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“Você é uma macaca! Você come o que te derem!”

O Antagonista conseguiu uma cópia do boletim de ocorrência registrado ontem na Polícia Civil do Distrito Federal contra Frederick Wassef, o advogado de Jair Bolsonaro que escondeu Fabrício Queiroz. Como noticiamos há pouco, Wassef é acusado pela garçonete Danielle Oliveire de injúria racial.

Segundo o relato de Danielle, o fato ocorreu no último 8 na lanchonete onde ela trabalha há três meses, em um shopping de Brasília. Danielle contou à polícia que Wassef “é cliente frequente do estabelecimento, porém é conhecido por se tratar de uma pessoa arrogante e que destrata e ofende os funcionários”. A agressão daquele domingo à noite, ainda de acordo com Danielle, não teria sido a primeira, tendo o advogado, inclusive, já segurado em seu braço e a puxado até o balcão.

Wassef também já teria jogado no chão as caixas usadas pela funcionária para explicar os tamanhos das pizzas. “O homem jogou a caixa ao chão e disse para ela pegar. Disse a vítima que ficou constrangida e se sentindo muito humilhada, mas pegou a caixa e se retirou”, diz o BO.

No último domingo, Wassef, sempre segundo o relato de Danielle, chegou à pizzaria por volta das 21h. “A vítima acrescenta que, desta vez, não o atendeu, pois comunicou à gerência que não atenderia mais tal cliente. No entanto, o homem, ao ir embora, se deparou com a noticiante no caixa. Assim que chegou no caixa, a identificou e começou a reclamar.” O BO consta que Wasseff gritou: “ESSA PIZZA NÃO TÁ BOA! VOCÊ COMEU?”Quando Danielle respondeu que não, Wassef teria dito em voz alta: “VOCÊ É UMA MACACA! VOCÊ COME O QUE TE DEREM!”

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Anotação de corretor de imóveis é nova prova contra Flávio Bolsonaro no caso das rachadinhas

Uma nova prova apresentada na denúncia contra Flávio Bolsonaro pelo Ministério Público do Rio reforça a acusação de que o filho 01 de Bolsonaro fez uso de dinheiro das “rachadinhas” para quitar a compra de apartamentos no Rio. Por meio da quebra de sigilo da nuvem do email do americano Glenn Dillard, os promotores identificaram que ele registrou na agenda de seu celular um encontro para o fechamento do negócio com o casal Bolsonaro.

Entre as anotações de Dillard, que foi o responsável pela venda dos imóveis, os promotores destacam na denúncia a frase “Closing at HSBC”, o que indica, para os investigadores, que eles fecharam o negócio em um agência bancária no centro do Rio.

As investigações já tinham identificado que, no mesmo dia em que a compra dos apartamentos foi registrada em cartório, por R$ 310 mil, Dillard efetuou ainda um depósito de R$ 638 mil em dinheiro vivo em uma agência do HSBC que fica a uma rua do cartório onde foi lavrada a escritura. Para o Ministério Público, o pagamento em espécie feito no momento da escritura foi realizado com dinheiro oriundo do esquema das rachadinhas na Alerj.

Dillard é um dos 17 denunciados no caso, com Flávio e Fernanda Bolsonaro. Em seu depoimento, há três meses, o senador foi questionado se teve algum encontro na agência bancária para fazer o pagamento relativo aos imóveis, mas disse que não se lembrava. Ele também afirmou que não se recordava se a aquisição envolveu dinheiro em espécie.

Ao citar as anotações coletadas no celular do corretor, a denúncia do MP destaca que “todas essas circunstâncias deixam claro que os valores ilícitos foram entregues ao procurador (Dillard) pelo casal Bolsonaro, ou a seu mando, no interior da agência bancária no dia da assinatura das escrituras de compra e venda dos imóveis, e que o dinheiro em espécie foi depositado juntamente com os cheques”.

