Playboy|1970

1970|Avis Miller. Playboy Centerfold

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Mia. © IShotmyself.

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Assim nasceu, viveu e morreu o Nicolau – VI

Paulo Roberto Ferreira Motta é advogado, procurador do Estado e foi chefe de gabinete do então Secretário da Cultura René Dotti.

Wilson Bueno tinha lá suas implicâncias com o teatro. Nada que assistia gostava. Acho, hoje, que, como as peças de teatro são apresentadas à noite, batia no Bueno a síndrome de abstinência do álcool e ele perdia a paciência. Contudo, como editor tinha que publicar matérias sobre o tema. Passou a me pedir colaborações. No número 4, eu lá estava com Meyerhold: Aluno de Stanislavski e professor de Maiakovski e Eisenstein. No número 10, emplaquei Brecht – um simpático senhor de 90 anos. Bertolt Brecht havia morrido em 1956, mas em fevereiro de 1988, se vivo fosse, faria 90 anos. Peguei uma série de seus textos e formulei perguntas cujas respostas estavam nos escritos dele. No número 17, saiu Arrabal: a dramaturgia dos escombros edipianos. No número 33, entrou O Homem que continua com fome, comemorando os 100 anos de Oswald de Andrade.

Naqueles tempos, o Plano Cruzado fez água e a hiperinflação explodiu, coisa de 20%, 30% ao mês, chegando, no final do governo Sarney, aos 70% em 30 dias. O preço do papel foi parar nas alturas. O Nicolau, apesar do apoio da Imprensa Oficial e do Banestado, corria riscos. Para não morrer deixou de ser mensal e passou a ser bimestral, aumentando, para compensar um pouco, o número de páginas de trinta e duas para quarenta. Depois, com o fracasso retumbante do Plano Collor, passou a ser trimestral e com quarenta e quatro páginas.

Com a posse do Roberto Requião, o Nicolau não sofreu qualquer solução de continuidade e permaneceu acumulando prêmios como se viu. O novo governador era colaborador do jornal. Quando o Nicolau fez seis anos, publicou um texto saudando o jornal e dizendo da sua importância para a história do Paraná. Requião deixou o mandato antes do fim para se candidatar ao senado e foi sucedido pelo vice, Mário Pereira. A Secretaria da Cultura passou a ser ocupada pela Gilda Poli. Era sopa no mel. Wilson Bueno continuava nadando de braçada. Na época, ganhou o já relatado prêmio de melhor jornal cultural da América. O Banestado, mesmo com as trocas de governo, continuava comparecendo.

No início dos anos 90, Nicolau conseguiu a sua maior epopeia, dentre tantas que viveu: foi o único jornal do mundo a publicar uma entrevista com o Dalton Trevisan. O autor da façanha foi o Araken Távora. Entretanto, essa é uma história para se contar outro dia.

Formalmente, Nicolau viveu 11 anos, de 1987 a 1998. Só que morreu antes. Com a vitória de Jaime Lerner, o Secretário da Cultura passou a ser o Dr. Eduardo Virmond. Extraordinário advogado, intelectual sério e sólido, teve um papel muito importante na redemocratização do Brasil, organizando, como Presidente da OAB-PR, a Conferência Nacional dos Advogados do Brasil em Curitiba, momento a partir do qual a “Abertura do Geisel” deslanchou, inicialmente com o retorno do habeas corpus aos presos políticos. Mas ele tinha outras ideias para o Nicolau. Achava o jornal muito caro, feito para uma pequena elite de pessoas. Não houve acerto e Wilson Bueno e a sua equipe deixaram o projeto. Trocaram farpas pela imprensa e Bueno, lá pelas tantas, perdeu as estribeiras.

A nova equipe foi infeliz. O Nicolau morreu ali, mesmo ainda vegetando alguns anos. Quem conta com detalhes é a Maria Lúcia Vieira, na sua dissertação de mestrado no Curso de Letras da Universidade Federal do Paraná, texto encontrado, via Internet, na Biblioteca Virtual, banco de teses, da UFPR.

A nova equipe assumiu no número 56. Fizeram um número especial sobre os 50 anos da vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial, quando todos os jornais do mundo estavam fazendo isso. Depois, enfiaram um poema no meio do logotipo do jornal. A capa ficou irreconhecível. O material que o Wilson Bueno havia deixado e que era legível, foi descartado. Depois, virou um cadáver insepulto. Dava pena, vontade de chorar. A tiragem caiu. A periodicidade passou, por absoluta falta de colaboradores, a ser cometa, ou seja, saia de tempos em tempos. Em 4 anos de gestão, lançaram apenas 5 edições. Como deixou de ser encartado nos jornais, era distribuído sabe-se lá como. Ninguém dava a mínima importância.

