Apelidos de candidatos e quanto ganha um vereador em Curitiba

1.Nomes de candidatos;

Há 1.190 candidatos que disputam 38 vagas de vereador, 388 mulheres candidatas, alguns com várias designações, dividimos por categorias e retiramos o primeiro nome buscando apenas a designação:

De estabelecimentos comerciais: do Gás (02), da Costura, da Farmácia (04), da Ferroviária, das Baladas, da Academia (02), da Construção, do Posto, do Saneamento, do Aviário, do Salão, da Avon, do Aplicativo, das Placas, do Postinho, da Distribuidora, da Reciclagem, da Ong, Programa do Leite, da Associação, do Artesanato, Vidraçaria Mercês, da Renovar, da Figaro,

Capotas Curitiba, do Posto, Ecopet, Simeaco, Colnagui e da Montreal. Associados à profissão: Professor (a) (53), Doutor (a) (20), Carteiro, do Banco, Fotógrafo (02), do Acordeon, Atleta, do Esporte, Teclado, dos Caminhões, Protetora dos animais, do Salão (02), Cabelereira, do Colegião, Conselheira Tutelar, Papai Noel, do Suco, Fretes, da Farmácia, Diretora, da Segurança, Vagas de Emprego, Assistente Social, Vigilante, Mágico e Professor, Mestre (07), adv criminalista, Pescador, Motoboy, dos Animais, Dentista, Fisioterapeuta, do Táxi, da Saúde (02), do Trabalhador, da Ambulância, Prof. Índio e do Busão.

De outras cidades, estados ou países: Araucária, da Boa Esperança, Brasil, Carioca, China, Maranhão e Mato Grosso.

Relacionados aos bairros ou locais: do Capão Raso, do Bairro Alto (02), da Vila Sandra, do Tatuquara, Tigre da Vila, do Fazendinha, do Boqueirão, Puma do Cic, do Uberada (02), do Boqueirão, do Santa Quitéria (02), do Caximba, do Sabará (03), do Bairro (04), do São Brás, do Pinheirinho (02), do Água Verde, da XV, do Xaxim, do Parolin, Galeria Tijucas, do Caiuá, Curitiba, da ocupação, Piá do Bairro,

Da alimentação: dos Salgados, do Mercado, da Frutaria, Mulher das frutas, Pirulito, do Lambari, do Alho, Pão de Queijo, Feijão, do Espetinho, Cachorro quente, do Costelão, Amendoin, Balinha e rei da Salada. Vê-se que os curitibanos se alimentam muito bem.

Jogadores de futebol: Garrincha, Ronaldinho e Chulapa. Relacionados a presidentes: Bolsonaro e Lula Livre. Com o nome do posto de militares e policiais: Soldado (03), Sargento (8), Policial (03), Milico, Bombeiro (02), Japa da Civil e Coronel (02). Os sargentos prevalecem.

Relacionados à religiões: Pai, Irmão e Jesus. Relacionados a características físicas e apelidos: Forte, do Contradição, do Povo (03), Mancha, Herdeiros, Raposão, em Alerta, Polaca (02), Cowboy, Ninja, Gente boa, Cultural, Profeta, Papagaio, Pé Vermelho, Vovô, Magal, Alicerce, Napoleão, de croqui, Galo, Romano, do Divino, Falcão, Sangue Laranja, Graxinha, Polako, Dumbo, Bullying, Homem de Ferro, Candieiro, Kombi verde, Coruja e Pinguim.

Frases de efeito e características de mandato: Eu me importo, do Novo, Mãe depois dos 30, podemos mais e Coletivo (02).

O restante consta com o nome dos candidatos, alguns reduzidos outros inteiros. A maior parte dos candidatos se designam como Professores, Doutores, militares e policiais

2.Quanto ganha um vereador em Curitiba?

Quanto é o subsídio de um vereador em Curitiba? Resposta: R$15.156,70 (quinze mil, cento e cinquenta e seis reais e setenta centavos). O Presidente da câmara leva R$19.703,71 (dezenove mil, setecentos e três reais e setenta e um centavos). Em quatro anos, um vereador ganha 788 mil reais.

Os subsídios de toda Câmara, em quatro anos? Quase 30 milhões. Quanto cargos em comissão pode nomear cada vereador?

