Pra não esquecer

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Mural da História – 2014

“Solda”, na Livraria da Vila, no Shopping Cidade Jardim, São Paulo.© Ligia Kempfer

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Duas ou três coisas que eu sei dele

Me lembro que o Mercer me surpreendeu quando disse repentinamente “Kurt Vonnegut”. Ponho aspas porque é uma frase do Mercer. Tem somente o sujeito, nome e sobrenome, mas apenas o sujeito. O verbo e o complemento o Mercer deixou ocultos. Ele não precisava de uma frase inteira para dizer certas coisas.

Me lembro do Mercer bom em verbos. Quando fomos juntos à praia sem sair de Curitiba (ver LeitE QuentE nº 4, “A cidade sem mar”), ele fez o prefácio. “Curitibano não vai à praia, curitibano desce.” E escreveu um ensaio sobre o verbo descer. O verbo ele transformou em sujeito, no caso um sujeito curitibano.

Me lembro que o Mercer lidava muito bem não só com as letras, mas também com os números. No baile dos 50 anos, me lembro, ele tinha 20 e poucos.

25|2|2006

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O dilema petista

Lula ainda não definiu a estratégia do PT para as eleições municipais

O PT debate se deve ou não usar as solenidades do 8 de janeiro para começar sua campanha eleitoral para a eleição municipal do ano que vem. Uma das ideias é aproveitar a lembrança da tentativa de golpe, com a depredação do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, para reutilizar o discurso da ameaça à democracia.

O sentimento majoritário é de que a legenda e seus aliados devem trabalhar, de novo, o medo do risco de um eventual golpe de Estado pelos herdeiros políticos de Jair Bolsonaro para dissuadir o voto em prefeitos e vereadores bolsonaristas no ano que vem.

A questão é que prefeito e vereador não têm força política, nem instrumentos de Estado para dar um golpe.

Uma parte do partido, porém, é contra o uso do fantasma de um golpe e tem dois arguementos. O primeiro é batido: tratar do risco-Bolsonaro significa dar a ele legitimidade e importância política.

O segundo é que nas eleições municipais o eleitor está preocupado com questões menos teóricas e mais práticas, como posto de saúde, buraco na rua e poda de árvores. Dar pouca relevância a esses temas, pode enfrequecer os candidatos locais do PT ou seus aliados.

Lula ainda não decidiu. Mas, segundo seus interlocutores, está inclinado a optar por nacionalizar o discurso.

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Fraga

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Mural da História – 1980

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Mural da História – 2019

Fotojornalista registra tamanduá cego em queimada na Amazônia. Aranquém Alcântara.

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Amplo Espectro

tantã

por fora
por dentro e entre
pela vida afora
e antes
hora após hora
por exemplo, agora,
eu rimo sempre

dono de batuque nato
às vezes bato fraco

nenhuma razão para dor
nenhuma razão de orgulho
somente mais uma canção
apenas mais um coração
fazendo barulho

Roberto Prado

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© Guto Lacaz

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Mural da História – 1982

Rita Pavão e sua trupe. © Alberto Melo Viana

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Convicto – 2015

Tiago Recchia. © Vera Solda

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Sempre a vitrolinha

A IMPRENSA pega no pé de Lula/Janja com o tapete comprado para o Alvorada, coisa de quase R$ 200 mil. Deu-se ao trabalho de fazer cotação no mercado para provar que há tapetes mais baratos. E daí? Sempre haverá. No entanto ninguém levou em conta que o tapete não será levado embora quando Lula deixar o governo – aliás, o importante será conferir o estado, para comparar como os Bolsonaros deixaram a residência oficial, fotografada como se por ali tivesse passado Átila, o Huno (aquele que por onde passava a grama nunca mais crescia).

O problema não está no tapete, mas quem pisa nele. Sim, Lula, que cometeu a ofensa de ser presidente três vezes; um trabalhador semialfabetizado no lugar reservado historicamente aos doutores (aos quais, na falta de letras, humilha pelas luzes da inteligência). Lula parece ter superado o preconceito das zelite. Parece, pois não raro cai na esparrela de se defender, acusando. O editor deste Insulto teria ensinado a resposta que Winston Churchill deu ao exibicionismo do general Montgomery, herói de guerra e comandante do exército na II Guerra Mundial.

Montgomery uma vez autoelogiou-se, exibindo a diferença de seus hábitos em relação aos de Churchill, o primeiro ministro que desafiou a Alemanha nazista. O general dizia: “não fumo, não bebo, acordo cedo, corro, faço exercícios e derrotei Rommel em El Alamein” (ele foi feito Visconde de El Alamein graças a isso). Ao ouvir, Churchill riu e comentou: “Pois eu fumo cinco charutos por dia, bebo o dia inteiro, durmo tarde, não faço exercícios – e sou o chefe dele”. Lula venceu três eleições de dois turnos e uma pena de prisão. E chefia os generais.