Com a reeleição de Jaime Lerner, assumiu a Secretaria de Estado da Cultura Lúcia Camargo, que nos deixou no último dia 20 de julho. O Nicolau, como dito antes, havia se transformado num cadáver insepulto e o cheiro era nauseante. Ninguém aguentava mais. Lúcia fez o que deveria ser feito. Nicolau foi fechado. A Secretaria da Cultura, por ordem de Lúcia Camargo, digitalizou alguns números (da fase Wilson Bueno) e os veiculou no site oficial. No último final de semana, entrei lá e nem rastro encontrei. A Cultura virou uma subsecretaria no atual governo, vinculada à Secretaria de Comunicação, e não há, no sítio oficial, nem uma palavra sobre o Nicolau.

Mas nem tudo se perdeu. Em setembro de 2014, a Biblioteca Pública publicou uma edição fac-similar dos primeiros 60 números do Nicolau (toda a fase de ouro by Wilson Bueno e os números da nova equipe). A edição foi distribuída às bibliotecas públicas e a diversas instituições culturais de todo o Estado. Até um tempo atrás, não sei como está agora, a BPP dispunha de exemplares para venda.

Quando saiu do Nicolau, Bueno voltou para a Assessoria de Imprensa do Guaíra, era servidor do órgão. Não aguentou muito tempo, saiu depois de alguns dias. Recebeu inúmeros convites da imprensa de todo o país. Não aceitou nenhum. Penso que depois de dirigir a redação do melhor jornal cultural da América, não teria paciência para entrar e conviver em outra. Passou a viver apenas da literatura, além da coluna que retomou n´O Estado do Paraná. Era frugal, poucos gastos, os direitos autorais lhe permitiam sobreviver.

Nos seus 61 anos de vida, Wilson Bueno nos legou 23 livros. Vinte e dois nasceram nas maternidades de Curitiba, Ponta Grossa, São Paulo, Rio, Florianópolis, Buenos Aires, Santiago do Chile, Cidade do México, Havana, Assunción e Montevideo.

O 23º morava na Ébano Pereira 240, muito embora a entrada, pros íntimos, fosse pela Saldanha Marinho, e se chamava Nicolau. Retiraram ele do pai, Wilson Bueno, depois do número 55 e o mataram, sem dó nem piedade, não sem antes exibirem o cadáver pelas ruas por quatro longos e sufocantes anos.

Wilson Bueno morreu em 31 de maio de 2010. Viveu como Jean Genet (com a observação de que não era ladrão) e foi morto como Pier Paolo Pasolini.

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Mural da História

16 de março|2011

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Assim nasceu, viveu e morreu o Nicolau – V

Paulo Roberto Ferreira Motta é advogado, procurador do Estado e foi chefe de gabinete do então Secretário da Cultura René Dotti.

As críticas, embora retumbavam, eram inteiramente injustas. É só passar os olhos pelas edições do Nicolau e ver os nomes que colaboravam com o melhor jornal cultural, não do Brasil (como sonhava Wilson Bueno), mas da América, para ver o despropósito delas e as inverdades que eram assacadas contra ele. Manfredini lembra que o Nicolau fez um levantamento e o número dos colaboradores ultrapassava a casa de 1.500 pessoas.

