já o outro fantasma a nos assombrar é originalidade brasileira, prata da casa, gestada nas casernas e com dinheiro público: o Jair e seus delírios em praça pública, lutando contra evidências médicas, contra estudos de institutos internacionais, negando tudo que possa lembrar cultura e civilização. Além, é claro, de disparar contra qualquer sinal de vida inteligente e democrática que nos reste.

Mas vejamos o que se refere ao covid-19. Na década de 1950 o cinema norte-americano assombrou o mundo com filmes em que havia, sempre, um monstro imenso a espalhar malvadeza e morte pelo planeta terra. Nesse caldo foram gestados os super-heróis.

O mundo saía da segunda grande guerra e era preciso exorcizar os fantasmas que habitavam as cabeças assustadas dos terráqueos. Assim, muitas dessas ameaças, vinham de outros mundos, outros planetas, e eram impiedosas: dizimavam a vida terrestre e se mostravam invencíveis.

Um desses filmes, de 1958, foi A Bolha Assassina. Foi refilmado em 1988, mas essa duplicata não vale nada. A de 1958 vale não como cinema, mas como registro de um clima social-psicótico.

Com recursos que hoje nos parecem risíveis, a tal Bolha Assassina circulava a rolar pelo mundo alimentando-se de seres humanos desprevenidos, dos quais se aproximava sorrateira e os fritava e engolia com prazer sádico. Esses, aliás, só faziam correr, pois eram inúteis suas metralhadoras e explosivos.

A Bolha se recuperava de todo os ataques e ia em frente, fritando saborosos seres humanos com um apetite de anteontem.

O que fazer? Como se livraram dela? Eis o que já não lembro. Ainda não tive tempo de rever o filme. Ademais, mesmo que soubesse não o revelaria aqui para não estragar a experiência dos leitores, caso se interessem pelo tema.

Essa Bolha Assassina é o covic-19. É quase um extraterrestre, é traiçoeiro e sorrateiro e mata sem piedade, embora o Jair tenha desprezado o vírus como uma gripezinha sem importância.

Diante dela, temos pouco a fazer, senão correr como os terráqueos da década de1950 – no caso atual, nos trancafiamos dentro de casa como último refúgio esperando que os cientistas descubram as vacinas que nos librem desse mal.

Mas o segundo encontro de Jair com seu destino, são suas agressões cada vez mais evidentes aos alicerces de um regime democrático. Não podemos imaginar que Jair haja de forma aleatória. Não. Ele sabe o que agride e onde bate. Basta olharmos seus primeiros delírios, logo após a posse, para encontrarmos o espírito ditatorial e reacionário do Jair. Desde as agressões – que alguns imaginavam tolices de juventude – que foram desferidas contra o STF e o Congresso, lá está, inclusive com presença física, o indefectível fascista Bolsonaro.

Em seguida os manifestantes pro Jair, reuniram meia dúzia de irresponsáveis (pagos?) para desfilar frases de ódio às diferenças, à democracia, aos poderes constituídos, até que o presidente do STF os chamou às falas e eles se recolheram à obscuridade de onde vieram, tal como a Bolha Assassina, ainda que com menos poder do que a tal Bolha.

Jair assumiu então o papel de agressor imaginando que ninguém revidaria ao presidente.

E Jair passou a desferir, desde aquele cercadinho do palácio do Planalto, frases boladas por sua equipe, e que permitiam a que ele desfiasse supostas denúncias contra os inimigos de seus cinquenta e tanto milhões de voos.

Ora, o suposto do Jair é de que é preciso denunciar os poderes legislativo e judiciário, mais as entidades de classe, a liberdade de imprensa etc. que são o que emperra a ação do executivo para realizar uma verdadeira revolução no Brasil. O excesso de liberdade da imprensa, por exemplo. O espírito “esquerdista” dos professores. O destemor de intelectuais que contestam sua sapiência de eleito. Esse é o ideal fascista do Jair, desequilibrar todos os poderes, mirar todas as forças de resistência existente na população, para se investir como Fürer da pátria. Continue lendo

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Flávio Bolsonaro reuniu-se com secretário da Receita

As advogadas de Flávio Bolsonaro tiveram ao menos três encontros com integrantes da Receita Federal entre 26 de agosto e 17 de setembro de 2020, diz a revista Época.