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A luta de um guerreiro

Paulo Motta, o mais recente historiador (considero aqui historiador aquele que conta histórias) deste espaço do Zé Beto, cobra-me uma resenha do livro “Samuel Wainer, O homem que estava lá”, de Karla Monteiro, lançado recentemente pela Companhia das Letras. Não é a minha especialidade. No entanto, faço questão de recomendar a leitura da publicação não apenas pelos jornalistas e interessados na história político-administrativa do Brasil, do período de Getúlio Vargas até o início dos anos 80, mas por todos os que ainda gostem de ler.

Advirto desde logo: a mineira Karla Monteiro, conterrânea de Juscelino, sabe escrever, sua escrita flui naturalmente, e fez um trabalho de pesquisa memorável. Traça um retrato isento de Samuel Wainer, da glória ao fracasso, realçando tanto as qualidades quanto os defeitos daquele que foi, certamente, um dos maiores jornalistas e empresários da imprensa deste país, no século passado – ainda que, para muitos universitários de hoje ele tenha sido apenas “o marido de Danuza Leão”.

Daí a importância do trabalho de Karla Monteiro. Quem não sabe, precisa saber que Samuel Wainer já existia antes de haver conhecido Danuza, de ter casado e de ter tido três filhos com ela.

Aportara no Brasil com os pais e irmãos no verão de 1921, sem lenço nem documento, procedente da Bessarábia, atual República da Moldávia, que integrava então o Império Russo, provavelmente com seis anos de idade, embora sustentasse até a morte que era paulista do bairro judeu do Bom Retiro.

Ainda muito jovem, então no Rio de Janeiro, descobriu a vocação que o acompanharia a vida toda: escrever e fazer jornais e revistas. Começou como colunista do jornalzinho do Club Juventude Israelita, sediado na Praça Onze, e não parou mais. Tentou ser farmacêutico. Até matriculou-se no curso de farmácia, em São Paulo, para agradar a mãe, que sonhava com um filho na faculdade. Por ele, teria preferido fazer Direito, mas faltara dinheiro para o curso preparatório. Logo abandonaria também a ideia farmacêutica. O seu sonho ia noutra direção.

Samuel atuara em vários jornais e revistas até oferecer ao Diário da Noite, de Chateaubriand, em fevereiro de 1949, o “furo” de uma entrevista com Getúlio Vargas, então exilado no seu rincão de São Borja, no RS, após haver sido apeado do poder. Com essa iniciativa, aproximou-se do ex-ditador, que voltaria ao mando pelo voto popular, e dele recebeu a ideia de ter o seu próprio jornal.

Alguns meses depois, com a ajuda do Banco do Brasil, nascia Última Hora, primeiro no Rio e depois em São Paulo, para logo transformar-se na maior cadeia de jornais impressos do Brasil, rivalizando com os Diários Associados, presente em vários Estados brasileiros, inclusive no Paraná, com tiragens diárias em torno dos 150 mil exemplares.

O sucesso de Última Hora se deveu, além do fato de ser um jornal de jornalista, à defesa das causas populares e dos trabalhadores, à uma equipe de profissionais de primeira linha, que ganhava três vezes o salário pago pelos demais jornais, e a uma aparência gráfica moderna e arrojada, que privilegiava notícias curtas e grandes fotografias, revolucionando a imprensa nacional. E, acima de tudo, ao arrojo, à competência e à dedicação extrema de Samuel Wainer, que passaria a viver praticamente dentro das redações.

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As guerras desastradas de Jair Bolsonaro

Até aqui as bravatas de Jair Bolsonaro no campo da política internacional eram motivo de piada, mas agora a coisa ficou muito séria. O pior presidente que o Brasil já teve mandou pólvora nessa conversa. Ainda não está havendo convocação de reservistas, não deram início aos exercícios com a população civil para ataques aéreos, até porque a declaração de guerra aos Estados Unidos foi feita pelo ex-capitão de modo informal, mas foi brutal a ameaça aos americanos.

Nesta terça-feira, comentando a intenção de Joe Biden de aplicar aplicar sanções comerciais caso o Brasil não mude sua política ambiental, Bolsonaro disse que se não der pra resolver na “saliva”, “tem que ter pólvora”.