Com os nomes a seguir é possível constatar a baixeza das críticas. Tinha gente de todos os credos e crenças. Quanto aos clássicos do Paraná, lá estavam Dario Velozzo, Emiliano Perneta e Emílio de Menezes. Só na letra A, é possível ver que o Nicolau ia de Austregésilo de Athayde (eterno presidente da Academia Brasileira de Letras; ficou mais tempo no poder na ABL do que Fidel Castro em Cuba) a Arnaldo Antunes e Arrigo Barnabé. Trazia gente do Paraná inteiro. Na política publicava Álvaro Dias, Roberto Requião e Rafael Greca (que, como porta-voz dos inimigos do jornal, publicou um artigo no Nicolau espinafrando a publicação). Até o Helmut Kohl, chanceler que comandou a reunificação das Alemanhas, teve um texto publicado, explicando como ia a coisa por lá. Perla Melcherts, que conheci menina, eis que colega de turma da minha irmã no Colégio Medianeira, estagiava no jornal e conseguiu uma entrevista exclusiva com o Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Perez Esquivel. Abria espaço para o Roberto Campos, o Bob Fields, e o Luís Carlos Prestes. Ao mesmo tempo em que publicava um texto do Janer Cristaldo, analisando e comemorando a queda do Muro de Berlim, pedia uma colaboração ao Manfredini que saudava a Albânia, a última resistência ao capitalismo na Europa. Ligado em psicanálise, o Bueno pautava Freud, Jung e Lacan, e eles apareciam, como novas traduções de gente que ele sabia onde localizar. Um dia, convocou o Galileu Galilei. Como o Papa São João Paulo II ainda não havia reconhecido o erro brutal da Igreja com o citado personagem, Wilson resolveu se resguardar espiritualmente e pediu uma colaboração para Santa Tereza D´Ávila e outra ao Padre Antônio Vieira. A santinha, doutora da Igreja, proclamada pelo papa Santo Paulo VI, mandou a sua. O citado padre, um dos seus famosos sermões. Joel Silveira e Rubem Braga, da velha guarda do jornalismo nacional, apareceram também. Praticamente começando a carreira a gente encontra no Nicolau o Pedro Bial (escrevendo sobre o próprio Nicolau) e o William Bonner. Até o Ariel Palácios pintou nas páginas do mesmo.

Segue uma lista parcial, mas gigantesca, do verdadeiro esquadrão de ouro que o Wilson Bueno, como prometera, montou. Ninguém ganhava nada para escrever, desenhar ou fotografar para o Nicolau:

Abrão Assad, Adalice Araújo, Adélia Lopes, Adélia Prado, Ademar Guerra, Ademir Assunção, Adherbal Fortes Júnior, Adolfo Pérez Esquivel, Adolpho Mariano da Costa, Albert Einstein, Alberto Cardoso, Alberto Massuda, Alberto Melo Viana, Alberto Moravia, Alberto Puppi, Alceo Bochino, Alceu Chichorro, Alcino Leite Neto, Alejo Carpentier, Alice Ruiz, Aluízio Cherobim, Álvaro Borges, Álvaro Dias, Ana Cristina César, Ana Maria Botafogo, Anäis Nin, Anamaria Filizola, Anita Malfatti, Anita Novinsky, Antônio Gaudi, Antônio Houaiss, Antônio Torres, Araken Távora, Aramis Chaim, Aramis Millarch, Ariel Palácios, Armindo Trevisan, Arnaldo Antunes, Aroldo Murá, Arrigo Barnabé, Arthur Rimbaud, Ary Fontoura, Augusto de Campos, Augusto Roa Bastos, Aurélio Buarque de Hollanda, Austregésilo de Athayde, Bárbara Heliodora, Bella Josef, Benedito Pires, Bento Mossurunga, Bertolt Brecht, Beto Carminatti, Bóris Schnaiderman, Bruna Lombardi, Bussunda, Caco de Paula, Caio Fernando Abreu, Cambé, Camões, Carl Gustav Jung, Carlos Chagas, Carlos Drummond de Andrade, Carlos Marés, Carlos Nejar, Cassiana Lacerda Carollo, Catulo, Celina Alvetti, Celso Loch (Pirata), César Lattes, Chacal, Chaim Samuel Katz, Charles Baudelaire, Cid Destefani, Cláudio Seto, Constantino Viaro, Cristina Gebram, Cristóvão Tezza, Dalton Trevisan, Dalva Ventura, Dante Alighieri, Dante Mendonça, Dario Vellozo, David Carneiro, Décio Pignatari, Deonísio da Silva, Dimas Floriani, Dinah Ribas Pinheiro, Dino Almeida, Domingos Pellegrini, Doris Giesse, Douglas Haquim, E. E. Cummings, Edgar Allan Poe, Edgar Iamagami, Edilberto Coutinho, Eduardo Mascarenhas, Eduardo Sganzerla, Edwino Tempski, Eleonora Greca, Eliane Prolik, Elifas Andreato, Elvo Benito Damo, Emiliano Perneta, Emilio de Menezes, Ênio Silveira, Eno Teodoro Wanke, Eny Carbonar, Ernani Buchmann, Ernani Reichmann, Ernani Simas Alves, Ernani Só, Euclides da Cunha, Euclides Scalco,  Fernando Pessoa, Fernando Sabino, Fernando Severo, Ferreira Gullar, Florbela Espanca, Fortuna, Francisco Bettega Netto, Francisco Brito de Lacerda, Francisco Camargo, Francisco Madariaga, Friedrich Hölderlin, Gabriela Mistral, Galileu Galilei, Geraldo Leão, Gertrude Stein, Gilberto Dimenstein, Gilberto Gil, Gilda Poli, Gilles Deleuze, Glauco Mattoso, Guilhermo Cabrera Infante, Guinski, Guto Lacaz, Hans Staden, Haraton Maravalhas, Haroldo de Campos, Hector Babenco, Helena Katz, Helena Kolody, Hélio de Freitas Puglielli, Hélio Jaguaribe, Hélio Leite, Hélio Leites, Hélio Oiticica, Hélio Teixeira, Helmut Kohl, Henrique de Aragão, Henrique Morozowicz, Henry Thorau, Herbert Daniel, Herbert de Souza (Betinho), Hermínio Bello de Carvalho, Hilda Hilst, Hugo Mengarelli, Iberê Camargo, Itamar Assumpção, Ivan Schmidt, Ivens Fontoura, Jacques Lacan, Jaime Lechinski, Jair Mendes, James Joyce, Jamil Snege, Janer Cristaldo, Jaques Brand, Jean Genet, João Antônio, João Bosco, João Cabral de Mello Neto, João Manoel Simões, João Perci Schiavon, João Silvério Trevisan, João Urban, Joel Silveira, John Keats, Jorge Luis Borges, Jorge Mautner, José Augusto Ribeiro, José Carlos Capinam, José Celso Martinez Corrêa, José J. Veiga, José Joffily, José Lino Grunewald, José Maria Cançado, José Maria Santos, José Miguel Wisnik, José Paulo Paes, José Penalva, José Ramos Tinhorão, Josely Vianna Baptista, Jotabê Medeiros, Juarez Machado, Jurandir Costa Freire, Kafka, Kazuo Ohno, Key Imaguire Júnior, Laertes Munhoz, Lao-Tsé, Laurentino Gomes, Lautrèamont, Lêdo Ivo, Leila Pugnaloni, Lélio Sotto Maior Júnior, Léo Gílson Ribeiro, Leopoldo Scherner, Lewis Carrol, Leyla Perrone Moisés, Lezama Lima, Lívio Abramo, Lúcia Santaella, Lúcio Cardoso, Luís Carlos Prestes, Luís Fernando Veríssimo, Luiz Carlos Rettamozo, Luiz Geraldo Mazza, Luiz Groff, Luiz Manfredini, Luiz Melo, Luiz Pinguelli Rosa, Lya Luft, Lygia Fagundes Telles, Macacheira, Machado de Assis, Mallarmé, Malu Maranhão, Manoel Carlos Karam, Manoel de Barros, Manuel Bandeira, Marcelo Jugend, Márcio Souza, Marcos Rey, Maria Cecília Noronha, Maria Cristina de Andrade Vieira, Maria Lambros Comninos, Maria Rita Kehl, Marilú Silveira, Marina Tsvetáeva, Marinho Galera, Mário Bortolotto, Mário de Andrade (o do Macunaíma mesmo), Mário Prata, Mário Quintana, Mário Stasiak, Marta Morais da Costa, Mary Allegretti, Maurício Kubrusly, Maurício Távora, Maury Rodrigues da Cruz, Meredith Monk, Miguel Bakun, Miguel Reale Júnior, Miguel Sanches Neto, Mikhail Bakhtin, Millôr Fernandes, Milton Carneiro, Milton Hatoum, Milton Ivan Heller, Miran, Moacir Amâncio, Moacyr Scliar, Modesto Carone, Monteiro Lobato, Moysés Paciornik, Murilo Mendes, Murilo Rubião, Nailor Marques Júnior, Nair de Tefé, Nélida Piñon, Nélson Ascher, Nélson Capucho, Nélson Farias de Barros, Nélson Padrella, Nélson Werneck Sodré, Nelton Friedrich, Newton Freire-Maia, Newton Rodrigues, Newton Stadler de Souza, Nilson Monteiro, Nitis Jacon, Nivaldo Lopes, Norberto Irusta, Nuevo Baby, Octávio Paz, Odelair Rodrigues, Olga Savary, Oraci Gemba, Orlando Azevedo, Orlando da Silva, Osman Lins, Oswaldo Jansen, Otávio Duarte, Otto Lara Resende, Pablo Picasso, Padre Antônio Vieira, Paulo Autran, Paulo Francis, Paulo Leminski, Paulo Venturelli, Pedro Bial, Pedro Nava, Plínio Doyle, Poty, Pushkin, Rachel de Queiroz, Rafael Greca de Macedo, Rainier Maria Rilke, Régis Bonvincino, Reinoldo Atem, René Ariel Dotti, Reynaldo Jardim, Rita de Cássia Solieri Brandt, Roberto Campos, Roberto Drummond, Roberto Figurelli, Roberto Freire (o escritor, não o político), Roberto Gomes, Roberto Muggiati, Roberto Requião, Rocha Pombo, Rodrigo Garcia Lopes, Rogério Dias, Ronaldo de Freitas Mourão, Rosana Bond, Rubem Braga, Rui Werneck de Capistrano, Ruth Bolognese, Ruy Wachowicz, Sábato Magaldi, Samuel Guimarães da Costa, Sansores França, Santa Tereza D´Avila, Sebastião Salgado, Sebastião Uchoa Leite, Sérgio Augusto, Sérgio Bianchi, Sérgio Rubens Sóssella, Sérgio Sade, Serguei Essênin, Seto, Sigmund Freud, Solda, Sousândrade, Sylvia Plath, Sylvio Back, Tato Taborda, Teixeira Coelho, Teófilo Bacha Filho, Thadeu Wojciechoeski, Toni Negri, Toni Ramos, Toninho Martins Vaz, Torquato Neto, Ubaldo Puppi, Ungaretti, Valêncio Xavier, Valério Hoerner Júnior, Valfrido Piloto, Vera Maria Biscaia Vianna Baptista, Vladimir Maiakovski, Wally Salomão, Walmir Ayala, Walmor Marcellino, Walt Wittman, Walter Benjamin, Will Eisner, William Bonner, William Shakespeare, Wilma Slomp, Wilson Bueno, Wilson Martins, Wim Wenders, Wolfgang Amadeus Mozart, Woody Allen, Zeca Corrêa Leite e Zuenir Ventura.