Lula foi e será vítima do preconceito, na sublimação do regime escravo, pelo qual os brancos têm o direito divino de mandar e fruir o poder; e os trabalhadores, de hoje, como os escravos de antanho, devem ficar no seu lugar. Lula carrega o labéu, que vem de sua primeira disputa, quando derrotado por Fernando Collor. No debate que travaram na televisão, o engomado yuppie cangaceiro das Alagoas acusava Lula de rico por causa de um conjunto de som. Lula, humilhado, encolhido, defendeu-se dizendo que tinha apenas uma vitrolinha.

O sofá de hoje é a vitrolinha de antes. A ironia é que nunca antes “na história desse país”, um presidente fez tanto como Lula pelas burguesias.

Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário | Deixar um comentário
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Polícia Federal traça roteiro para concluir investigações sobre Bolsonaro

Tentativa de golpe ligada a milícias digitais. Investigadores da Polícia Federal avaliam que já há elementos suficientes para indiciar o ex-presidente Jair Bolsonaro por delitos cometidos durante o mandato, escreve Aguirre Talento. São várias linhas de investigação em andamento, e a PF trabalha para concluir no começo de 2024 os inquéritos das fake news e das milícias digitais.

O entendimento da PF é que os fatos sob investigação envolvendo Bolsonaro estão interligados. Os investigadores finalizam a análise de materiais apreendidos, como telefones celulares, e as apurações envolvendo a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens que revelou a atuação de Bolsonaro em um plano golpista. Depois de eventual indiciamento por prática de crime, o caso será enviado ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, que apresenta ou não a denúncia contra os investigados.

Ações da PF levam Zinho à prisão. Chefe de milícia e criminoso mais procurado do Rio de Janeiro, Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, buscou acordo com as forças de segurança e se entregou à Polícia Federal na véspera do Natal (24). Ele está em prisão de segurança máxima no Rio. Um dos motivos da rendição seria o medo de ser executado pela facção do Comando Vermelho, por inimigos ou pela polícia. “Ele percebeu que era a melhor alternativa para preservar a vida dele naquele momento”, afirmou o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, à GloboNews.

Autoridades também relacionam a prisão de Zinho com duas operações recentes da Polícia Federal: as investigações sobre a deputada estadual Lúcia de Barros (PSD), chamada de “madrinha” pelo miliciano, e o desmonte de um grande esquema de tráfico de armas importadas da Europa por empresa do Paraguai, que abastecia facções criminosas do Brasil. Foragido no Rio, Zinho foi condenado por tráfico de armas, entre outros crimes, A deputada foi afastada do cargo pelo Tribunal de Justiça do Rio. Segundo o ministro Flávio Dino (Justiça), as delações e prisões em série terão continuidade com a asfixia financeira do crime organizado.

O que esperar de Flávio Dino no STF. O ministro Flávio Dino (Justiça) se prepara para assumir a vaga conquistada no Supremo Tribunal Federal como uma incógnita em temas de costumes e da economia. Seus futuros colegas de toga destacam o lado católico do ex-governador do Maranhão, o que pode direcioná-lo para votos mais conservadores em temas como o aborto e o porte de maconha, por exemplo.

O presidente Lula, em tom de brincadeira, apresentou o ministro como “comunista do bem”. Os bolsonaristas usam as filiações partidárias de Dino em siglas de esquerda para atacá-lo. O STF vai agendar pautas importantes na economia em 2024, área em que o governo Lula espera ver em Dino um aliado nas votações.

Contas vão ficar mais caras em 2024. Produtos e serviços como alimentos, energia elétrica, planos de saúde e mensalidade escolar vão pesar mais no bolso em breve. Para a conta de luz, a expectativa de reajuste passa de 6%, de acordo com a Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace). Trata-se de um aumento maior do que a inflação projetada para 2024, em torno de 4%, o mesmo pode acontecer com os custos dos planos de saúde e mensalidades escolares. Entenda como funciona.

Setor de turismo prevê faturamento recorde. Os brasileiros estão viajando mais. A demanda andava reprimida desde os apelos por isolamento na pandemia de covid-19 e voltou a crescer. Agora na alta temporada, de novembro de 2023 a fevereiro de 2024, o turismo em seus vários segmentos deve faturar cerca de R$ 155 bilhões, o maior valor desde 2012.

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