Vamos à fala do valente na íntegra: “Assistimos há pouco um grande candidato a chefia de Estado dizer que, se eu não apagar o fogo da Amazônia, ele levanta barreiras comerciais contra o Brasil. E como é que podemos fazer frente a tudo isso? Apenas na diplomacia não dá, não é, Ernesto [Araújo]? Quando acaba a saliva, tem que ter pólvora, senão não funciona. Não precisa nem usar pólvora, mas tem que saber que tem. Esse é o mundo. Ninguém tem o que nós temos”.

A ameaça de conflito já se espalha pelo mundo. A Agência Reuters distribuiu a notícia do presidente brasileiro alertando Joe Biden que “diplomacy is not enough, there must be gunpowder” — “a diplomacia não é suficiente, é preciso pólvora”, na língua dos nossos bravos combatentes, comandados pelos generais bolsonaristas de pijama. Talvez Bolsonaro também conte com tropas de discípulos do guru Olavo de Carvalho, atualmente agrupado na Virgínia, de onde todos os dias dispara fake news pelo Twitter e pelo Facebook, atacando as fraudes contra o ídolo Donald Trump.

Destaque-se na declaração de guerra desse sujeito sem noção o trecho em que ele fala em “grande candidato a chefia de Estado”. Bolsonaro ainda não botou em sua cabeça dura que a partir de janeiro o presidente dos Estados Unidos será Joe Biden.

Ele meteu-se em uma jogada absolutamente contrária aos interesses do Brasil ao se envolver com a tentativa de tapeação de Donald Trump na eleição nos Estados Unidos. Desde que assumiu o cargo, por sinal, Bolsonaro vem contrariando normas básicas de relações internacionais, uma delas muito simples, que é pautar-se pelas regras e formalidades usuais entre as nações, sem acreditar que pode-se dar um jeitinho criando atalhos com supostas relações de amizade.

Eu poderia dizer inclusive que relações pessoais não contam especialmente com os Estados Unidos, país que não hesita em passar por cima de parceiros conforme manda sua conveniência, ressaltando que essa política de olhos nos olhos vale menos ainda com alguém como Trump, um sátrapa que não garante respeito pessoal nem para Melania, mas o fato é que independente de quem habita a Casa Branca, jamais se deve colocar questões pessoais onde decisões não obedecerão ao foro íntimo de nenhuma das partes.

E claro que é cinismo qualquer papo de relação pessoal que venha de um sujeito como Bolsonaro, conhecido por esfaquear pelas costas vários parceiros fundamentais para sua eleição. O caso dele com Trump foi apenas um golpe equivocado de um espertalhão mal informado, que conta inclusive com uma assessoria muito capaz de dar mais peso às suas decisões erradas.

Seu governo já está todo encrencado internacionalmente, com sérias dificuldades de relacionamento que envolvem países do nosso continente e vão até as complicações com a China, importante parceiro comercial que tem recebido de governistas de destaque até gozação com o sotaque de seu povo, além das graves acusações de que o vírus da pandemia é chinês.

Agora aparece esta declaração de guerra ao presidente eleito dos Estados Unidos, que, desconsiderando o que tem de ridículo na ameaça, não deixa de ser uma atitude de hostilidade, quando o que deveria estar sendo colocado em campo é o uso da diplomacia para consertar tantos desarranjos anteriores. Em linguagem militar, o momento é de construir pontes e não de dinamitá-las. Mas parece que não tem jeito. O bolsonarismo vive em estado de guerra contra o bom senso.