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Playboy|1960

1964|Jo Collins. Playboy Centerfold

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“Bolsonaro não pode dizer: ‘Eu não sabia que seria assim'”

Jair Bolsonaro negligenciou a epidemia de Covid-19 – e seus 140 mil mortos – de forma premeditada. Luiz Henrique Mandetta disse para a Folha de S. Paulo: “O presidente tem uma característica, não só em relação à saúde, mas de forma geral: ele decide com as informações que ele valida. Ele tinha um entorno próximo dele que deu para ele outra visão da epidemia.

Lembro das falas do Osmar Terra, da reunião que fez com a médica de São Paulo. Ele vai afastando quem está fora do seu viés político. Não é uma característica dele se envolver com a parte técnica.

Naquela época o Brasil chegou a quase zero de máscaras. Precisávamos baixar uma norma nacional para proteger o sistema de saúde. Eu tentava explicar isso, mas era sempre muito atropelado por essa certeza de que ‘preciso ver a economia’, ‘precisa voltar a andar e passar logo por isso’ (…).

Apresentei todos os números, mas ele tinha pessoas no entorno dele que mostravam outro cenário. E, como tinha uma assessoria paralela que falava o que se queria escutar, ele embarcou. Ele fez uma decisão não irracional, pensada. Ele não pode dizer: ‘Eu não sabia que seria assim’. Sempre deixei muito claro para ele a gravidade dessa doença.”

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Tempo

© Kai Pfaffenbach|Reuters

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Tempo

Teresina|Piauí|Fevereiro 2012

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Hoje!

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Flagrantes da vida real

Antonia Eliana Chagas, a Tonica.  © Newton Maringas  Maciel

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Assim nasceu, viveu e morreu o Nicolau – IV

Paulo Roberto Ferreira Motta é advogado, procurador do Estado e foi chefe de gabinete do então Secretário da Cultura René Dotti.

O Nicolau deixou descendência logo depois de nascer. A Imprensa Oficial de Minas Gerais lançou o seu rebento alguns meses depois. A Imprensa Oficial da Paraíba veio atrás. Depois Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul. Eram belíssimas publicações, mas a mídia do eixo Rio-São Paulo só teria olhos para o Nicolau.