Resposta: Sete comissionados, cujo valor total não exceda R$57.838,00 (cinquenta e sete mil, oitocentos e trinta e oito reais). Sete comissionados por gabinete vezes 38 vereadores dá um total de 266 comissionados, só neste quesito, o que dá de despesa por mês, cerca de 2 milhões.

O vereador tem direito a carro oficial? Resposta: Sim, um veículo para cada vereador, modelo Sandero/Voyage ou VW Voyage 2015/016, locado por contrato com a empresa Santa Cruz Ltda.

O vereador ganha décimo terceiro salário? Sim, desde 2018. Depois de longa polêmica judicial decidida pelo STF. Inclusive, ex-vereadores receberam retroativo a 2013, ano da edição da lei municipal que institui o benefício.

O que mais? Resposta: Em 2017, a nova gestão da Câmara Municipal substituiu as antigas cotas de selo, que eram de 3 mil unidades mensais, por um contrato de chancela com os Correios. Agora, os vereadores dispõem de até R$ 2,7 mil mensais em serviços postais. Com isso, ainda que a cota permaneça cumulativa, a Câmara passou a pagar o efetivamente gasto, e o controle da despesa é feito pela administração. Apesar de não haver cota específica, os gabinetes recebem material de expediente: 5 caixas de etiquetas 6181, 2 caixas de grampos para grampeador 26/6, 4 pastas A/Z, 6 pastas Polionda e 1 pendrive de 8 GB. Mensalmente, conforme a necessidade, podem requisitar bloco de rascunho, bloco tipo Post It, canetas esferográficas, caneta marca-texto, clips, copos de plástico e 200 envelopes. A quantidade de fotocópias que os mandatos podem utilizar também é controlada, limitada a 4 mil cópias por mês por mandato, não cumulativos. Os membros da Mesa, por sua vez, possuem adicional de mil. Continue lendo

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Anthophile_072. © IShotMyself

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Bolsonaro disse hoje que acabou com a Lava Jato porque em seu governo não há corrupção. Ele tinha sido elogiado por acabar com a Lava Jato pelo senador Renan Calheiros.

A certeza de que não há corrupção no governo não pode ser confirmada se você acaba com os instrumentos de investigação. É só o trabalho de investigação que torna visível uma corrupção muitas vezes subterrranea. A frase de Bolsonaro é uma bravata destinada a impressionar seus novos aliados no Congresso.

Para eles, quem acabar com a Lava Jato, independente dos seus argumentos, é um herói.
Bolsonaro escolheu um novo ministro, Kassio Marques, que certamente vai ajudá-lo no seu projeto, assim como o faz o Procurador Geral Augusto Aras. Kássio tem um currículo cheio de furos, cursos de pós graduação que não existem, suspeita de plágio em suas teses, enfim é um homem que os aliados políticos de Bolsonaro aprovam. Eles o chamam de o nosso Kássio.

Assisti ao debate entre Kamala Harris e Mike Pence. Acho que ela é muito mais simpática e cheia de vida, comparada com a dureza de Pence. Venceu em vários tópicos como Covid19, violência policial, política externa. Mas Pence é pragmático. Bateu muito bem nos pontos que realmente dão votos: aumento de impostos e custos de uma energia mais limpa.

Ele deixou a entender que o governo Biden será mais caro para o contribuinte e que vai anular isenções de impostos. Por menos simpático que seja pode ter obtido um bom resultado eleitoral do debate, se é que o debate vai repercutir nos votos.

Kamala deixou de responder se Biden ampliará o número de cadeiras na Suprema Corte, para alterar a correlação de forças. Pence registrou que ela escapou da resposta. Apesar dos 90 minutos, acho que o debate nos dá apenas uma visão geral do que pensam os candidatos. É difícil ser diferente, exceto se fizermos debates por temas, esgotando-os um por um.

A onda de calor está brava em Minas. Belo Horizonte registrou 38,4, o maior índice da história. Os incêndios que aconteciam nos parques estaduais, Ibitipoca e Serra do Cipó, agora aparecem também em parques municipais e arredores de Belo Horizonte. Felizmente, há previsões de chuva para o fim de semana. Minas é mais preparada para desastres, não por sua escolha, mas porque eles acontecem mais por aqui. Brumadinho, Mariana acabaram acumulando experiências em salvar gente e animais.