Publicado em José Pires|Brasil Limpeza | Deixar um comentário
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Pequeno dicionário das propostas eleitorais

1.Proposta fantasia: aquela que faz referência a uma grande mudança, impossível de ser realizada pela falta de recursos públicos ou pelo tempo do mandato;

2.Proposta historinha: conta uma história da infância do candidato ou da sua vida pessoal para mostrar que ele superou muitas dificuldades e irá transformar a cidade, utiliza o mito do herói para contar uma historinha eleitoral;

3.Proposta sentimento: personifica a cidade e a associa a sentimentos: Curitiba feliz, coração curitibano, São Paulo de amor; Manaus de alegria e outras;

4.Proposta moralidade ou anticorrupção: muito em voga no Brasil, todos são corruptos, inclusive os políticos, e ninguém presta, somente o candidato fará a limpeza moral e ética que a política precisa, normalmente associada e discursos de vazios e genéricos, utilizado pelos políticos do Centrão no Brasil, dentre outros personagens carimbados;

5.Impossíveis e atraentes: fala em grandes obras ou convênios com o governo federal ou recursos externos que são impossíveis de ocorrer;

6.Contraditórias: apesar dos candidatos serem financiados pelo caixa dois por grupos econômicos tradicionais, os seus discursos são contra esses grupos, exemplos: baixar os pedágios, reduzir juros, rever a tarifa do transporte coletivo, não renovação de concessões;

7.Óbvias ou legais: propostas que apenas dizem o que as leis já preveem, o município atenderá os carentes, as UPAS vão funcionar, não haverá fila por vagas nas creches, a fila da habitação popular vai acabar e outras;

8.Retóricas ou vazias: o político fala bonito, gesticula, mas no final o discurso não tem pé nem cabeça, não sobra nada de concreto, tudo é dito no futuro ou no gerundismo, faremos ou estamos fazendo;

9.Propostas de ódio: renascidas na política brasileira, atacam grupos ou minorias, de preconceitos, de intolerância religiosa, sexistas, misóginos, homofóbicos, nazistas, racistas, ideológicos e outros;

10.Ausência de propostas: os políticos somente pedem o voto, pela simpatia, pela beleza, pelo carisma, pelo laço de parentesco com algum oligarca e sorriem, mas não apresentam nada de concreto ou projeto de atuação ou de gestão;

11.Propostas repeteco; apresentam suas gestões como se fossem maravilhosas, sem é claro, demonstrar o endividamento orçamentário do ente envolvido, União, Estados ou Municípios, mas evocam um passado de realizações, que nunca existiu, mas que foram trabalhadas pela propaganda oficial remunerada nos quatro anos de mandato;

12.Propostas sabão ou vaselina: são genéricas a ponto de não terem contato com a realidade, maior segurança para a cidade, educação de qualidade, saúde em primeiro lugar;

13.Propostas fumaça: depois de serem veiculadas na propaganda eleitoral somem da agenda política dos eleitos;

14.Propostas ataque: atacam os adversários com fatos pessoais e se apresentam como a solução para a política, como se fossem vestais da moralidade;

15.Proposta Napoleão de Hospício; são completamente sem racionalidade, malucas e temerárias, são muito populares nos setores ignorantes e sem ilustração da população, recorrentes na atual política, são conjugadas com o saudosismo a regimes ditatoriais.

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Capitão de bravata

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Bolsonaro: o governante que torce contra a vacina da Covid-19

Já faz tempo que se acumulam as suspeitas de que os brasileiros elegeram para presidente um sujeito com fortes traços de psicopata. Jair Bolsonaro não tem empatia com o sofrimento humano, desvio de personalidade do qual ele até fazia propaganda durante a campanha eleitoral e que foi piorando depois dele assumir o cargo de presidente. Na sua condução durante esta pandemia do coronavírus a sua falta de empatia ficou asquerosa.

Ele não dá a mínima para as mortes causadas pela Covid-19. Tem dificuldade até para falar umas poucas palavras de conforto aos familiares e pessoas próximas dos atingidos por uma doença que impede a proximidade com a vítima durante o tratamento e não permite nem os rituais fúnebres tradicionais. A partir da hospitalização, no agravamento dos sintomas e mesmo para enfrentar a chegada da morte, a doença obriga ao recolhimento da solidão. É uma doença que não permite nem o afeto dos mais próximos na despedida da vida.

Bolsonaro trata com descaso todo esse sofrimento. Ficaram famosos seus comentários, que começou com o deboche cruel do “É só uma gripezinha”, depois veio o “E daí?”, sem se importar com o crescimento avassalador do número de contaminações e de mortes, quando dizia que “Todos nós vamos morrer um dia” e “Eu não sou coveiro, tá?” ou perguntava agressivamente “Quer que eu faça o quê?” e até fazia piadas grosseiras, como quando afirmou que quem é “bundão” tem chance menor de sobreviver à doença.