Nos dias em que o Nicolau saia encartado, o Wilson Bueno ia a campo para pesquisar a aceitação do mesmo. Provavelmente sem ter dormido, depois de perambular pelos bares, madrugava num terminal de ônibus escolhido ao acaso. Postava-se ao lado da banca de jornal, como quem não quer nada, e ficava de mutuca. Quando um comprador abria o jornal ainda na banca, tirava o Nicolau e guardava com carinho, o Wilson ia a loucura. Certa feita, um jovenzinho, muito pobre, mal vestido, chegou na banca e comprou a Tribuna, que era o jornal de menor preço de Curitiba. Retirou o Nicolau e devolveu a Tribuna ao dono da banca. O Bueno perguntou porque ele havia feito aquilo. O jovenzinho disse que só queria ler o Nicolau, não perdia um número. O Wilson Bueno, com lágrimas nos olhos, abraçou o rapaz e tascou um beijo nele. Como o rapazinho não estava entendendo nada, Bueno explicou quem era. Convidou o rapaz para conhecer o Nicolau e dias depois ele estava lá.

Por uma artimanha do Jaques Brand fui pautado no número 1. Brand me pediu um artigo contra a obrigatoriedade do diploma em Comunicação Social para que a pessoa pudesse ser jornalista. Eu achava a exigência ridícula e inconstitucional. A continuar assim, algum gaiato corporativista poderia inventar uma lei que obrigasse quem quisesse se tornar um escritor a estudar Letras. Tá lá no número 1. Direito à expressão em jornal. Sentei a pua no comportamento dos Sindicatos dos Jornalistas em proibirem quem não era formado em Comunicação Social de escrever para jornal. Sustentava que era um direito constitucional a livre manifestação do pensamento e que a reserva de mercado existente era uma violação de direitos fundamentais. Décadas depois, sob a égide da Constituição de 1988, o STF decidiu pela inconstitucionalidade da exigência. Aproveitei também para criticar os Sindicatos dos Artistas que exigiam diploma em curso de Artes Cênicas para gente que fazia teatro e TV da maior qualidade em todo o Brasil.

O Nicolau saiu nas primeiras horas da manhã do dia 24 de julho de 1987. Antes das 10, recebi um telefonema de um diretor do Sindicato dos Jornalistas do Paraná, que era meu amigo desde os bancos da Faculdade de Direito, protestando e dizendo que o artigo havia caído muito mal no referido sindicato. Quinze minutos depois, toca o telefone de novo. Era uma amiga diretora do SATED (Sindicato dos Artistas e Técnicos de Espetáculos e Diversões). O mesmo queixume. Contei pro Bueno e pro Brand das ligações. Eles disseram que era bem isso que pensaram quando pautaram o assunto. Queriam cutucar todas as onças com a vara curta e evitar, no futuro, que o Sindicato dos Jornalistas atrapalhasse o Nicolau exigindo a comprovação de jornalista formado para os colaboradores.

O número 1, apesar do estrondoso sucesso nacional e internacional, causou uma ciumeira total em parte da intelectualidade curitibana que não se viu contemplada. Aliás quanto mais crescia o sucesso do lançamento, mais e maiores eram as pedras jogadas. Afirmavam que o Nicolau só havia publicado textos de vanguarda, ignorava a Academia Paranaense de Letras e os Grêmios e Centros Literários que existiam (onde as Senhoras das tradicionais famílias curitibanas organizavam saraus para declamar seus poemas, que nem o pior dos parnasianos aguentaria ouvir. Pura naftalina). Diziam que o Nicolau deixou artistas plásticos clássicos de fora e, suprema das idiotices, que os impostos do contribuinte estavam sendo gastos com leitores que não compreendiam os textos, as ilustrações e fotos do Nicolau. Um autêntico desperdício do dinheiro público. Um jornalista chegou a afirmar, na Boca Maldita, que como o Nicolau era um tabloide, não servia nem para embrulhar peixe.

A inveja corria solta. A autofagia se preparava para contundentes ataques. A cada número os ataques se renovavam e multiplicavam. Mesmo que ilustres membros da Academia Paranaense de Letras colaborassem, como por exemplo o Valfrido Piloto e o Valério Hoerner Júnior, as críticas continuavam fortes. O René segurava as pontas e cumpria a promessa de independência ao Wilson Bueno.