Uma das reuniões — fora da agenda — foi com o secretário da Receita José Tostes Neto e teve a presença do próprio senador.

As informações foram obtidas por meio da Lei de Acesso à Informação, após pedido apresentado pelo deputado Ivan Valente.

As reuniões ocorreram após a defesa de Flávio se movimentar para tentar anular a investigação do caso Fabrício Queiroz. Em agosto, as advogadas se reuniram com Jair Bolsonaro, Augusto Heleno e Alexandre Ramagem para apresentar documentos que, segundo disseram, provariam a existência de uma organização criminosa na Receita.

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Poluicéia Desvairada!

Enfeite seu para-choques. Em algum cruzamento do centro velho. © Lee Swain

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Caretibas

Pryscila Vieira e o cartunista que vos digita,  da Kartunália, em algum lugar do passado. © Vera Solda

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Um ano de dor e um adeus a Valmor

Esta coluna deveria ter sido publicada na quinta 31/12. Por isso, o texto sai como originalmente escrito:

Nesta quinta-feira, termina, enfim, o ano que não existiu. Isto é, existiu repleto de tristeza, dor, angústia, solidão e medo. Uma pandemia, desprezada pelo incompetente e irresponsável governo federal, ceifou a vida de mais de 190 mil brasileiros. E nada indica que não continuará a ceifar no decorrer de 2021. Enquanto os governantes se engalfinham numa estúpida disputa de piá pançudo, sem tomar nenhuma providência efetiva em busca da vacina que ao menos nos traga alguma esperança, o vírus avança, revigora-se, rejuvenesce, transmuta-se e continua contabilizando vítimas. E enquanto o mundo civilizados, como os EUA, Inglaterra, Alemanha, Espanha, Itália, França e até os nossos vizinhos chilenos e argentinos, já começaram a usar a vacina, o ínclito Messias de Brasília aguarda que os laboratórios lhe ofereçam os seus produtos… Quando oferecerem, irá barganhar. Enquanto isso…

Todos nós perdemos alguém em 2020 – parente, amigo ou conhecido –, para o coronavírus, lares se cobriram de luto e a comoção é geral. Só não se sensibiliza e chora quem não tem um pingo de sentimento. Ou segue a cartilha do desqualificado inquilino do Palácio do Planalto, patrono-mor do morticínio.

Pessoalmente, perdi muita gente que admirava. Só no setor artístico, foram Aldir Blanc, Nicette Bruno, Daise Lúcidi, Genésio Amadeu, Eduardo Galvão e, no México, o notável Armando Manzanero… De Curitiba, partiu Valmor Weiss, ex-parceiro da velha Última Hora e um bravo lutador

Valmorzinho (assim conhecido para diferenciar-se do Walmorzão, o Marcellino) era sargento do Exército e vice-presidente da Associação dos Sargentos e Subtenentes quando atuou na UH. Fazia uma coluna diária de efemérides, destacando aniversários e datas importantes para o pessoal da farda. Alegre e cordial, como bom catarinense de Rio do Sul., era uma figura querida por todos. Quando a ditadura de 64 instalou-se no país, Valmor foi um dos primeiros atingidos. Taxado de comunista – afirmaram que as datas citadas por ele no jornal eram indicações cifradas de reuniões subversivas –, foi preso e torturado sem dó nem piedade. Sabe-se que ele resistiu bravamente, mas sofreu muito. Outro colega jornalista, o saudoso companheiro Milton Ivan Heller, conta a história de Weiss em “O Prisioneiro da Cela 310”, lançado em 2011.