Um sujeito que não honra o cargo de presidente da República tem que ser definido de forma objetiva: seu comportamento é repugnante. O Brasil nunca teve no comando alguém tão desagradável. É o pior presidente de toda a nossa história. Nem dá para dizer que Bolsonaro ultrapassou limites, pois ele nunca teve respeito algum, seja nas relações pessoais ou institucionais. Agora, nesta semana, ao festejar a suspensão de testes da vacina Coronavac, o presidente apenas confirmou seu péssimo caráter.

Ele deu um “Viva a la muerte!”, depois da Anvisa suspender de forma suspeita os testes com a vacina, com a agência alegando que fazia isso por causa da morte de um dos voluntários. A morte nada teve a ver com a vacina — está confirmada como suicídio. O presidente se alegrou com a paralização dos testes de uma vacina, tomando isso como uma vitória política.

Bolsonaro festejou a morte, como se o fracasso da descoberta da cura da Covid-19 fosse a derrota de um adversário. Ora, já faz tempo que ficou muito clara sua lamentável má-fé, então não é nada que surpreenda. Apenas confirma que o Brasil não deve contar com seu próprio presidente para enfrentar a pior crise sanitária dos últimos tempos no mundo todo e que entre nós brasileiros já está com o registro oficial de mais de 160 mil mortes. Bolsonaro não é o aliado da esperança e da vida. Ele torce pela morte.

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“Viva la Muerte!”

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O “Viva la Muerte!” de Bolsonaro

Ontem, 9 de novembro de 2020, foi um dia feliz para a espécie humana: a Pfizer anunciou que a vacina contra a Covid-19 produzida pela empresa, em parceria com a alemã Biotech, obteve 90% de eficácia nos testes realizados até o momento. Até então, estimava-se que as vacinas em desenvolvimento poderiam ter, em média, 50% de taxa de imunização efetiva. É uma excelente notícia porque agora temos uma porta de saída mais larga para o flagelo que golpeia as nossas vidas, em qualquer latitude. Ainda vai demorar um pouco para atravessarmos o umbral que nos levará de novo a ter um cotidiano normal, visto que é preciso produzir e transportar bilhões de doses, mas a passagem existe e é alcançável.

Cerca de 24 depois do dia feliz para a espécie humana, os brasileiros foram presenteados pelo presidente Jair Bolsonaro com o dia da infâmia. Ele comemorou no Facebook  o fato de Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter interrompido os testes com a vacina do laboratório chinês Sinovac, comprada pelo governador de São Paulo, João Doria, e que será produzida também pelo Instituto Butantan. Um dos voluntários morreu e o estudo clínico foi suspenso pela agência para verificar se o óbito guarda relação com a vacina ou não (já se sabe que a resposta é negativa).

A comemoração de Jair Bolsonaro foi no Facebook. Ele compartilhou uma postagem de um admiradora, que escreveu o seguinte: “Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Doria queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O Presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha.”

Ele ganha…

“Viva la muerte!”, porque é disso que se trata. O presidente da República Federativa do Brasil comemorou a morte de um cidadão brasileiro. Comemorou a morte de um voluntário de um teste com uma vacina que pode preservar a vida de milhões de cidadãos brasileiros, igualmente. Comemorou a morte com uma notícia falsa, já que a vacina não causa invalidez e anomalia — pelo contrário, ela tem se mostrado bem segura — e a morte do voluntário, de acordo com as autoridades paulistas, não está relacionada à administração da vacina. Comemorou porque só tem olhos para o adversário político João Doria, não para a saúde dos brasileiros, como vem sobejamente demonstrando desde o início da pandemia. Comemorou sem lembrar-se de que os testes com a vacina da AstraZeneca, produzida em parceria com Oxford e comprada pelo governo federal, também foi interrompido por causa da morte de uma voluntária — e logo retomado.

