Quanto ganha um vereador em Curitiba?

Quanto é o subsídio de um vereador em Curitiba?

Resposta: R$15.156,70 (quinze mil, cento e cinquenta e seis reais e setenta centavos). O Presidente da câmara leva R$19.703,71 (dezenove mil, setecentos e três reais e setenta e um centavos). Em quatro anos, um vereador ganha 788 mil reais.

Os subsídios de toda Câmara, em quatro anos? Quase 30 milhões. Quanto cargos em comissão pode nomear cada vereador? Resposta: Sete comissionados, cujo valor total não exceda R$57.838,00 (cinquenta e sete mil, oitocentos e trinta e oito reais). Sete comissionados por gabinete vezes 38 vereadores dá um total de 266 comissionados, só neste quesito, o que dá de despesa por mês, cerca de 2 milhões.

O vereador tem direito a carro oficial? Resposta: Sim, um veículo para cada vereador, modelo Sandero/Voyage ou VW Voyage 2015/016, locado por contrato com a empresa Santa Cruz Ltda. O vereador ganha décimo terceiro salário? Sim, desde 2018. Depois de longa polêmica judicial decidida pelo STF. Inclusive, ex-vereadores receberam retroativo a 2013, ano da edição da lei municipal que institui o benefício.

O que mais? Resposta: Em 2017, a nova gestão da Câmara Municipal substituiu as antigas cotas de selo, que eram de 3 mil unidades mensais, por um contrato de chancela com os Correios. Agora, os vereadores dispõem de até R$ 2,7 mil mensais em serviços postais. Com isso, ainda que a cota permaneça cumulativa, a Câmara passou a pagar o efetivamente gasto, e o controle da despesa é feito pela administração. Apesar de não haver cota específica, os gabinetes recebem material de expediente: 5 caixas de etiquetas 6181, 2 caixas de grampos para grampeador 26/6, 4 pastas A/Z, 6 pastas Polionda e 1 pendrive de 8 GB. Mensalmente, conforme a necessidade, podem requisitar bloco de rascunho, bloco tipo Post It, canetas esferográficas, caneta marca-texto, clips, copos de plástico e 200 envelopes. A quantidade de fotocópias que os mandatos podem utilizar também é controlada, limitada a 4 mil cópias por mês por mandato, não cumulativos. Os membros da Mesa, por sua vez, possuem adicional de mil.

Que outros benefícios, reembolsam as despesas de viagens?

Resposta: As viagens de vereadores e servidores a serviço ou em representação do Poder Legislativo em que as despesas (alimentação, hospedagem e locomoção) são pagas pela Câmara são realizadas somente após autorização do presidente. A solicitação de viagem tem que ser feita pelo vereador, que precisa justificar a necessidade do deslocamento.

Após o retorno, é necessário apresentar relatório circunstanciado, documentos que comprovem o deslocamento e informações sobre a atividade realizada, com destaque para os benefícios resultantes ao Legislativo. Caso contrário, o dinheiro deve ser devolvido à Câmara. O procedimento está regulamentado pela Resolução 3/2014, que estabelece cinco modalidades de diárias, com valores diferentes para atividade realizada dentro ou fora do Paraná. São elas: hospedagem, alimentação e locomoção urbana (com passagem adquirida pela CMC); alimentação e locomoção urbana (com passagem e hospedagem adquiridas pela CMC); hospedagem e alimentação (com deslocamento em veículo da CMC); locomoção urbana; e alimentação. Os valores variam entre R$ 70,00 e R$ 450,00.

Vale a pena ou não vale?

Fontes aqui!

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Playboy|1970

1977|Virve Reid. Playboy Centerfold

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Donald Trump e a direita que ganha poder usando como contraponto os equívocos da esquerda

Os políticos do Partido Republicano se articulam para aprovar a toque de caixa, como se diz aqui na terra do Zé Carioca, o nome de Amy Coney Barret para a Suprema Corte dos Estados Unidos. É óbvio que pretendem com isso dar uma mensagem de impacto eleitoral sobre objetivos práticos do voto em Trump. Os democratas reclamam, alegam que ao eleitor deveria ser concedido o poder desta decisão, mas isso não é verdade. Os republicanos têm no histórico a mesma alegação, quando impediram a nomeação de um juiz do Supremo no último ano do primeiro mandato de Barack Obama.

Claro que os republicanos mentiam, mas os democratas não deveriam se fazer de surpresos, pois afinal sabem ou não sabem que estão lidando com vigaristas? O Partido Republicano é hoje em dia uma mera sigla dominada por trapaceiros, com os políticos tradicionais do partido aceitando até a submissão a um forasteiro da política, este vigarista que apareceu apenas para ganhar mais dinheiro e arreganhar a economia americana ao deleite de seus amigos ricaços.