Quando deixou a prisão, Valmorzinho era o que se pode dizer um trapo humano. Aos 29 anos, sem prumo e sem rumo, tentou ser merceeiro. Tinha 34 cruzeiros no bolso, comprou uma caixa de laranjas, uma de maçãs, cheiro verde, alface e muita banana… No primeiro dia de atividade da mercearia, ele transformou os 34 cruzeiros em 48 cruzeiros e ainda sobrou mercadoria para o dia seguinte. Entusiasmado, tomou emprestada do ex-colega de Última Hora, Alenir Dutra, uma Kombi velha e passou a revender legumes e verduras buscados no Ceasa. E logo se tornaria um dos maiores empresários do transporte de valores no Brasil, com o uso, inclusive, de avião e aéro-táxi. Foi mais: piloto de corrida, vice-presidente da FPrA (Federação Paranaense de Automobilismo), vice-presidentes da CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo) e conselheiro do BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul). Não devolveu nem pagou a Kombi para o Dutra, mas foi o único “comunista” que se vingou do capitalismo enriquecendo.

Tinha garra o baixinho Valmor Weiss e, ao sair de cena, deixa muita saudade. Segue em paz, velho “Animal”. Shalom!

P.S. – Que o ano não acabe sem o registro de um profundo e comovido agradecimento aos profissionais da saúde deste país, os grandes heróis deste ano trágico. Médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, nutrólogos, auxiliares de UTIs, condutores de ambulâncias, faxineiras e demais resistentes trabalhadores que, enfrentado todo tipo de dificuldade, deixaram as suas vidas – alguns, perdendo-as – para cuidar da vida dos outros.

Publicado em Célio Heitor Gumarães - Blog do Zé Beto | Deixar um comentário
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André Mendonça, terrivelmente servil

Ex-advogado-geral da União, André Mendonça tomou posse como ministro da Justiça e da Segurança Pública em 29 de abril de 2020, depois que Sergio Moro deixou o cargo acusando Jair Bolsonaro de interferir no comando da Polícia Federal.

Mendonça assumiu o comando da pasta no mesmo dia em que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, suspendeu a nomeação de Alexandre Ramagem como diretor-geral da PF.

Como ministro, fez exatamente aquilo que Bolsonaro cobrou na famosa reunião ministerial de 22 de abril: pôs-se a defender a todo o custo o governo e o presidente.

Em apenas dois meses, tomou ao menos três medidas polêmicas.

Em julho, pediu à Polícia Federal a abertura de investigação para averiguar se o colunista Hélio Schwartsman infringiu a Lei de Segurança Nacional ao escrever o artigo opinativo “Por que torço para que Bolsonaro morra”.

Também solicitou outro inquérito para apurar uma charge que associa o presidente ao nazismo, com base na mesma legislação usada pela ditadura militar.

E apresentou pedido de habeas corpus em favor do então ministro Abraham Weintraub, da Educação, para evitar que ele tivesse de prestar depoimento ao STF no âmbito do inquérito das fake news.

Weintraub havia dito que era preciso colocar “vagabundos na cadeiacomeçando pelo STF”.

Mendonça também trocou toda equipe de Moro, oriunda da Lava Jato. A última a deixar a pasta foi a delegada Erika Marena da diretoria do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional.

Para blindar o chefe das críticas em relação ao aumento do preço do arroz, o ministro notificou  representantes de supermercados e determinou abertura de investigação, por meio da Secretaria Nacional do Consumidor.

Mendonça também virou alvo de denúncias envolvendo o monitoramento de um grupo de 579 servidores federais e estaduais, entre professores universitários e policiais, como participantes de movimentos antifascistas.

A produção de um dossiê com nomes, endereços em redes sociais e até fotografias coube à Secretaria de Operações Integradas (Seopi), uma das cinco secretarias subordinadas ao ministro. No julgamento do caso pelo Supremo, Mendonça alegou que o relatório havia sido encomendado antes de assumir, coincidentemente no mesmo dia da demissão de Moro.

O ministro, ex-assessor de Dias Toffoli e a quem dedicou um livro, livrou-se de um processo, mas teve que demitir um fiel auxiliar, o coronel Gilson Liborio.