A Anvisa anunciou a suspensão ontem à noite e pegou o Instituto Butantan de surpresa. “Falha de comunicação” e “preocupação exagerada”, contemporizou Dimas Covas, presidente da instituição. As evidências mostram o contrário: tem cheiro, cor e forma de politicagem para satisfazer Jair Bolsonaro, que considera uma vitória pessoal a suspensão do teste com a vacina comprada pelo governador João Doria. Suspensão causada pela morte de um cidadão brasileiro, repita-se.

De acordo com este site, Doria disse a um interlocutor que “Bolsonaro jogou gasolina nas suas próprias vestes, não merece nenhuma resposta”. Não sei você, mas estou enojado com mais esse ato de psicopatia do presidente da República Federativa do Brasil. Precisamos atravessar também esse umbral. Será a melhor resposta.

Mario Sabino

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A doença moral de Bolsonaro

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Fraga

Se é tudo farsa
do Bozonaro, ele vai ter que tentar algo mais convincente
no futuro: simular seu próprio enterro.

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Lan e o “Corvo do Lavradio”

Os obituários publicados na imprensa sobre a morte do genial caricaturista Lan foram indigentes, com exceção do artigo do excelente colunista Bernardo Mello Franco no Globo do dia 6/11.

O italiano-uruguaio-argentino, mas acima de tudo carioca, Lanfranco Aldo Ricardo Vaselli Cortellini Rossi Rossini, ou simplesmente Lan, como assinava suas caricaturas, merecia muito mais da imprensa que sempre honrou. Inclusive, com exceção do artigo do Bernardo, nenhum outro contou sobre a caricatura mais marcante realizada por Lan. A história consta do livro de memórias de Samuel Wainer (“Minha razão de viver”) e da recente biografia do mesmo de Karla Monteiro (“Samuel Wainer: o homem que estava lá”), cuja resenha o Célio Heitor Guimarães está devendo aos leitores.

No Rio de Janeiro de 1953, ano da chegada de Lan ao Brasil, o veterano jornalista policial Nestor Moreira, que trabalhava no jornal A Noite, onde criticava veementemente a violência da polícia carioca, depois da ronda pelos distritos policiais e pelo bares, pegou um táxi (no tempo em que os mesmos não tinham taxímetro, o preço era combinado entre chofer e cliente) para voltar à casa. No meio do caminho, Nestor Moreira discutiu o valor pretendido pelo motorista e os dois começaram a bater boca. Sem solução, rumaram à delegacia mais próxima, onde resolveriam o conflito. Para azar de Nestor Moreira, o delegado de plantão era o “Coice de Mula”, um dos mais violentos policiais que se tinha notícia e objeto de pesadas críticas e denúncias por parte do repórter. Assim que reconheceu Nestor Moreira, acompanhado de vários meganhas, “Coice de Mula” começou a surrar violentamente Moreira que, depois de várias horas de espancamento, teve que ser levado ao hospital.

O acontecimento virou escândalo na imprensa carioca e teve profunda comoção na opinião pública. Depois de alguns dias de hospital, com os médicos fazendo tudo o que era possível, Nestor Moreira veio a falecer. Ao velório e ao enterro compareceram milhares de pessoas. Samuel Wainer, da Última Hora, e Carlos Lacerda, da Tribuna de Imprensa, estavam lá. De amigos de juventude, Wainer e Lacerda haviam rompido espetacularmente quando o primeiro fundou o citado jornal para apoiar Getúlio Vargas e o segundo criou o mencionado periódico para derrubar o mesmo Getúlio. No auge da briga, Lacerda, que tinha frequentado muito a casa da família Wainer, partiu para o golpe baixo. Publicou em manchete espetacular na Tribuna da Imprensa que Wainer havia nascido na Bessarábia (hoje República da Moldávia, na época do nascimento de SW, Império Russo). A informação era uma bomba atômica: sendo bessaberiano, Wainer, não brasileiro, não podia ser dono de um jornal. Lacerda defendia abertamente o fechamento da Última Hora. A briga foi feia. Toda a imprensa ficou ao lado de Lacerda, com exceção de Adolpho Bloch (que, nascido na Ucrânia, também não poderia ser dono da Manchete). Wainer e Bloch se detestavam, tratavam-se mutuamente como “aquele judeu filho duma puta”, mas, de repente, viraram amigos de infância.