Trump não é nada mais que um reacionário, sem nenhuma base cultural ou qualquer doutrina, pessoal ou coletiva. Sua contribuição ao conservadorismo é paradoxal, pois tem feito mais que a esquerda para enterrar esta ideia, tornando-a um mero repositório confuso de temas polêmicos e escolhidos apenas pelo potencial eleitoral, com preferência pela facilidade na manipulação. Um conservador como Winston Churchill dizia que contra Hitler se aliaria até ao demônio. É provável que hoje em dia preferisse também o tinhoso do que aceitar certas figuras alegadamente conservadoras.

Vale qualquer coisa para esse tais “conservadores”, sem que o debate ou materialidade do objeto em discussão estabeleça de fato uma diferença de qualidade na vida das pessoas. Atualmente levantam a questão do aborto a todo momento — até nesta indicação de uma nova juíza —, mas pode ser que um dia apontem a unha encravada como um ponto determinante para as nossas vidas. Só depende de unha encravada dar voto.

Tudo bem, Donald Trump é um idiota com um discurso impactante em uma parcela de eleitores, com uma esperteza que já foi suficiente para dar-lhe um mandato. São falas e apenas isso, com temas desconexos que de modo algum se juntam organicamente para se compor em uma transformação real. É a cultura do desmonte, que espalha apenas ignorância. Claro que isso abalou o partido de Barack Obama, dos Clinton e lá de trás, de John Kennedy, mas como eu já disse, esbagaçou igualmente o conservadorismo na sua vitalidade filosófica, anulando seus valores efetivos.

No entanto, não existe vitória que não venha do contraponto ao vigor do adversário, que pode deliberadamente ser usado como alavanca ou ter este efeito como um desenvolvimento natural. É de onde surge a força desse tipo de aventureiro. O sufoco do Partido Democrata para derrotar um ogro como Trump vem de dificuldades criadas por eles próprios, com este mistureba de politicamente correto e desarmonia racial e de gênero, com ideias atravessadas que desestabilizam conceitos morais das pessoas sem trazer um sólido ponto de apoio para a mudança radical de comportamento. Eu os chamo de jacobinos do bem, sempre surpresos quando são suas cabeças que rolam, afinal não é justo que isso aconteça com progressistas.

Para espertalhões como Trump basta gritar contra a atrapalhação do discurso divisionista da esquerda na vida das pessoas, até porque esquerdistas atuam politicamente como se todos tivessem que aceitar com naturalidade mesmo as maiores mudanças. Usando este clima conturbado, políticos como Trump não precisam apontar nenhum caminho, até porque não sabem nem estão interessados para onde devemos ir.

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Bolsonaro & Mourão reescrevem a História do Brasil

Em breve, os novos livros didáticos, editados pelo Ministério da Educação do pastor Milton Ribeiro, vão contar a nova História do Brasil, reescrita a quatro mãos pelo capitão Bolsonaro e o general Mourão.

* A Ditadura Militar (1964-1985) nunca existiu. Foi uma ação patriótica de cunho preventivo, deflagrada para salvar o Brasil das garras do comunismo internacional que comia criancinhas, antes que elas fossem colocadas sob a tutela da pastora Damares à sombra da sua goiabeira.

* O juramentado torturador Brilhante Ustra nunca torturou ninguém. Era um homem honrado, um herói nacional, que defendia os direitos humanos dos seus subordinados (e mandava os inimigos para o inferno, de onde nunca deveriam ter saído).

* O Brasil foi o país que melhor combateu a pandemia do coronavírus e evitou uma recessão econômica que poderia provocar o desemprego, a fome e a miséria. Já pensaram nisso? Se morreram mais de 150 mil brasileiros e mais de 5 milhões foram contaminados pela Covid-19 a culpa não é do governo, mas das vítimas.

* É mentira da imprensa comunista internacional que os incêndios tenham calcinado 26,5% do Pantanal e consumido 13 mil quilômetros quadrados da Amazônia. As fotos de satélite foram tiradas na Califórnia. Nossas gloriosas Forças Armadas mobilizaram todos os seus batalhões para impedir que isso acontecesse aqui.

* Ninguém no mundo protege mais o seu Meio Ambiente do que o Brasil, graças aos esforços do general Mourão e dos óculos do seu ajudante de ordens Ricardo Salles, que enxerga longe, além da brava atuação dos bois bombeiros.

