Mulher de sorte

Foi um comentário casual, inocente, “puxa, como tua mulher tem sorte!” Casual e inocente, porque o interlocutor desmanchava-se em narrar seu azar, que equivalia no exato contrário na mulher. Quando sonhava com cobra, o bicho dava cavalo. Seus investimentos eram a fundo perdido, dinheiro jogado fora. Um perdedor nato.

Já a mulher, contava, os olhos brilhante, tinha nascido com o traseiro para a lua: tomava o ônibus e achava maços de dinheiro; comprava as rifas do ‘nome de sua preferência’ (não o dele) e ganhava joias caras. Ele, a única vez que achou alguma coisa foi aquela cueca debaixo da cama – que, para cúmulo do azar, nem servia nele.n

Inocente, como dito lá em cima, soltei o comentário casual: “é muita sorte para uma só mulher!” Aquele marido, até ali manso e pacato, tomou-se de fúria bíblica: “minha vontade é encher tua boca com uma porrada”.

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Laerte

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Ataques a jornalistas são prática frequente de Bolsonaro

A repudiar a ameaça do presidente Jair Bolsonaro a um reporter nesse domingo, 23, entidades de defesa da liberdade de imprensa destacaram o “histórico de forte hostilidade de Bolsonaro contra jornalistas”. Questionado sobre repasses de R$ 89 mil feitos por Fabrício Queiroz, ex-assessor de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), à primeira-dama Michelle Bolsonaro, o presidente respondeu: ‘Vontade de encher sua boca de porrada”.

“Desde o início de seu mandato, Bolsonaro vem demonstrando carecer de preparo emocional para prestar contas à sociedade por meio da imprensa, uma responsabilidade de todo mandatário nas democracias saudáveis. Jornalistas têm sido vítimas de agressões verbais constantes”, diz nota conjunta da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Artigo 19, Conectas, Observatório da Liberdade de Imprensa da OAB e Repórteres Sem Fronteiras divulgada no domingo.

Nas redes sociais, um movimento iniciado por jornalistas ganhou adeptos anônimos e famosos, que repetiram a pergunta feita pelo repórter a Bolsonaro.

Relembre outros ataques do presidente a jornalistas:

“Você tem uma cara de homossexual terrível” e “pergunte para a tua mãe”

Em dezembro do ano passado, após o presidente afirmar que era o responsável por um empréstimo de R$ 40 mil destinado a Queiroz, um jornalista perguntou se ele teria o comprovante. “Oh, rapaz, pergunte para a tua mãe o comprovante que ela deu ao teu pai, está certo?”, respondeu.

Na mesma entrevista, ao ser questionado por outro jornalista se Flávio teria cometido um deslize, em referência à operação de busca e apreensão em endereços ligados ao senador ocorrida dois dias antes, Bolsonaro disse a um repórter: “Você tem uma cara de homossexual terrível, mas nem por isso eu te acuso de ser homossexual. Se bem que não é crime ser homossexual”.

“Cala a boca” três vezes na mesma entrevista

Um dia após nomear o novo diretor-geral da Polícia Federal, Rolando Souza, em maio deste ano, o presidente negou interferência no órgão e, quando questionado se havia determinado a troca do superintendente do Rio de Janeiro, evitou a pergunta com uma réplica autoritária.

“Cala a boca”, gritou o presidente nas três vezes em que foi indagado sobre o assunto em frente ao Palácio da Alvorada. Na ocasião, também deixou o local sem responder a perguntas.

Mentiu e chamou jornalista de mentirosa na mesma frase

Em março, o presidente acusou a colunista do Estadão e editora do site BR Político, Vera Magalhães, de ter mentido em suas reportagens imputando afirmação nunca escrita por ela.

“A jornalista Vera Magalhães, que foi uma mentirosa sem qualquer compromisso com a verdade, está divulgando que eu faria um movimento dia 31 de março na frente dos quartéis”, afirmou, incorretamente. No mês anterior, Bolsonaro já havia atacado a jornalista durante uma transmissão ao vivo.

Insinuação sexista

Bolsonaro fez insinuações sobre o trabalho da jornalista Patrícia Campos Mello, repórter do jornal Folha de S.Paulo, em fevereiro deste ano. “Ela queria um furo. Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim”, disse Bolsonaro aos risos na saída do Palácio da Alvorada.

Ele fez a declaração ao comentar o depoimento de um ex-funcionário da Yacows, uma agência de disparos de mensagens em massa por WhatsApp, na CPI das Fake News no Congresso. Hans River já tinha ofendido a jornalista ao dizer que ela havia se insinuado para ele em troca de uma reportagem sobre o uso de disparos de mensagens na campanha eleitoral. Suas declarações na comissão foram contestadas em mensagens de texto e em áudios divulgados pela Folha. Apesar disso, Bolsonaro endossou a versão.