A jovem veterinária Dr. Laiza Bonela acaba de organizar um manual de resgate de animais em grandes desastres. Está disponível no site do Conselho Nacional de Veterinária. E os bombeiros de Minas são casca grossa e exportam sua experiência para muitos lugares do Brasil e for a do pais.

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Que ministro é esse?

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Salles passando a boiada: área igual a Salvador queima todo dia no Pantanal

Enquanto continua em Brasília o reality show da nomeação de Kassio Marques para o STF e da busca de um novo nome e de recursos para substituir o Bolsa Família, o Brasil assiste, impassível, à tragédia da destruição do Pantanal, sob o alto comando de Jair Bolsonaro e do sinistro Ricardo Salles, o destruidor do Meio Ambiente.

Fora de controle, as queimadas provocadas por fazendeiros já consumiram um quarto dos 15 milhões de hectares do bioma, ou seja, 3,9 milhões de hectares, reduzidos a cinzas, desde 1º de janeiro até o último sábado, um território que corresponde ao estado do Rio de Janeiro.

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Playboy|1970

1973|Carol Willis. Playboy Centerfold

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A farsa das reformas

Paulo Guedes tem se relevado tão farsante, incompetente e mal-intencionado quanto o seu patrão – aquele elemento que, ao comparecer à Assembleia Geral da ONU, uma vez mais envergonhou o Brasil com um discurso mentiroso, de candidato a vereador em carroceria de caminhão, como bem definiu Elio Gaspari. Pois o outrora fulgurante “Posto Ipiranga” não passa de um arremedo de economista, que imagina consertar o país privilegiando os poderosos e achacando a população contribuinte. Administrar mantendo a brutal carga tributária, retirando vantagens historicamente conquistadas pelos cidadãos e criando maldosamente novos tributos qualquer um faz.

Como se saíram as reformas trabalhista e previdenciária perpetuadas no ano passado para “salvar” o Brasil? Os objetivos da reforma trabalhista, firmada no final de 2019, foram a criação de mais de 3,5 milhões de novos postos de trabalho e a geração de um crescimento adicional do PIB (Produto Interno Bruto) de 7%. O resultado até aqui verificado, no mundo real, é que a taxa de desemprego, em 2020, subiu para 12,6% no trimestre encerrado em abril, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em maio, foi elevada para 12,9%, fechou o segundo trimestre em 13,3%, e agora está em 13,8%, com a perda recorde de 8,9 milhões de postos de trabalho, perfazendo um total de 32,9 milhões de pessoas. Já o PIB deste ano deve ficar em torno de pífios 1,17%, de acordo com as estimativas de especialistas.

A reforma previdenciária, além de conseguir dificultar ao máximo as aposentadorias da população e diminuir o valor dessas aposentadorias e de inúmeros benefícios, trouxe como novidade a elevação da contribuição previdenciária mensal. Para o trabalhador privado, passou a ser de 11,69% e para os servidores públicos vai até 16,53%. Tudo para o bem do Brasil…

Neste ano da graça de 2020, os gênios do zeloso ministro Guedes trabalham para concretizar as reformas administrativa e tributária. O principal objetivo da reforma administrativa, segundo os seus bem-intencionados mentores, é acabar com os privilégios do serviço público. O interessante é que a medida exclui, desde logo, os militares, os juízes, os desembargadores, os ministros dos tribunais superiores, o Ministério Público, os embaixadores e os parlamentares, isto é, as classes mais privilegiadas da Nação, capazes de burlarem com grande desfaçatez o limite salarial constitucional de R$ 39,2 mil, através dos mais diversas e safadas artimanhas, e amealhar rendimentos mensais superiores a R$ 100/200 mil, fora os auxílios moradia, saúde, transporte, alimentação, educação, vestuário e o raio que os parta.

A reforma tributária tem como propósito principal a volta da maldita CPMF, mascada como imposto sobre a movimentação bancária, que vem a ser a mesma coisa. Está estigmatizada como o mais cruel, nocivo e indecoroso imposto. No entanto, é uma das ideias fixas dos Guedes-boys.