Lá pelo número 10, as pressões se agigantaram. O Wilson estava preocupado e se reuniu a sós com o Dotti. Depois de muitas horas, chegaram à conclusão de que o Nicolau precisava de um Conselho Editorial para dividir e pulverizar um pouco a inveja, as críticas e a autofagia. Alguns da equipe se revoltaram e cairam fora, não sem antes publicarem um manifesto nos jornais locais, acusando o Dotti de “censura” por interpostas pessoas. No número 11, nova e aguerrida equipe era comandada pelo Wilson Bueno.

Jaques Brand, acho que no número 3, já tinha deixado o Nicolau, depois de um desentendimento com o Bueno sobre uma pauta. Mas, sempre que solicitado, continuava colaborando. Bueno e Brand, apesar da discórdia, continuaram amigos. Outro que deixou de falar com o Wilson e frequentar o Nicolau foi o Aramis Millarch, depois que o jornal publicou uma colaboração do Sylvio Back. (Millarch e Back tinham uma briga muito antiga, dos tempos em que trabalharam na Última Hora de Curitiba.) Depois, Aramis e Wilson retomaram a amizade. Quando o Nicolau publicava nova colaboração do Sylvio, a história se repetia. Eram alguns percalços aqui e ali que se resolviam sem maiores tragédias.

Alguns, para publicar no Nicolau, usavam os mais diversos artifícios. Um luminar das letras jurídicas (não estou sendo irônico), que depois alcançaria os píncaros da glória (mais uma vez, aviso que não estou sendo irônico), levou pessoalmente um cartapácio de poesias da sua lavra. Acompanhava o volume uma cartinha endereçada ao René Dotti pedindo que os poemas fossem submetidos a apreciação da redação do Nicolau para eventual publicação. Conversa mole. Era queria sim era publicar os poemas sem passar pelo Conselho Editorial e pelo Wilson Bueno. Dotti nem se deu ao trabalho de ler um poema, afinal sua palavra de só conhecer o conteúdo do Nicolau depois de publicado valeu durante os 4 anos da sua gestão, e mandou entregar o grosso volume na redação. Como os poemas não foram publicados, o citado voltou à Secretaria e me perguntou se o envelope havia chegado nas mãos do professor Dotti. Eu disse que sim e que o Secretário tinha mandado o material para a redação do Nicolau. Ele então pediu que eu desse uma sondada com o Wilson Bueno. Cai na besteira de prometer que falaria com o Wilson. Quando ele foi embora, percebi a burrada que tinha feito. Se o Secretário não tinha qualquer ingerência sobre o conteúdo dos números do Nicolau, como eu poderia indagar ao Bueno sobre a não publicação de alguns poemas? Mas, como promessa é dívida, resolvi, dias depois, abordar o Bueno com muito tato. Percebendo a situação e o meu constrangimento, Wilson riu e disparou: “Paulo, li os poemas, eles não são ruins, alguns até são bons. Mas eu recebo dezenas de poemas ótimos e dois ou três excelentes todos os meses e tenho, por falta de espaço, que descartar os ótimos. Como posso publicar um poema bom e deixar de fora um excelente?”. Para minha sorte, o luminar em questão não voltou mais ao assunto. De vez em quando, cruzo com ele e acho que nem se lembra mais da conversa.

Cada vez com mais prestígio nacional e internacional, o Nicolau enfrentava com galhardia a inveja e as críticas. A redação era um ninho de falcões da cultura nacional. O Paulo Leminski aparecia lá com frequência, sempre que ia a caminho do Bar Stuart. Afinal, da Ébano Pereira até o citado bar era uma linha quase reta. O Sóssella, quando estava em Curitiba, sempre dava um jeito de passar por lá. O Sábato Magaldi e sua esposa Edla van Steen, quando vinham frequentemente a Curitiba (a Edla nasceu aqui e tinha parentes), não deixavam de visitar o Nicolau. Ary Fontoura certa vez veio apresentar uma peça em Curitiba e disse nas entrevistas que concedeu que o Wilson Bueno era um dos maiores escritores do país e tinha criado o melhor jornal cultural do Brasil.

A Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) concordou com o Ary e concedeu ao Nicolau o prêmio de melhor jornal cultural do Brasil em 1987. No ano de 1989, a mesma APCA concedeu outro prêmio: o de melhor jornal cultural da década de 80. Ainda em 1989, a União Brasileira de Escritores outorgou a Wilson Bueno o prêmio de Personalidade Cultural Brasileira, graças ao seu trabalho no Nicolau. Em 1994, a IWA – International Writers Association discordou do Ary Fontoura e concedeu ao Nicolau o prêmio de melhor jornal cultural da América. Cada um desses prêmios aumentava ainda mais a inveja e autofagia dos curitibocas inimigos do Nicolau.