Impulsionou informação falsa sobre jornalista no Twitter

Em março do ano passado, o presidente atacou a imprensa, também valendo-se de informações falsas, publicando no Twitter tese que falsamente atribuiu a uma jornalista do Estadão a declaração de que teria “intenção” de “arruinar Flávio Bolsonaro e o governo”. (Estadão)

Revista Ideias|Travessa dos Editores

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Queiroz…

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André Dahmer

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A recente regulamentação do porte de armas

A chamada “flexibilização” do porte e posse na nova Instrução Normativa (I.N.) 174 da Polícia Federal, de concreto, não trouxe nenhuma novidade, e sim faltou prever uma série de questões que ainda estão em aberto. Os avanços foram em relação aos treinos apenas.

A questão das quatro armas já estava prevista no Decreto 9.847/2019 e tantas outros itens foram repetidos.

A IN 174, em alguns pontos, foi mais restritiva. Para os “cidadãos comuns” os requisitos são os mesmos, nos termos do art. 34 da IN devem demonstrar a efetiva necessidade de portar arma de fogo por exercício de atividade profissional de risco; ou por ameaça à sua integridade física.

Este risco e a ameaça a que se refere o artigo devem ser concretos e atuais, não bastando a mera alegação de perigo abstrato ou ameaça potencial, o que deixa ainda mais discricionária a apreciação.

Faltou prever que o porte é por pessoa e não vinculado à arma. Ainda, a possibilidade da substituição da arma no porte e não de um novo porte em razão da nova arma.

Não teve flexibilização alguma.

Juízes e promotores não precisaram se submeter aos mesmos testes das “pessoas comuns”. Advogados e outras profissões de risco não foram previstos expressamente, e não foram descritos os critérios objetivos para se aferir este risco profissional para se deferir ou não os pedidos de porte e posse.

As alterações foram superficiais e as restrições continuam as mesmas. Em resumo: mais do mesmo.

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Um péssimo indício

Na semana finda o Congresso Nacional decidiu sobre o veto de Jair Bolsonaro ao reajuste dos vencimentos dos funcionários da União: o Senado derrubou o veto e a Câmara o manteve. Os deputados e senadores do Paraná votaram ou pela manutenção, ou pela derrubada do veto. Uma única exceção entre os paranaenses, o deputado Nei Leprevost absteve-se de votar. Ou seja, não aprovou nem rejeitou o veto.

O reajuste poderia comprometer o equilíbrio fiscal e replicar demanda idêntica em estados e municípios. Por que e como votar é prerrogativa parlamentar no sistema representativo. As prerrogativas protegem os interesses dos parlamentares: a oposição, para derrotar o governo, a situação, para ajudar o governo. Os parlamentares brasileiros sabem que devem contas ao governo e ao partido, não a quem os elege.

O eleitor atento acompanha a atuação dos parlamentares, dos que elegeu e dos demais. Ali idêntifica a visão política, o interesse pessoal, o comprometimento com os eleitores e o bem público – sobretudo o caráter, atributo de fracas nitidez e força nos homens de Estado. O eleitor atento, avis rara: o eleitor normal esquece em quem votou e, quando lembra, ignora como se comporta o candidato a quem autorizou representá-lo.

Como entender Nei Leprevost, candidato a prefeito de Curitiba, o único a se abster na votação? Sem dúvida que tem direito à abstenção. O eleitor atento diria de Leprevost: se vota contra o veto perde apoios dos governos federal e estadual; se vota a favor do veto perde votos entre os funcionários federais e dos funcionários municipais. O interesse do deputado-candidato falou mais forte. Nisso é igual aos outros. Mas é um péssimo indício.

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Pandemia

© Alberto Melo Viana, o Baiano.

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Padrelladas


Diário do Pandemia

Não sou homem que leva desaforos pra casa” – disse o meigo rapaz. “Pego eles e levo-os a passear pelos parques da cidade, pelos campos que rodeiam Curitiba, depois lhes digo adeus para que vivam sua vida em liberdade”.

É um povinho muito rico em inventices, esse aqui do condomínio. Alguém deu a ideia de fazer um jogo assim: dizer os nomes dos dinheiros por esse mundo afora. Ou a dentro, se você vai visitar o médico do ozônio. Quem começou foi o Antenor (nome fictício, que nunca consigo lembrar como se chama esse lazarento). Ele disse “Real”, mostrando sua falta de generosidade em fazer a escolha mais fácil. “Dólar” – disse a mulher que enche minha casa de gatos, a maioria camuflados em moiséses, não sei donde que ela tira tantas cestinhas. “Mil-Réis”, disse o capitão que toma banho no ofurô e se não furô é só dar uma passada em Santa Catarina que o furo dança. “Euro”, bradou a vizinha que mora longe, lá nos quintos do apartamento 16. E a coisa foi afunilando. Já estávamos em sestércio, em dinaro, em xelim.