Para o advogado e tributarista Osíris de Azevedo Lopes Filho, que foi secretário da Receita Federal de FHC quando o monstro foi criado, a CPMF é o mais nefasto de todos os impostos, exatamente porque penetra na base econômica de quase todos os tributos. E tem incidência em cascata, atingindo toda a população, sem distinção, e onerando cumulativamente toda a produção do país, além de comprometer a competitividade dos produtos nacionais.

Luiz Inácio rotulava a CPMF de “uma canalhice”, quando ainda usava barba preta e não era inquilino no Palácio do Planalto. Depois, já no trono, usufruiu, enquanto pode, da calhordice sob os falsos argumentos de fiscalizar a movimentação financeira e gerar recursos para a saúde pública. Continue lendo

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Todo dia é dia

© Rodolfo Pajuaba

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Quem são os candidatos?

A safra de demagogos das eleições de 2020 tem um terço de candidatas mulheres e 2/3 candidatos homens. Mais da metade é casado, quase quarenta por cento são solteiros e o restante separados, divorciados e viúvos e na pista. Em média são quatro candidatos para prefeito, candidatos a vereador passam de meio milhão.

O partido com mais candidatos é o PMDB, sempre ele, com 8,11% por centos dos candidatos, sete partidos têm menos de 1% de candidatos. Os motivos de cassação ou indeferimento são reduzidos, por exemplo a ficha limpa tirou nove candidatos, o abuso de poder dois, como se vê, todos são ilibadíssimos. A idade predominante dos candidatos é entre 40 a 44 anos, as idades menos de 1% estão entre de 80 a 84 e com 18 anos.

Quase quarenta por cento dos candidatos tem o ensino médio completo, 24% tem nível superior, 12% fundamental incompleto. Quanto a profissão dos candidatos: 21% estão enquadrados em “outros”, entre cinco e seis por cento estão: os agricultores, servidores públicos municipais, empresários e comerciantes. Quatro por cento são vereadores, seguidos das donas de casa.

As corporações militares e policiais representadas por cabos, sargentos, capitães e assemelhados são mais de três mil e quinhentos candidatos, inspirados pelo discurso bolsonarista? Religiosos? Oito mil e setecentos pastores, pastoras, bispos, bispas e assemelhados. Avança o estado teocrático?

Enquanto isto a pandemia caminha para quase 150 mil mortos, a moeda mais desvalorizada no mundo é o real, o Brasil urdi e arde em chamas, 10 milhões passando fome e 40 milhões sem emprego. E daí? Candidatos? Todos são os defensores da moral e dos bons costumes, os senhores da probidade pública, vão enfrentar um orçamento reduzido e a recessão econômica num período ainda em pandemia.

Querem o poder? Prestígio, subsídios, cargos em comissão e, essencialmente, serem reeleitos nas próximas eleições de 2024?

Fontes:

http://www.tse.jus.br/eleicoes/estatisticas/estatisticas-eleitorais

https://www.youtube.com/watch?v=ZVLRpwIwtVI

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A gente procura sarna pra se divertir

Micuim

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Arthur, mas pode me chamar de Fluminense Moreira Lima – final

Outra história do Arthur: Na primeira vez que veio a Curitiba ficou hospedado num hotel da Comendador Araújo, que existe até hoje. No restaurante, viu uma loira estonteante e ficou morrendo de tesão. Para fazer a corte, chamou o maitre, encomendou uma garrafa de champanha para ser entregue à moça, com um cartão, dizendo que estava hospedado no 201. A loira recebeu a surpresa, escreveu no mesmo cartão, dizendo que era executiva de São Paulo e uma mulher casada. Agradecia, coisa e tal, mas terminava dizendo não estar interessada. Terminado o jantar, passou na mesa do Arthur e, sem sorrir, agradeceu o mimo. O Arthur terminou o repasto, foi convidado pelo maitre a dar uma canja no piano do bar. Ao chegar lá, deu de cara com a loira. Chamou o garçom e pediu que ele fosse até a loira para que ela escolhesse uma música. O garçom voltou e disse que a senhora fulano de tal tinha escolhido o Bolero de Ravel. Arthur se entusiasmou, já sabia o nome do tesão. Não se fez de rogado e por 17 longos minutos executou, sem partitura, a referida peça.