André Mendonça também virou figura fácil nas lives de Jair Bolsonaro, que chegou a gravar um programa ao lado do superintendente da PF no Amazonas, Alexandre Saraiva, o delegado que ele queria nomear para o Rio de Janeiro.

No fim do ano, André Mendonça e Sergio Moro bateram boca no Twitter, depois que o ex-juiz criticou Bolsonaro sobre a falta de uma vacina contra a Covid.

Assim como na ocasião da frase “Prezada, não estou à venda”, Moro voltou aos TTs do Twitter ao questionar: “Tem presidente em Brasília?.

Mendonça tomou as dores do chefe. “Tem legitimidade para cobrar algo?”, perguntou a Moro em outro tuíte. O ex-ministro respondeu: “O senhor nem teve autonomia de escolher o diretor da PF ou de defender a execução da pena da condenação em segunda instância (mudou de ideia?).

O ministro da Justiça voltou à carga: “Meu diretor da PF tem resultados muito melhores que a anterior.”

E sem se dar por satisfeito, passou os dias tuitando sobre ‘seus feitos’ no MJSP e tentando justificar o fim da Lava Jato no governo Bolsonaro. Mendonça, como se sabe, está de olho na próxima vaga do Supremo.

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A nova lei do aborto na Argentina

No mundo são 67 países que permitem o aborto, na América Latina são cinco países. Além de ter iniciado a vacinação dos seus cidadãos a Argentina aprovou o projeto de lei 53/2020 que se transformou na lei 716/2020 em 29 de dezembro de 2020.

O objetivo da lei é regular o acesso a interrupção voluntária da gravidez e atenção pós-aborto, em conformidade com os compromissos assumidos pelo Estado argentino em matéria de saúde pública e direitos humanos das mulheres e das pessoas com outras identidades de gênero com capacidade de gestar e contribuir para a redução da morbimortalidade evitável (art. 1º).

Prevê a nova que lei a interrupção voluntária da gravidez às mulheres e pessoas com outras identidades de gênero com capacidade de gestar têm o direito de decidir e acessar até a interrupção de sua gravidez até a décima quarta (14ª) semana, inclusive, do processo gestacional (art. 40). Após a 14ª semana é previsto como crime com pena de reclusão de 3 meses a 1 ano para a gestante.

Excepcionam-se deste prazo a gravidez proveniente de estupro ou no caso de menores de 13 (treze) anos de idade. Os profissionais da saúde devem garantir no pós-aborto o tratamento digno, a privacidade, a confidencialidade e a autonomia da vontade.

Quanto à qualidade, os profissionais da saúde devem respeitar e garantir o tratamento do aborto de acordo com o escopo e definição da Organização Saúde Mundial, sendo que os cuidados serão no sentido de obedecer e seguir os padrões de qualidade, acessibildade, competência técnica, gama de opções disponíveis e informações científicas atualizadas.

Há a figura do consentimento informado que deverá ser por expresso por escrito e as mulheres maiores de 16 (dezesseis) anos tem o direito de autorizar o aborto.

Assim, antes de realizar a interrupção voluntária da gravidez, é necessário o consentimento informado da gestante, expresso por escrito, de acordo com o disposto na Lei 26.529 (direitos da paciente) e concordantes e no art. 59 do Código Civil e Comercial da Nação. Para menores de 13 anos o consentimento não é necessário, em caso de estupro.

Aos profissionais de saúde é possível a objeção de consciência, mas o médico deverá encaminhar a paciente para outro profissional e caso a vida da paciente esteja em perigo tem o dever de realizar o procedimento, e em nenhuma hipótese pode se eximir em prestar atendimento no pós-aborto.

Está prevista a obrigação do Estado Argentino, o estado nacional, as províncias e os municípios em implantarem a educação sexual integral e saúde sexual e reprodutiva.

A Senadora Norma Durango afirmou que “as mulheres que inundam a praça com seus lenços verdes e pedem educação sexual para decidir, anticoncepcionais para não abortar, aborto legal para não morrer” e para não condenar as mulheres à clandestinidade. Continue lendo

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Fraga

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