* Ricardo Salles é um humanista impoluto, defensor das matas e dos povos indígenas, que arriscou a própria vida para apagar o fogo e passar a boiada.

* Nossas crianças foram liberadas para trabalhar a partir de qualquer idade, em qualquer serviço, pois se trata de uma atividade saudável e educativa. Quando crescerem, poderão frequentar as escolas cívico-militares construídas pelo governo teocrático-miliciano implantado em 2019, que deu origem à nova História do Brasil.

* Agora só morre a bala quem for trouxa. Foram liberadas armas e munições à vontade para todos se protegerem contra os inimigos da liberdade de ir e vir.

* A violência doméstica só existe nos lares em que as mulheres não chamam mais os maridos de senhor e não obedecem às suas ordens.

* Os militares convocados para servir ao governo, em vez de dar golpes, agora ganham salário dobrado para cumprir uma missão patriótica, com grandes sacrifícios pessoais. O general Pazuello até descobriu a existência do SUS.

* A corrupção foi banida de todo o território nacional. Laranjais, rachadinhas, funcionários fantasmas, mochilas de dinheiro vivo e lojas de chocolate são coisas do passado.

* Acabou a inflação. Se alguém ainda está aumentando os preços, o governo não pode fazer nada, a não ser apelar para o patriotismo.

* A nova Previdência é igual para todos, assim como a lei, com a honrosa exceção dos militares, juízes, parlamentares e amigos do rei.

* Marielle não foi fuzilada pelas forças da lei e da ordem. Quase mil dias após a sua morte, desconfiamos que ela se suicidou com vários tiros para colocar a culpa no governo.

* Fabrício Queiroz é inocente. Trata-se apenas de um benemérito de famílias carentes, que deposita cheques para pagar as contas no fim do mês, sem pedir nada em troca. Foi o inspirador da política econômica de Paulo Guedes, que tira dos pobres e paupérrimos para dar aos maganos e aos bancos porque eles garantem os nossos empregos, o equilíbrio fiscal e os investimentos.

Em tempo: esse texto contém uma certa dose de ironia, mas é baseado em declarações e pensamentos oficiais. Imprima-se.

Vida que segue.

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Tortura

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Ilze. © IShotMyself

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A naturalização da Covid-19

Ontem, a percepção da naturalização da Covid-19 chegou por mensagem privada de uma rede social: “Oi, tudo bem com você e com seus familiares?”. Bateu um estranhamento, uma vez que, há tempos, ninguém mais se dirige assim, com esse interesse e com essa preocupação. No início da pandemia, sim, a gente tinha uma necessidade – desesperada até – de sondar como as pessoas estavam lidando com essa novidade desagradável, ameaçadora e como poderíamos apoiar, manifestar nossa empatia diante desse assombroso desconhecido. Uma amiga conta que até enviou um convite de amizade ao crusch, a quem nunca tinha tido a coragem de dirigir uma palavra antes, diante do pânico de que a pandemia tirasse ele do seu caminho de vez. Bem nos moldes da personagem da música de Assis Valente, que diz que “anunciaram e garantiram que o mundo ia se acabar (…)”.

O estranhamento bom que se seguiu àquela pergunta também transmitiu a noção exata da naturalização da Covid-19 nas nossas vidas. Mesmo mantendo o isolamento e as noções elementares de sobrevivência, já estamos falando dos resultados do futebol, tretando pelas mínimas coisas do cotidiano, vendo a propaganda eleitoral ocupar os espaços no rádio e na televisão e, quando precisamos sair para algum bate e volta na rua, já ficamos com a impressão de sermos os únicos poucos persistentes a manterem-se em isolamento e a seguirem as regras e recomendações para evitar a propagação do vírus. A cidade fervilha e a sobrecarga de atendimento para os profissionais da saúde, que tanto nos chamava à responsabilidade sobre os impactos coletivos de atitudes individuais, reside agora no ambiente da invisibilidade. Naturalizada está!

O “copo meio cheio” da banalização é termos vencido aquele medo paralisante do começo e, mesmo que assumindo riscos – até que se tenha um antídoto eficaz comprovado ou uma compreensão maior do comportamento desse vírus, será sempre um risco irresponsável, sim -, encontrarmos formas de, se não da retomada da vida por completo, abrir espaços de convivência e de mobilidade nesse nosso habitat. Mesmo os planos traçados já soam mais factíveis, plausíveis, ainda que ilusórios e distantes no horizonte futurístico. O “copo meio vazio” está na razão lógica de perceber essa naturalização como produto de um esgotamento físico e mental. É esse cansaço que impele as pessoas a tomarem decisões perigosas e a demonstrarem, no quesito empatia, que o “velho normal” sempre esteve latente e virá com tudo nesse mundo de distanciamentos impostos pelas desigualdades, pelas ignorâncias, por dogmas e por castas.