Terminada a execução, a loira passou pelo Arthur, agradeceu mais uma vez, e subiu para o apartamento. Moreira Lima esperou longa meia hora, foi na recepção e, com uma nota de 50 na mão, perguntou ao atendente qual o número do apartamento da senhora fulano de tal. O atendente pegou a nota discretamente, enfiou no bolso e disse: 803.

Arthur pegou o elevador e bateu no 803. A loira, já de penhoar, abriu uma fresta da porta e quando viu o Moreira Lima lascou: “Meu senhor, já vi que é insistente. Caso consiga trazer um piano para o meu quarto e executar o Bolero de Ravel só prá mim, eu dou! O problema agora é seu!”

Moreira Lima desceu o foi na recepção. Pediu para falar com o gerente. O mesmo, solícito, perguntou o que ele desejava. Arthur disse: “Preciso que o senhor pegue o piano do bar e leve para o 803!”. O gerente, dando risada, respondeu: “Meu senhor, o piano não passa pela porta do elevador, é de cauda. Teríamos que contratar uma empresa com guindaste. Sairia uma fortuna e nessa hora nenhuma está aberta. Além do mais, tenho dúvida de que o piano passe pela janela dos nossos apartamentos. Seu pedido é impossível!”

Arthur Moreira Lima entrou em desespero e para sossegar o facho saiu prá rua e começou a andar a esmo por mais ou menos uma hora. Voltando pro hotel, enxergou a Brincalhão, uma loja de brinquedos que ficava na frente do hotel. Foi até a vitrine e ficou entusiasmado com o que viu: um pianinho azul de criança, marca Hering, que o Arthur sabia que executava todo o dó-ré-mi-fá-sol-lá-sí. Voltou à recepção e perguntou a que horas a Brincalhão abria. Recebeu a resposta de que às 8. Foi pro piano bar, pediu um bule de café preto bem forte, para espantar o sono, e ficou tocando o Bolero de Ravel até quase às 8 da matina.

7:55 estava na frente da loja. As 8:05, bateu na porta do 803. A loira, depois de um tempo para se recompor do sono, abriu e quando viu o Arthur com o pianinho na mão, caiu na risada, e mandou o Moreira Lima entrar. Disse que estava com fome, mandou pedir café da manhã para dois. Alimentados, a loira deitou na cama e disse ao Arthur: “Toca o Bolero até o fim!”. Moreira Lima não teve dificuldade nenhuma e tocou a peça inteira. Aí quem ficou com tesão foi a loira, arrancou a roupa do Arthur e foram prá cama.

Passaram o dia e a madrugada do dia seguinte trancafiados no 803. Pediram o almoço, o lanche da tarde e o jantar no quatro. Os hóspedes do hotel foram brindados com mais 12 vezes de Bolero de Ravel.

Na viagem o Arthur, ou Fluminense, como queiram, me disse que tinha um sonho de fazer um recital em Chopinzinho. Disse a ele que o nome da cidade era por causa do pássaro. Ele respondeu que não importava e pediu que eu desse uma sondada com o pessoal da cidade. Na volta a Curitiba, pedi informações com a Coordenadoria de Ação Cultural da Secretaria da Cultura. Responderam que a cidade tinha uma Secretaria Municipal de Educação e Cultura. Liguei e pedi para falar com o(a) Secretário(a). Atendeu uma senhora, muito solícita, professora, que era a responsável pela pasta. Contei a história. No início, ela não entendeu nada, expliquei então, clamando a Deus por paciência, que eram Chopin, Arthur Moreira Lima e a vontade dele de fazer um concerto na cidade. Ela disse que no auditório do colégio das Irmãs havia um piano e que iria falar com o prefeito. Afirmou que antes das cinco da tarde me dava uma resposta. Estou esperando a resposta até hoje.

Arthur Moreira Lima, aos 80 anos, continua na estrada, literalmente, até hoje. Tem um caminhão que se transforma em palco e roda por todo o Brasil. Numa vez, no Costão do Santinho, onde passava um feriadão com a minha esposa, vi o caminhão no estacionamento e perguntei na portaria se haveria um concerto marcado. Disseram que naquela noite, na praça da frente do hotel, Moreira Lima se apresentaria, com entrada franca, a Prefeitura de Florianópolis estava bancando o concerto. Foi espetacular. Atacou de Chopin a Ernesto Nazareth. De Tchaikovsky a Pixinguinha. De Liszt a Ney Matogrosso. No final, pensei em ir falar com o Arthur. No meio do caminho, desisti. Fiquei com medo que ele se lembrasse e me cobrasse pela apresentação em Chopinzinho.