Mas as críticas, que embora retumbavam, eram absolutamente injustas e despropositadas. É só passar os olhos pelas edições do Nicolau e ver alguns nomes que colaboravam com o melhor jornal cultural, não do Brasil (como sonhava o Wilson Bueno), mas da América, para ver o despropósito delas e inverdades que eram assacadas contra ele.

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O empreendedor-mor

Se vivo fosse, Ricardo Pussoli estaria completando nessa sexta-feira, 25/09, cento e um anos de idade. Não chegou a tanto, mas deixou o nome gravado na história desta Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba, em inúmeros edifícios e vias públicas. São obras de sua autoria, entre outras, a Rodoferroviária, a Assembleia Legislativa do Estado, o Anexo da Câmara Municipal de Curitiba e várias Ruas da Cidadania, como a da Praça Rui Barbosa. Construiu ainda o megaempreendimento que hoje abriga o CT do Clube Athlético Paranaense. Também têm a marca da Construtora Pussoli vias das dimensões e importância da Rua Marechal Floriano, Avenida Paraná, Avenida Sete de Setembro e parte da nova Avenida Iguaçu. Ricardo Pussoli era um empreendedor nato.

Catarinense de Treviso, distrito de Urussanga, chegou ao Paraná depois de resolver um problema existente na então BR 2, hoje BR-116. No trecho gaúcho que ligava Galópolis a Caxias do Sul, havia uma rocha que bloqueava o caminho e espantava os empreiteiros. O jovem Ricardo, então em plena juventude, empunhou uma picareta e iniciou pessoalmente o serviço. E não o abandonou mais. Faleceu aos 93 anos em plena atividade, já então detrás de uma escrivaninha, traçando planos e distribuído tarefas. Não tinha curso superior, mas sabia mais que seus engenheiros e mestres de obras. Aprendera fazendo. E fazia com gosto.

É claro que como todo empreiteiro de obra pública, Ricardo Pussoli queria ganhar dinheiro, capitalizar suas empresas, mas isso era secundário. O principal para ele era fazer, realizar, construir. Não poucas vezes, tão logo vencia uma licitação, movimentava a tropa, antes mesmo da emissão da nota de empenho e da ordem de serviço. E não adiantava ser alertado pelo filho e fiel escudeiro Rafael. O negócio de Ricardo era o trabalho, sem perda de tempo. Não por acaso, terminava as suas obras antes do prazo previsto.

Na vida pessoal, foi sempre uma pessoa simples, que nem de longe parecia o grande empresário que era. Não frequentava convescotes, não aparecia nas colunas sociais. O máximo que se permitia era marcar presença na Boca Maldita, aos sábados pela manhã. Ali encontrava os velhos amigos e fazia novos.

Os concorrentes, maldosamente, acusavam Pussoli de ser o favorito da administração pública, particularmente a municipal, na distribuição das obras. Não era verdade. Ele participava regularmente das licitações e se as vencia era porque atendia a todas as exigências dos editais e oferecia o preço mais vantajoso. Acrescentava a isso a experiência de mais de 50 anos na lida e a confiança e o respeito dos administradores públicos. Daí a constância das placas de sua construtora em inúmeras obras da cidade e arredores.

Não poucas vezes, porém, demandou, administrativa e judicialmente, contra a Sanepar, DER, DNER, Decom, Secretaria Municipal de Obras Públicas de Curitiba, Infraero, Suderhsa e vários outros órgãos públicos. Sei disso porque, como advogado, assinei, com outros colegas, inúmeras petições em nome da Construtora Pussoli, no final dos anos 90/início dos anos 2000.

Ricardo Pussoli não era adepto de demandas, administrativas ou judiciais. Era do tempo em que as regras estabelecidas eram cumpridas sem problemas e a palavra garantida pelo fio do bigode. Mas, às vezes, não havia jeito. E, mesmo constrangidamente, agia.

Foi um grande homem que passou por este mundo e deixou não só a sua marca e o seu exemplo, mas muita saudade. Quantos Ricardos Pussoli existem hoje em dia? Curitiba ainda está lhe devendo uma merecida homenagem.

Publicado em Célio Heitor Gumarães - Blog do Zé Beto | Deixar um comentário
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