O tal do alardeado “novo normal”, a partir das reflexões de autoconhecimento e dos balanços feitos sob o olhar da ética do cuidado, deverá se restringir a um universo pequeno de mentes e de hábitos. A alegria manifesta e desesperada é do retorno ao que se fazia antes, sem grandes racionalizações. Serão incorporadas, sim, alternativas e inovações rentáveis, lucrativas, enquanto que agregações imateriais aprendidas nas lições da pandemia ficarão anestesiadas no frenesi da retomada.

Quase que ao mesmo tempo em que vivemos isolados, a população do Distrito Federal convive com uma estação seca medonha e com picos de ondas de calor insuportáveis, que motivam inundar hoje as redes sociais dos moradores da capital federal com comemorações e danças da chuva, diante das primeiras gotas de água caídas do céu em mais de seis meses. Passada essa euforia, o que mudará no cotidiano de quem sofreu as intempéries? A prevenção e a resiliência vão apontar os caminhos de um “novo normal” para se buscar entender as razões e tentar evitar no futuro situações como essas também? Tenho cá minhas dúvidas…

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Um que eu tenho

Zimmer down y arriba, muchachos!

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Caetano Veloso ganha mais uma de Olavo de Carvalho

Olavo de Carvalho terá duas semanas para pagar uma multa milionária a Caetano Veloso, relativo ao famoso processo das acusações de pedofilia ao cantor. O escritor foi condenado por descumprir ordem judicial de apagar posts em suas redes sociais que difamavam o cantor. Não sou dos que acham que Olavo tem razão, mas dinheiro ele tem? Vai precisar de muita grana.

A multa é de exatamente R$ 2.930.373,28, em decisão da juíza Renata Gomes Casanova de Oliveira e Castro, da 50ª Vara Cível do Rio, que determinou a intimação de Olavo, nos Estados Unidos. Ele tem 15 dias para fazer o pagamento.

Essa encrenca milionária com Caetano Veloso já havia motivado reações estranhas de Olavo, em junho deste ano. Irritado com uma derrota no processo, ele fez críticas pesadas ao presidente Jair Bolsonaro e a aliados do governo, como Luciano Hang, dono da Havan. Em um vídeo bem pirado, Olavo chamou Bolsonaro de “covarde” e ameaçou derrubar o governo.

“Se as pessoas não conseguem derrubar o se governo, eu derrubo. Continue inativo, continue covarde, eu derrubo essa merda desse seu governo”, ele deu o recado em seu estilo de costume. O dono da Havan, que aparece bastante com um terno verde-amarelo, foi chamado por ele de Zé Carioca.

Depois da bronca, Hang usou um grupo de empresários governistas no WhatsApps para tentar convencer colegas a ajudar o emburrado guru do Bolsonaro, mas não obteve sucesso. Foi tentado também o recurso de pedir dinheiro por meio de vaquinhas virtuais, mas isso também não funcionou.

Fui dar uma sapeada numa delas agora há pouco: de uma meta de 30 mil reais haviam arrecadado apenas R$ 1.232,00. Nesse ritmo será demorado juntar quase 3 milhões de reais para pagar o Caetano.

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Flagrantes da vida real

Zé Beto, Luiz Geraldo Mazza e Lucy. © Maringas Maciel

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#ForaBozo!

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Playboy|1950

1956-Gloria-Walker1956|Gloria Walker. Playboy Centerfold

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O homem que acabou com a Lava Jato e suas complicações eleitorais

Jair Bolsonaro afirma que vai anunciar seus candidatos nas eleições municipais duas semanas antes das eleições. É mais um recuo, pois antes havia dito que ficaria neutro na eleição deste ano, o que politicamente não faz sentido para qualquer governante, ainda mais no seu caso, de um presidente que já quase no meio do mandato, para ter uma sustentação partidária própria ainda precisa construir tudo.

Bolsonaro não tem uma base sólida nem em Brasília, sequer conseguiu formar um partido, nem tem figuras de destaque nacional a seu lado. Ele perdeu todas as bandeiras de campanha que convenceram os eleitores na eleição presidencial, além de se transfigurar naquilo que foi demonizado por ele e os fanáticos que o acompanhavam na campanha passada .