P.S. – O curitibaníssimo violinista Gustavo Surgik, filho do meu saudoso professor de direito romano Aloísio Surgik, de quem depois tive a honra de ser colega de magistério, passou pelo Tchaikovsky e foi devidamente medalhado. Até tempos atrás, era e penso que ainda seja, Konzertmeister des Staatsorchesters Stuttgart e Konzertmeister im Orchester der Ludwigsburger Festspiele. Há uns dois anos, apresentou-se como solista da Orquestra Sinfônica do Paraná. Foi um concerto memorável.

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Arthur, mas pode me chamar de Fluminense Moreira Lima – I

Chegou o momento em que o Constantino Viaro não aguentou mais a pressão dos maestros Bochino e Colarusso sobre as condições do piano da Orquestra Sinfônica do Paraná. Diziam que o instrumento vivia no conserto, que voltava pior do que ia e que era velho de marré marré. Afirmavam, com grande convicção, que o piano era do tempo do Bento Mossurunga.

Viaro, tomado de brios, perguntou aos maestros qual era o melhor piano do mundo. Já que era para comprar outro, que fosse o mais perfeito. Os maestros, em uníssono, responderam que o melhor de todos era o Steinway. O Bochino ainda disse que era fabricado em Nova Iorque e em Hamburgo, mas que os artesãos alemães eram melhores que os americanos.

O Viaro foi à luta. Ligou para a diretora do Instituto Goethe em Curitiba, que era uma alemã gente finíssima, cujo nome lamentavelmente me escapa. Explicou a situação, não deu nem 15 minutos e a germânica estava lá no Guaíra para traduzir um texto a ser encaminhado, via telex, à Steinway & Sons, em Hamburgo.

A diretora do Goethe ainda não tinha terminado o café quando explodiu no telex do Guaíra a resposta dos filhos do senhor Steinway. Afinal, não era todo dia que vendiam um piano. Em suma: o mais novo modelo, cujos exemplares eram, até então, dois em todo o mundo, demorava três meses para ser entregue. Preço: 500.000 marcos (ainda não existia o euro). Como se tratava de um teatro estatal, davam um desconto de 50%. Para os alemães, um teatro estatal é uma instituição respeitabilíssima. Tem mais prestígio que a seleção alemã, mesmo depois dos 7×1. Consideram que a cidade que tem um teatro estatal atingiu o mais alto grau de civilização. Sabem nada esses tedescos… Exigiam o pagamento à vista, caso contrário não entregavam. Disseram que estavam cansados de levar calote de países latino-americanos.

Mesmo com o generoso desconto, era dinheiro que não acabava mais. O Viaro, junto com o pessoal do marketing do Guaíra, escolheu as dez maiores empresas privadas do Paraná e, com base na Lei Sarney, antecessora da Rouanet, foi à caça dos marcos. O primeiro a comparecer foi o Bamerindus, em bem fornido cheque assinado pela Maria Christina de Andrade Vieira, que era responsável pela área cultural do banco fundado por seu pai. Além disso o Bamerindus, via agência de Nova Iorque, faria o dinheiro chegar em Hamburgo, sem a cobrança de qualquer taxa ou comissão.

As outras empresas foram vindo. O único que se negou a comparecer foi o maior empreiteiro do sul do mundo. Mandou dizer, pela secretária, que era muito dinheiro por um piano, que comprassem um Essenfelder. Morderia a língua, como se verá adiante.

Com a ausência do empreiteiro, faltavam os dez por cento. O René Dotti conseguiu com o Hauly, que era secretário da Fazenda, uma suplementação orçamentária para o Guaíra. Mandaram o projeto, em regime de urgência, para a Assembleia. O Aníbal resolveu empacar. Disse que só colocava o projeto em votação se comprassem um Essenfelder, afinal que negócio era esse de não prestigiar a indústria local?! Viaro, tomado de fúria, mandou a secretária dele ligar para a secretária do empreiteiro e exigir o Essenfelder. No outro dia, entregaram um cheque nominal para F. Essenfelder Ltda. O Aníbal colocou o projeto em votação, foi aprovado, e mandaram o dinheiro para Hamburgo. O piano local ficou na orquestra, esperando o primo alemão; depois, foi para o Corpo de Baile.

