Semanas atrás, fiz uma breve incursão pelo mundo dos objetos voadores não identificados (O mistério continua no ar – partes I e II) que não encontrou a menor repercussão entreos meus 15 leitores. Nem aqui no blog nem no facebook, para o qual foi arrastado. Contei a inusitada recepção tida pelos astronautas americanos Armstrong e Aldrin ao colocarem os pés pela primeira vez na Lua, e o encontro do papa João XXIII com um ser extraterrestre nos jardins do Castel Gandolfo, fatos devidamente comprovados, e todo mundo achou as coisas mais naturais. Por isso, deveria arredar-me do tema. No entanto, como dois desgarrados curiosos pediram-me indicações de leituras sobre o assunto, hoje o arremato, atendendo aos dois atrevidos e rogando a paciência dos demais.
Há mais de cinco centenas de publicações em português a respeito de UFOs. Eu mesmo devo ter umas trezentas. Sobre alguns trabalhos pode-se dizer que são honestos, bem intencionados, aproveitáveis; a maioria, porém, não passa de baboseiras oportunistas e comerciais, que apenas prestam um enorme desserviço à ufologia e aos pesquisadores sérios. Tem também a revista mensal “UFO”, do Ademar J. Gevaerd, editada pela Mythos e agora sediada em Curitiba, na Rua Morretes, no Portão. Gevaerd continua na luta, mas atualmente parece mais dedicado a eventos ufo-turísticos. De todo modo, ele está anunciando para o início de dezembro o International UFO Summit (como sou brasileiro e falo e leio em português, não tenho a menor ideia do que seja isso), com a participação de Giorgio A. Tsoukalos e Erich von Däniken, da série “Alienígenas do Passado”.
Agora, em atenção àqueles míseros interessados, indico-lhes apenas um livro, que vale por praticamente todos os demais: “UFOs – ÓVNIs – Militares, Pilotos e o Governo Abrem o Jogo”, da jornalista Leslie Kean, edição nacional da Idea Editora, de 2011. É caro, deve estar hoje na faixa dos 90 pilas, e precisa ser encomendado na livraria de sua confiança. Mas vale a pena.
Repórter investigativa freelance, com trabalhos publicados no Boston Globe, Baltimore Sun, Heraldo Tribune e outros jornais da imprensa norte-americana, tratava o tema UFO com o mesmo desdém que a maioria dos seus colegas. Debochava quando lhe falavam dele. Até o dia em que foi “repentinamente confrontada por uma realidade aparentemente impossível”. Um colega enviou-lhe, de Paris, um “extraordinário estudo realizado por antigos oficiais de alta patente franceses, documentando a existência de objetos voadores não identificados e explorando o impacto potencial sobre a segurança nacional”. O relatório, denominado “Cometa” – sigla formada pela abreviatura de Comitê de Estudos Aprofundados.
Os autores do “Cometa” não eram pouca coisa: treze generais aposentados, cientistas e especialistas espaciais trabalhando independentemente do governo francês. Depois de três anos de intensos estudos, concluíram que os OVNIs continuem um fenômeno real, que exige uma imediata atenção internacional.
– Você é a única repórter na América a ter a versão em inglês – disse-lhe o colega francês. É todo seu. Mas não deixe ninguém saber onde você o conseguiu.
Ela começou a analisar o material, em silêncio. Sabia que a maioria dos jornalistas achava o tema “ridículo”, para dizer o mínimo. “A história dos ÓVNIs era, jornalisticamente, esquiva, contaminada por teorias conspiratórias, desinformação e simples desleixo” – anotaria. E deduziu que, se na França conseguiu-se informações reveladoras ocultadas pelas autoridades locais, o que se poderia encontrar nos EUA, potência militar e científica muito maior, sob o sigilo do governo norte-americano? E foi atrás dos acontecimentos, sem o receio de cair no ridículo por se dedicar a um assunto “tolo” e “indigno de atenção” por pessoas sérias. Indagava-se o que realmente sabemos sobre os tais UFOS; se é possível que alguns desses objetos sejam do espaço sideral; como os governos e os militares lidam com os avistamentos; e por que na América há tanta negação do fenômeno ÓVNIs?