Sobrou alguma proposta que Bolsonaro possa levar ao eleitor nas cidades brasileiras? Eu desconheço. Até com a corrupção ele já acabou. O sujeito é mesmo um fenômeno: fez isso em parceria com Ricardo Barros, Roberto Jefferson, Renan Calheiros e outras figuras notórias.

Francamente, acho difícil alguém querer ficar do lado do sujeito que se orgulha de ser o destruidor da Lava Jato. Neste caso, Bolsonaro vai disputar com Lula a conquista de seguidores. E por mais popularidade que ele tivesse como presidente, um candidato a prefeito ou a qualquer outro cargo também não terá uma grande vantagem com um apoio que, conforme anuncia, chegará apenas duas semanas antes da eleição.

Numa eleição, o candidato precisa de estrutura política e material, organização, entrada política na sociedade civil e até meios políticos para fustigar os adversários ou diminuí-los com críticas e comparações políticas. Isso leva tempo para ser construído.

Duas questões importantes da eleição passada, segurança pública e corrupção, permanecem na ponta como preocupação dos brasileiros. Bolsonaro só poderia ser um diferencial positivo nestas questões se levasse com ele o ex-juiz federal Sérgio Moro aos palanques nos municípios. Na companhia de Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Augusto Aras ou mesmo Kássio Marques, eu creio que ele teria dificuldade até de ser recebido no aeroporto mesmo por corruptos locais, que, como se sabe, preferem certas companhias apenas na obscuridade dos bastidores da política.

Bolsonaro não compreende sua situação política. Não tem a mínima capacidade intelectual e política para isso e carece também de experiência em liderança. Por três décadas a única coisa que liderou foi a lucrativa carreira de cada filho, que não tiveram uma boa gestão, conforme pode-se observar pelos avanços das investigações da polícia no rastro dos pacotaços de dinheiro vivo. Seu comando desastroso pode ser avaliado pelo tremendo prejuízo colhido exatamente no ápice da sua carreira, com os desmontes da base política com a qual poderia estabelecer um poder pessoal e solidificar a imagem construída na última eleição.

Falta-lhe até um partido, um complicador a mais nesta e nas outras eleições e que pode servir para demonstrar que é balela seu pretenso poder pessoal para arrebatar apoios. Não conseguiu criar uma equipe capaz de tocar uma estrutura administrativa e política para a construção partidária.

É impossível criar uma unidade de discurso, centrada na sua figura. Mesmo o que ainda restou dos militantes que deram sustentação à construção da sua candidatura está hoje pulverizado, com seguidores sendo obrigados a usar outra siglas até para disputar vaga de vereador. O seu “partido”, chamado de Aliança pelo Brasil, só tem nome e logotipo, por sinal muito ruins. Como partido, o tal do “Aliança” é nada mais que um fake news.

Ele não conseguiu nem juntar assinaturas para o registro do Aliança, algo que já foi feito até por políticos desprezíveis — como o dono do PSL, que ele foi obrigado a abandonar —, sem o alegado carisma desse que cada vez menos seguidores chamam de “mito”. É ridículo o número de assinaturas que Bolsonaro conseguiu. Com nove meses de campanha para tentar o registro no TSE, em período sem o desgaste político atual, recolheram 15.762 assinaturas consideradas válidas. Ou seja, 3,2% do total necessário para funcionar legalmente como partido, que é de 492 mil eleitores.

De tanto falar em Lula e no PT, parece que Bolsonaro passou a acreditar no mito da popularidade instantânea de Lula, na ilusão criada por petistas muito espertos de que basta Lula querer, para que as coisas aconteçam. Nunca foi tão fácil assim. O PT cresceu a partir de uma capilaridade muito grande, abarcando gradativamente sindicatos, muitos deles totalmente aparelhados para a batalha eleitoral, cativando o meio intelectual, artistas e parte fundamental da imprensa, associações civis e até movimentos sem constituição legal, uma máquina que servia não só para fazer crescer o poder do PT e fazer de Lula um mito, com também para fustigar adversários durante as eleições.

Jamais bastou levar Lula a um palanque para que ele decidisse a eleição com sua popularidade. Era preciso antes construir o palanque, criando não só a base de apoio como a artilharia contra candidatos adversários, nem que fosse enchendo os calçadões das cidades com as barracas de lona preta do MST na frente de bancos.

A condição hoje em dia de Bolsonaro é completamente diferente. O presidente não tem estrutura e ideário para dar sustentação a palanque algum. Achar que basta colocá-lo em cima de um caminhão para conquistar a vitória em algum município brasileiro é certamente uma história que, mesmo com sua incapacidade, nem ele leva a sério.

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