Antes dos três meses previstos, o piano foi despachado pela Lufthansa e no Galeão fizeram o transbordo para a Varig. O melhor piano do mundo chegou a Curitiba. Para o concerto de estreia, convidaram o Miguel Proença, o maior especialista no mundo em Villa-Lobos, gaúcho de Quaraí, que faz divisa com Artigas no Uruguai, mas com tanto tempo de Rio de Janeiro, que se não fosse o forte sotaque fronteiriço, todo mundo juraria que se tratava de um carioca da gema. Gente da melhor qualidade.

O concerto, por causa do piano alemão, foi noticiado nos jornais do centro do país. Arthur Moreira Lima ficou sabendo da novidade e telefonou para o Bochino. Quinze dias depois, tinha uma apresentação beneficente em Foz do Iguaçu e clamou por tocar o Steinway antes ou depois da viagem a Foz. Perguntado sobre qual o valor do cachê, respondeu que pagassem o que quisessem, o prazer de encarar um Steinway, quase zero quilômetro, não tinha preço. Marcaram o concerto com o Arthur.

Moreira Lima desceu em Curitiba e foi, sem nem mesmo passar pelo hotel, ao Guaíra. Sentou na banqueta e executou um prelúdio de Chopin. Não contente, tocou outro. Após, deu o veredito: “É o melhor piano que já toquei na vida, mas o Proença ficou com preguiça de amaciar o bicho. A que horas abre o teatro?” Disseram que, pela entrada da Amintas de Barros, o teatro não fechava. Arthur disse que chegava no outro dia às seis da manhã.

Antes da cinco da matina, porém, Moreira Lima já estava no palco no Guairão. Tocou até às duas da tarde sem parar e foi almoçar. As três, com a orquestra toda postada, Moreira Lima e Bochino começaram o ensaio que foi até às seis horas. Arthur foi pro hotel, tomou banho, fez a barba, vestiu o fraque e as outras peças do vestuário e às sete da noite estava de novo no palco. Tocou sozinho até as 20:30 e, rigorosamente às 21:00, começou a apresentação. A cada peça executada, a plateia gritava Bravo! Bravo!. Terminado o concerto, o público, de pé, aplaudia cada vez mais. Moreira Lima voltou outras três vezes ao palco.

No outro dia, eu ia a Foz do Iguaçu. Entrando no Afonso Penna (ainda era o velho terminal), vislumbrei o Moreira Lima sentado. Cheguei junto dele, me identifiquei, e ele, simpaticíssimo, me convidou para um café. Depois, passamos na banca de revistas, onde ele comprou a Manchete, a Veja e a Isto É. A caixa perguntou se ele era artista. Disse que o tinha visto na televisão. Ele respondeu que sim, desde os 8 anos de idade. A moça perguntou qual novela ela tinha feito. Deu risada e disse que não fazia novela, era pianista.

O avião, da Vasp, vinha de São Paulo e estava repleto de japoneses. A aeromoça nos disse que o voo tinha lugar marcado, mas os nipônicos, todos, haviam trocado de lugar. Que escolhêssemos os lugares livremente. Fomos pro fundo do avião e o Arthur Moreira Lima passou a contar várias histórias. Continue lendo

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“É ruim ver mais um governo se atirando nos braços do Centrão?”

Um bocado de gente aprova o acordão de Jair Bolsonaro com o STF e o Centrão. Diz Joel Pinheiro da Fonseca:

“Quem vê Bolsonaro trocando abraços em jantar com Toffoli e Alcolumbre até se esquece que em maio se discutia seriamente a possibilidade de impeachment. Depois de toda aquela turbulência, o governo se assentou e agora as águas da política estão na mais perfeita calmaria (…).

Ao menos no que diz respeito às crenças e valores (e não necessariamente à sua capacidade de colocá-los em prática), a ala ideológica é o que há de pior no governo (…).

É ruim ver mais um governo se atirando nos braços do Centrão? Sem dúvida. Mas é menos ruim do que se apostasse para valer nos alucinados de extrema direita que agora choramingam impotentes”.

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