O caso chegou até o Supremo Tribunal Federal, onde Wainer foi absolvido da acusação de falsidade ideológica, seu irmão havia forjado um documento em que declarava que Samuel era brasileiro, nascido quando a família já tinha imigrado para São Paulo. Inclusive o rabino de São Paulo, sob juramento judicial, afirmou que a circuncisão de Wainer havia sido realizada por ele logo após o nascimento. Dez anciões judeus também depuseram, sob juramento mais uma vez, que haviam assistido ao ato. Wainer sempre sustentou a história do seu nascimento em São Paulo. Vinte anos depois da sua morte, na segunda edição de suas memórias, apareceu a verdade: tinha nascido na aldeia de Edenitz, interior da Bessarábia, nos confins do Império Russo, chegando ao Brasil com dois anos de idade.
Condenado em segunda instância, antes da absolvição pelo Supremo, Wainer foi parar na cadeia. Não tinha curso superior, mas os juízes entenderam que dono de jornal tinha direito à prisão especial. Wainer foi cumprir pena num quartel do centro do Rio. Entre milhares de visitas, uma lhe chamou a atenção, Danuza Leão, vinte anos mais jovem. Apaixonaram-se, casaram e tiveram três filhos.

Mas, voltemos ao Nestor Moreira.

Na hora em que o caixão ia baixar à sepultura, Carlos Lacerda (que calçava sapatos pretos, meias pretas, terno preto, camisa preta e gravata preta) pediu a palavra e fez um discurso demagógico, exaltando qualidades do morto que nem a esposa, os filhos e os netos confirmariam e terminou a falação dizendo que o verdadeiro assassino de Nestor Moreira não era o “Coice de Mula”, e sim Getúlio Vargas. Samuel ficou enojado e se retirou do enterro indo para a Última Hora.

Subindo as escadas da redação, deu de cara com Lan que vinha em sentido contrário, já havia entregue a caricatura do dia e se preparava para ir às mulatas, aos morros, ao jogo do Flamengo e a boêmia, suas verdadeiras paixões, exatamente nessa ordem.

Wainer, furibundo com o que havia assistido, pegou Lan pelo braço e exigiu que ele fizesse uma caricatura de Lacerda como se fosse um urubu. Lan voltou a mesa de desenho e como não se lembrasse da figura da citada ave, e tendo preguiça de procurar no arquivo, desenhou Carlos Lacerda como um corvo.

Apresentado o desenho, Samuel Wainer vibrou. Na edição do dia seguinte, na página três, havia um artigo do diretor de redação Paulo Silveira denominado “O Corvo”. Foi um sucesso editorial. Na próxima edição, a caricatura de Lan ganhou a capa e a Última Hora passou a não mais escrever o nome de Carlos Lacerda. Só se referia a ele como “O Corvo do Lavradio”. Lavradio era o nome da rua onde a Tribuna de Lacerda tinha sede. Segundo Karla Monteiro, Wainer disse que “Lan captara a alma torva deste filho da puta”.

O apelido se espalhou pelo Brasil inteiro. Na própria Tribuna da Imprensa os funcionários só se referiam a Lacerda como “A Ave”.

Nas campanhas eleitorais, Lacerda alugava um caminhão (era chamado o “caminhão do povo”) e rodava os bairros do Rio de Janeiro em comícios relâmpagos. Sempre havia, em todos os comícios, um grupo de pessoas que no meio dos discursos de Lacerda gritavam “Cala a Boca, Corvo!”. Lacerda ficava puto, interrompia o discurso para tomar fôlego e continuava. Minutos depois, vinham novamente os mesmos gritos. Carlos Lacerda não conseguia terminar um comício, mas se elegia. O acontecimento virava manchete em Última Hora.

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