            – Xereca – bradou o juiz de briga de galo.

            Um silêncio constrangedor. Depois de um tempo, o cara explica que era uma moeda usada só nos lupanares de Pompéia. Ninguém acreditou, mas juiz falou, tá falado.

            Anos se passaram. Um dia, alguém lembrou de reviver aquele jogo. O primeiro dinheiro lembrado foi “Xereca!”. (A moeda tinha sido absorvida pelos contendores).

            – Frango!

            – Que frango, rapaz?

            – Era moeda de troca no sítio onde eu morava.

            – Moeda de troca já foi falada. Está subliminarmente explícito em xereca.

            – Então, então…deputado!

            Risos muitos. Alguém se lembrou do tempo que éramos felizes e não sabíamos. A brincadeira já tinha acabado, mas continuávamos on line, jogando conversa fora. Foi quando Eulália (nunca hei de me lembrar do nome da vizinha do 13, fica Eulália mesmo) gritou:

            – Cruzeiro!

            As risadas cessaram e uma nuvem de saudade – talvez até remorso -, nos cobriu a todos.

Às vezes, me faço à sacada e ponho-me a berrar: Amafalda! Amafalda! Lembrança de alguma menina que devo ter amado num ontem sepultado na memória. Analice! Analice! foi minha namoradinha quando eu, cheio de medos e alegrias, encontrava-a na pracinha da cidade onde morávamos. E tinha a Célia, que um dia me segurou num canto da casa e quis que a beijasse, e eu escapei daquele abraço porque a amava muito e foi a última vez que nos encontramos e eu a amo até hoje. Éramos tão crianças! Celinha! Celinha!, grito da sacada, nas madrugadas bêbadas, eu infeliz por aquele beijo que ficou faltando. Maria Alice! Teresa! Nanci! E sempre uma voz anônima surge do nada para gritar Cala a boca, burro! Ou Vai dormir, desqualificado. Foi ontem que, tomado por um sentimento que não pude decifrar, pus-me a gritar: Democracia! Democracia! E de todos os apartamentos veio a resposta no som de panelas sendo espancadas, e isso me trouxe um sentimento tão forte, uma irmanação com todos os que sentem perdidos.

DITADOS AVÍCOLAS BRASILEIROS: Ligado que nem frango novo em terreiro de galo velho.

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© Gloria Swinton. IShotMyself

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Um que eu tenho

CD Duplo, Music Brokers. The Ultimate Tribute to Quentin Tarantino. Music from and inspired by his films. 2008. (Gracias, Gil!) Quem procurar, acha!

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Pirro & burro

Na segunda, 24, Bolsonaro promove e participa do evento “Brasil vencendo o covid-19“. Como até lá estaremos em 115 mil mortes – na média de 1 mortes ao dia -, o evento tem a força da relatividade do léxico da política, que é mais forte no regime bolsonárico: o Brasil vence a covid, pois poderiam ser 2 mil mortes por dia.

Ou seja, os 1 mil que poderiam estar mortos, essa diferença entre o real e o potencial, significa vitória para Bolsonaro. É o mundo da fantasia, na qual Jair Bolsonaro embala este país imbecilizado.

Se relativizar a verdade é a tendência do ser humano ao auto-engano, o evento deixa em aberto a escancarada mentira: o que Bolsonaro fez para evitar ou reduzir (e comemorar) a média de 1 mil mortos diários? Os romanos foram vencidos pelo rei Pirro, cuja vitória custou mais caro e cobrou mais vidas mais que a derrota do inimigo.

Bolsonaro comemora sua vitória pírrica, para ele até vantajosa, pois não perdeu combatentes em seu exército. Uma vitória que tira a atenção geral para sua inépcia criminosa como governante.

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Carla Zambelli causa aglomeração ao se reunir com Carla Zambelli, Carla Zambelli e Carla Zambelli

Após comentar o post de Carla Zambelli desejando melhoras para Carla Zambelli, Carla Zambelli se reuniu com Carla Zambelli, Carla Zambelli e Carla Zambelli para definir a estratégia de Carla Zambelli. “Estão querendo derrubar Carla Zambelli, mas Carla Zambelli é uma guerreira”, exultou Carla Zambelli.

Em seguida, Carla Zambelli acusou Carla Zambelli de usar o nome Carla Zambelli para se promover. O video “Você não vai acreditar na resposta que Carla Zambelli deu para Carla Zambelli” já tem mais de um milhão de visualizações. Ao mesmo tempo, um meme “Carla Zambelli janta Carla Zambelli” começou a circular pelas redes bolsonaristas.

No final da tarde, um poema foi distribuído pelo Whatsapp.

Carla Zambelli amava Carla Zambelli que amava Carla Zambelli que amava Carla Zambelli que amava Carla Zambelli que amava Carla Zambelli que não amava ninguém.

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